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5 de junho de 2018

Royal Gothic Wedding: o casamento de Kat von D e Leafar Seyer

No último sábado, 02/06, ocorreu na Califórnia o casamento de Kat von D com o músico Rafael Reyes, a.k.a. Leafar Seyer, da banda Prayers. A cerimônia religiosa foi deslumbrante, com toda pompa de Hollywood, tendo como tema "Heaven and Hell" (Céu e Inferno) e decoração gótica bem ao estilo dos noivos demonstrando a visão excentricamente obscura que ambos queriam para a comemoração.

Via @thekatvond

Apesar de não ser o primeiro casamento da tatuadora, com certeza esse foi o mais simbólico, pois Kat está grávida de seu primeiro filho. Esse ano também representa enorme sucesso profissional, sua marca de beleza, Kat von D Beauty, completou 10 anos no mês passado com direito a festa em Los Angeles de tirar o fôlego.

Via @thekatvond

Kat já vinha nos últimos meses dando algumas amostras de como estavam sendo os preparativos. Estava superfeliz em anunciar que esse seria o maior casamento vegano de todos os tempos! "Nós amamos a ideia de mostrar ao mundo que você não precisa sacrificar luxo/qualidade ao escolher não explorar de nenhuma maneira animais", revelou no Instagram. O casal incentivou aos convidados a não comprarem presentes, e sim fazerem doações à organização de direito dos animais favorito deles, a Animal Equality. 

Via @thekatvond

O dress code pedia look preto total, e assim os convidados eram recepcionados no espaço 'Heaven' com decoração totalmente branca, uma escada em espiral e cruzes adornadas por cravos brancos (a flor favorita do noivo) onde continha um enorme pergaminho que era a versão do livro de assinaturas e felicitações ao casal. Tudo no ambiente era vegano: o carpete de pelo, a cera das velas e o 'couro' falso dos sofás. Haviam três tipos de drinks servidos que carregavam os nomes dos gatos: Piaf, Poe e Nietzsche. 

Via @thekatvond

Logo após, os convidados se direcionavam ao salão principal, onde ocorreu a grande cerimônia. Do ambiente frio e branco, agora encontrava-se quente e vermelho. Era o local onde ocorreriam os votos seguido da festa dos recém-casados, que já haviam oficializado a união em Fevereiro. Seguindo o tema 'Hell', Kat surgiu toda de vermelho e Leafar de preto, ambos estavam vestidos pela marca Majesty Black, da qual o vestido e o terno foram desenhados e confeccionados à mão. O véu da noiva foi feito pela marca Adolfo Sanchez Fashion e os sapatos pela amada Natacha Marro. Achei que o ornamento no cabelo de Kat fazia ela lembrar um pouco A Noiva de Frankenstein.

noiva-devermelho
Via @prayers
noivo-de-preto
Via @thekatvond

A decoração do evento contou com a planejadora de casamentos Michelle Fox Gott que conseguiu a ideia obscura colocando caveiras, cruzes, muitas rosas e velas nas cores vermelhas e pretas, e o tom vermelho predominando nas mesas e enfeites. O bolo era vegano, com formato de castelo desenhado pelo casal. Em vez de colocar aqueles bonecos dos noivos, os iluminadores tiveram a ideia de projetarem imagens de Kat e Leafar acenando e enviando beijos aos convidados.

bolo-de-casamento-castelo-cake-wedding
Via @thekatvond

Depois que os votos finalizaram, os recém-casados se sentavam num trono alto onde podiam observar toda a festa. No final Kat faz uma homenagem no piano cantando a música 'Into My Arms' do Nick Cave, mas não consegue terminar devido a emoção com a chegada de Leafar ao seu lado. É interessante que em toda cerimônia, Kat é acompanhada no lugar dos pajens e daminhas por duas pessoas caracterizadas de zentai, onde ao mesmo tempo ajudavam-na se locomover com o enorme véu como também performavam.

Via @thekatvond

Update: assista o vídeo do casamento liberado pelo casal.



Espero que tenham se encantado com o verdadeiro casamento real do ano!



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26 de outubro de 2017

Halloween: Maquiagem de Zumbi inspirada em The Walking Dead!

O halloween esta aí! Começa a procura por fantasias e maquiagens para as festas, pensando nisso eu e minha filha resolvemos compartilhar com vocês uma ideia de maquiagem para quem não quer deixar a data passar em branco, e claro adora um motivo para testar a criatividade.

