Destaques

3 de outubro de 2010

Guinevere van Seenus

A modelo americana Guinevere van Seenus é um exemplo de beleza não-convencional. Com um rosto forte e marcante ela é perfeita pra fotos ou editoriais que exigem dramaticidade e uma certa estranheza.
O curioso é que sempre que olho o rosto  dela sem maquiagem me lembro de algumas pinturas de mulheres da época renascentista.


John Rocha A/W 2010

Adorei tudo!


Freira Sombria


Mirin Magazine - Spring 2010


2 de outubro de 2010

Tribos no Multishow: Góticos

Vídeos do programa Tribos do canal Multishow, que foi ao ar em 2006, onde o estilista Heitor Werneck fala um pouco da subcultura.

Eu lembro que assisti esse programa e achei ele meio absurdo. Mas agora, 4 anos depois, fiquei muito chocada porque não me lembrava quão absurdo ele foi! 
A matéria é bem estereotipada, especialmente frases vindas da boca dos entrevistados. Estereótipos do tipo: caixão, cemitério, roupa preta, melancolia, alma gótica. Frases como: "Edgar Allan Poe é gótico porque a melancolia está nas obras dele".
Na verdade, Poe não era gótico - afinal a subcultura não existia naquela época! Ideal seria dizer que os góticos admiram as obras Poe, assim como de outros escritores, por admirarem uma literatura romântica e de terror, especialmente as do século XIX. Melhor assim!

Dizer que os rapazes estão usando corselet de couro e listras por causa do Tim Burton é o fim né? 
Todos sabemos que Tim utiliza a estética gótica em seus filmes, mas dizer que se usa tais peças por causa do Tim Burton é ignorância demais! O corselet de couro veio do fetiche, do punk, e as listras, bom, já tem uma postagem aqui no blog  explicando o porque das listras nas subculturas.

A repórter pergunta: "De onde vem a forma de se vestir?". 
Resposta: "Vem do Europeu".
Essa doeu! 
Não é à toa que usam sobretudos no verão né, baby? 
A pessoa nem sabia dizer que a estética gótica veio do pós-punk, das bandas, do fetiche, da estética do passado como a década 20, principalmente cinema de terror, do século XIX, da Era Medieval, etc etc etc.
Ok que ninguém entra numa subcultura sabendo tudo, mas se você tá lá montado, no mínimo você deveria saber porque está montado. Se interessar de saber de onde aquilo vem e porquê é um grande passo para poder passar informação correta.

Pior as frases insinuando que o que o gótico quer é "chocar a sociedade". Puxa vida, se os góticos são tão cultos, porque eles dariam tanto valor assim à sociedade? Não creio que a intenção dos góticos seja chocar a sociedade. A intenção é ser livre. Se chocar ou não são outros 500.
E falam também umas coisas meio aleatórias que podem soar meio sem sentido pra quem é leigo. Tá certo que não se tem tempo de explicar tudo detalhadamente, mas tem frases muito soltas e sem sentido.

A questão da bissexualidade me lembrou muito o livro Goth Culture. O que me convence cada vez mais de que não somos tão diferentes assim dos gringos e que a subcultura é realmente bem confusa e contraditória.

Tem outra parte que falam da mistura do Heavy Metal na subcultura gótica. Já escrevi sobre isso aqui no blog. O Gothic Metal não é parte da subcultura gótica, é parte da subcultura Heavy Metal. O que os góticos e os Gothic Metallers tem em comum é a paixão pela estética e pelo romance histórico do começo do século XIX, da Era Romântica , do medievalismo, do terror.
Na Europa, assim como aqui, muita gente entra na subcultura gótica atavés do Metal e toca Metal em algumas festas góticas. Talvez só daqui há 20 anos saberemos dizer se os dois estilos realmente vão se unir e fazer parte da mesma subcultura ou não. 
É a velha história de que a gente não precisa só gostar de música da tribo à qual fazemos parte, podemos gostar de músicas de todas as tribos, agora, "algo" fazer parte de uma tribo ou não, é outra coisa. No fundo é tudo rótulo. Indesejáveis, mas necessários.

