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15 de setembro de 2016

Fenriz, do Darkthrone e alternativos na política

Esta semana ficamos sabendo que o músico Fenriz, do Darkthrone foi eleito para o conselho municipal de sua cidade na Noruega. A história é um tanto bizarrinha: ele foi convidado a fazer parte de uma lista de candidatos a suplente de um vereador da cidade de Kolbotn. Ele topou, pensando que seria uma brincadeira. Mas como todo rebelde que se preze, escolheu o slogan "não vote em mim" com uma foto segurando um gatinho (pela cor, acredito ser gatinha). Não dá pra saber se as pessoas votaram por achar o gatinho fofo ou só pra sacanear, o fato é que Fenriz foi eleito! Tudo que ele precisa fazer é ocasionalmente, durante quatro anos de mandato, quando os titulares do cargo estiverem ocupados, ele deverá assumir a função "no meio de um monte de gente careta", ele diz. E complementa "sou um pilar na minha comunidade."


Duas coisas me chamaram a atenção: a primeira é que ele diz ser um pilar na comunidade, eu entendo que de alguma forma, ele se importa com o local ou é respeitado lá. E a segunda coisa foi a ausência (ou quase) de pessoas alternativas na política. Isso deve se dar porque muitos alternativos realmente querem distância do sistema. Só que política é algo praticado no dia a dia de muitos alternativos. Exemplos? Se engajar em causas dentro e fora da web - como o feminismo e/ou direitos LGBT.

Um caso famoso aqui no Brasil é de Alberto Hiar, também conhecido como Turco Loco, proprietário da marca Cavalera. Em entrevista para João Gordo declarou que o motivo dele ter entrado pra política foi devido à um show gratuito do Sepultura que organizou em 1989. Ao pedir a um vereador para liberar o local do show, o que recebeu foi desdém e piada com a cara dele, e ainda ouviu do mesmo "se quer fazer as suas coisas entra pra política". Ele entrou.

E se tivéssemos representantes políticos lutando por direitos alternativos?
Como transformar o assédio a quem é diferente ou de subculturas em crime de ódio, como aconteceu com Sophie Lancaster [leia aqui]? Ou pra se posicionar sobre a PLS 350/2014 que prejudica o trabalho dos tatuadores?
Mesmo que algumas pessoas não gostem de política, é inegável que as conquistas sociais desejadas precisam ser pautadas por representantes destas minorias.
O caso do Fenriz me gerou toda essa reflexão, inclusive sobre como a frase "política não se discute",  faz nos afastar dela. Talvez queiram mesmo que a gente fique quieto nossos cantos, caladinhos e com medo, só porque somos minoria. Mas acho que hoje em dia as pessoas tem mais consciência de suas causas e das mudanças que desejam. É torcer pra um dia termos nossos representantes! Que eles entendam que agredir, humilhar e ser preconceituoso com pessoas de visual alternativo é algo que não pode mais ficar impune.



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4 comentários:

  1. Tenho duas teorias:

    Teoria 1: Acho que as pessoas votaram nele, principalmente por ser 'algo novo'. Tipo a campanha do Tiririca sabe? Ok, que pelo texto dá pra ter um mínimo de ideia da política de lá em relação ao Brasil: há sentimentos bem diferentes, vide pela fala do próprio Fenriz. Mas talvez ainda resida a ideia (preconceituosa diga-se de passagem), por lá, de que gente tatuada, músico e ainda sendo de um tipo de música não tão popular não é tão atraente para representar alguém. Então talvez o considerem como uma "zebra".

    Teoria 2: a comunidade alternativa o colocou lá justamente para fortalecer a cena e mostrar que um músico pode e deve ser levado a sério. E também garantir a representatividade. Uma contrarresposta (ou seria contra-resposta? Ainda me embaralho nessa nova regra). Tipo 'Nós existimos e queremos debater política também. Somos da mesma comunidade, afinal de contas'. Ok, que esta teoria pode ser mais infundada, mas é algo que surgiu na minha cabeça haha

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    1. Thamyris, sabe que eu me lembrei também do Tiririca rsrs! Essa coisa de um candidato "bizarro" que as pessoas votam achando que não vai ganhar... e no fim ganha!
      Ambas as suas teorias fazem sentido. E na questão da segunda, foi uma boa observação. E também se ele "é um pilar na comunidade" como ele mesmo diz, as pessoas já devem ter ideia do tipo de cidadão que ele é né? Pois como você disse, o modo que fazem política lá parece ser diferente de aqui do Br em termos de cidadania ;)
      bjs!

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  2. Eu sempre achei que na política deveriam ter representantes de todos os tipo de minorias, pois só assim essas pessoas são ouvidas. Mas o problema disso tudo é que nossos políticos são tão sujos e corruptos, que qualquer pessoa que queira entrar pra fazer a diferença e mudar o que tá errado, eles dão um jeitinho de acabar com ela (algumas vezes literalmente).
    E eu acho que é por isso que a maioria dos alternativos se mantém afastados disso tudo. Porque é tudo uma grande quadrilha que não deixa o diferente ser aceito. É medo. Pois eles sabem que isso pode tirar o poder (e o dinheiro) deles.
    Enfim, ainda temos um longo caminho pela frente para que algo parecido possa acontecer aqui tendo credibilidade.
    Mas vale a reflexão.
    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Isso! Precisamos ter na política todo tipo de representação.
      Nosso povo não falou de política abertamente por muito tempo devido à ditadura, além de repreensões de extrema violência antes desse período, como as guerras civis que vivemos desde o Império. Nosso povo tem ignorância política e também sobre a própria história como país. É um passo necessário que todos nós nos começemos a ir atrás de estudar nossa própria história se quisermos mudanças.
      Apesar dos pesares há bons políticos no Brasil e precisamos que as pessoas não desistam da política e se tornem cidadãos engajados em causas importantes. Também é necessário entenderem o valor do voto e como tudo funciona.
      Temos um longo caminho, mas podemos começar já ;)
      Bjs!

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