Aqui na Suécia também se comemora o Halloween, não como nos Estados Unidos, mas pelos menos se comemora. Onde moro é um lugar pequeno, então a comemoração é na sexta-feira antes do dia oficial, as escolas convidam os alunos a irem fantasiados e tem um bailinho para os alunos na sexta-feira à noite, e depois eles saem nas ruas pedindo doces. Aqui em casa a data é muito esperada, decoramos a casa, saímos atrás de doçuras ou travessuras o famoso trick or treat e adoramos soltar a imaginação na criação de fantasias.

Em uma casa onde o pai é musico e a mãe designer e fotógrafa, a criatividade rola solta, e adoramos incentivar a criatividade dos filhotes. Todo o ano minha filha escolhe a fantasia dela e nós planejamos juntas. Como toda criança ela tem suas fases: ela já quis ser a Elsa (Frozen), a Maleficent (Malévola), depois disso a Coraline, uma boneca de porcelana quebrada e este ano ela escolheu - na minha opinião - a fantasia mais bacana: ela quer ser um zumbi, e claro que a mãe coruja aqui foi buscar formas de fazer a fantasia ficar mais legal!

Ela pediu algo bem realista, e foi então que começamos todo o planejamento, buscamos por referências e então aprendemos como fazer uma pele falsa com gelatina incolor. Ficou bem legal, ela adorou o resultado, e uma das nossas inspirações tinha que ser, claro, a série The Walking Dead, foi aí que resolvemos incorporar o meu pequeno na festa, já que ele tem cabelos longos e adora o chapéu marrom dele, ele seria o Carl e minha filha um zumbi! 

Copyright: Cha Trinsi Photography
Copyright: Cha Trinsi Photography

O passo a passo é simples, e você pode conferir no vídeo abaixo e soltar a imaginação! Quanto mais detalhes, mais legal vai ficando.

Passo a passo 
Você vai precisar de:
- Gelatina incolor
- Tintas para pintura do rosto
- Maquiagem
- Sangue falso
 

Misture 2 colheres de sopa de gelatina com água quente. A água tem que ser misturada aos poucos. O ponto é não ficar aguado, tem ficar mais pastoso para a pele mais grossa como a da bochecha, e mais fina para detalhes.

Espalhe porções da gelatina em um papel manteiga (pode ser substituído por plástico filme, mas no papel fica melhor de tirar).

Deixe esfriar na geladeira por uns 5 minutos.

Faça uma nova mistura de gelatina dessa vez mais fina. Esta vai servir como cola. Comece a colar as partes da gelatina no rosto.

* Cuidado com as partes com cabelo e pelos. Na hora de tirar use água morna.
Deixe secar no rosto por uns 5 minutos, ou use um secador de cabelo no modo frio, para agilizar o processo.

Agora você vai fazer os detalhes, coloque uma base no rosto para unificar as cores, e faca furos na "pele" para parecer que q pele esta podre ou machucada.

Adicione tinta vermelha por dentro dos machucados e com um lápis preto ou tinta preta, escureça as extremidades do machucado, dê uma esfumaçada em tudo e adicione sangue falso.

* O sangue falso nós compramos, mas você pode fazer com Karo (glucose de milho) e corante.
 
E aqui está o vídeo do processo todo:




Espero que tenham gostado!!
Copyright: Cha Trinsi Photography

Happy Halloween!!
Copyright: Cha Trinsi Photography




Autora: Cha Trinsi
Mãe, Fotógrafa, fã do bom e velho Rock N'Roll e do estilo Rockabilly. Não resisto a acessórios kawaii, apaixonada por artes, procuro reunir meus conhecimentos para passar uma mensagem de empoderamento feminino e materno nas mídias sociais. Site:
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Artigo de Cha Trinsi em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos.

27 de maio de 2017

O estilo da cantora Siouxsie Sioux

No dia 27 de Maio de 1957, nascia Siouxsie Sioux! Ou melhor, Susan Janet Ballion, em pleno subúrbio inglês, local que influenciaria a formação da artista que conhecemos. "Nascer no subúrbio te faz ser diferente. É claro que eu fui um pouquinho mais", diria a cantora.




