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21 de abril de 2012

Moda Mainstream Influenciando a Moda Alternativa

Uma das maiores provas da hibridização de estilos entre a moda dominante e a moda alternativa são as cópias/versões alternativas de criações de grandes grifes mainstream. Desde meados da década de 2000 a relação entre moda dominante e moda alternativa/subcultural estão mais estreitas.
Recentemente vi uma vaga de emprego para designer de moda em uma conhecida loja alternativa americana. Entre todas as habilidades técnicas exigidas de um estilista, o anúncio também priorizava que o candidato teria de estar informado sobre as tendências da moda atual.

Porque isto está ocorrendo?
Um dos motivos é o fato de vivermos em uma sociedade capitalista de consumo e cada vez mais as pessoas "não podem viver sem tal produto!". Esse pensamento se expandiu para os alternativos. Os consumidores alternativos do século XXI estão criando hábitos de consumo como o das pessoas "normais".

E então você olha para os exemplos abaixo e pensa: 
Por que essas criações surgiram primeiro na moda dominante e foram copiadas pela moda subcultural? Por que as lojas alternativas não criaram estes produtos antes?

Os motivos são vários, desde as marcas mainstream terem dinheiro pra investir em profissionais de moda que criam peças independente de seus gostos pessoais e que estão de olho na moda de rua, trabalham com um marketing persuasivo e com a amenização de temas/estéticas polêmicas para as massas.

Muitas das lojas alternativas até meados da década passada não tinham pessoas formadas em moda em suas equipes. Era comum (e limitativo) donos de marcas alternativas criarem apenas peças que eles usariam, a famosa criação baseada em gosto pessoal e não necessáriamente no gosto do público alvo. Na escolha entre moda underground x moda alternativa, a moda alternativa se destacou, já que moda é consumo e consumo é lucro. Permancecer undergound é vender pra um público muito específico e nem sempre ter grana pra investir em novidades.

A diminuição do preconceito com a palavra "Moda" no meio underground/alternativo fez surgir uma maior aceitação de pessoas formadas em moda neste tipo de empresa. Moda, além de comércio é expressão pessoal, identidade, individualidade e é isto que o consumidor alternativo do século XXI busca. Ter alguém formado na área tem se revelado uma prioridade como vimos no anúncio de emprego que citei acima. 

Abaixo, destaquei apenas as influências mais famosas da moda dominante na moda alternativa mas existes outros exemplos que ficarão para outra ocasião. Links recomendados em roxo.

Studded Shoes:
Em 1993 Vivienne Westwood lançou um sapato com spikes. Naquela época, a moda não pegou entre os alternativos. Com a forte tendência do black/heavy metal na moda dominate em 2009, diversas marcas mainstream lançaram sapatos com studs (Louboutin, Balmain, Gareth Pugh, Prada, Rodarte). No mesmo ano, o mercado asiático fez as cópias e só recentemente marcas alternativas e começaram a fazer suas versões.
Outros exemplos da relação "mainstream x cópia alternativa" se tratando de calçados de marcas nacionais:
Mais alguns links sobre a tendência Black/Heavy Metal na moda dominante:

Caveiras: 
Andar com um acessório de caveira até os anos 2000 era ter estampado na sua testa que você era um jovem muito rebelde. As caveiras eram masculinas e agressivas, botavam medo no observador, embora marcas como a Alchemy Gothic já começassem a fazer algumas caveiras mais femininas. Encontrar facilmente uma caveira delicada num anel ou colar era algo raro, mas aí vem Dior com sua joalheiria de luxo, Delfina Fendi com seus esqueletos que abraçam e o estilista McQueen se populariza pro grande público trazendo junto suas caveiras de aparência fashion e diversificadas. Hoje, até mesmo as patricinhas tem caveiras em seus closets.
Recentemente as clutches com anéis de caveira criadas por McQueen viraram febre entre os consumidores de moda luxo. Essa assinatura do designer ganhou cópias feitas na Ásia para a classe média e são vendidas em sites nacionais.

    Camiseta com as costas de esqueleto:
    A criação original é de uma coleção da DSquared e inspirou customizações navalhadas aos que não tinham grana pra uma original. Comercialmente demorou um pouco, mas marcas alternativas já fizeram as cópias. A Rodarte também tem sua versão, lançada ao mesmo tempo que a Dsquared.


    Salto de esqueleto da DSquered2:
    Outro calçado que foi uma febre entre os consumidores de moda luxo e é amado pelas garotas alternativas são os skeleton heels da DSquered2.
    Uma marca alternativa americana fez sua versão. É menos glamuroso e mais divertido, mas ainda assim, com a idéia vinda do mainstream.

    Sapatos fetichistas sem salto:
    Popularizados mundialmente por Lady Gaga e usados quase que diáriamente pela musa Daphne Guinness, estes calçados tem uma história curiosa: surgiram primeiro no underground relacionados à subcultura fetiche e às pony boots. Essas versões extremas (sem salto e muito altos) podem ter sido criadas pelas marcas KronierPhylea
    Em 2009, o estilista Oliver Theyskens desenhou botas sem salto para Nina Ricci e aí a febre começou no mainstream entre os fashionistas. Ao mesmo tempo, Lady Gaga pegava muitas de suas referências estéticas na subcultura fetiche, como já comentado aqui. Assim que a cantora vestiu seus imensos calçados sem salto do japonês Noritaka Tatehana, o designer ganhou uma grande fama que o tirou da obscuridade do mundo da moda.
    Quando os sapatos sem salto eram underground, nenhuma marca alternativa não-fetichista se interessou em fazer suas versões. Mas assim que popularizado no mainstream já é possível encontrar suas versões alternativas em lojas inglesas e americanas.