A única vantagem é que deixa claro pro telespectador que os góticos não são do mal-from-hell. Se bem que, não sei se é pior ser do mal-from-hell, poser ou  espalhador de informações incorretas...

Bloco 1:


Bloco 2:


Bloco 3:


P.S: Se alguém tiver ou souber o link dos vídeos do programa Tribos com a subcultura Heavy Metal me avise! Lembro que aparecia a Dani Nolden do Shadowside e um povo na Galeria do Rock.

A história do estilista Heitor Werneck

Descobri Heitor Werneck em 1998, em uma matéria da IstoÉ que falava sobre a moda Punk de boutique que acontecia naquele momento. Eu era novinha e a aparência de Werneck me achamou a atenção: uma jaqueta completamente detonada e cheia de spikes e um lindo cabelo moicano loiro e vermelho bagunçado ao estilo deathrock - eu nunca tinha visto um estilista nacional com tanto estilo. A partir daí comecei a acompanhar a carreira dele, até o dia em que o conheci pessoalmente num evento de moda e puxa, ele é igualzinho ao que eu imaginava. Tava lá, nem aí com um cinto de tachas detonadíssimo, se desmanchando de tão usado e eu só pensava: "Isso é muuito punk!".

Heitor Werneck diz: "Sou costureiro, não estilista".


O início de Werneck não foi diferente ao de Herchcovitch. Ambos desenhavam roupas para travestis. Uma diferença, porém, levou a carreira do estilista para outro rumo: nada do que ele cria tem par. Até hoje, todas as peças são exclusivas. “Pouco me importa se o preto está na moda. Eu faço o que eu gosto. O que eu quero vestir.”

Desde criança Heitor desejava ser um vampiro ou Jesus Cristo. Ficava afiando os caninos na frente da TV e à noite botava durex na orelha para deixá-las com pontas. Começou a se tatuar com onze anos, teve modificações corporais, implantes penianos, implantes no peitoral. Hoje tem apenas as tattoos, scars, branding e cutting. Estudou Teologia e fez pós em Ciências da Religião devido à sua curiosidade em religiões antigas e personagens sobrenaturais. Saiu de casa aos 13 anos para juntar-se aos punks rebelados contra o sistema, em 1993 desertou do movimento. "Tinha muita briga de gangue, poucos lutavam de verdade contra o poder. Não via ninguém colocando fogo no Banco Central, mas via muitas brigas entre grupos rivais."

Como todo punk, ele costurava para si mesmo e para uma clientela eclética como artistas, pessoas alternativas e ex-radicais do movimento punk. Entre 84 e 85 trabalhou com Vivienne Westwood.


Então, na década de 90 decide criar sua marca, a Escola de Divinos, que a cada duas semanas houvesse peças novas. "Sempre tive público da noite, alternativos ou de teatro, nunca segui tendências, faço o quero, do jeito que quero, na hora que quero. Podia fazer 300 camisetas, mas uma era estampada de um jeito diferente da outra". Heitor também fazia vestido de noivas: "Acho as noivas atuais cada vez mais sem criatividade. É uma fantasia, mas elas sempre caem no tradicional. Você pode casar como você quiser, o que acontece é que você tem que avisar o padre para ele não se chocar com você. Tem um casamento que eu fiz a noiva e o noivo estavam diferentes e o padre nem falava o sermão direito."

botas de vinil - botas de verniz

A Escola de Divinos era referência no cenário underground dos anos 90. Heitor também participava de um grande evento da moda alternativa da época, o Mercado Mundo Mix, que depois de algumas edições perdeu sua essência. Também foi responsável pelo Pulgueiro, um evento que unia moda alternativa, tatuagens, modificações corporais e arte de rua. Em 2001, abriu a loja Fuck the Faxion, na Galeria Ouro Fino pra vender suas peças. Um dos principais clientes era o Supla, que no mesmo ano se tornou popularmente conhecido no país por participar de um reality show no SBT, o que fez com que a loja ganhasse um novo público: adolescentes interessados nas roupas iguais do cantor. "Como Supla não se cansa de dizer, não depende de onde você vem, o que tem ou o que veste, mas o que você é", diz Heitor.