Sioux nunca pensou em seguir a carreira musical. São aqueles acasos que dão certo. Na verdade, ela era só mais uma jovem inglesa sem futuro que seria acolhida pelo Punk. Ao se mudar para Londres, integraria ao Bromley Contingent, um grupo de garotos que se reunia para curtir a vida e os Sex Pistols. Na capital, a vida mudaria por completo. A conexão com Malcolm McLaren, empresário de Pistols, a desafiaria a montar uma banda para o festival que Malcolm organizava. Foi sem experiência alguma, que no dia 20 de Setembro de 1976, estrearia no 100 Club o Siouxsie and the Banshees, com Sid Vicious na bateria, Marco Pieroni na guitarra, Steven Severin no baixo e Siouxsie no vocal. Era sua primeira apresentação como cantora em público. O nome da banda veio de um filme do Vincent Price (Cry of the Banshees, 1970) e eles trouxeram elementos de terror nas letras e sons, inspirados também pelo filme Psicose (1961).

Igual ao Punk, a banda completara 40 anos em 2016. Ao ser perguntada anos atrás se o Punk ainda existia, respondeu acreditando que o espírito ainda exista sim. "A atitude punk era maravilhosa, antes de ser distorcida pela mídia", diria.

Em sua época punk e com Steven Severin na loja SEX.

"Eu sempre me senti na contra mão"

"Eu era muito sozinha, na verdade. Os poucos amigos que tinha eram ciganos. Quando tinha oito anos, tentei cometer suicídio para ser notada pelos meus pais. Eu costumava fazer coisas como me jogar escada abaixo para que pensassem que eu caí. (...) Eu realmente, sempre me senti outsider", revelaria em entrevista para NME de 1978.

A infância solitária de Sioux mostra como a música, ou o Rock, foi uma válvula de escape para suas frustrações. Seu pai, um emigrante alcoólatra, faleceria em decorrência da doença ainda quando a cantora era adolescente, colocando sua mãe como provedora da casa e de seus irmãos. A força que ela teve que adquirir para sustentar a família, acabou influenciando Sioux perante a vida, e, consequentemente, a carreira. "Foi a primeira vez que garotas pegavam em instrumentos e não ficavam nos bastidores", diria sobre o Punk. Já ficava claro para Siouxsie a diferença de comportamento que a sociedade impunha para homens e mulheres, e que para quebrar barreiras, era necessário ser forte, assim como sua mãe.


Robert Smith, do The Cure, se inspirou em Siouxsie para criar seu visual.
Um raro caso de homens que se inspiram em mulheres.


Nem Punk, nem Gótico

"Nós realmente não gostamos de ser tachados de alguma coisa, mas é inevitável que as pessoas rotulem de algo para compreender". Tanto Siouxsie quanto a banda, não gostavam de ser definidos, nem como músicos. "Não nos enxergamos no mesmo contexto dos outros grupos de rock. Estamos num limbo", diria. Essa abordagem vinha devido a liberdade que queriam ter em suas criações, da qual havia diversas referências. Se algo era concreto, é que eles não queriam fazer o que já existia. "As coisas devem continuar. Estamos tentando mostrar que não precisa ser pop punk o próximo, e não precisa ser os mesmos riffs antigos do rock. A gente não curte tendências. Nos formamos inicialmente porque sentíamos que tínhamos algo para dizer. O que ocorreu foi que em decorrência de certos aspectos, é necessário um diferente ponto de vista, um variante de contras, mas com o mesmo ataque/impacto".


Seus estilo autêntico virou referência para suas fãs.

 
"Everything looks good tonight", The Passenger

De origem pobre e vinda do subúrbio, Siouxsie sempre se sentiu diferente da sociedade. Ao contrário de alguns, em vez de tentar adaptar-se a padrões, assumiu sua singularidade, sem imaginar que isso seria o perfeito encaixe com o Punk. Desde cedo, ela já sabia que jamais estaria numa capa de revista de moda mainstream. "A maioria das meninas queria ser igual a alguém, eu queria ser a minha própria pessoa". A atitude contestatória de Sioux pode não a ter levado às maiores capas de revistas de moda do mundo, mas indiretamente, sua influência estética chega até elas pelas criações de estilistas admiradores de seu trabalho, vide a beleza do desfile Saint Laurent de 2015, que teve como referência a cantora, já que o antigo designer da marca, Hedi Slimane, é seu fã. Antes mesmo da fama, faria pontas como modelo para a grife Sex, loja de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren.


simon-barker
@Simon Barker

Desfile Saint Laurent fall/2015, inspirado na cantora.