    Já falei sobre a influência da estética retrô de Dita von Teese aqui. A recente inserção de tantos elementos retrôs na moda alternativa se deu pela estética estar forte na moda dominante.

    Estes são apenas alguns exemplos da hibridização de estilos. Como podem notar, é uma série de posts sobre o comércio e o comportamento das subculturas no século XXI.

    Leia também: Subculturas Alternativas: elas ainda existem?
                        Subculturas Alternativas: Monocultura
                        Subculturas Alternativas: Consumo, imagem e moda


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    12 comentários:

    1. Oie Sana td bem?
      vi seus parceiros, não sou dona desse Blog mais como leio os dois, voces poderiam ser parceiros o conteudo dos dois blogs são mto bons
      o http://artegrotesca.blogspot.com.br

      conhece?

      bjos

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    2. Oi Deni! Ainda não sou parceira do arte grotesca mas sou leitora fiel! Comento sempre lá!
      bjs!!

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    3. AOlá Sana! como vai?
      Então.. minha opinião sobre a idéia da hibritização tem dois lados.
      É uma forma muito boa de se ter uma variedade sobre o mesmo assunto bem vasta. Principalmente porque muito mais grifes investem na criação de sapatos com spikees, e disso saem muito mais idéias e variedades e até criações novas. Sem falar que, como você mesma citou, o aumento de um público alvo permite mais vendas e, consequentemente, há mais verba apra investimento.

      São pontos muito válidos, mas ao mesmo tempo me incomoda essa massificação. Pelo princpal motivo de que toda a ideologia é perdida, uma caveira não tem mais significado, é apenas um acessório.
      Percebo que os conceitos das tribos urbanas sendo engolidos por "modinha".
      Se é que me entende?

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      1. Eu vejo a questão da variedade das idéias mainstream como um ponto positivo e felizmente as empresas alternativas perceberam que é preciso investir em pessoas criativas na equipe pra poder concorrer com estas idéias mainstream e adaptá-las ao público alternativo.
        A massificação é algo chato mesmo! A internet é uma das responsáveis por essa disseminação de determinadas estéticas.

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    4. essa questão financeira é bem uma verdade. Eu tenho várias idéias mas para coloca-las em pratica eu precisaria de dinheiro e tempo. Para arrumar tempo teria que contratar auxiliares e aí iria diminuir mais as finanças. Então acabo trabalhando mais com o corriqueiro mesmo (bastante peças para tight lacing por exemplo) e esses projetos acabam empoeirando na gaveta :-(
      :-**

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    5. Muito instrutivo =) Quem me dera ter notado isso, a minha dolescência não teria sido envenenada por pensamentos do tipo "meu deus, todas as patricinhas estão copiando as coisas bizarras" =)

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      1. hahahaha! Pois é... ser bizarro hoje é tão cool né? Zombie Boy é a prova disso...

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    6. A questão do dinheiro na opinião pesa para os dois lados os estilistas precisam de capital e nem sempre o produto esta ao alcance de todos. realmente é complicado sendo que o mundo é movido pelo dinheiro.
      http://conexaoimagineetics.blogspot.com.br

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    7. ser bizarro é cool lá fora, aqui ainda há mta gente que nào aceita isso, uma bobagem!
      Infelizmente, money é fundamental para que possa se ter investimentos, criatividade não basta. Buá!

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      1. Bem lembrado Lauren!
        Lá fora essa tendência do bizarro pegou entre celebridades e fashionistas e aqui ela foi abafada por quase 1 ano e meio e quando chegou, chegou super suave.
        No mundo de hoje, dinheiro é fundamental pra poder colocar as idéias em prática e claro, morar num país onde haja uma moda mais "organizada" também ajuda a divulgar suas criações. Aqui no Brasil tanto a Moda quanto a Moda Alternativa ainda tem muito o que eveluir.

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    8. A influencia do mercado na moda realmente pesa bastante mesmo...ainda acho, apesar de poucas marcas no brasil, que os preços são bem salgados pra quem anda com a grana curta!kkkk!
      A questão da capacitação profissional na criação de peças acho maravilhoso, pois todos os estilos merecem o melhor! Acho que quanto mais capacitação e conhecimento dentro do estilo, mais bonitas ficam as peças.

      Acho muito ruim que essa questão das caveiras tenha se propagado tanto...na minha opinião acho legal criarem contornos mais femininos, mas é uma "estampa" pra quem combina com o estilo.
      É bom divulgar as marcas entre o público alvo, mas banalizar determinadas estampas por causa do mercado é perder uma personalidade própria.

      post maravilhoso! Bjs e boa semana!

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      1. Leka, você está certa, roupas são caras no Brasil especialmente por causa dos altos impostos do Governo (que às vezes chegam à 40% do valor de um produto)e do próprio consumidor que não reclama de pagar caro por peças de qualidade baixa, questão de comportamento.

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