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14 de abril de 2015

Floor Jansen: pelo fim da categoria "Female Fronted Metal"

Para nós aqui do blog, a subcultura heavy metal é uma das mais difíceis de ser abordada. Quanto mais estudo sobre esta subcultura e sua relação com as mulheres, mais percebo o quanto esse assunto é chato de ser abordado no Brasil, pois o nível de interesse no debate é muito baixo, além da falta de espaço (mídia/eventos) pra conversar abertamente sobre o tema (esse blog sempre será um espaço!).

Recentemente, em uma entrevista ao portal UOL sobre o tema, eu disse que: 
"a expressão 'bandas femininas', usada ao longo dessa reportagem para dar voz às mulheres no cenário do heavy metal, pode ser interpretada como machismo disfarçado. Você não vê alguém falar 'bandas masculinas', por exemplo. Isso mostra que a mulher é vista primeiro como mulher e depois como profissional da música, o que não ocorre com os homens. O ideal seria que chamássemos de "bandas", independente de ser com homem ou com mulher."

E não é que ontem foi divulgada uma entrevista com Floor Jansen em que ela diz praticamente a mesma coisa?? Que as mulheres são sempre lembradas primeiramente por serem mulheres e ser musicista vem em segundo lugar.


Minha voz não tem o alcance e nem a importância midiática para as garotas do que uma artista como a Floor tem! Acho que ela, muito mais do que eu, vive e enxerga esta realidade na pele. Só posso ficar muito feliz de perceber que estou no caminho certo do questionamento!


Sobre a entrevista da Floor
Quando perguntada sobre bandas como Nightwish serem chamadas de bandas "female fronted de symphonic metal", ela disse:

"Agora tem "symphonic metal" (na denominação) o que diz um pouco mais sobre a música que fazemos... Parece que às vezes há um gênero inteiro chamado "Female Fronted". Oh, então você está em uma banda female-fronted? Oh, sim, eu estou? Que raios isso significa? Porque Revamp é uma banda female fronted assim como Nightwish. Mas essas bandas não soam iguais em tudo. Arch Enemy é uma banda female-fronted assim como Delain. E elas não tocam o mesmo som. A única coisa que elas são é que são bandas de metal, mas seus estilos musicais são tão diferentes que não diz se há realmente uma menina cantando ou não. Então, isso não é importante. Não é surpresa que existem mais mulheres em bandas de metal. E elas não estão apenas como vocalistas. Tem bateristas, guitarristas, baixistas... Então... devo dizer, supere isso e chame apenas de symphonic metal, não importa quem está cantando."


A vida é um processo de desconstrução
Em alguns sites e grupos, li que a Floor tinha se demonstrado machista em ocasiões do passado. Assim como o próprio Nightwish foi acusado por ser machista com a Tarja (dentre outras coisas) porque ela queria um espaço pessoal separado dos homens e por eles terem despedido a Anette pelo simples fato de estar grávida (a mulher e a decisão sobre seu corpo).
Ambos podem ter sido/são machistas em certas ocasiões, mas é aqui que entra um outro exemplo: o de evoluir.
Todos nós nascemos e fomos criados em uma sociedade em que reproduzimos atos preconceituosos sem pensar, o que acontece é que durante nossa vida nós devemos, ou deveríamos, DESCONSTRUIR estes pré-conceitos. Algumas pessoas vão desconstruir mais do que as outras. E se a Floor teve atitudes machistas no passado, temos aqui um belo exemplo de que ela está aos poucos desconstruindo seu próprio machismo. 



Assuntos machistas não vem com um carimbo em cima, talvez por isso muitas meninas não percebam que ele exista. E a culpa sempre cai nas feministas, por os enxergarem. Só que toda mudança de antigos hábitos vem de rompimentos. E rompimentos vem de atitudes radicais que geram mudanças radicais. Algumas pessoas não querem e não aceitam mudanças, perder seus privilégios. Então se hoje a gente tem direitos, é porque tiveram os ousados do passado que deram os primeiros passos para romper paradigmas. Precisa-se reaprender a discutir temas tabus. Já passou da hora de algumas coisas começarem a ser debatidas com mais interesse pela nossa população, estamos muito atrasados!

Espero que a Floor (que é uma mulher que sai do padrão "feminino fofo" e lida com comentários e memes sobre seu tamanho e força), como musicista, faça com que mais garotas saiam da apatia e do comodismo e reflitam sobre o tema! Ela teve coragem de falar sobre o assunto polêmico pra uma plateia tão grande e comentários hostis já apareceram.
Eu envio minha compreensão pra essa mulher de atitude que está fazendo a sua parte, fazendo a diferença.






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Comentários via Facebook

9 comentários:

  1. Acredito que, quando o assunto é igualdade entre os sexos, estamos atrasadíssimos. Lembro que, certa vez, passei por algo pouco semelhante...
    Em uma conversa, disse a um cara que eu curtia Symphonic Metal e afins. Então, olhando pra mim - e com a maior cara de bunda -, ele respondeu: Tudo bem, porque você é mulher!
    Até que ponto, esse preconceito descabido vai chegar?

