Destaques

11 de setembro de 2016

O Menino que Desenhava Monstros │ Darkside Books (Resenha)

Quando li que "O menino que desenhava monstros" está para virar filme fiquei bastante curiosa para ler. O livro é considerado uma obra de terror gótico, aquelas histórias que abordam a psicologia do terror em sentimentos como o medo e o sobrenatural. Um exemplo recente de filme de terror gótico é A Colina Escarlate. 

O Menino que Desenhava Monstros da editora Darkside Books


Quando uma história  te afeta psicologicamente, fazendo você sentir medo ou pavor, como quando o monstro te espia pela janela, ou a criatura fantasmagórica passa correndo na frente de um carro inesperadamente, e aquelas pegadas misteriosas na neve ao redor da casa... você tem a sensação arrepiante de se sentir dentro daquilo tudo.
O Menino que desenhava monstros tem diversas passagens assim.

Tendo autoria de Keith Donohue e tradução de Cláudia Guimarães, o centro do livro é Jack Peter (apelidado de Jip), um garoto de 10 anos com síndrome de Asperger e que quase se afogou no mar três anos antes, desde então ele desenvolveu agorafobia – no caso dele, medo de lugares abertos.

Jack mora com seus pais numa cidadezinha litorânea. Existe toda esta atmosfera de uma casa dos sonhos (a casa que os pais deles desejavam) localizada solitariamente na beira de uma praia no congelante Estado do Maine (lembrou de Stephen King? rsrs). Quem mora no litoral e lida com ventos fortes e nevoeiro vai entender perfeitamente algumas passagens do livro, onde apenas estas "singelas" expressões climáticas são tão assustadoras quanto os monstros descritos.


A contracapa do livro tem textura aveludada: desenhos "à mão" que remetem à história
e escrita com palavras que lembram anotações em cadernos.

"Jip parou de murmurar e se inclinou para frente, batendo com o dedo no vidro.
"É ele, está tentando entrar."
"Ele quem?'
"O homem. O monstro."
 
Os pais de Jack Peter não são aqueles típicos “pais perfeitos” comuns em várias histórias. O casal tem conflitos, o que os torna mais reais. O pai (Tim Keenan), é um “otimista” que se recusa a enxergar a gravidade da doença do filho, enquanto a mãe (Holly Keenan) está começando a temer o filho, afinal ele está crescendo e ficando forte e ela já foi agredida pelo garoto em momentos que ele estava em transe. 
Mas sem aquela de que “ser mãe é padecer no paraíso”, pois ambos, pai e mãe, entendem que ter um filho com uma grave doença alterou todos os seus planos de vida de família perfeita. Outro fato curioso é que nesta história, o pai é o dono de casa e cuida do filho e é a mãe quem vai trabalhar. A mãe, também é responsável por parte importante no desenvolvimento da trama, Holly Keenan é curiosa e vai atrás de descobrir sobre coisas estranhas que ela tem vivenciado. Nestes tempos em que pedimos por mais protagonismo de mulheres, assim como em Hellraiser, nesta obra, embora Jack Peter seja o menino que desenha monstros, é sua mãe que faz parte da história andar e se desenvolver. Holly é bem real, tem suas decepções com o marido e filho e uma vida que não é a que idealizou, mas em nenhum momento é vitimista ou duvida do sobrenatural, ela vai atrás, analisa e tira suas próprias conclusões.

A capa tem o contraste de texturas: aveludada e, no local onde ficam os dentes, título e os arranhões, é áspero. DarkSide sempre nos encantando assustadoramente com seu design editorial!


"Naquele instante, viu um lampejo branco de movimento na janela.
Um rosto que o observava havia fugido.
O homem estava no quintal" 

Holly Keenan percebe que o filho está mais retraído, Jack ganhou um kit de desenho e desde então passou a desenhar monstros obcecadamente. Sua companhia mais constante é seu único melhor amigo, Nick, filho de Fred e Nell Weller (amigos de seus pais).  Nick parecia não gostar tanto assim de ser “o melhor amigo de Jack”, em diversas passagens, tive a impressão que ele tem tanto medo de Jack devido à sua síndrome quanto tem medo dos monstros lá de fora.
Não demora muito até que, além dos monstros de Jack, o pai comece a ver situações que parecem sobrenaturais e sua mãe começa a ouvir sons estranhos vindo do oceano relacionados à tragédias ocorridas na região muitos anos atrás. Ao correr atrás de informações sobre elas, a mãe do menino faz diversas descobertas assustadoras.