Quando olhamos sua estética chamativa, muitos nem devem saber que no início sentia um grande nervosismo ao entrar no palco. Encarnar um personagem para certos artistas é um jeito de enfrentar suas inseguranças e timidez. Apelidada de 'Android' pelo grupo, o visual de Sioux foi evoluindo durante a carreira. Talvez fosse uma forma de continuar se diferenciando já que seu estilo foi logo copiado.

"Estilo deveria ser uma acentuação de seu caráter.
Não tem nada a ver com o que você está vestindo, mas sim em como você veste."

No começo ainda Punk, Siouxsie andava como as outras meninas, usando cabelo curtíssimo, com minissaia e meia arrastão e escarpins nos pés. Também como outros, seria mal interpretada pelo uso da suástica. Como descrito no post sobre punk, quando punks utilizam o símbolo, de forma alguma havia adoração, pelo contrário. O punk era subversivo, usar tal imagem era esfregar na cara da sociedade o lado sujo dela, ainda que fosse um jeito controverso de se criticar. Interessante é que anos depois, em 1980, a banda faria uma música chamada "Israel", da qual a cantora se apresentaria usando uma estampa de estrela de Davi.


Da era Punk para o Post-Punk, Siouxsie permanece com o visual fetichista em suas roupas, tachas, arrastão, tela, botas acima do joelho, chokers, minissaia de vinil, amarrações. Havia influência da moda cigana nos acessórios, muitos lenços, as peças possuíam franjas e eram esvoaçantes. O romantismo surgia com as rendas, o uso de cores como preto, roxo, vermelho e verde esmeralda.

Visual fetichista

Influência cigana e romantismo.

A maquiagem Vamp teve como influência a personagem Cleópatra de Theda Bara. Siouxsie deu sorte pois seu formato de rosto se encaixou muito bem com a beleza egípcia. Unido ao famoso cabelo preto, se tornaram a marca registrada da inglesa, passando por alterações em diferentes fases.


O visual típico de Siouxsie que vem a mente foi sendo construído ao longo do tempo. No início o fio era curto e o rosto pintado com cores fortes, como rosa shocking, ou com um desenho surrealista em volta do olho direito. No fatídico encontro com o apresentador Bill Grundy, no programa Today Show, uma Siouxsie debochada, de fios platinados e com estilo tomboy era visível. De 1978 em diante, a maquiagem Vamp e o cabelo preto médio espetado ao estilo backcombing passa a ser sua marca. Clipes como 'Hong Kong Garden', 'Spellbound', 'Dear Prudence', 'Cities in the Dust', 'Candyman', de diferentes datas, mostram bem essa beleza. Detalhe para 'Dear Prudence', quando Siouxsie estica os braços em movimentos de dança, aparecem os pelos em suas axilas, é por isso que no post das Riot Grrrls, foi lembrado das punks setentistas pois estas fizeram o que veríamos em evidência no motim dos anos 1990.

look
O visual típico de Siouxsie
Tomboy platinada e cores nos olhos.

Mas Siouxsie é também uma camaleoa. É visto novamente cabelos bem curtos nos clipes 'Happy House', que traz um quê de Ziggy Stardust, adicionado blush rosa bem marcado, típico dos anos 1980. Em 'The Passenger', o corte é muito parecido com o que Mary Quant usava na década de 1960, e a maquiagem começa a mudar: a base do desenho continua Vamp, mas o olho é menos carregado de preto e o blush já não é mais o rosa oitentista. Em 1988, Sioux aparece com os cabelos a la Louise Brooks, em 1990 ele aparece mais comprido e a make ganhando novas cores. Nessa época, muitas de suas aparições públicas estaria vestida pela sua grande amiga Pam Hogg.

Cantando The Passenger na Hungria em 1987.


Cabelos à la Louise Brooks
@Ebet Roberts

Camaleoa. O terninho tem uma sainha de renda e metais dominam o look à direita.

Desfilando para Pam Hogg e com a estilista.
Usando macacão com saia crinolina no palco.

Fotografada por David Lachapelle para a Details magazine em 1995.

Teoricamente, a banda Siouxsie and the Banshees encontra-se parada desde 2002. Nos 40 anos do Punk, em 2016, o grupo completaria a mesma idade! Além dele, Sioux tinha o projeto paralelo The Creatures com seu marido e colega de banda, Budgie. Seu último trabalho foi solo, com o álbum Mantaray, de 2007. Apesar do "no future" do punk, Siouxsie and the Banshees foi a banda que mais durou dessa época. Conseguiram resistir conquistando uma legião de fãs que não se limita a uma só subcultura.


