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6 de maio de 2018

Resenha: Gothic Station #3 - como se informar sobre moda e cultura gótica no Brasil

Primeiro, muito obrigada a todos que participaram do financiamento da revista Gothic Station, edição número 3. Dessa vez eu, Lauren, irei fazer a resenha da edição que trouxe na capa a Sana Skull, criadora do blog. A essa altura já devem ter recebido suas recompensas que chegaram um pouco atrasadas devido a imprevistos. No fim deu tudo certo e agora você tem uma edição histórica em suas mãos - sim! - pela primeira vez uma revista nacional trás uma matéria com abordagem profunda da relação entre Moda e Subculturas!


Como muitos já sabem, mas é sempre bom reiterar, esse é um projeto independente, realizado por pessoas do meio alternativo e que possuem o comprometimento de trazer um conteúdo mais profundo e diversificado sobre o tema. Nessa última, o foco foi Moda, Arte e Cultura. Assim que abrem a publicação vão encontrar uma matéria de comportamento, onde o foco é a diversidade de estilos. São depoimentos de góticos de diferentes Estados, ocupações, oferecendo uma visão bem interessante, onde ao mesmo tempo que descobrimos suas particularidades também há muitos pontos em comum. Daria a dica de acompanharem as redes do Henrique Kipper, no futuro seu estilo de vida pode fazer parte dos artigos.


Em seguida a entrevista com Chris Pohl da Blutengel e na sequência texto da Sana sobre os Blitz Kids, quem ler vai entender a ligação deles com o visual gótico. E mais: como essa influência também chegou no Brasil, com depoimentos dos artistas Alisson Gothz e da nova geração, Ivana Wonder. Essa é uma matéria que deixa bem desenhada - e costurada! - àqueles que dentro de uma subcultura tentam diminuir a importância da moda e estética perante a música. Os Blitz Kids são uma prova de que uma subcultura pode ser iniciada através da 'linha e costura' e não necessariamente da música, e que pode ter o mesmo efeito transformador e transgressor!



Não é exagero dizer que quem tem a revista tem uma preciosidade nas mãos, as fotos que ilustram a matéria são icônicas, registros de fotógrafos que participaram da cena e pela primeira vez estão sendo publicadas no Brasil oficialmente num veículo impresso alternativo. Isso é um momento histórico na cena alternativa nacional. Até então estas fotografias só haviam sido publicadas em livros estrangeiros e revistas mainstream. Sana e Kipper fazem um esforço tremendo para que vocês tenham sempre o melhor material possível.



Um adendo: No texto Blitz Kids quando Sana comenta da coleção "Neon Gothic" de Steve Linard, na revisão foi mudada para "Neo Gothic", fato que só viu quando a revista já estava impressa. O nome da coleção de Stephen Linard era "Neon Gothic", uma brincadeira com a sonoridade de "Neo Gothic". A editora do MdS pede desculpas pela alteração.

Nessa bomba já vem a entrevista da Sana com oito páginas. Foi uma grande oportunidade e espaço dado na abordagem sobre o estudo de moda e subculturas, numa entrevista maravilhosa onde Sana pode expôr e esclarecer bastante dúvidas dessa área. Quem dera pudesse ter lido essa entrevista na faculdade, não teria perdido tanto tempo, não me sentiria tão perdida e frustrada.

Como surgiu o blog e o porquê do nome; o que são subculturas e moda alternativa; qual a importância da estética das subculturas para a formação da individualidade; por que várias pessoas não se interessam em ser parte de grupos alternativos; a moda e a subcultura gótica; o visual alternativo hoje... tudo isso são temas dissecados na entrevista.

Letras sem foco propositalmente. Fotos: Chronos Imagens

A moda no Brasil ainda não dá valor ao estudo de culturas alternativas e algumas destas também não entendem o valor da moda e suas engrenagens. Haja visto que em pleno 2018, recebemos mensagens de estudantes pedindo ajuda com trabalhos e relatando a dificuldade de impôr seus temas. Tentamos ao máximo elucidar as questões, oferecer ideias e abordagens, tudo isso porque sabemos o que é quebrar a cabeça com informação escassa ou inacessível. Portanto a troca de conteúdo torna-se de uma importância absurda, perguntar nessas horas não é ser folgada (como já nos disseram por aí!), é a busca pelo conhecimento e a troca por outros, já que todos nós possuímos alguma informação da qual o outro não deve saber.


Sobre como surgiu o convite da entrevista, Sana me contou:


"Recebi um convite de Henrique Kipper para ser entrevistada e ser a capa da edição #3. Fiquei muitíssimo surpresa pois nestes quase 10 anos de blog e de influência do mesmo na formação das mentes e no cenário da moda alternativa, poucos foram os que me convidaram para algum projeto. Não tenho um perfil badalado na web, não exponho tudo que faço e pensei que estar numa capa de revista fosse um sonho muito distante. É muito gratificante quando alguém reconhece a importância de meu trabalho, que entende que o que eu faço não é para favorecer a mim mesma e sim informar o maior número de pessoas. Num país em que praticamente não há informação sobre história da moda alternativa, meu ideal com o blog não é individual, é coletivo! Pessoas informadas mudam suas vidas e podem mudar o mundo. O convite de Kipper fez valer a pena tudo que fiz até então no blog, todas as horas que dediquei não a mim, mas aos outros, aos leitores, à informação. Sei que alguns podem não ter curtido a escolha de capa, mas lembrei-me que quando o blog surgiu incomodou algumas pessoas. E se este espaço ainda incomoda, é porque tem relevância, não estou fazendo o óbvio, não estou seguindo regras impostas por alguém e é isso mesmo que continuarei fazendo: quebrando conceitos que pareciam estabelecidos, estudando, pesquisando a moda alternativa  e toda a sua importância cultural! Já são quase 10 anos fazendo esse trabalho, as gerações de leitores mudam e o blog continua. Só tenho a agradecer a todos os leitores que fizeram o blog ser o que é hoje, e ao Kipper que sempre manteve seu apoio ao MDS."


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No restante da publicação, ainda tem uma entrevista com Franck Lopes da Opera Multi Steel, uma belíssima reportagem sobre o Butoh, a Dança das Trevas onde conta a história de sua criação no Japão até a chegada no Brasil. Fiquei pensando em como seria lindo uma apresentação do João Butoh no festival "Yes, Nós Temos Burlesco" que se realiza anualmente no Rio de Janeiro. Penso que o público iria amar e prestigiar a interação dessas artes!



Para terminar, as colunas de cinema abordando três leituras de Nosferatu, uma entrevista com a banda brasileira The Knutz e por fim literatura gótica, dessa vez com ênfase Dr. Frankenstein e o vampiro moderno.




Realmente tem sido uma jornada e tanta pela valorização desse tema no Brasil, queria deixar bem claro o quanto essa edição é importante para gente, pois dificilmente encontrará um artigo sobre moda e subcultura com um conteúdo leal a sua história numa revista mainstream, mesmo com os muitos alternativos que trabalham na área, o que é uma pena. 



Ainda tem como adquirir a Revista, é só acessar a loja. Agradecemos também a Nayara Soares da Eccentric Beauty e Thexuga do Calabouço da Thexuga por fazerem resenhas em seus canais do youtube. 
Até a próxima edição!


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Artigo original do blog Moda de Subculturas. 
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1 comentários:

  1. Eu estava procurando como comprar a Gothic Station me deparo com uma foto de minha autoria (A da Aline) mano que honra!

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