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27 de fevereiro de 2018

Estilo: Nancy Laura Spungen

Nancy Spungen é com certeza um dos nomes mais enigmáticos da cena Punk. Todos sabem quem é, mas pouco se sabe quem ela era de verdade. O que se sobressai sobre sua pessoa são só coisas ruins, tão ruins que a tornaram emblemáticas, a verdadeira personificação da bad girl, do "live fast die young", do "love kills". Ninguém pode negar que ela era uma força da natureza, não havia chuva e sim tempestade. Não era uma simples ventania, era um furacão!

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Nancy foi uma garota interrompida pelos transtornos mentais, sua vida foi moldada pelas doenças psíquicas, já que segundo sua mãe, seu problema decorria do parto prematuro e ser diagnosticada com a síndrome do bebê azul. Deborah Spungen acredita que seus problemas neurológicos eram pelo fato de ter nascido cianótica, o que afetaria a personalidade de sua filha.

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Nascida em 27 de Fevereiro de 1958, na Pensilvânia, Filadélfia, de uma família classe média judaica, Nancy sempre foi precoce. Aos dez anos era hippie, curtia Beatles e participava de passeatas contra a Guerra do Vietnã. Aos onze seus demônios começam a aflorar pela depressão extrema e as primeiras tentativas de suicídio seguido da expulsão na escola e o diagnóstico de esquizofrenia. O convívio com a família era insuportável, não conseguia controlar o impulso violento, batendo em seus irmãos menores Susan e David. Com dezessete morava em Nova Iorque, namorava músicos e às vezes trabalhava como stripper e na prostituição, sendo o dinheiro gasto curtindo rock e no vício em heroína. Legs McNeil, criador da revista Punk, revelaria que era uma ávida conhecedora de música: "Nancy teve uma dessas paixões pelo rock n' roll que muito poucas pessoas têm. Ela sabia tudo sobre cada álbum"

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Acompanhada de Debbie Harry. 

O estilo da bad girl é uma marca registrada na moda das garotas punks. McNeil disse que Nancy fugia do padrão por não ser muito magra e que não tinha vergonha de assumir que trabalhava como prostituta. Suas roupas continham o visual de: estampa de onça, meia arrastão, jaqueta e minissaia, bota de cano curto e bico fino. Os acessórios eram referência: pulseiras tachadas, colar com pingente de arma, corrente com cadeado, cinto em forma de algema. Nancy trazia também elementos do fetiche, usou muito látex em seus looks.


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A maquiagem era superforte, sempre com batom vermelhão, bochechas marcadas de rosa, o olho delineado de preto com sombra prata e preta esfumada na pálpebra. As unhas eram compridas e ovais esmaltadas de vermelho. Era uma Vamp pré-oitentista. O cabelo cacheado loiro oxigenado com a raiz escura seria influência às futuras kinderwhores

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Frequentadora da cena Punk, chegaria a trabalhar na porta do CBGB, mas as pessoas só ficariam perto de Nancy para comprar droga. Não era alguém querida no meio, na verdade sua fama era péssima, sendo chamada de "Nauseating Nancy" e isso se perpetuaria em Londres, quando se muda na primavera de 1977, atrás dos The Heartbreakers Johnny Thunders e Jerry Nolan. Na cidade faz amizade com Linda Ashby e se hospeda em seu apartamento. Linda trabalhava como dominatrix, inclusive Nancy chegaria a ajudá-la nos atendimentos, e toda turma punk ia se divertir em sua casa depois das noitadas. Foi assim que acabou conhecendo Sid Vicious.

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Nancy com Linda Ashby.

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Nancy e Sid com Lemmy Kilmister.

Linda Clark, Leee Black Childers, Nancy, Sid e Dee Dee Ramone.

Na verdade Nancy tentou primeiro ter relação com outros membros dos Sex Pistols, porém nenhum deles ia com sua cara, eles realmente a desprezavam, em documentários a retratavam com palavras de baixo calão. Sid acabou se apaixonando, era tímido e teria perdido sua virgindade com Nancy. O namoro duraria um pouco mais de um ano, só que com toda a intensidade da Era Punk. Eles brigavam de forma violenta em público, eram capas de tablóides, iam e voltavam em meio ao extremo consumo em drogas, alguns dizem que Nancy teria apresentado heroína ao Sid. Foi um relacionamento extremamente abusivo de ambos os lados e que acabou marcando a história do rock.

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Uma garota de família tradicional judaica namorando um cara com suástica estampada na camiseta. Só mesmo no Punk!

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O relacionamento abusivo acabou sendo romantizado no Rock. Em cada cena que surgia, era esperado o novo "Sid e Nancy", como ocorreu com Kurt Cobain e Courtney Love nos anos 1990, a qual teve forte influência estética e comportamental. Nos últimos anos, apesar de não ter visto uma citação direta, as semelhanças entre Amy Winehouse e Blake Civil Fielder são bem destacadas. Não seria espantoso se ambos tivessem se inspirado no "love kills" do casal punk, ainda mais pela enorme fama que possuem na Inglaterra.

