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9 de julho de 2019

10 anos de Moda de Subculturas: Conheça a ilustradora Annah Rodrigues, cuja arte estará em nosso zine!

Primeiro, queria dizer pra vocês não desistirem da gente haha! Este blog, nosso Face e Instagram andam suuuuper lentos de atualizações, mas é por um bom motivo: a produção do conteúdo da revista e dos zines comemorativos de 10 anos do Moda de Subculturas! 
Peço a vocês paciência pela ausência mas que não deixem de nos visitar! Preciso  mais do que sempre do apoio de vocês pros projetos de 10 anos se tornarem realidade, por isso criei uma vakinha, onde vocês podem contribuir com qualquer valor, basta acessar a Vakinha Moda de Subculturas e garantir seu apoio

Hoje vocês vão conhecer um pouco mais do conteúdo inédito e exclusivo que está sendo produzido pros 10 anos: apresento a vocês uma de nossas ilustradoras, a Annah Rodrigues, que está criando artes especiais pro zine, que serão mostradas no momento oportuno. Logo logo vocês vão conhecer as outras ilustradoras, porque sim, nossos zines abraçarão a diversidade de mulheres super criativas!

Elvira e Vampira deixaram de lado a rivalidade no desenho da Annah!

Acho muito importante apoiar quem está começando, que é o caso da Annah! Tenho muito orgulho de ter apoiado e divulgado desde o começo do blog as novas marcas alternativas, mesmo que algumas destas tenham nos deixado, ainda acredito que no nicho alternativo apoio mútuo é o que permite que todos cresçam e se fortaleçam!

Quando comecei a pensar quem convidaria pra ilustrar as comemorações dos dez anos, foi importante escolher pessoas aliadas da cultura alternativa. Pessoas que percebo um talento e paixão pela arte. A Annah foi nossa colaboradora aqui do blog, que precisou ficar fora um tempo devido ao TCC, mas logo logo ela volta! No TCC em Design, ela criou uma webcomic com foco nas mulheres do metal! Não é pra aplaudir de pé? Me orgulho muito desta menina que tem um baita caminho pela frente! Você pode ler o comecinho da webcomic Vale do Metal clicando aqui.

É legal ver que a ilustração alternativa tem várias facetas... a Annah tem um estilo que mistura fofo e trevoso com personagens bem diversas e um traço divertido. E é isso que vocês vão encontrar na nossa parceria. Ao longo da entrevista, vocês verão algumas artes da Annah enquanto a arte exclusiva ao MdS fica em segredo...


Personagem usando roupas da Reversa: união entre arte e moda alternativa!

MdS: Conta pra gente como você adentrou na arte do desenho.
Eu sempre desenhei por conta própria, principalmente porque meus pais nunca tiveram condição de bancar um curso pra mim - cheguei a fazer aula de mangá quando tinha 11 anos, mas só por seis meses. Minha mãe sempre me dava cadernos novos de desenho e meu quarto vivia cheio de lápis de cor, pacotes de papel sulfite e pastas com meus desenhos. Também vivia desenhando atrás das provas da escola e nas capas dos meus livros e cadernos - já levei altas broncas por causa disso!
Na transição pro Ensino Médio eu me afastei um pouco do desenho porque queria fazer faculdade de música, e também tinha começado meus estudos formais num conservatório aqui de São Paulo, mas foi uma amiga minha que me fez "voltar às minhas origens". Fui estudar Design e, ao longo da faculdade, evolui meu estilo até chegar no que eu faço hoje.

MdS: Quais suas inspirações artísticas?
Essa é sempre uma pergunta difícil kkk Gosto de muitas coisas: mangás, desenhos animados, filmes do Tim Burton, livros, bandas de metal... Meus artistas favoritos são a Yana Toboso (autora de Black Butler), Hidekaz Himaruya (autor de Hetalia), JP Ahonen (autor de Belzebubs) e o usuário @yukkedondon do Instagram (responsável por algumas artes de camisetas do Ghost recentemente). No geral, o que me atrai é basicamente qualquer coisa que seja fofa e trevosa ao mesmo tempo kkk

Bruxinha feminista!