Heitor faz também figurinos de novelas da Globo desde 1998 e foi essa sua entrada na mídia mainstream provocou o desprezo dos antigos conhecidos punks. “Aos que me criticam perguntando que punk é esse que aparece na Globo? Eu critico questionando que punk é esse que assiste à Globo?”. "Me dei conta de que o dinheiro é necessário. Vivo num mundo capitalista! Punk que não ganha dinheiro troca coisas para sobreviver, ou seja, também estabelece uma relação mercantilista." Mas Heitor garante: "Não tenho interesse em me tornar popular", diz.

A Fuck the Faxion fechou em 2002, quando Heitor teve câncer e se ausentou dos negócios pra se tratar. Eu cheguei a ir na loja algumas vezes e lembro da cara de poucos amigos de uma atendente punkzinha. A loja vendia calças de boca inglesa bem antes da moda que está agora. Boca inglesa são aquelas calças justas no tornozelo para serem usadas com o coturno, cheias de zíperes, xadrezes, também vendia kilts e muitos acessórios em couro com tachas e spikes.

neck coset

Mas a pressão dos amigos e clientes fez ele reabrir a marca Escola de Divinos neste ano. Heitor resolveu fazer um apanhado geral de suas criações mais requisitadas e renová-las com outros tecidos para compor a coleção que marcou a volta da marca. A loja atual tem espaço para roupas sociais, malharia e pode até vir a vender jeans no inverno - tecido que Werneck detesta: "Acho esquisito calça jeans e camiseta. Acho jeans ridículo, é uniforme padrão, eu fico contando quantas pessoas estão de jeans na rua. Eu acho que uma busca do diferente nunca resulta num  igual. Todo mundo busca algo diferente do outro. O que não dá é ver todo mundo de jeans e se achando com atitude né?"


A loja é como um cabaré antigo, tem decoração e mobiliário fetichista, joalheria, maquiagem, perfumes, um estúdio de perfuração e tatuagem, um ambiente especial para crossdressers. As peças são alternativas na forma, nas estampas e materiais como couro, látex e vinil, a maioria das peças são únicas. Há uma linha de roupas infantis e para bebês, com  estampas de morcego, ratos, teias, oncinha, camuflado, rockabilly e até fraldas em vinil colorido que ele  desenvolveu junto à médicos, tudo lembrando o fetiche: "Fiz uma estampa de uma bebê dominatrix com a palavra Rainha para dizer que o bebê se torna a rainha do lar", tudo inspirado pelos seus amigos que são pais alternativos.

Também vende coturnos importados da Argentina, de Nova Iorque... "Eu continuo costurando e todas as peças passam por mim ou são cortadas, costuradas ou estampadas por mim. Faço e adoro fazer sob medida. Eu pretendo manter o mesmo público que sempre tive: adolescentes, pessoas ligadas a moda, noite, povo do rock n roll e pessoas  antenadas com a Escola de Divinos, artistas, formadores de opinião, publicitários". "Aos que acham que virei capitalista, tô velho, dou emprego para 17 famílias e sustento minha casa, mas muita gente não entende isto."
Há quatro anos, ele cuida da festa Luxúria, com Dress Code fetichista obrigatório, "para as pessoas se vestirem, se produzirem, não usarem drogas e  se soltarem sexualmente. "As pessoas vão lindas e produzidas na festa". "A estética punk é formada no BDSM. Eu sempre frequentei e fiz festas fetichistas, quando fiquei doente a dona do Torture Garden que é minha amiga, também teve câncer. Ela falou, vai lá e faz tua festa, se divirta no tratamento e realmente isto me inspirou e não é que tá dando certo? Eu queria fazer algo igual ao Torture Garden mesmo, um label, um lugar que o visu fosse o maior critério. Quando vi que nenhum lugar fazia isto, fui lá e fiz. Hoje em dia já tem até cópia da minha festa, até o nome copiam. Acho um saco, já tive roupa, tatuagem, projeto copiados e agora a festa! Uma festa de total dress code e que não aceita jeans de forma alguma. É uma festa de exibicionismo e voyeurismo, a conotação sexual dela está na vestimenta, é uma festa muito singular e não  fica devendo nada para festas gringas. O Luxúria completou quatro anos em agosto deste ano e deve entrar numa fase nova."


