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11 de junho de 2012

Herchcovitch x Roupas para a Classe C e D

Hoje começa o SPFW e o estilista Alexandre Herchcovitch apresentará sua coleção inspirada em um de seus ídolos, o cantor New Wave Boy George. O desfile promete misturar undergound e sofisticação.
"Foi a coleção mais difícil de fazer até hoje, porque é a minha visão sobre um ídolo. Em 1983, tinha 12 anos, e lembro de estar em casa assistindo ao Fantástico, e vi "Karma Chameleon". Pensei..."Olhe essas roupas, essa maquiagem, essa coisa toda? Já pode isso?" Fascinado, comecei a colecionar coisas dele e virei fã incondicional", diz o estilista. Os chapéus da coleção foram desenhados por Stephen Jones, que também faz os chapéus do cantor.

Enquanto aguardo pra ver o desfile de AH, acabei de ler uma entrevista com ele, que é o estilista brasileiro mais bem sucedido, onde diz que estilistas devem criar também para a moda popular. Fato que de certa forma já acontece, diversos estilistas nacionais renomados já criaram para, por exemplo, a C&A e a Riachuelo, lojas voltadas ao público C.

E pensei no seguinte: o que ele diz, também serviria para lojas alternativas nacionais?
Em recente post (E a Moda Alternativa no Brasil, como anda?), uma das maiores reclamações dos leitores do blog é a falta de coerência entre preço x qualidade das peças alternativas vendidas por aqui. Normalmente a loja põe 200%, 300% de lucro no valor final de um produto sendo que 100% de lucro seria o valor justo pela qualidade do material.

Quem é mesmo que mais consome moda alternativa?
-Pré-Adolescentes
-Adolescentes
-Jovens
-Jovens adultos

Uma boa parte destes jovens, com certeza, é classe C ou D. Estudos sociológicos da área de Moda comprovam isso, afinal, rebelde rico compra grife, não é mesmo? Os jovens consumidores vivem de mesada dos pais e quando começam a trabalhar nem sempre sobra muita grana pra gastar em tudo que querem. Só quando já estão no nível "jovem adulto", formados e com um emprego fixo é que passam a consumir peças mais caras e parceladas.

O que vocês acham? É possível uma moda alternativa com preços mais acessíveis voltada à verdadeira classe social pertencente dos seus consumidores, a classe C e D? Isso seria válido para nosso mercado alternativo que já é tão pequeno? Ou a classe social deve ser deixada de lado, focando-se apenas no valor "estético e original" de um produto?

Abaixo, frases interessantes na entrevista do Alexandre:
"Vamos cair na real, gente. O Brasil tem expertise de fazer roupa popular. A gente também tem que olhar para isso. Hoje, quem quiser sobreviver no Brasil e competir vai ter de fazer produtos para as classes C e D."
Sobre a concorrência com grifes internacionais: "Nossa roupa não é bem feita, não dá pra competir, não temos o mesmo acesso aos tecidos. Se compramos esses tecidos, a peça fica caríssima. Faço a melhor roupa possível num padrão que me permita vender no Brasil."

Fonte: Entrevista na Folha Ilustrada (tem que ser assinante uol ou da folha pra ler a matéria completa).

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8 comentários:

  1. Olá novamente Sana.^^
    Li a entrevista do Herchcovitch e achei a frase dele "O Brasil tem expertes em fazer roupas para piriguetes" meio pejorativa.Também acho que essa ascensão das classes C e D devem-se a nova fase que o Brasil está entrando em termos econômicos,claro que é mais fácil sobreviver vendendo roupas para muitos do que roupas de luxo para poucos.Respondendo uma das suas perguntas no post:Acredito que seja possível tornar a moda alternativa mais acessível para as classes C e D,mas isso depende muito da produção da roupa.Entendo também que na moda alternativa tem toda a estética e formas características,mas acredito que se possa alterar(não sei se é o termo certo) certas características para serem usáveis no dia-a-dia,imagino que esse processo possa ser bem caro e tardio.
    Essa é minha singela opinião.^^
    Tenha um bom dia :D

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    1. Oi Tsuki!
      Não achei o "piriguetes" dele como pejorativo. Entendi como sinônimo de roupa SUPER popular, de massa mesmo, roupa barata. ^^

      Sim! A ascenção da classe C e D é um bom ponto! Estas pessoas estão entrando com tudo no mercado de consumo!
      Acho que entendi quanto ao que você se referiu à moda alternativa. Muitas das peças vendidas aqui são muito festa/noite/balada e por consequencia de modelagem não-básica. Tirando corsets que tem modelagem mais complicada, a modelagem de peças alternativas dão tanto trabalho quanto modelagem de certas roupas de lojas normais. Não há grande diferença nisso, ainda mais se o foco for em peças mais dia a dia como você disse.