MdS: Como foi o processo até chegar no estilo de desenho que faz hoje? Como você descreveria seu estilo de criação?
Assim como muita gente que gosta de desenhar, eu comecei desenvolvendo um estilo mais próximo do mangá. Eu basicamente copiava os personagens que eu via na TV e online, e até mesmo arriscava a criação de alguns meus. Fiquei nessa até a metade da faculdade, quando comecei a explorar novas soluções gráficas com influências Burtonescas e de animações com estilo CalArts - já vi gente dizendo que meu traço lembrava um pouco os quadrinhos de Scott Pilgrim também. Posso dizer que meu estilo, hoje em dia, é mais uma variação do que se faz de cartoon aqui no ocidente, mas sem perder referências das minha influências orientais em alguns aspectos.

MdS: Você pretende desenvolver produtos físicos ligados à seus desenhos, como pôsteres, adesivos, papelaria..?
Agora que já estou formada eu quero muuuito começar a vender coisas com os meus desenhos! Estou aguardando o resultado do Pixel Show e pretendo me inscrever no Ressaca Friends este ano - a ideia é começar desde já a pintar nos Artist's Alley de vários eventos pra vender prints, bottons e adesivos, principalmente com artes originais minhas.

MdS: Como colaboradora do Moda de Subculturas, criou postagens de sucesso como "Crescer é abandonar o estilo alternativo" e a entrevista com a Ursula Decay... de que forma você adentrou na cultura alternativa?
Olha, acho que como muitos roqueiros aqui de São Paulo meu contato com esse universo se deu muito com a música e também com a Galeria do Rock. Lembro até hoje o choque cultural que eu levei quando eu visitei lá pela primeira vez e foi uma experiência muito mágica - ver todo aquele pessoal diferente e aquelas lojas era novidade pra mim! Fora isso teve as pesquisas na internet e tal, o que inclui o blog de vocês!

Garotas Alternativas

MdS: O universo da ilustração sempre deu destaque a arte dos homens. No próprio Rock quase não vemos artes visuais feitas por mulheres. Como você se sente nesse meio? Sente solidão, alguma barreira (preconceito)...? Como o campo está se desenvolvendo nesse aspecto de mulheres cada vez mais presentes?
Eu sinto um pouco de desigualdade e falta de visibilidade, sim, principalmente entre a galera que mexe com quadrinhos. Lembrei agora de um curso que fiz de HQ recentemente e, dos 15-20 alunos da turma, só tinha eu e mais uma menina de mulheres! Sem falar da exposição de história dos quadrinhos que ocorreu faz pouco tempo no MIS, onde só lembro de ter visto menções à Marjane Satrapi (autora de Persépolis) e à Laerte (muito provavelmente por ela ter atingido a fama antes da transição de gênero) em meio a troçentos autores homens.

Eu mesma sinto um pouco de receio às vezes de falar que comecei a fazer quadrinhos e a trabalhar com ilustração porque 1) se eu estiver falando com um cara, ele pode querer fazer todo um questionário pra dar o "aval" de que eu sou digna ou não de mexer com aquilo (perguntar que quadrinhos eu acompanho, de qual desenhista ou roteirista eu gosto, que arco de tal série é o meu favorito) e 2) num país onde o maior caso de sucesso de ilustração e quadrinhos é Mauricio de Souza, as chances de as pessoas acharem que o que eu faço é algo infantil são muitas, isso tanto pejorativamente quanto por inocência mesmo. Mas o bom é que hoje em dia eu vejo as minas se juntando pra se apoiarem e divulgar o trabalho umas das outras, seja por grupos em redes sociais ou até em projetos maiores como o banco de dados da Lady's Comics (link aqui: http://ladyscomics.com.br/bamq). No fim das contas, é preciso tomar esse tipo de iniciativa pra aumentar a nossa voz mesmo.

Freakshow!