Siouxsie nunca quis representar ninguém, simplesmente queria ser dona de sua própria voz, mas sem querer acabou representando muitas meninas e mulheres ao redor do mundo que se sentem deslocadas. "Ela era uma rebelde e me identifico muito com isso. Eu era uma criança de 13 anos, de cabelo ruivo, que sofria bullying todo dia, me sentia completamente desamparada e quando ia para casa e ouvia os discos da Siouxsie, sentia que pudesse dominar o mundo", revela Shirley Manson.

 

É estranho pensar que em pleno 2017, Siouxsie Sioux seja uma figura transgressora, incluindo no cenário do Rock. Num mundo que tenta a todo custo se encaixar em padrões, a existência da artista é um respiro a quem ainda mantém o espírito punk dentro de si, mesmo que esteja escondido lá no fundo. A imagem e a música que trouxe voz ao lado obscuro da vida se faz mais necessária do que nunca. Vida longa a Siouxsie!


- Este artigo contém análises autorais assim como informações de domínio público.





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18 de janeiro de 2017

The Vamp Stamp: conheça o carimbo "olho de gatinho" (cat eye makeup)

Nós ficamosempolgadíssimas com o surgimento de um novo produto no mercado de maquiagem, trata-se do VaVaVoon da empresa The Vamp Stamp!


O produto, um carimbo em dois tamanhos, promete acabar com o drama das tentativas erradas (ou tortas) de fazer o cat-eye (olho gatinho). Assistam o vídeo:


 
A empresa de Los Angeles foi criada exatamente para dar vida aos carimbos, sua idealizadora é Veronica Lorenz uma maquiadora de celebridades e vencedora de prêmios de inovação. Segundo a empresa, o produto tem a função de fazer a "asinha" perfeita, já que nem os profissionais de maquiagem escapam de deslizes. E outra questão: meninas como nós não usamos Vamp e Cat-Eye Makeup apenas pra sair à noite, usamos no dia a dia, no trabalho, então imagina você atrasada e ainda tentando fazer o delineado dar certo?
Se o produto funcionar mesmo em todos os formatos de olhos, ele terá sua parcela libertária pois permitirá que as mulheres sem habilidade de fazer este tipo de maquiagem ganhem autonomia e mais tempo livre através da praticidade do produto. 



O carimbo está em pré venda por $25.00 e promete ser lançado ainda neste semestre. 

Veronica Lorenz criou o The Vamp Stamp em 2013 para uma audiência que incluía pessoas com deficiência, sendo o produto direcionado à pessoas com menos habilidade de maquiagem e que elas pudessem ter um cat eye tão sofisticado quanto os dos profissionais. O carimbo acompanha uma tinta, a VINK ™ (vendida separadamente). O motivo pelo qual o produto ainda não estar no mercado pode ser a sua patente, agora oficializada. O produto foi divulgado em outubro de 2016 e logo se tornou viral. 
Assim como diversas maquiadoras, também estamos ansiosas para o lançamento!

O carimbo pode agilizar a vida das mulheres que amam cat-eye
mas nem sempre tem tempo para executá-lo com perfeição!


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19 de outubro de 2016

A história do Batom Preto

Kat von D, MAC e até grifes como Dior e Yves Saint Laurent já tem ou tiveram seus batons pretos. E também uma das primeiras lojas punks da América, a Manic Panic. No Brasil, diversas marcas vendem a cor.

O batom preto é hoje altamente comercial, de marcas mais caras que alegam ser "cruelty free" à baratíssimas de composição química duvidosa. A tonalidade pegou impulso no revival dos anos 90, na geração Tumblr e esteve presente em diversos desfiles de grifes famosas; sem isso talvez nem chegassem ao Brasil tantas opções. Se hoje existem dezenas de opções de batom preto por aqui é porque criou-se uma demanda.

