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22 de março de 2016

Meia/Tela Arrastão: da rebeldia à sofisticação

Há um ano  publicamos sobre telas e transparências e um pouco sobre a história destes materiais. De lá pra cá novas peças surgiram em diversas marcas alternativas e também no mainstream. Adoro telas e arrastão e vi várias opções nas lojas, mas espero e torço pra que mesmo que a moda passe, eu ainda consiga encontrar peças assim no futuro.

Dolce & Gabbana - Spring 2010

É certo que as meias em estilo arrastão já eram vistas desde o fim do século XIX, mas é preciso lembrar que por vezes eram feitas de tricô. Também eram encontradas nas pernas das dançarinas de cancan do Moulin Rouge e adornavam das atrizes de circo, assim como das rebeldes flappers e das estrelas das performances de palco burlesco.

Década de 1940.

A modelo pin-up Bettie Page com meias arrastão no underground fetichista da década de 1950, e a moderna dançarina e modelo burlesca, Dita von Teese, nos mostram como a peça resiste ao tempo dentro do universo fetichista.

Maila Nurmi - Vampira
Fishnet Stockings


Na década de 1960, mal visto, o arrastão era considerado peça de prostitutas.
Tirei essa foto da página de meu livro Fetiche, de Valerie Steele [aqui].

Mas foram os punks que desconstruiram o conceito desse material que acabou influenciando muito do que vemos hoje. Os punks usavam roupa de baixo (underwear) como roupa "de cima", as meias arrastão eram rasgadas, cortadas, usadas com mini saias. O tecido arrastão (também em tricô) era visto em blusas podendo estas posteriormente serem rasgadas pelos Góticos e Deathrockers.

Punks e Pós-Punk nas décadas de 1970, começo de 1980

E talvez até mesmo por ser uma peça tão condenada, os punks tenham se interessado por ela, afinal, era disso que eles gostavam: de provocar a sociedade, de desconstruir conceitos e chocar com o uso de forma inovadora. Tanto que a peça quando usada por punks e góticos não passa uma mensagem primariamente de sensualidade - como na época do cancan - ou de erotismo, como na década de 1950/60 e sim, de agressividade.

Siouxsie em página do livro Goth: Vamps and Dandies [aqui]


Décadas passam, e o arrastão continua sendo um material adorado pelos rebeldes.
Bowie nos ´70s, Axl nos ´80s, Nina Hagen, Doro, Amy e Alice Caymmi em tempos recentes.



Brooke Candy, Taylor Momsen, Gwen Stefani, Lydia Lunch, Courtney Love e Shirley Manson, mostram como as garotas de atitude ficam incríveis em um par de meias arrastão!

brooke candy, taylor momsen, gwen stefani, courtney love, shirley manson

Dei uma pesquisada nas loja alternativas nacionais que estão vendendo peças com arrastão e selecionei duas delas: A Black Shoes acabou de lançar uma coleção nova e estas três peças abaixo me chamaram a atenção porque tem a aura punk/pós-punk/gótica, passando uma imagem rebelde e agressiva e ao mesmo tempo tem design.



Já na Haute Xtreme, selecionei essas 3 peças: as duas blusinhas tem uma pegada mais street/revival da década de 1990 com a modelagem mais curta e quadrada. Já a saia, passa o apelo mais sofisticado que é como as grandes grifes tem explorado o material nas passarelas. Essa saia cai no conceitual.



No exterior, tanto o conceito rebelde quanto o sofisticado tem aparecido nas lojas há pelo menos dois anos. Abaixo: Killstar Fishnet Hoodie, Tripp fishnet long sleeve, Lip Service Fash-ist Fishnet Long Sleeve Top. Observem os três tipos de tela: a primeira com o buraco mais aberto, a do meio praticamente um tule de malha e a terceira com buraquinhos pequenos.
Arrastão revelando toda sua versatilidade.

In Vain Blouse com mangas compridas e Play on Mesh Bralette na Gypsy Warrior


Dolls Kill, Killstar, Complot e Black Milk

Blusa, top com spikes e meinha ♥

Corsets em tela que lembram arrastão.
lace alternative model

Entre fim da década 1980 e começo da década de 1990 o material foi bastante presente nas passarelas de desfiles mainstream, mas seu uso ainda era muito forte nas subculturas. Na década de 1990 houve uma espécie de re-interesse pela estética gótica no mainstream e o arrastão aparece até mesmo em tons pastel como rosa, azul, amarelo...
Depois da década de 2000, a tela arrastão veio aos poucos perdendo seu ar alternativo e rebelde e foi se tornando mais aceitável e até mesmo sofisticado. A mentalidade do arrastão como peça de prostituta ainda é comum até hoje especialmente em locais mais conservadores, e de certa forma a indústria pornográfica mantém esse estereótipo

Recentemente a Moschino (com Miley Cyrus ajudando na divulgação) apostou em tecido arrastão com um jeitão mais esportivo. Os tons de rosa resgatam um pouco os anos 90.

Kate Moss e Miley usando vestido longo.

Desfiles de Louis Vuitton (em tricô) e Betsey Johnson (em tela) de 2015,
ambos capturam o ar rock n roll do tecido.


Fetichismo, sensualidade, rebeldia e sofisticação. Punks, Góticos, Hard Rockers, Emos... A lista de subculturas, de estilos é imensa. Não vou me estender mais por aqui porque...
 ...chegou a hora de vestir seu arrastão e fazer como Frank-n-Furter: arrasar!! ;)



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2 comentários:

  1. Amo, amo, amo arrastão!
    Se tem uma coisa que não pode faltar no meu guarda-roupas é uma meia assim. Tenho com a abertura de vários tamanhos. Pra mim é uma peça chave pra deixar qualquer look mais estiloso e com cara de rebelde.. rs
    E agora também tenho uma blusa de tela arrastão da Queen of Bones que super amei!
    Adorei o post. Deu super inspirações aqui ^^
    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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  2. Vende em loja online Mone Venzel? Quero uma de manga curta, será que tem?

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