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19 de maio de 2018

Trabalho e estilo alternativo: quando é opção própria e quando é imposição?

Um tempo atrás divulgamos nas redes sociais duas postagens antigas: "Sobre Esquadrão da Moda, Mude Meu Look e ser socialmente aceito" e "Leitores revelam qual profissão "escondem" por baixo de elaborados looks alternativos" mas só depois percebemos que, publicadas em sequência, aquelas postagens podem ter deixado confusas as cabeças de alguns leitores, talvez tenham soado contraditórias?



Afinal, qual é a diferença principal
entre os dois casos? 






A postagem "Sobre Esquadrão da Moda, Mude Meu Look e ser socialmente aceito", é uma das nossas recordistas de visualização, impressionante como o tema tem relevância! Como citado em alguns pontos do texto, a principal marca destes programas era:

- tirar da pessoa alternativa suas características alternativas pois aquilo era "inadequado";
- quem queria que as pessoas alternativas mudassem eram os amigos, pais, parentes, maridos e não a participante em si;
- a justificativa era que a pessoa não atraía "bons partidos". Muitas vezes a participante tinha ótimo emprego, mas seus colegas julgavam muito a sua aparência;
- o assédio emocional era muito forte, tanto dos parentes e amigos quanto dos apresentadores que usavam os traumas e fraquezas das alternativas para justificar seus atos. Fragilizadas e se sentindo culpadas, estas mulheres concordavam com a mudança;
- no início do programa, na apresentação das mulheres alternativas, elas se revelavam autênticas e felizes com seus estilos, se expressando exatamente como queriam.

Desta forma, o passo para a mudança não partia das alternativas, mas de outras pessoas que não gostavam que elas não se encaixassem nos padrões sociais pré-estabelecidos. O objetivo era retirar das participantes alternativas todos os seus traços de "desvio" de estilo e de comportamento tornando-as "novas" pessoas: pessoas padrão.





Já a postagem "Leitores revelam qual profissão "escondem" por baixo de elaborados looks alternativos" é o oposto.

Parte de um pressuposto histórico de que pessoas alternativas sempre trabalharam, muitas vindo da classe operária, assalariados e outras trabalhando por prazer ou por opção. Sendo comum que precisassem adaptar seus estilos ao trabalho. E aí que vem a diferença: não abandonar seu estilo de vida!

Diferente da postagem "Esquadrão da Moda/Mude Meu Look", no "Leitores Revelam...", a mudança parte do próprio alternativo, pelos mais diversos motivos: sobrevivência, independência financeira, paixão por uma profissão, realização pessoal... ninguém os obrigou a mudar de estilo, eles mantem seus visuais alternativos na vida privada. 

Lembro-me que na época de publicação do post "Esquadrão da Moda/Mude Meu Look", muitas pessoas comentaram que não era preciso mudar o look e o estilo de vida da participante, bastava adaptar o estilo alternativo ao mercado de trabalho. E eles estavam certos: um bom personal stylist não muda a personalidade de seu cliente, mas direciona, informa, adapta.

Os alternativos que participaram da postagem "Leitores Revelam..." fizeram a escolha de se adaptar por considerarem a melhor forma de se manter fiel a seus estilos ao serem inseridos no mercado de trabalho. E não são menos alternativos por isso, todos sabemos da necessidade de pagar contas, de sobreviver, sabemos como o mercado funciona, como o preconceito existe e como muitos padrões precisariam ser quebrados. 

Se estas pessoas "enganam" o sistema moldando-se por vontade própria, eles estão fazendo escolhas - ao contrario das participantes do "Esquadrão da Moda/Mude Meu Look" que não escolheram por vontade própria a mudança

E no sistema atual, a melhor forma de você se manter alternativo o resto da vida sem depender nada de ninguém é tendo independência financeira. Trabalhar e manter-se alternativo dá sim. Errado são os que pensam que precisam "consertar" quem é diferente. ;)



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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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Comentários via Facebook

2 comentários:

  1. Oi Sana!
    Como eu escrevi lá no Facebook, na área da educação ainda vemos muito preconceito nas instituições particulares. Mesmo na pública, se um dia eu atuar, prefiro deixar meu visual mais alternativo restrito à vida privada. Hoje em dia não tenho mais o costume de me "montar", não sinto essa necessidade. E percebo que isso realmente foi uma escolha minha depois da maternidade, simplesmente me desacostumei e optei cada vez mais pelo conforto.

    Abraços!
    Blog Carolina Ribeiro

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    Respostas
    1. Oi Carol! Entendo quando você diz que não sente mais necessidade de se 'montar' e acho super válido! Nosso estilo tem que se adequar ao nosso estilo de vida e deixar a gente confortável em todos os níveis. O que importa é manter a mente ativa e isso sei que você faz muito bem! <3
      Bjs!

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