Destaques

8 de dezembro de 2012

Chanel e Renascença: Inspiração em Mary Stuart, Rainha da Escócia

A grife Chanel acabou de desfilar uma coleção intitulada Metier d’Art. O desfile foi na Escócia, mais específicamente no castelo de Linlitghgow que era a moradia dos monarcas escoceses dos séculos XV ao XVI. Destruído por um incêndio em 1424, o castelo foi reconstruído em 1622. 
Além desse cenário histórico, o tweed, cardigans, o xadrez e referências ao kilt também não faltaram, mas o que me chamou a atenção foi o toque renascentista nas roupas. Mary Stuart, rainha da Escócia de 1542 a 1567, nasceu no castelo, foi coroada rainha com apenas nove meses de idade e, como não enxergar às referências à ela no cabelo e maquiagem das modelos?
O curioso que a própria Coco Chanel, passou por lá (pelo castelo) com seu amante, o duque de Westminster. 

 
 

Comparação com Mary Stuart e um look do desfile: releitura de moda histórica! Reparem o abertinho na sobresaia revelando a saia de baixo como no retrato de Mary, assim como as cores (branco e dourado) e o formato semelhante das jóias.

  

Relógio de Caveira do século XVII está em Museu de São Paulo

Recentemente descobri que o Museu do Relógio em São Paulo está com uma nova aquisição, trata-se de um relógio de caveira do século XVII! Claro que a "caveirologista" aqui ficou louca!
O Museu do Relógio tem mais de  600 ítens no acervo e sempre está adquirindo novos ítens. Na coleção há carrilhões, relógios-cuco, os primeiros marcadores de ponto, peças raras, preciosas e até mesmo curiosas. Boa parte do acervo é formado de doações.
O relógio mais antigo do museu é um exemplar de bolso, em prata, que possui apenas o ponteiro das horas (o ponteiro de minutos é a partir de 1670), este foi fabricado em 1620, na Alemanha. Também há uma peça da segunda metade do século XIX que pertenceu à  Imperatriz Amélia de Leuchtemberg, esposa de D. Pedro I.

O relógio de caveira, é chamado de "relógio caveira dos Piratas"! No panfleto abaixo, ilustra o texto:
"Achamos um tesouro do século XVII e gardamos no Museu do Relógio
O inimaginável atravessou o tempo e marcou em peças que simbolizam o próprio tempo, a história e a vontade dos homens. Aqui, no Museu do Relógio, você atravessa ao tempo e tenta vivenciar a inspiração dos criadores destes relógios. Este ano, a peça mais memorável é um relógio em forma de caveira do século XVII, que ainda deixa-nos intrigados: será um adereço de algum pirata daquela época? Ou algum objeto simbolizando a morte?"



A pergunta "Ou algum objeto simbolizando a morte?", é pertinente. Será mesmo um relógio de pirata? 

Como uma boa amante de história da arte e "caveirologista", não posso deixar de lembrar do medieval "memento mori"; das obras cheias de esqueleto representando a Peste Negra e  do vanitas, que era comum durante os século XVI e XVII na Europa. Os renascentistas gostavam de lembrar que a vida era curta demais para nos preocuparmos com futilidades, os relógios simbolizavam o tempo e a fugaz existência terrena. No Barroco e no Rococó, diversas caveiras estampavam as obras de Nicolas Poussin. Vocês podem ler mais sobre isso AQUI.

Obras: Hans Holben (notem a caveira na diagonal) e Nicolas Poussin.

O Museu do Relógio Professor Dimasde Melo Pimenta é na Avenida Mofarrej, 840, Vila Leopoldina, de visitação gratuita e monitorada. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9 às 11h30 horas e das 14 às 17 horas e no último sábado de todo mês.

5 de dezembro de 2012

Você quer lançar uma marca de roupas alternativas?


O essencial para esse nicho de mercado crescer e aparecer aqui no Brasil é a
profissionalização.