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A parceria na campanha de maquiagem de Kat von D com Billie Armstrong mostra que até hoje o casal é referência de imagem.
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Em 1978, quando os Sex Pistols terminam após o fracasso da turnê americana, mudam-se para o Hotel Chelsea em Nova Iorque. A relação continua tumultuada devido a falta de dinheiro e consequentemente sem verba para financiar a compra de drogas. Nancy vira empresária de Sid tentando alavancar sua carreira, mas ele não era grande músico e os dois estavam descontrolados pelo vício. Até que no dia 12 de Outubro, no quarto número 100, Nancy é encontrada morta com uma facada no abdômen tendo apenas 20 anos, mesma idade que sua mãe a teve. Vicious é preso acusado de seu assassinato e apesar de não lembrar do momento devido ao efeito das drogas, sempre negaria o feito. Em 2 de Fevereiro de 1979, é encontrado morto por overdose.

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Livro de Deborah Spungen que inspirou o filme Sid and Nancy.

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Courtney Love participou com a personagem Gretchen ao lado de Gary Oldman e Chloe Webb.

"Eu já tenho 80, sou uma mulher velha", uma vez disse à sua mãe. Ambas sabiam que Nancy não iria viver por muito tempo. Só que Deborah não imaginava que a filha seria assassinada, muito menos por Sid. Depois do ocorrido se tornaria uma ativista, apoiando famílias que tiveram parentes assassinados, criando a ONG "Families of Murder Victims" na Filadélfia. Em 1983, Deborah lança a biografia, "And I Don't Want to Live This Life", foi uma forma de desabafar e contar a verdadeira história de Nancy, depois do cruel processo que passou com a imprensa e todo o circo que armaram na época de seu luto. Três anos depois surge o filme "Sid and Nancy" baseado no livro de Deborah, mas sem autorização da mesma, que inclusive enfatizou não retratar a realidade entre mãe e filha. Nancy foi enterrada no cemitério judaico King David Memorial Park e entre as teorias de sua morte, a mais forte é que foi assassinada por um traficante. Esse ano completaria 60 anos, mas sendo 40 de seu falecimento.



E vocês? 
Alguma vez já se inspiraram no estilo da Nancy?




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Texto e seleção de imagens: Lauren Scheffel

Direitos autorais:
Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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13 de fevereiro de 2018

Cabelo Cor de Fogo (Fire Hair, Red Flame Hair)

Parece que os cabelos cor de fogo viraram a moda capilar do momento, ao menos aqui no Brasil. Nos últimos meses diversas pessoas de diferentes segmentos apareceram com seus fios coloridos com tais tonalidades. Mas vocês sabem de onde surgiu essa combinação de amarelo e vermelho???

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Dele mesmo, David BowieO músico adota o visual quando assume sua última persona, The Thin White Duke, em meados de 1974. Bowie surge com o cabelo descolorido em toda parte da frente, puxando o restante num tom avermelhado que depois desbotava para o laranja. Nos discos Young Americans, Station to Station e Low, o primeiro da trilogia de Berlim, pode ser visto a coloração. Nessa fase, passava por transições decisivas tanto na vida profissional quanto privada, entre elas o divórcio com Angela e a luta contra o vício em cocaína.

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Entrevista para Dick Cavett em 1974.

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Bowie por Steve Shapiro.

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Concerto em Londres, 1976.

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Discos: Young Americans, Station To Station e Low.

Em 1976 é lançado o filme "O Homem que caiu na Terra" (The Man Who Fell to Earth) baseado no livro homônimo de Walter Tevis, da qual o músico estreia como ator protagonizando um alienígena que faz fortuna para tentar salvar seu mundo, porém havendo imprevistos nos seus planos. Esse é um dos momentos mais icônicos quando se relembra o cabelo cor de fogo.



De lá para cá, a forma de pintar foi-se desenvolvendo em artistas de diferentes gerações, acompanhando a moda da época. Atualmente, encontra-se o tanto estilo original de Bowie, como outras versões, trocando a cor vermelha pelo laranja, fazendo a pintura em mechas e o mais recente "fire ombré hair", onde a raiz é pintada de vermelho, o comprimento de laranja e a ponta de amarelo.


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Cyndi Lauper em 1985.

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Grunge Girls: Miki Berenyi e Jennifer Finch.

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Shirley Manson em 1994.

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Geri Halliwell nas Spice Girls com versão mechas, típico dos anos 90.

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Milla Jojovich em O Quinto Elemento de 1997. No filme o laranja é usado no comprimento.

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Propaganda Vidal Sassoon de 2001.

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Nos anos 2000, Hayley Williams adotou os tons de fogo com força.

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Essa também é a coloração favorita de Megan Massacre, que chegou a vir assim ao Brasil.

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Lindo penteado retrô quando Megan posou para Pretty Attitude.

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Punk e sua versão moicano. Belíssimo!

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O lindo neon da brasileira @maia_thais_

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Corte skinhead de @codyfrostmusic@xotiinaxox.

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Fire Ombré Balayage Phoenix Hair do cabeleireiro Guy Tang.

Em 2016, data de falecimento do Bowie, pode ter ocorrido o contexto que ajudou a impulsionar a moda vigente. Na verdade, demorou para ganhar força esse retorno. O interessante é que uma coloração feita há mais de quarenta anos mostra o quanto estava a frente de seu tempo ao permanecer moderno ainda hoje. 

E aí, já sabe qual estilo vai adotar?



Autoria: Idealização, texto e curadoria de imagens: Lauren Scheffel


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