Diferente do exterior que desde 2008 a tonalidade ganhou espaço nas mais diversas marcas, pesquisadores de moda e tendências, como resultado de pesquisas comportamentais e de consumo, afirmam que a consumidora brasileira é conservadora; seu medo de ousar é devido aos julgamentos alheios, assim, se torna o que chamamos de consumidores "tardios" ou "retardatários" que só adotam algo "diferente" quando aquilo já virou moda, ou seja, produção em massa, algo já "normalizado". A insegurança de ser julgada é notável ao observar que mesmo meninas muito jovens, que estão na idade que podem usar tudo o que quiserem, tem medo de experimentar batom preto. E talvez essa característica da consumidora brasileira é que tenha feito as empresas nacionais de cosméticos demorarem muitos anos pra nos oferecer opções de compras na tonalidade, que em 2016 está vivendo seu auge no território nacional e resultando em uma centena de resenhas em vídeos e blogs sobre esta cor hoje tão popular e desejada. 
MAC black lipstick

O texto abaixo é uma tradução do artigo The History of Black Lipstick de Arabelle Sicardi para o site Broadly [aqui]. Fiz leves cortes de texto para se adequar à proposta do blog, mas por minha conta adicionei imagens. Todos os trechos assinalados com * (asterisco) foram por mim acrescentados.


A história do Batom Preto 
Poucas coisas tem um impacto tão grande como um toque de batom preto. Segundo o influente designer japonês Yohji Yamamoto, "acima de tudo o preto diz o seguinte: Eu não te incomodo, você não me incomoda". E por essa inacessibilidade que a cor é associada profundamente com a pós-contracultura e se tornou uma parte tácita do léxico de beleza. Você quer parecer atraente? Use batom vermelho. Você quer parecer atraente e assustadora? Pegue o batom preto.


De múmias egípcias à mortalidade Maori
A primeira referência registrada do batom preto vem do Egito, por volta de 4000 a.C. As mulheres egípcias deste período não tinham medo de cor ou beleza: elas usavam sombra verde, batom preto azulado, blush vermelho, henna nos pés e acentuavam seus seios e mamilos com azul e ouro. Elas ainda tinham seus próprios kits de maquiagem - o batom era aplicado com uma varinha de madeira e arqueólogos encontraram caixas de madeira usadas para armazenar pigmentos. Homens pintavam os lábios também. E a aparência era prioridade máxima não apenas para os vivos mas também para os mortos: mulheres eram regularmente enterradas com dois potes de rouge nos túmulos.

Alguns milhares de anos depois, os lábios enegrecidos apareceram novamente, desta vez entre as tribos Maori da Nova Zelândia em 1700. As tatuagens Maori são considerados por alguns como um dos primeiros casos de batom preto (ou pelo menos, da ideia de batom preto, uma vez que é uma abordagem mais permanente). O povo considera a cabeça a parte mais sagrada do corpo, e a tatuagem é um rito de passagem e um sinal de posição social; as tatuagens Maori nas mulheres são historicamente centradas em torno da boca, principalmente em azul escuro e preto. Isto saiu de moda no século 20, mas os Maoris têm revivido nas últimas décadas. Eles têm um ditado sobre suas tatuagens: "Taia o moko, hei hoa matenga mou." Isso se traduz em: "Escreva-se, então você tem um amigo na morte." Morte e beleza têm sido amigos há muito tempo.

Tatuagem feminina Maori
maori female tattoos black lips


O auge de Hollywood
Se você não pode viver para sempre, seu trabalho (e beleza) pode ser capaz. O brilho de Hollywood na década de 1920 atingiu o batom preto também, embora mais por razões logísticas, em vez de simbólica. Esta é a era de Mae Murray, Clara Bow e Max Factor: sereias do cinema da velha escola e o maquiador que ajudou a torná-los estrelas. Neste contexto, o batom preto surgiu como uma maneira de corrigir um problema com a iluminação dos filmes. Naquele momento, a composição da maquiagem era pesada e gordurosa (greasepaint) e foi tipicamente usada em produções de teatro. Factor, um judeu polonês que imigrou para os Estados Unidos em 1904, surgiu com uma versão mais matizada em cores primárias, chamando-o de "greasepaint flexível."

Com isso, ele redesenhou contornos e linhas do rosto para contraste nos filmes, que, sendo apenas preto e branco, exigiu um processo diferente da pintura facial do teatro, colorida. A cor que ele usou para redesenhar "brilhantes" lábios vermelhos no filme? Preto. Todas estas heroínas de filmes foram pintadas como tons de cinza vivo. Foi por volta dessa época, especificamente por causa do envolvimento de Factor com celebridades e Hollywood, que a indústria da beleza na América floresceu. Com batom preto sendo uma força fundamental em seu arsenal, Factor inventou o termo "makeup" (composição).