Entre outras coisas, para lançar uma marca de roupas alternativas você:

- Deve ter um mínimo de interesse em Moda (inclusive mainstream e alta costura) e história da moda, pra saber de onde tudo veio e pra onde tudo está indo.
- Ter mente aberta, nunca tenha preconceito com determinada peça de roupa, calçados ou acessórios. Isso limita a criatividade.
- Ser criativa ou ao menos ser empreendedora.
- Evite copiar peças de lojas nacionais, o mercado aqui já é pequeno e todo mundo se conhece, acaba-se criando atritos desnecessários ao invés de concorrência sadia. 
Em moda não há patentes e nem deve ter (estou devendo um post profissional sobre isso), mas existe a ética profissional (como em qualquer outra profissão) e se você quer ser um profissional respeitado, não reproduza material de outra marca para seus clientes.
- Reproduzir  roupas estrangeiras: novamente, não há patente em moda, mas se você quer reproduzir uma roupa estrangeira pra uso próprio, pra tentar descobrir a modelagem, vá em frente, mas não é legal copiar 100% e vender a seus clientes.
- Crie sua identidade! Você tem uma personalidade, não tem? Transfira isso para o que você cria!
- Inspire-se em peças já existentes (atuais, antigas, históricas), adapte, mude materiais, crie sua versão, inove!

Estudo (Profissionalização):
Você não precisa fazer faculdade de moda se não tem grana ou não tem o curso na sua cidade. Se você gosta de criação, o obrigatório é:
- Fazer um curso de Modelagem: onde se aprende com fazer as bases de moldes das roupas. Em cima das bases você vai poder criar todo o tipo de roupa. Modelagem pode parecer chatinho porque tem que fazer contas milimétricas e usar réguas estranhas, mas se você aprender de fato, você será pra sempre uma pessoa livre! Vai poder criar a roupa que quiser sem depender de ninguém! 
Se definitivamente você perceber que não tem habilidade pra fazer modelagem, faça amizade com alguém que entende e faça uma parceria com a pessoa. Ela faz a modelagem pras suas criações por um preço justo e você pode dar desconto à ela nas peças que você criar.
- Fazer curso de corte e costura: não dá pra desenhar algo incrível e não saber se é possível costurar e criar aquela peça. Saber o mínimo de costura e como são os processos, é fundamental pra você criar suas peças. Até mesmo pra colocar em prática as modelagens que você criou.
- Se houver na sua cidade: faça curso de moulage. Moulage é modelagem francesa de alta costura, sob medida. Um curso essencial pra quem quer fazer roupas sob medida e corsets!
 

Onde estudar?
Por incrível que pareça tem muito curso de modelagem e de corte em costura em Igrejas, centros comunitários, centros do trabalhador... e de graça!! Mas também tem em lugares como Senai, Senac, ONGs, em cursos profissionalizantes para pessoas desempregadas. Corte e costura é um curso clássico! Com certeza, por menor que seja a sua cidade, você vai encontrar um! O aprendizado vai depender de seu interesse.


Qualidade: Se aprende na prática!
- Não venda suas primeiras peças. Faça muitas peças pra você mesma, refaça, faça pra amigas, parentes, mas não venda (ou venda pelo preço de custo: tecido + aviamentos), só venda quando perceber que atingiu um nível de qualidade comparável à peças existentes do mercado. Assim, você entrará no mercado no mesmo nível da concorrência, batendo de frente!
- Crie intimidade com tecidos e saiba o que cai bem em cada um deles. Pesquise e descubra qual o melhor tecido para o quê. Faça peças piloto (peças de teste) e analise o caimento, se não ficou bom, refaça a peça com outro tecido. Se sua cliente lhe pedir uma peça em tal tecido que você sabe que a peça não terá o caimento ideal, convença-a a mudar o tecido. Se ela não concordar, não faça a peça; não suje a imagem de sua marca fazendo uma peça que vai ficar feia.

Preço:
Uma questão delicada, afinal depende da qualidade do material que você usou, do tempo que você trabalhou, da sua idéia inovadora e criativa.

- Preço mínimo? 100% do valor de custo. Exemplo: se você usou 30cm de tecido, aviamentos, papel de molde, etc e você gastou uns R$30,00 nisso, venda sua peça por no mínimo R$60,00. Em cursos de administração (SEBRAE tem de graça) você vai aprender a colocar seu preço adequadamente.
- Não copie preços da concorrência. Pois cada empresa tem seus gastos particulares.
Não coloque preços de forma aleatória do tipo "eu acho que essa peça vale tantos reais". Não "ache" nada! Faça suas contas e defina o valor de seu trabalho!