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  2. É por isso que gosto do Herchcovitch, ele tem noção da realidade. Então Sana, já é possível encontrar coisas criadas por ele por um preço mais agradável, eu tenho duas bolsas dele (aquelas com caveiras). Antes parecia inviável para mim ter algo dele, porque tudo é caro. Mas vejamos, há marcas menos conhecidas alternativas que vendem mais caro que o Herchcovitch, que já tem um nome. Eu acho que ainda há uma exploração financeira do que é diferente.Como você disse, a modelagem de roupas alternativas não é tão diferente assim das outras roupas para consumo. Eu entendo que seja difícil para quem cria e quer vender seus produtos, mas temos que perceber que a realidade da maioria dos brasileiros (até mesmo os "bem letrados") é trabalhar para viver. E trabalhando para viver, a única chance do brasileiro consumir moda é com os preços mais compatíveis à sua situação financeira.

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    1. Verdade! Tem uma loja popular na cidade que moro que vende bolsas dele à preço normal.
      É difícil tanto pra quem cria pra um mercado TÃO pequeno e jovem como o alternativo e também é difícil pra gente, que quer comprar das lojas alternativas mas acha tudo caro!
      Trabalhamos pra pagar contas não é mesmo rsrsrs! Os donos de lojas alt ainda tem a sorte de trabalharem com o que gostam ao contrário da maioria do povo que trabalha com o que "aparece"!

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    2. Helena, esqueci de dizer que o Alexandre é o estilista nacional que mais entende de negócios, ou seja, ele SABE administrar! E isso é fundamental pra quem quer ter marca: ser empreendedor. Tem gente que simplesmente não é empreendedor, por isso não dão certo. Acho impressionante como ele consegue colocar o nome dele numa Melissa e atingir um público C- e fazer vestido de luxo pra uma milionária. Não é todo estilista que consegue fazer isso!

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  3. Sou estudante de moda e trabalho na área, meu sonho é ter uma marca alternativa, mas sempre que penso no assunto esbarro no problema qualidade X preço. Compro tecidos todos os dias, e sei que o preço de qualquer tecidinho vagabundo é um assalto! Para uma marca ter preços populares precisaria de uma quantidade imensa de pedidos e uma rotatividade de produtos inviável neste nicho. No meu ponto de vista, o problema não é a margem de lucro de um produto, mas sim o preço das matérias-primas. Qualquer empresa para ter sucesso não pode se dar o luxo de qualquer nível de prejuízo, uma margem de 200% ou 300% é aceitável, pois não é só o tecido ou a mão-de-obra, mas sim os impostos, os gastos com luz elétrica, telefone, água, manutenção do maquinário... manter uma confecção não é fácil e equilibrar as contas, muito menos.
    ^^

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    1. Oi Bruve, você já pensou na possibilidade de fazer peças básicas em grande quantidade à preço acessível (pois elas tem mais saída por serem necessárias pra montar os looks) e deixar as peças de estilo elaborado com valor mais elevado? O que paga contas são peças básicas, baratas, porque todo mundo precisa de roupa pro dia a dia, pra bater, gastar e comprar outra nova 2 meses depois. E muita gente compra estas peças básicas em lojas "normais" porque nas lojas alternativas só se encontra peças de estilo, resultado: vender só peça de estilo acaba não cobrindo as contas porque tem pouca saída. E outra coisa: divulgação! Divulgue sua marca em blogs, sites que isso ajuda a atingir o público. ;)
      Acho que margem de lucro de 200 ou 300% é aceitável em peças de estilo, peças MUITO básicas eu acho um pouco de abuso...
      O que eu sei é que tecidos "vagabundos" estão um assalto porque a indústria textil brasileira está enfraquecida por causa das importações e de outros páises que mantém o câmbio baixo. =/

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  4. Exatamente isso. Compro minhas roupas da Renner por que roupas de marcas alternativas são muito caras. Ai faço de tudo pra achar algo na Renner que tenha a ver comigo. O que as vezes é bem dificil, ano passado saía frustrada da loja, por que tava numa onda "mais romantica". Agora, a uns 4 ou 5 anos, eu queria tudo, por que foi quando começou a moda roquer/dark em lojas grandes. Mas no que isso passou... =/
    Um dos isentivos que tive pra fazer moda: aprender a fazer roupas que eu goste e vender a um preço justo! Sonho com isso, ter uma loja/marca de roupas alternativas vendidas a um preço justo!

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