"Acho que o Brasil tem um mercado de trabalho incrível e acho que temos super profissionais legais aqui. O trampo das rendeiras do Nordeste, o bilro, o macramê, a colcheteria, o patchwork mineiro. Tivemos Zuzu Angel, Denner e um monte de gente do caralho. Acho um saco copiarmos tendências gringas, aliás, acho um saco isto, a cópia e o uso de jeans. Todo mundo com roupa igual parece uniforme, falta de estética e dizem que estão na moda? O que acho divertido da moda é que é um império e como todo império, pode-se abalá-lo. Eu sou costureiro mesmo, só tô num bairro mais caro, mas faço o mesmo processo, compro o tecido, tiro medida, corto o tecido, costuro, vendo, atendo o cliente com linha na boca e olheira por ter varado a noite, levo cheque sem fundo e tenho que correr no banco para cobrir conta. Adoro o Lino Villaventura. Sempre disse que ele é como eu, só que alta-costura. É lindo, verdadeiro e sem cópia. Também gosto muito do Walério Araújo. Fico triste quando ando pela Ouro Fino e vejo as marcas apelando cada vez mais pra “Coréia”, pro que vem pronto. O Walério e o Lino fazem mesmo, bordam. São nordestinos, eu adoro o Nordeste. Acho o brasileiro copista, não valoriza o que é dele, segue tendência e calendário internacional!"

Heitor ainda tem muitos planos: quer voltar com o Pulgueiro, abrir um cabaret e lançar uma revista, "umaVogue do underground”. Mostrar moda de rua, gente da noite de São Paulo, o que rola no porão, mesmo”.

Escola de Divinos
A loja fica aberta do meio-dia até às 22hs.
Os preços vão de R$ 60 até R$ 700
Rua Haddock Lobo, 893 - Jardins, São Paulo


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1 de outubro de 2010

Esculturas de Ossos

Faz tempo que não posto nada de arte aqui. Essa semana vi esse trabalho do fotógrafo Francois Robert que criou uma série de fotos onde ele arrumou ossos humanos como esculturas. Como eu, ele sempre foi fascinado por caveiras.

"Na minha cidade natal, na Suíça, eu e meus pais morávamos em cima de um Museu Natural. Eu fotografei mais de 140 crânios de animais do Field Museum em Chicago, que se tornou uma exposição itinerante nos EUA por 8 anos. Em meados dos anos 90, durante um leilão de objetos de uma antiga escola, eu comprei três armários de metal e para minha surpresa um deles tinha um esqueleto real, completo e articulado. Durante anos eu o tinha em uma das salas de meu estúdio e eu sempre pensava no que mais eu poderia fazer com ele. Finalmente, veio a idéia  de desmontar  o esqueleto e reorganizar os ossos, e a partir desse processo nasceu a série "Stop the Violence".

São belas fotografias. Ótimas para refletirmos não apenas sobre vida e morte, mas como a guerra, intolerância e a violência provocam mortes de forma estúpida. 


 
 
 
 


Rock n Roll Balmain

Já fiz algumas postagens no blog sobre  peças das últimas coleções da Balmain. Eram peças cheias de spikes super rock/heavy metal como esse vestido de couro com tule e é impossível não lembrar que eles foram dos primeiros a explorar spikes e studs em sapatos, sendo este sapato um dos mais copiados - até a C&A fez um igual. Acabou que todas as outras marcas também investiram em sapatos com studs e deu no que deu, muita coisa bonita no exterior e aqui umas cópias feiosinhas e discretas.

A marca acabou de desfilar sua coleção verão 2011 com uma estética super rock n roll e uma pitada de punk e glam rock. Eu adorei as calças pretas com zipers prateados - ainda não descobri se é couro ou outro decido, mas vou descobrir.
E pra rockeiras que adoram customizar, a marca trouxe muita jaquetas com  aplicação de studs e alfinetes formando desenhos super legais. É só pegar aquela jaquetinha velha, comprar studs e customizar. Fica aí as fotos pra se inspirar.

 
 


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