Max Factor aplicando batom em Madge Bellamy
 

Fiz essa montagem de May Murray com a cena em PB e a colorida artificialmente. Segundo o artigo, o batom em cena era preto para ser entendido pelo espectador como um batom vermelho vivo - cor em moda na época.

 Lábios vermelhos eram a voga da década de 1920.



Olhos cor de piche e lábios totalmente à prova de beijos
Enquanto batom preto continuou a ser popular no cinema por décadas, a cor não se tornou familiar por algum tempo (embora se tornou mais prontamente disponível).
Um dos momentos posteriores da notoriedade do batom preto no mainstream aconteceu em 1927. Esta foi a primeira introdução registrada do batom permanente. Marcas introduziram o batom que mudava de cor da embalagem para os lábios. O mais notável veio da marca francesa Rouge Baiser, na forma de  batom preto: uma fórmula ("à prova de beijo") indelével que mudava de preto no tubo para vermelho em seus lábios. A linha tinha originalmente seis tons, com apenas o preto sendo o mais profundo. Estes eram caros para a época, vendidos por cinco vezes o custo de outros batons no mercado.  
A ideia para esta iteração do batom preto veio de Paul Baudecroux, o químico por trás Rouge Baiser. O corante utilizado no batom era óleo solúvel, tornando-os de aparência escura, mas não livre de óleo suficiente nos lábios, de modo que a maquiagem deixa uma mancha vermelha em vez do profundo preto avermelhado do batom no tubo. O mesmo tipo de truque é usado hoje em batons de mudança de humor.

Anúncio de 1939 do batom que muda de cor. 
Preto na embalagem e se torna vermelho nos lábios.



Apenas dois anos após a introdução e popularidade do batom preto da Rouge Baiser, a Vogue afirma que "mesmo os jovens agora estão concordando que batom preto e perfumes Russian-spy são bastante ridículos." Isso não impediu atrizes de cinema de usá-lo na câmera, é claro. As mesmas celebridades que apareciam na Vogue ainda usavam o tom regularmente no set. Em uma biografia da indústria de Hollywood em 1948, o ator Richard Board se lembra de Gloria Swanson usando batom preto no set. "Fiquei espantado que as mulheres usavam batom preto. Quero dizer preto, negro como piche."

Gloria Swanson sendo maquiada por Max Factor

* Na década de 1950, o batom preto é visto especialmente nos filmes de terror, como em Maila Nurmi e sua personagem Vampira. Dando a ideia de que os lábios são sedutoramente um vermelho profundo.


Bowie, Biba, e The Craft
Foi cerca de uma década mais tarde que o batom preto passou de desaprovação pública na Vogue para a venda esgotada nas ruas de Londres. Na década de 1960, a marca icônica Biba [aqui] se torna o árbitro de todas as coisas de beleza, com dourado, azul, roxo e batom preto em cada menina cool que circulava ao redor. Lou Reed era um grande fã do batom preto da Biba; Helmut Newton fotografou as campanhas; David Bowie era habitual na loja. Além batom preto, a marca teve a matiz de seu primeiro marrom escuro profundo, que vendeu tudo imediatamente. O batom escuro tinha finalmente feito uma marca no público.

Anúncios da loja Biba, batons escuros.

* Na década de 70, o batom preto da Biba virou sensação no Brasil e umas das formas de adquirir o produto era comprar na zona franca de Manaus pelo fácil acesso de mercadoria importada. Era comum pessoas fazerem compras na cidade para depois revenderem no restante do país. 

Depois que a garota Biba ficou gótica, em 1977, a Manic Panic lança seu primeiro batom preto, Raven. É um tom semi-fosco usado de forma bastante diferente do que na era da Biba: em vez de acompanhado de um arco-íris de brilhos e roupas com tons de joalheria, as meninas góticas preferem uma palidez mortal.
Elas conseguem o que querem, e muito mais, quando a Hot Topic abre suas portas em 1988. Eles começam imediatamente a vender batom preto para uma multidão gótica e nunca pararam. Eles não apenas vendem preto, mas azuis, verdes escuros e tubos metade branco. Neste ponto, até mesmo as farmácias tinham suas próprias greasepaint negras durante a temporada de Halloween.