MdS: Seu trabalho é visivelmente alternativo, você acha que existe alguma uma espécie de "limitação" de lugares onde sua arte possa ser exposta ou apresentada? Sendo assim onde e como você costuma divulgar sua arte para ela se tornar mais conhecida?
Já recebi feedback de profissionais dizendo que o tema que eu abordo nos meus desenhos é muito nichado, fora toda a insegurança e indecisão que um ilustrador iniciante tem em trilhar caminho X ou Y na sua carreira, que clientes atingir, etc. Isso é normal, afinal o mercado funciona assim e ninguém pode viver apenas de fazer Arte só pela Arte em si. Eu já fiz trabalhos de ilustração para clientes pequenos fora do nicho que aceitaria o que eu normalmente faço, mas acredito que com as pessoas certas na minha rede de contatos eu posso conseguir trabalhos bem legais em diversas oportunidades.

Já em relação à divulgação, eu aposto no que é o óbvio nos tempos de hoje: redes sociais. Mantenho atualizado meu Behance e meu Instagram sempre que possível e tenho uma página no Facebook para estar em contato com quem utiliza a plataforma - não vejo mais tanta utilidade no face pro meu âmbito pessoal kkk Tenho outras redes que preciso dar uma ressucitada (vide Deviant Art e Tumblr) e quero muito fazer um site profissional com meus melhores trabalhos. Ah! Agora voltei para o Twitter (@ilustra_annah) e lá eu também posto o que estou fazendo e compartilho trabalhos de outros artistas e coisinhas bacanas :)


MdS: Recentemente você avisou que seu TCC em Design vai ser em quadrinhos sobre as mulheres do metal, você até lançou algumas ilustrações no seu Instagram e disponibilizou dois capítulos num site (eu li e estou adorando!), qual a sua visão sobre mulheres do metal e como isso influenciou no desenvolvimento de seu webcomic?
O rock no geral sempre me foi transmitido como coisa de menino e, depois de toda a pesquisa conceitual que eu fiz sobre o assunto pro TCC, eu percebi que há aspectos que denunciam a predominância masculina e o caráter misógino do meio. Se você é uma mulher que curte metal, os caras sempre vão questionar a paixão que você tem por isso porque pra eles as metaleiras têm que ser ou gostosonas ou então usar um visual tão masculino quanto o deles - além de rolar o lance do "questionário" pra saber se você realmente manja das bandas que você ouve. Se você disser que toca, então, ainda vão ser envolvidos outros tantos paradigmas culturais com base em "instrumento de homem" e "instrumento de mulher", o que não faz o menor sentido!

Eu mesma, ao mesmo tempo em que tive meu gosto musical elogiado por pessoas mais velhas, também fui alvo dessa desconfiança por parte dos caras. E não só essa minha revolta mas também o meu crescente interesse por conhecer mais mulheres e bandas femininas da cena me inspiraram na hora de criar a história do meu projeto. Eu queria dar protagonismo a garotas que vivem na pele o que é ser mulher no meio, seja como musicistas ou apenas como fãs, e tudo sem hipersexualizá-las ou tornando-as inimigas uma da outra, mas sim mostrar que a união faz a força e que mulher também tem lugar no metal.

Gatinho mágico <3


MdS: Espaço para escrever algo que não foi perguntado mas que gostaria de expressar.
Gostaria de dar alguns conselhos: 1) se você está adentrando o mundo dos ilustradores e quadrinistas agora assim como eu, não deixe ninguém te por pra baixo por conta da sua pouca vivência no meio e não pense que todos os veteranos vão te menosprezar - você pode se surpreender e até criar uma boa rede de contatos!; 2) você que é mulher e curte rock e metal, não se intimide com os caras e viva sua vida plena, ouvindo o que você gosta e sem dar satisfação pros outros; e finalmente, 3) apoie as minas ilustradoras, quadrinistas e musicistas da sua cena! 

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E aí, gostaram de conhecer a Annah? O que acharam da arte dela? Super a ver com o blog né? Espero que tenham apreciado a entrevista e cliquem no banner abaixo pra apoiar nossa vakinha de aniversário!

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Artigo original do blog Moda de Subculturas. 
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