    Beijões! :*

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    1. Estamos sim Marcela! O Brasil é muuuuito atrasado pois o debate não se desenvolve, as pessoas não abrem a mente.
      Nossa esse seu exemplo é claríssimo de preconceito/machismo!! Valeu por compartilhar, vou levá-lo em consideração nos meus estudos! ;)

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  2. Acho que esse assunto feminismo/machismo é uma briga mais usada pra justificar certas atitudes do alcançar objetivos. Eu como mulher, tenho, ao mesmo tempo, pensamentos considerados machistas e feministas, então não tomo partido de ninguém. Acho que a mulher tem que mostrar sua força através das suas próprias atitudes. Essa história de rotular bandas por ter vocais femininos eu ainda desconhecia, pois no meio que convivo, em que as pessoas ouvem muito sinfônico, elas são tratadas apenas como vocais lindíssimos.

    Zona de Conspiração | Facebook da Zona

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    1. Todos nós temos pensamentos machistas e feministas mesmo... Só que algumas pessoas desconstroem seus pensamentos machistas (assim pensamentos como racistas, homofóbicos etc) ao longo da vida. Outras preferem não fazer nada sobre estes pensamentos.

      O objetivo é o empoderamento feminino, as brigas existem porque é uma quebra de comportamento e conceitos socialmente estabelecidos há séculos. Rupturas sempre geram desconfortos.

      Sobre o termo "female fronted" ele ficou mais usado a partir da virada do século passado na mídia metal. Eu mesma já o usei diversas vezes, mas um dia percebi que ele separava ao invés de unir e tenho me policiado pra não usar ;)

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  3. Floor arrasou com esse depoimento. Ainda mais por sabermos que ele vai atingir muito mais pessoas do que uma de nós comentando sobre.

    Na minha opinião, uma das coisas mais importantes que o ser humano tem é a capacidade de evoluir. Perceber seu erro e passar a corrigi-lo. Mas é uma das coisas que eu mais tenho sentido falta ultimamente. As pessoas andam acomodadas demais com as situações que as cercam e parece que desistiram de evoluir. Não consigo entender porquê tanto comodismo. Tanta aceitação sem questionamento. Principalmente por parte de quem é oprimido e não quer ver mesmo com alguém tentando lhe abrir os olhos.

    E bom, sobre o questionamento, concordo com vocês duas, é preciso reconhecer primeiro uma pessoa pelo seu talento e não pelo seu gênero.

    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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    1. Exatamente Mone!
      O poder de evoluir, de mudar padrões e de não se acomodar... eu fico chateada em quanto as pessoas poderiam melhorar as coisas mas preferem aceitar tudo (e não apenas machismo e preconceitos, mas também moda e mídia) sem questionar!
      Estamos numa época em que se tem falado muito mais sobre os oprimidos, existe gente interessada em ajudá-los, mas quando eles mesmos não se interessam aí complica né? :(

      Sim, o que importa se quem tá cantando/tocando é homem ou mulher? Não importa!! Não precisa existir um classificação separada para as mulheres!

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    2. Nossa.. nem fala.. eu ando muito chateada com isso. Mas o problema é que quem anda controlando a grande massa ta fazendo seu (des)serviço tão bem, que as pessoas acham que quando começamos a questionar e ver e mostrar o que anda errado por aí , viramos os escandaloso, exagerados e que se fazem de vítima. Tenso isso.

      Exato! Não importa de quem é o talento e sim que ele existe! Chega dessas classificações ridículas de gênero para falar se algo é bom ou ruim. Se querem classificar, que classifiquem por timbre de voz, estilo que canta e coisas técnicas do tipo, não por gênero.

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  4. Gostaria tanto de ver homens e mulheres lutando pela aceitação e evolução do Metal, e não sobre quem é o que. Lutar por igualdade de tratamento inequívoca, sem rotulagem, apenas música boa.
    E pior, isso acontece no metal, mas em várias vertentes do rock e do reggae. Agora, no pop isso é bem diferente!

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  5. Não deveria existir diferenciação entre homens e mulheres no Metal. Existem muitos artistas homens no Metal, mas é notável que o número de mulheres na cena dobrou nos últimos anos. A definição " Female fronted metal" é no mínimo incoerente, pois se fossemos classificar pelo gênero sexual um estilo de música então deveria existir o "Male fronted metal', mas como o número de homens é superior, muitos diriam que isso não se aplica pois o número de homens no Metal é muito grande para ter uma classificação levando em consideração o gênero. Muitos pensam em " Female fronted metal " com um estilo dentro do gênero do Metal porque o número de mulheres é inferior e ter uma mulher, principalmente vocalista, em uma banda de Metal é ainda nos dias de hoje algo digamos não tão comum que querem classificar como um estilo isso.

    Nós, mulheres, temos não só que nos impor contra essa diferenciação de gênero, mas provar que existem muitas mulheres no Metal sendo elas musicistas ou fãs. Na minha opinião, esse preconceito se acaba mostrando a cena HM que as mulheres não são uma minoria.

    Daniela V.

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