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18 de setembro de 2010

Lingerie Histórica - Parte 4: Crinolina/Cage

O termo Crinolina deriva de Crin, palavra francesa para crina de cavalo. Na França, a partir de 1829, a crina era enfiada através do petticoat para endurecer-lo. Mais tarde, na década de 1850, cana, barbatanas de baleia  e  aros de aço foram desenvolvios para dar um efeito similar ao de uma gaiola (em inglês: cage).

Ao contrário do Farthingale e do Pannier, usado apenas pela corte e pelas classes altas, a crinolina foi adotada por mulheres de várias classes sociais, mesmo com muitas anáguas (para evitar que o aço aparecesse), peso e volume, havia uma produção em massa. A crinolina é considerada a primeira peça de roupa usada por todas as classes sociais. Mas, as peças eram objetos de sátira nos jornais e odiados pelos apoiadores da “dress reform”, um grupo de pessoas que lutava pela reforma do vestuário.

Dizem que a crinolina chegou ao tamanho máximo de três metros de diâmetro, e alguns jornais sensacionalistas dizian que as dificuldades das mulheres ao passar por portas, entrar em carruagens, assim como o perigo de pegar fogo em velas, ficarem presas em máquinas, fora os problemas de movimentos corporais. Apertadas por corsets, se as mulheres não se sentassem de determinada forma, a crinolina poderia voar em seus rostos e feri-las. Mas será que tudo isso era verdade? Ou chamariz para notícias?

Posteriormente, estas peças passaram a ser feitas apenas de aço, se tornando mais leves e fazendo com que apenas duas anáguas fossem suficientes pra esconder o metal. A  gaiola de crinolina permitia às mulheres mover suas pernas livremente sob a gaiola mas a peça se balançava facilmente de um lado a outro, e como a decência era lei, elas deviam usar bloomers, botas acima tornozelo e evitar toda possibilidade de mostrar alguma parte das pernas.

O século XIX foi um período de dominação masculina, os homens eram considerados "sérios, ativos, fortes e agressivos" e usavam roupas escuras, com pouca ornamentação. As mulheres eram consideradas "frívolas, inativas, delicadas e submissas" e usavam roupas delicadamente enfeitadas que inibiam os seus movimentos.  Alguns dizem que a crinolina simbolizava a fertilidade feminina, ampliando tamanho dos quadris, e a cage (gaiola), era um sinônimo de prisão feminina. Para outros historiadores de moda,  a crinolina também era uma representação de como as mulheres burguesas "vestiam uma armadura" para encarar a vida urbana moderna, ou seja, a largura da enorme saia  era uma barreira entre a usuária e as outras pessoas. Para os burgueses, essa distanciação era importante numa época em que a urbanização e industrialização levou a um contato mais frequente com estranhos. Também poderia ser uma forma de diferenciar-se da classe trabalhadora. Mas mesmo usando crinolinas, ao contrario do que se pensa, as mulheres eram muito ativas.


Por volta de 1864, a forma da crinolina começou a mudar. Ao invés de ser em forma de cúpula, a frente e os lados diminuíram e  o volume ficou apenas na parte de trás,  a peça foi chamada de Crinolette.
 
Em tempos recentes, em sua primeira coleção solo, a estilista Vivienne Westwood usou a crinolina como inspiração. A coleção era intitulada Mini Crini, onde ela usou crinolinas em saias curtas e com de aros de plástico flexível em 1987 (foto ao lado).  

A crinolina é imensamente usada em vestidos de noiva, na subcultura Lolita e na gótica,  já que ambas tem raízes na estética do século XIX. Um dos modismos mais recente é usar uma crinolina estilizada por cima das saias.

Crinolina de 1860 e 1867:


Formas de sentar de modo à não se machucar:


Sátiras de jornais com a crinolina:


Subculturas: muito pesente na subcultura Lolita, principalmente em versão curta para saias curtas; na subcultura gótica, onde o look ao estilo romântico e o early victorian são bem popular. A onda agora é usar a crinolina aparente ou por cima da roupa:


Mais sobre lingerie histórica:

Postagens sobre história da moda no link Moda Histórica.
O texto foi escrito por mim, de acordo com minhas pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.

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8 comentários:

  1. A crinolina já não é dos meus favoritos hehe...
    Acho que fica bonito no caso das subculturas, quando ela fica meio a mostra como no caso da segunda foto.
    Já quando ela fica por baixo da roupa, como era antigamente eu já não acho tão interessante.
    E realmente devia ter sido uma tortura tentar sentar com ela! hehe
    Adoro esse tipo de post que você faz, porque além da gente aprender um pouco mais sobre a história da moda, a gente vê dicas do que pode ser adaptado para as subculturas do mundo todo!!
    Beijos

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  2. Sensacional seu blog :)
    farei com certeza visitas mais freqüentes por aki.
    Aproposito gostaria de fazer parceria com vcs... deixem recado caso se enteressem para trocarmos banners e links

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  3. Oi
    Não consigo imaginar como seria sentar numa cadeira com essa crinolina maior.Tenho plena convicção de que era algo bastaaaaante torturante.
    Acho legal quando as mulheres subculturais usam em um picnic ou um baile,mas usar essas peças peças o tempo todo provavelmente é insurportável,não é para menos que na época vitoriana tantas mulheres morriam por causa das vestimentas.

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  4. Sana...está realmente correta a parte em que você diz "A crinolina chegou ao tamanho máximo de seis metros de DIÂMETRO"??? Visto que diâmetro é a reta que corta uma circunferência no centro, o tamanho da crinolina seria colossal!!

    PS: Muitos confundem diâmetro com circunferência. Está incorreto!

    Dúvidas, consultar:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Diâmetro

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  5. @Anônimo: Obrigada por notar o erro.
    Eu sei a diferença de diâmetro e circunferência, foi erro na revisão. Sabe como é traduzir e pesquisar em livros ao mesmo tempo né? Sempre alguma coisa acaba passando depois da gente ver tanta palavra por tantas horas.
    Podia ao menos escrever seu nome pra eu agradecer nominalmente.

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  6. Eu tinha a maior vontade de experimentar uma crinolina. Acabei importando uma daquelas chinesas, de vestido de noiva, para ver como são feitas. Desmontei e transformei num modelo com várias camadas de babados de filó, para ficar bem cheia. Assim, posso dizer que as crinolinas são MUITO desconfortáveis, embora deixem qualquer vestido lindo.

    Desfeita a fantasia, acho que agora vou ficar só nas saias com anáguas simples mesmo ;)

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  7. Oi! Gostei muito do seu texto! Mas tenho uma crítica construtiva a fazer. Assim como vc quer que citem seu blog como fonte, vc tambem deveria colocar a bibliografia dos livros nos quais vc pesquisou o conteúdo do texto. Eu por exemplo estou fazendo um trabalho e vou colocar seu blog como referência bibliográfica, mas gostaria de poder ter acesso à fonte da informação..

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    1. Júlia, eu digo pra usar o blog como referência quando as pessoas copiam o que está escrito no texto ou usam trechos do texto que escrevi nos trabalhos, porque eu que formulei as frases acima.

      Se você está fazendo um trabalho sobre crinolina, suponho que você estude Moda ou Figurino. Como você é estudante dessa área tenho certeza que você conhece os livros, os professores já devem ter indicados livros-referência. A melhor e mais completa fonte são livros de História da Moda sempre e sempre, há livros nacionais e estrangeiros sobre o tema, se você nunca ouviu falar deles, dê uma busca ou procure-os na biblioteca Senac Lapa em São Paulo. ^^

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