- Existem livros nacionais sobre costura, modelagem, modelagem de figurinos, história da moda. Leia-os!
- Tenha paixão, gosto, interesse, entusiasmo por Moda e pelo que faz. Sem isso melhor fazer roupas apenas para si mesma.
- Tenha educação, disposição, paciência e clareza para lidar com os clientes. Se não tiver, crie um FAQ ou contrate alguém para fazer isso para você.
- Tenha senso crítico, você sempre pode melhorar. Estude e pratique muito!

Não consegui aprender a desenhar, modelar e costurar...

Algumas pessoas não tem tanta criatividade ou habilidade pra desenhar roupas, fazer modelagem ou costurar mas em compensação, são ótimas administradoras ou cheias de idéias de marketing! Que tal então seguir por esse ramo e chamar outra pessoa pra  criar as peças de sua marca?

Divulgação: Tire fotos boas das peças que produz, uma pessoa (ou a peça num manequim) em fundo neutro (preferencialmente branco) em vários ângulos. Imagens claras e nítidas e de tamanho grande para que o cliente possa ver os detalhes. 


Uma forma barata de divulgação é em blogs ou sites direcionados à seu público alvo. Não hesite em pagar por banners ou patrocinar blogs/sites alternativos se souber que terá retorno do público destes sites.


Se tiverem outras dicas ou quiserem contar experiências próprias, fiquem à vontade!

Calçado Kronier - Parte 2

Como vimos no post anterior, onde citei a marca Kronier como uma das criadoras originais dos sapatos sem salto, percebi que já estava na hora de fazer outra postagem sobre a marca, afinal lá se vão 2 anos!
Como o primeiro post foi uma apresentação da marca, este vai ser sobre algumas de suas criações mais incríveis e criativas. A marca alemã está na ativa desde 1994, é especialsta em criar figurinos e calçados diferentes e extravagantes para eventos artísticos diversos, drag queens e para a cena fetichista.
Vou dar uma geral nas criações da marca cronologicamente pra vocês verem como essa coisa de sapatos bizarros e sem saltos são quase 20 anos anteriores à Lady Gaga, Nina Ricci, Jeffrey Campbell, entre outros ;)

Em 1994 surge a idéia de fazer sapatos com plataformas imensas só que sem saltos e surge este (da esquerda) em 1995. E em 1996:
Black Alien!
 

2000 e 2003:

2004:


2004, feito para Nina Hagen! ... E 2005.

 2006 e 2009:

 2009 e 2012 (pony shoes):
 

Só comparando: Nina Ricci em 2008/2009 e Jeffrey Campbell (atual).

 

3 de dezembro de 2012

Alternativo x Mainstream: Sapatos sem Salto

Esse é mais um post de comparações sobre cópias envolvendo moda alternativa x mainstream (veja todos os posts no link).
Talvez esse seja um dos maiores exemplos da popularização de uma estética alternativa: os sapatos sem saltos. Aliás, mais do que "estética alternativa", estes sapatos eram originalmente do underground. Mesmo quando foram criados, anos atrás, não eram populares na cena alternativa, só num pequeno grupo de pessoas. E também mostra como tudo nesse mundo pode ser amenizado e vendido às massas, mesmo a estética mais bizarra e grotesca.

Uma loja de calçados nacional lançou uma versão popular (porque os preços são acessíveis) destes calçados sem salto que nasceram no underground.
Na imagem abaixo vocês veem a Kronier, marca que lançou os primeiros modelos, seguido de Lady Gaga que os trouxe aos olhos do mundo e por fim, a marca nacional que os amenizou. Reparem como toda a bizarrice da peça foi substituída por feminilidade e sensualidade em tiras delicadas, peep toes e lacinhos.


Eu publiquei sobre eles logo que os conheci, nestas postagens:
E também publiquei quando a marca Nina Ricci, que foi a primeira a copiá-los no mainstream, os desfilou no outono/inverno de 2009, seguido de Gareth Pugh:

O bizarro não assusta mais?

