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13 de maio de 2015

Neil Gaiman, imperfeições e máscaras sociais: "Finja um pouco de cada vez"

Há uma cobrança para que as pessoas retirem suas máscaras e sejam sempre as mais verdadeiras possíveis. Pitty cantava "tira a máscara que cobre o seu rosto. Se mostre e eu descubro se eu gosto do seu verdadeiro jeito de ser."
O verdadeiro jeito...
Para quem mostramos nosso "verdadeiro jeito"? Talvez só pra nós mesmas. Ou talvez você se mostre verdadeira, mas pode ser chamada de antipática, mal educada, louca... às vezes nem sabemos quem somos plenamente, como vamos mostrar nosso eu verdadeiro aos outros???

As máscaras sociais ao longo da história foram importantes pra evolução do homem, como proteção das hostilidades e como negociação com os inimigos. Mas a máscara também tem função ritualística em várias tribos, de forma positiva, homenageando ou personificando deuses e também são positivas no teatro, mil faces entretêm a plateia.

Nós nascemos e fomos socialmente construídos, cheio de obrigações sociais. O quanto da sua personalidade foi adquirido de seus familiares, da escola e do mundo ao seu redor? E o quanto disso você não se identifica, como por exemplo, a obrigação de estar sorrindo sempre, até quando não está a fim?? É a preocupação de passar a imagem de perfeição sendo que o que mais a gente faz é tropeçar no caminho. 

Nós ainda usamos as máscaras, mas veja bem, ela não precisa ficar só no rosto! Ela pode estar nos gestos, nas roupas, numa palavra, uma atitude... O fato é que, quanto mais evoluímos, menos precisamos delas pois a maturidade nos faz querer desprender-se cada vez mais. Porém, muitas vezes ainda precisamos usá-las para abdicar de quem somos em prol da boa sociabilidade. E é exatamente sobre isso que Neil Gaiman respondeu à um leitor de seu tumblr: mesmo usando uma máscara, você pode fazer o bem pra si mesma ou às outras pessoas.

O comics Rose and Thorn, de Tom Taylor e Neil Googe: a máscara que usamos para esconder nosso lado obscuro:



"Querido Neil, eu sou uma pessoa horrível. Como ser gentil, por favor?"


Neil Gaiman: Às vezes eu suspeito que todos nós somos pessoas horríveis. Ou, pelo menos, somos pessoas humanas. Mesma coisa. Nós somos impacientes, julgadores, irritantes e irritados, mal humorados, facilmente ofendidos e o resto.
Então, como ser mais gentil se ele não vem naturalmente?

Finja.

Finja um pouco de cada vez.

Porque não há realmente nenhuma diferença entre fazer algo legal para alguém só porque você é naturalmente santo e perfeito, e fazer algo legal para alguém porque você é secretamente demoníaco e tenta encobrir-se. Ainda é um ato de bondade e de qualquer forma, você ainda fez a vida deles melhor.

Sorria para as pessoas. Diga olá. Pergunte sobre suas vidas. Lembre-se sobre o que eles falaram sobre suas vidas. Faça pequenas coisas para tentar ajuda-los. (Eles não vão saber que você é horrível, não se preocupe. Eles só vão perceber que você está ajudando.)

Dê às pessoas o benefício da dúvida. Lembre-se que é mais frequente a estupidez da culpa do que o mal, que todos podem estragar (incluindo você) e o importante é aprender com isso.

Pense "O que uma pessoa boa realmente faz agora?" – e faça isso. Não bata em si mesmo quando você falha. Seja tão gentil consigo mesmo como você seria para os outros - mesmo que você tenha que fingir.

E boa sorte.


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Comentários via Facebook

6 comentários:

  1. Caramba Saninha, que texto incrível. Realmente, sempre nos cobram essa postura sempre verdadeira de si mesmo, mas confesso que algumas vezes, eu já agi de uma forma que se eu fosse querer ser verdadeira (cruamente) eu teria agido de forma totalmente diferente. E isso me levou à diversos questionamentos, porque não necessariamente me senti sendo falsa, mas optei por ter aquela atitude mais "amena" em prol de um bom relacionamento no meio social. E não, não foi nem questão de vestuário ou afins, foi por atitude mesmo. Acredito que ninguém seja 100%... Enfim ótimo texto! <3

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    Respostas
    1. Oi Jaque!
      Eu dei uma introdução básica no texto, mas a ideia de compartilhar esse assunto com vocês foi da Lauren, então ela vai curtir o elogio também! ;D

      É um assunto realmente pertinente porque todo mundo fala "seja verdadeiro", mas será mesmo que dá pra ser verdadeiro o tempo todo??? Acho que não né?
      Machucaríamos as pessoas e criaríamos situações constrangedoras ou desconfortáveis. E dá sim pra agir "fingindo" como sugere Neil, não no sentido de ser falso mas no sentido de esse fingimento ser parte de sua bondade natural, um desejo de manter as coisas fluindo bem. :)

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  2. Eu entendo como Neil chegou a esta resposta. E achei corajoso da parte dele, pois hoje o discurso de "seja tal coisa" é tão forte, que alguém dizer "finja ser tal coisa" é algo inovador.
    Eu vejo acontecer muito com desconhecidos. Especificamente sobre ser legal. Muitas vezes você precisa daquele desconhecido, seja por parceria, seja porque é amigo do teu amigo e eles se adoram, seja por uma infinidade de razões. E dae vc tem que escolher ser ou fingir ser, pesar o p´ro e o contra. E isso é terrível, muitas vezes.
    Ótima reflexão!

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  3. Adoro essa ilustração, me encontro perfeitamente nela desde a primeira vez em que a vi..
    Sobre o post apenas concluindo novamente que não há nada melhor do que ser você mesmo :) Adorei!
    Bjos!

    www.inexplicited.blogspot.com

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  4. Muito bom o texto.
    Realmente, ser a gente 100% do tempo é complicado. Um exemplo que ilustra isso é quando você não se dá bem com certa pessoa por algum acontecimento anterior, mas por ela estar na mesma roda de amigos/conhecidos você opta por ser educada com a pessoa ao invés de meter a mão na cara dela igual é a real vontade. Tudo pela boa convivência. E bom, isso não é falsidade, muito menos você estar deixando de ser você mesmo e sim apenas contribuindo para as coisas fluírem bem, como foi dito no texto. ^^
    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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  5. É exatamente assim: Conforme vamos amadurecendo assumimos máscaras seja pra tornar as relações menos hostis, seja pra facilitar o convívio em sociedade, quando tudo que queremos realmente é 'tocar o foda-se'. A vida adulta, profissional e social nos obriga a incorporar essas máscaras.
    Acho que apesar de não ser bonito de se dizer (justamente pelo discurso 'seja você mesmo') é extremamente necessário esse 'cuidado' em não ser você quando você gostaria mesmo de agir como um perfeito babaca, mas não acho que essa máscara de polidez é o mesmo que ser cínico.
    Dar um bom dia e sorrir pra alguém, um gesto de gentileza quando você preferiria passar de cabeça baixa ou cara fechada e nem olhar na cara de alguém é uma coisa, sair cumprimentando todo mundo, sendo eloquente e forçando amizade e simpatia, já é algo que, pra mim, é desnecessário.
    Ótimo texto, Sana!
    Beijão e até mais! ^^

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