 Góticos dos anos 80 usando batom preto.
góticos anos 80 batom preto

Oito Halloweens mais tarde e o batom preto sai do Dia das Bruxas e vai para o mercado de beleza tradicional mais uma vez. Em 1996 Urban Decay lança dois tons de esmaltes e dez tons de batom - um deles preto, chamada Oil Slick (Derrame de Petróleo). Foi vendido até alguns anos atrás, quando renovou a sua embalagem e formulação, embora você ainda possa encontrá-lo no eBay, bem como tudo o mais precioso e raro no mundo.

1996 é também o ano que é lançado o filme The Craft (Jovens Bruxas), inspirando adolescentes temperamentais ao redor do mundo, aspirando a juntar clãs e usar batom preto. O efeito The Craft é real e palpável - logo após o lançamento do filme, o batom torna-se uma "força disruptiva" nas escolas. Uma menina pré-adolescente tenta o suicídio depois de ser enviada para casa duas vezes por usar batom preto, e sua história sai no New York Times. (Ela sobreviveu e foi transferida de escola.)

É quase exatamente uma década depois que o batom retorna para uma plataforma menos trágica. Em 2008, YSL lança YSL Gloss Pur Black para o outono, mandando modelos pela passarela em perucas pretas e lábios negros.

Deste ponto em diante, o batom preto se torna sempre um ponto de conversa em comunidades de beleza. Não é nenhuma surpresa então, que em 2013, a MAC lança sua própria tonalidade preta para a Black Friday, aproveitando a obsessão do nicho no dia mais "comprável" do ano. Era uma cor em edição limitada e esgotou imediatamente.

O batom preto atualmente é moda mainstream, usado por mulheres do mundo todo, não é mais de nicho, limitado à um grupo específico de pessoas, como as alternativas.
makeup black lipstick


Hoje, você notará o batom preto praticamente em todos os lugares: quero dizer, se o clã Kardashian está usando-o, você pode seguramente argumentar que não é mais nicho. Esse é o lance com identidades alternativas: elas são adotadas e transformadas em algo completamente diferente. Cultura come cultura e cospe-a de volta, um monstro imortal. É justo que o batom preto é tão ligado ao renascimento e vida após a morte, considerando quantas vidas ele se foi completamente. Já não precisam mais os góticos viajar para locais punks obscuros e nem pegar uma carona na minivan da mãe para a suburbana Hot Topic: em vez disso, eles podem simplesmente passar na Sephora ou na bodega local para uma rápida escolha da angústia em um tubo.

Como vimos, lábios pintados de preto estão presentes na história há muito mais tempo do que imaginamos. Estando na moda, sendo usado por mulheres glamourosas ou elegantes, perde seu apelo de choque ou terror, restando aos alternativos criar novas formas de manter a essência transgressora do produto. 

 
Nota: Sempre li e ouvi dizer que no cinema preto e branco as atrizes usavam batom vermelho e na tela os lábios parecem pretos. Como este artigo diz que Max Factor inseriu batons preto avermelhados ou até mesmo pretos para na tela serem entendidos como um vermelho profundo, indo contra tudo que eu havia lido, fui pesquisar. Li que o batom vermelho da época, saía na verdade amarronzado na tela e por isso o batom usado pelas atrizes devia ser um tom clarinho como amarelo ou até mesmo vermelho bem clarinho. A fala de Richard Board sobre os lábios pretos de Glória Swanson, encontrei publicada no livro "Hollywood Remembered: An Oral History of Its Golden Age" de Paul Zollo na página 205 e se refere ao ano de 1948. O livro "Gloria Swanson: Ready for Her Close-Up" também diz que a atriz usava o batom preto em cena. Este site diz "apesar de algumas atrizes usarem seus lábios muito escuros, cores claras eram mais usadas...". A conclusão que chego é que alguns maquiadores e atrizes preferiam usar os lábios bem escuros, mas a maioria preferia lábios em tons claros e tudo isso variou durante as décadas porque as técnicas de filmagem e de luz mudavam, e adaptações nas cores da maquiagem precisavam ser feitas constantemente, até mesmo devido ao reflexo da cor dos cabelos das atrizes no rosto devido à luz de estúdio. Bom, fica aí a informação e quem souber mais sobre lábios escuros na história, seja bem vindo a acrescentar.

Na montagem abaixo, do lado esquerdo "para projeção de cores" (lábios vermelho claro) e no lado direito "para preto e branco" (lábios amarelos).
1920s makeup movies


Tradução do artigo original feita pelas autoras do Moda de Subculturas. Para usar como referência, basta linkar este artigo. As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos.


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