Mas a maior divulgadora desse sapato para as massas foi Lady Gaga. Cercada por uma equipe que sabe muito sobre moda, Gaga usou e abusou de elementos do underground em seus trajes. Seus sapatos sem salto estamparam diversas fotos de paparazzi.
Nos comentários sobre o post do Pastel Goth,  comentei com a Lauren que depois de Lady Gaga, é difícil a gente usar alguma coisa que realmente choque as pessoas, é como se o visual-choque tenha se banalizado. Até brinco dizendo que Lady Gaga criou o "choque relâmpago", ela usa uma coisa num dia e choca e dois dias depois ela usa outra coisa e choca novamente; assim a primeira coisa perde seu valor de novidade e de choque rapidamente, tornando-se ultrapassado. Não digo que Lady Gaga seja a responsável pela banalização, pelo contrário, ela é apenas um veículo divulgador do poder das grandes marcas e da mídia.

O que eu quero dizer nesse post não é se estes sapatos são bonitos ou usáveis, mas a que ponto o consumismo e o desejo por novidade chegou. Nossa sociedade se tornou tão capitalista que na falta de idéias, vai-se ao underground e apodera-se de criações inovadoras de pequenos e desconhecidos designers e transformam o produto em propriedade de grandes grifes.
É uma busca desenfreada de lançar "novos" produtos a todo instante transformando peças incomuns em objetos de sedução e glamurização para que uma massa o consuma vorazmente e logo o descarte. 
Moda é apenas um reflexo de nosso tempo...

IV Picnic Histórico Curitiba: Fotos!

Como eu já havia postado AQUI no fim do mês de novembro aconteceu o IV Picnic Histórico de Curitiba. O evento, organizado por Windie, Ana e Giovana, teve como tema a Era Medieval e atraiu quase uma centena de pessoas vestindo trajes de época e releituras.

Vocês podem ver o relato completo no link abaixo, direto do site do PVC!
Selecionei algumas fotos para vocês terem uma amostra. Tem muitas mais no Facebook do PVC (link acima), deem uma passada lá!!

 
As organizadoras Windie, Giovana e Ana

E não esqueçam de ler alguns textos de História da Moda que escrevi para o site do Picnic Vitoriano Curitiba. Vocês podem ler no link "Moda Histórica", sendo eles Moda na Era Medieval, Moda Vitoriana e Moda Eduardiana. Em breve, mais textos de minha autoria estarão lá. Aguardem!

Barroco + Vitoriano na Vogue Itália

Eu achei lindo este editorial da Vogue Itália. As outras fotos (não publicadas aqui) são super barrocas, mas estas duas me chamaram a atenção pela mistura do Barroco (detalhes das peças em dourado, fotos em luz e sombra na diagonal) e do Vitoriano. Especialmente na primeira foto onde a modelo usa um bustle de tule. Bom, esta é uma das maneiras mais fáceis e baratas de se fazer um bustle para um evento revivalista, por exemplo. Várias lojas alternativas estrangeiras também vendem este tipo de bustle "falso".


Editorial: Haute Couture

E aí vocês leem todas as postagens sobre História da Moda, acham tudo lindo e pensam "puxa, que pena que isso não existe mais". Ledo engano, roupas de Alta Costura ainda são fabricadas como nas eras pré-maquinas de costura, feitas à mão, com muita referência histórica e glamour. Quem tem acesso à essas roupas? Apenas uma pequena parcela da população mundial e é pra estes consumidores que estes editoriais de moda são feitos. Mas nada impede que a gente também se inspire, aprenda com eles e fique caçando as referências da moda dos tempos passados.
Neste editorial, o que me chamou a atenção foi o toque alternativo de algumas fotos.

 
 
 

Editorial: Upstairs Downstairs

Editorial Upstairs Downstairs por Karl Lagerfeld. Editorial com roupas inspiradas nos anos 1930 por isso decidi postá-lo. Tem referências da moda de 1950 em algumas fotos, um anacronismo que deixou o editorial ainda mais interessante.




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