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30 de janeiro de 2017

Como é ser Alternativo na Suécia?

Geralmente ter um estilo alternativo chama a atenção de muitas pessoas e, muitas vezes, por causa do visual, surgem as clássicas frases de familiares e amigos: “Você não arrumará emprego assim!”, “Ninguém te levará a sério com esse cabelo verde!”; E a melhor: “Quando você ficar velho, como ficarão essas tatuagens?”. Essas são algumas das perguntas mais ouvidas pelas pessoas que têm um estilo diferente daquele que é ditado pela grande indústria da moda, ao menos essas eram as reações que eu recebia quando morava no Brasil. Atualmente, depois de muitos anos morando fora, já nem ligo se encontro alguém que tem esse tipo de reação quanto às aparências, porque isso acontece raramente na Suécia, país onde moro.

 A modelo sueca Adora Batbrat
Copyright @adora_batbrat

Aqui na Suécia as coisas são um pouco diferentes, claro que está longe de ser um lugar perfeito, mas, comparando com o Brasil, nota-se uma grande diferença no modo como as pessoas são tratadas por causa de suas aparências. Não posso afirmar que não exista certo preconceito e alguns olhares curiosos ao longo do caminho, mas, de forma geral, ser alternativo aqui não é motivo para tanto espanto, pois você pode trabalhar com o que quiser e onde quiser com um visual alternativo. Percebi isso quando a minha filha entrou para a primeira série. Como meu marido trabalhava na escola, era ele quem a levava, assim, não conhecia a professora da minha filha. Ao questioná-lo sobre como ela era, ele respondeu-me: “Ah! É uma baixinha, magrinha e com um diabão tatuado no peito!”, fazendo gestos e apontando para o colo. Eu comecei a rir da maneira como ele a descreveu. Claro que isso seria motivo de espanto para muitos e, provavelmente, motivo para protestos para que ela cobrisse as tatuagens ou fosse demitida do emprego, afinal “Onde já se viu uma professora de crianças tatuada? Isso é má influência!”. Reação típica de muitas pessoas no Brasil.

Bom, depois de um tempo, eu a conheci. Não era um diabão, mas muitas tatuagens em áreas visíveis do corpo, como colo, braços, mãos etc., e ela não usava roupas que as cobrissem para trabalhar. Ao ver outras professoras do local, notei que ela não era a única a adotar um estilo alternativo, pois outra professora do primeiro ano também tinha um estilo mais Rockabilly, e fui notando que não apenas as professoras, mas as pessoas que trabalham nos mercados, nos bancos e até mesmo nos hospitais; e aí vem a melhor das revelações: ser diferente na Suécia não é lá tão diferente, porque as pessoas te avaliam para empregos pelas suas qualificações profissionais, não pela sua aparência. Minha filha tem o cabelo com mechas coloridas e várias de suas amigas também. Todas são tratadas da mesma forma, são ensinadas a respeitar a individualidade de cada um desde pequenas. É muito bacana você ir a uma reunião de pais e ver que não é a única de cabelo colorido e que as pessoas não ficam te olhando com cara feia, como se a sua aparência fosse mudar algo nas suas responsabilidades como pai/mãe etc.


Adora Batbrat e seus filhos. 
Leia a entrevista que o blog fez com ela [neste link].

Pastelbat reside na mesma cidade que eu 
e anda com seus cabelos coloridos e roupas fofas.
Copyright @pastelbat

O estilo predominante por aqui é rockabilly. O pessoal faz festas e não são exatamente temáticas, as bandas locais tocam esse tipo de música, pois realmente gostam e vivem essa cultura. Nas quartas-feiras, eles se encontram em um clube de dança para dançar buggy. No verão, há um desfile de carros antigos, eles andam pelas ruas exibindo seus lindos carros com som alto e última tecnologia. Eu não sou a melhor pessoa para identificar marcas e modelos de veículos, mas é possível ver desde o Ford Tudor e Simca Chambord até aqueles famosos Mustangs antigos. Além disso, em um festival chamado Midsummer, eles fizeram um desfile só com esses carros antigos, tudo muito legal. 