"Os garotos correram até a janela, para tentar espiar o que havia no carro do policial.
-Você tem um monstro ali?
-Aqui está seu monstro, Sr. Keenan. Encontrei-o na estrada perto do arvoredo do Cabo da Piedade.
-O senhor tem certeza que está morto?"
A presença de monstros e uma solitária floresta sombria sob nevasca

A narração é em terceira pessoa mas em cada capítulo com a visão de um dos personagens. Não é repetitivo, ao contrário, cada ponto de vista traça um novo panorama da história, novos detalhes. O autor vai revelando o passado dos personagens aos poucos e à medida que isso vai acontecendo vamos criando nossas próprias hipóteses. Creio ter escolhido esse método narrativo, algumas vezes de flashbacks, pra historia se revelar aos poucos, no final vocês vão entender que como tudo se interliga! E o final? No final... eu arregalei os zóio: "como assimmm?" (de forma positiva e surpresa). Demorei  cerca de um minuto pra aceitar que tinha acabado ali e daquela forma! rs

Uma coisa super legal nesta edição, é que é um livro interativo. No final, existem várias folhas pra você fazer seus desenhos! Tem espaço pra desenhar seus monstros, suas lembranças, suas angústias, suas criaturas, seus pesadelos e seus sonhos. A arte do início e do fim do livro remetem à desenhos feitos à lápis.


Esta resenha é parte de nossa parceria com a DarkSide Books, espero que tenham gostado. Conte se você já leu ou pretende ler O Menino que Desenhava Monstros e o que achou da obra!


Acesse os links abaixo pra comprar, alguns links tem desconto :)


E conheça aqui outras indicações nossas da Darkside:
* Resenha ║ Hellraiser
* Resenha ║ Psicose  




Acompanhe nossas mídias sociais:


Comentários via Facebook

6 comentários:

  1. Senti essas coisas quando tentei ler garota submersa também da dark side, nem consegui acabar haha
    Parece ser agoniante mas pelo fato de ele ter uma família talvez eu conseguisse ler até o final :3
    beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Bruna, você me deixou com vontade de ler o "submersa"! Não sabia que era neste estilo também!
      Dá um pouco de agonia a síndrome do personagem, mas a família e o amigo ajudam um pouco a sair do universo da Asperger embora todo mundo esteja interligado ;)

      Excluir
  2. Oi, Sana!
    Gosto 100% dos livros da Darkside! Eles foram além do convencional tanto em matéria de títulos como em design de livros! Um dia eu fui na Saraiva e vi todos os livros que eles já tinham lançado até a época, e é muito curioso ter mais esse sentido (o tato) para apreciar o livro.
    Fiquei muito afim de comprar, meu irmão de 14 tem Asperger e não gosta de ler, quem sabe esse livro ele curte? Vou comprar e testar!
    Obrigada pela ótima indicação, há tempos eu queria achar um livro pra comprar pra ele e o incentivar a ler <3
    Beijos!

    www.vultuspersefone.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Rafa!
      Exatamente! Essa questão do tato é algo que a editora faz que me surpreende. Normalmente livros com tato são para crianças, mas ela trouxe isso ao universo adulto que cria uma outra relação do leitor com o livro.
      Nossa, pode ser interessante mesmo pro seu irmão e talvez até pra você ver se se identifica com algo que os pais dele passam em relação à síndrome. Depois não deixe de contar pra gente como foi a experiência! :)
      Bjs!

      Excluir
  3. Acabei de ler e resenhar esse livro, e concordo com você: o final é surpreendente e eu tbm demorei um pouquinho pra absorver o fato!
    Vou deixar o link da minha resenha se quiser conferir, e tem sorteio rolando no blog, de qualquer título da Darkside à escolha do ganhador, fique a vontade para participar também!
    http://livroslapiseafins.blogspot.com.br/2016/10/terminei-de-ler-o-menino-que-desenhava.html

    ResponderExcluir
  4. Com certeza pretendo ler esse livro também. Eu pretendo ler todos os livros que a darkside lançar.. rs
    A resenha ficou ótima! Só me deixou ainda mais curiosa quanto a história do livro. No momento eu estou lendo outro da darkside, Onde Cantam os Pássaros, e ele é no mesmo estilo desse. História que se revela aos poucos, passagens que dão medo por serem bem reais e por aí vai. Estou gostando muito :)
    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir

Obrigada por comentar! As respostas serão dadas aqui mesmo, então não esquece de clicar no botão "notifique-me" pra ser informada.

© .Moda de Subculturas - Moda e Cultura Alternativa. – Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in