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16 de abril de 2015

Gisele Bündchen: a beleza diferencial que encantou McQueen

O assunto da semana na moda brasileira é a despedida de Gisele Bündchen das passarelas. Apesar do comunicado oficial marcar a data simbólica de seus 20 anos de carreira, a modelo poderá futuramente dar suas famosas passadas em desfiles, porém por questões mais específicas. Diante de todo esse burburinho, lembrei que um fato muito importante na sua profissão tem ligação com o universo alternativo! 

Gisele foi tentar trabalhar no exterior com apenas 16 anos. E assim como no Brasil, não foi um início fácil, encarou muita rejeição no mercado. Vocês sabiam que no começo chegou a ser apelidada de patinho feio? Mesmo alta, magra, loira e de olhos azuis, Gisele possuía "defeitos": seu nariz grande era julgado nada fotogênico, seu busto era do tamanho acima da média e mais as cobranças por estar longe da aparência Heroin Chic, padrão de beleza da época. 

Mesmo com tudo do contra aos olhos da moda, aos 17 anos, depois de ter feito 40 castings e ter recebidos só nãos, Gisele recebeu o sim de Alexander McQueen. O empecilho por não ter um visual Heroin Chic havia sido ignorado, e o estilista simplesmente a pediu que colocasse um salto alto e caminhasse para ver como desfilava. O diferencial da gaúcha que a fazia fugir dos padrões do momento, foi visto para os designer inglês como algo positivo. Debaixo de uma chuva artificial, a coleção Golden Shower Primavera/Verão 1998, se tornou uma marca memorável na vida profissional de McQueen, e catapultou para os olhares da indústria, e consequentemente ao sucesso, Gisele Bündchen.

A maior modelo de todos os tempos dando seu grande passo na carreira por intermédio de um alternativo. De patinho feio a The Body:

Gisele também estrelou a campanha da marca:

Desfile completo:


Alexander McQueen é um nome que volta e meia citamos no blog, porque o estilista tinha background alternativo. Sim, ele era punk! Grande parte de sua ousadia criativa - além do domínio na costura, em especial a alfaiataria - vinha de sua inspiração nas subculturas. O "diferente" para o inglês não era enxergado como algo negativo, pelo contrário, era algo belo. E a seu modo traduziu para as passarelas essa visão. McQueen viu beleza no diferencial de Gisele. Para nós de cá, que somos superjulgados pela estética, pode parecer uma situação sem relevância, só que não foi para o meio. Ocorreram mudanças, ainda que insuficientes para o nosso mundo real.

O encontro de McQueen com La Bündchen é a prova de como os alternativos têm influencia no mercado, é uma pena que no final o que surge é um produto processado para a massa consumir, com conceito nulo. Resultado inclusive que tanto o britânico lutava contra. E o corpo de Gisele em vez de ser incluído como mais um tipo de beleza, a indústria o transformou em referência de cópia. 

Na moda de cem anos de Gilles Lipovetsky, do anos 60 para cá, sem dúvida alternativos têm feito mais história na moda do que se pode pensar! O sistema nos trata como se fôssemos insignificantes, mas a verdade é que estão de olho em cada passo nosso para vender seus próximos modismos. Cool hunters entenderão.


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4 comentários:

  1. Insignificantes que nada. Praticamente toda nova tendência que sai por aí tem sua raiz no alternativo. Lógico que sempre modificado e super amenizado, mas vai buscar o conceito pra ver de onde surgiu. E quem diria que a Gisele começou assim... não sabia, realmente. Acho que posso ter uma esperança... haha
    Adorei o post.
    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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    1. Não somos mesmos, Mone. Mas é assim que o sistema trata, apesar de ficar sugando nossas ideias. haha, boa! Com essa "abertura" as diferenças que a moda vem propagando, quem sabe nóiz num tem chance??? rs

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  2. Uma porta se fechou, depois de abrir várias. Numa época que muita menina se achava feia, ver uma brasileira alcançar tal posto foi uma injeção de animo. Embora depois tenha sido deturpado, usado em clínicas de plástica, o corpo dela e sua personalidade na passarela eram algo único e inovador.
    Lembro a primeira vez que vi a D. Gisele. Era numa revista Manequim, tenho até hoje. Depois numa Capricho, numa reportagem "como é ser modelo". E ela falava que não era só glamour e coisas lindas.
    Um lado meu não a acha bonita. Não é despeito não - eu vi a irmã dela numa propaganda e a achei mais bonita. Mas a simpatia dela é visível, pelo que vemos em entrevistas.
    Pensar que McQueen, Gaultier e muitos outros estilistas começaram a procurar pessoas únicas e foi assim que vimos Gisele, Devon Aoki e outras tantas...Espero que novos estilistas continuem se espelhando nisso!

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    1. Oi Vívien, vc acompanha Gisele há um bom tempo, assim como eu. Sim, esse abrir portas foi além da estética, profissionalismo é um dos maiores adjetivos da modelo. Já li matérias dizendo q antes dela, as modelos brasileiras eram mal vistas por serem antiprofissionais, chegarem atrasadas, etc. Aliás, esse é um estigma forte que nós temos lá fora, o de não cumprirmos compromissos. E Gisele mostrou o oposto, que tem gente séria e competente no Brasil, além de ter ajudado a tirar a moda de um universo restrito, pouquíssimas pessoas falavam de moda nesse país, hj o debate é amplo.

      Tbm espero que os novos estilistas continuem a olhar além e enxergar detalhes não só nas roupas, mas também na personalidade do seres humanos que os cercam. Porque quem vai usar o produto final tem sentimento, né?

      Bjkas!

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