©Cha Trinsi
©Cha Trinsi

Portanto, como disse antes, nem tudo é perfeito na Suécia e pode ser que a qualquer hora alguém sofra algum tipo de preconceito por isso, afinal, estamos lidando com humanos, e ninguém é perfeito neste mundo. No entanto, de forma geral, os suecos são pessoas super mente aberta e ensinam isso aos seus filhos desde a infância, o que torna cada geração menos preconceituosa e mais evoluída.



Revisão textual: Valéria O´Fern [biografia aqui] 



Autora: Cha Trinsi - Mãe, Fotógrafa, fã do bom e velho Rock N'Roll e do estilo Rockabilly. Não resisto a acessórios kawaii, apaixonada por artes, procuro reunir meus conhecimentos para passar uma mensagem de empoderamento feminino e materno nas mídias sociais. Site: www.chatrinsi.com



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10 comentários:

  1. Muito legal ter essa visão de como é ser alternativo em outro país! Isso poderia se tornar uma série de posts, hein?

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    1. Precisaríamos de colaboradores em outros países! Para a vivência deles poder trazer uma visão realista e não idealizada.
      Tomara que apareçam candidatos pois adoro a ideia! ;D

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  2. Quem déra, aqui no Brasil, houvesse respeito ao próximo. Ou que ensinassem a nova geração desde pequenos, a entender que a diversidade cultural ou estética não é bizarra. É escolha!

    Enfim, gostei desse tema... A alternatividade em outros países.

    BEIGOS 💋

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    1. Marcela, ensinar o respeito ao próximo é uma questão de educação, tanto em casa quanto na escola e sociedade em geral.
      Aos pouquinhos estamos evoluindo no Brasil, dá tempo de mudar de comportamento. ;)

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    2. Sana, infelizmente, se tratando do Brasil, não há correlação entre educação e respeito ao próximo. Apesar do nosso povo não ser referência no assunto, podemos ser educados, mas repudiar determinadas situações cotidianas. Os brasileiros são, em sua maioria, cristãos e ensinados a respeitar o próximo - embora, não o pratiquem -, porém alguns costumam rejeitar aquilo que é "diferente". Sendo assim, acredito que não se trate de educação, mas conscientização e bom senso.

      E sim, sempre há tempo de mudarmos nosso comportamento! ;)

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    3. Bom aí tem que ficar esperta porque em alguns casos é fascismo mesmo, Marcella. :(
      Por isso educação política, social, cultural e a própria conscientização (que é uma forma de educação) são super necessárias. Tem bastante brasileiro consciente e educado e são neles que a gente tem que focar e obter inspiração. Preconceito ao diferente existe em todos os lugares, só que enquanto em alguns as pessoas demonstram, em outros as pessoas escondem. É uma coisa meio instintiva, o medo do diferente. Mas vamos fazendo nossa parte! :)

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    4. Agora, concordo com suas palavras. Devemos estar atentos às intenções disfarçadas com fascismo - porque esse é um fato recorrente no país -, focando nas boas inspirações de brasileiros conscientes. Concordo também, que certas más atitudes estão veladas pelo medo do diferente, desconhecido - em alguns casos...

      Diante de todos os acontecimentos e situações cotidianas, o importante é fazermos nossa parte, até mesmo, por uma questão de humanidade!

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  3. Incrível! É de se admirar. Eu amo o Brasil. Amo a natureza abundante e a abundância de diferenças, de animais, de plantas... mas e o medo? Medo de ser mulher e medo de ser bruxa.
    Agradeço por esse post, já tenho mais um país na lista de "onde irei morar". Seria interessante fazer uma publicação sobre como você foi parar aí, risos.

    MeniBorboleta.blogspot.com.br

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    1. Oi Menina Borboleta!
      As mudanças que queremos no país precisamos começar a praticá-las e ensinar as crianças, os mais jovens e até mesmo os adultos com mente disponível à conversa. Não podemos desistir, pois há muitos de nós que não podem mudar de país e precisamos lutar por eles também!
      Bjs! ♥

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  4. Que post incrível!Que eu compartilharei com muitas amigas (e amigos) que considero pessoas fortes,por resistir a hipocrisia deprimente que fez parte do subdesenvolvimento deste país chamado Brasil.Que bom saber,por fim,que há vida inteligente fora daqui e há os que mesmo tendo nascido aqui,tem a oportunidade de daqui escapar e encontrar lugares melhores desenvolvidos espiritualmente.

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