Destaques

21 de fevereiro de 2013

Tendências Alternativas: Cropped Top

Cropped top significa "top cortado" e apareceu definitivamente em meados dos anos 1980 com a popularidade de atividades como o jazz do filme Flashdance e da ginástica aeróbica. As meninas que praticavam estes esportes cortavam fora metade das blusas, mangas e golas para ficarem com o corpo mais livre pra treinar. Nos anos 1990 com a decadência de ambas as atividades, o top cortado aparece industrializado, em forma de um bustier com a barra já pronta, o que posteriormente originou as blusinhas "baby look" que se tornaram populares em meados da década. Ficam populares cropped tops ao estilo baby look com mangas compridas, golas altas e as meninas voltaram a cortar suas blusas, o que gerou a proibição em algumas escolas americanas (lembram de Shania Twain, Spice Girls, Christina Aguilera e Britney Spears usando?). 

Eu usei estes tops nos anos 1990. Lembro de ainda criança ter uns conjuntinhos que o top era curtinho e o short ou a saia vinham até mais acima da cintura. E lembro que no começo de minha adolescência tive aquelas baby look justinhas que iam até em cima do umbigo.
É interessante observar isso na estética subcultural da época, onde garotas grunge pegavam suas T-Shrits tradicionais que iam até o quadril e cortavam-nas na altura da cintura. E também na estética das garotas punk os anos 90: top justo e curto aparecendo a barriga e calças justas ou largas com cinto de tachas e coturno. Foi pra meados da década de 1990 que as calças de cintura baixa reapareceram e aí meio que aparece aquele estilo bem conhecido do street punk/ska americano da época muito bem representado por Gwen Stefani (que nunca deixou de usar cropped tops).

O cropped top atual é mais "comportado", digamos assim, sem muito da ousadia e rebeldia dos anos 1990 porque vem sendo usado com peças mais caretinhas ou de cintura alta para equilibrar a silhueta. Eu vi bastante delas nas novas coleções de algumas marcas alternativas, então fiz uma breve seleção de peças.

Estes modelos abaixo parecem bem próximos dos cropped dos anos 1980, como se uma T-Shirt tivesse sido cortada:
 

Estes já se assemelham à evolução do cropped nos anos 90, se tornam mais justos e mais com cara de baby look. Detalhe para o modelo do meio com toque punk e o da direita com estilo retrô.


Por fim, modelos que também parecem saídos da década de 1990, justos, curtos, já com cara de bustier.



A musa do cropped top: Gwen Stefani!
Repararam que desde que a banda No Doubt surgiu nos anos 1990, Gwen nunca deixou de usar seus mini tops?
No começo da carreira, assim como era na época: literalmente cortados e já com a aparência de baby look:


Em turnê recente, top curto, calças largas e coturno. Ela não nega que a peça é parte de seu estilo próprio independente de estar na moda.


Tendências Alternativas: Túnicas

A túnica foi um dos primeiros tipos de vestimenta do homem. Trata-se de uma peça que tem ombros e um comprimento entre o quadril e o tornozelo. O nome deriva de suas origens greco-romanas e é até hoje usada no oriente médio, Índia e arredores por ser leve e larga permitindo que o ar circule por baixo dela.
Quando aplicadas à moda alternativa sempre tem um toque rebelde ou uma desconstrução. Adoro os modelos abaixo com um toque de heavy metal, cruzes, rendas, caveiras e rasgos!
Além de tendencia alternativa que já perdura algumas temporadas, são ótimas para aquelas épocas de transição como outono para inverno ou verão para outono.



19 de fevereiro de 2013

Morfium Clothing

Quanto mais a moda alternativa se profissionaliza, mais seus produtos ganham qualidade. Há um segmento de Moda Alternativa que tá crescendo no exterior, o chamdo "High Alternative".

Porque "high"?
Já ouviram falar de "High Fashion" ou em português, "Alta Moda"?
É uma moda limitada para um pequeno grupo de pessoas, não necessáriamente pelo preço, mas pela exclusividade ou pelo vanguardismo.
O High Alternative é equivalente à isso, mas voltado à criação alternativa. 
Normalmente são lojas/marcas de estudantes de Moda super criativos e com idéias elaboradas cujo trabalho exige certo conhecimento (ou aprendizado) na manipulação e técnicas de materiais ou  peças que simplesmente tem uma modelagem mais difícil ou inovadora.

Eu já postei aqui no blog sobre uma das marcas que mais gosto neste segmento, a SkinGraft, que mistura punk, corseteria, steampunk, couro e streetwear. Pra terem idéia em 2010 eles já tinham peças em couro com spikes como está na moda atualmente e chegaram a lançar uma coleção inspirada em Amelia Earhart, super adequada ao estilo Dieselpunk!
Fico aqui tagarelando sobre High Alternative e cadê a Morfium Clothing do título?
As fotos estão logo abaixo, apreciem!!

10 de fevereiro de 2013

Tendências Alternativas: Neo Hipsters

Os Hipsters atuais são pessoas com estilo próprio que acabam por lançar tendências alternativas.
Eu digo "hipsters atuais", porque a palavra já designou outros tipos de comportamentos, mas desde os anos 2000 se refere à pessoas entre 20 a 25 anos, de classe média, com aversão ao mainstream e com a mania de misturar moderno com retrô e vintage. O estilo destas pessoas costuma chamar bastante a atenção tanto por serem realmente bons quanto tristemente "ruins" ou caricatos.
Dúvida? Uma simples busca no google por imagens lhe dá a idéia clara de como eles são. Clique AQUI.


Ironia do destino: 
A intenção de se vestir diferente do mainstream provocou o inesperado: uma peça usada por um hipster se torna cool e o mainstream copia transformando aquilo em peça de massa. A popularização da peça deixa os hipsters horrorizados com pessoas se vestindo semelhante à eles. Então, logo eles encontram outra peça diferente para usar no lugar, podendo ser  a mistura de uma tendência internacional e uma peça que era da bisavó. Sim, o estilo hipster não é necessáriamente um só, é uma mistura do que ainda não caiu no gosto popular.


Tendências: Já postei aqui no blog algumas vezes sobre peças que surgiram no meio alternativo e logo se massificaram ou se tornaram copiadas assim que a imagem das mesmas se proliferou na internet. 
Um bom exemplo disso, é um post muito simples que fiz em 2009 sobre a marca Black Milk. Três anos depois, as peças que essa marca criou são hoje forte candidatas a serem encontradas na Renner e na C&A neste inverno. Falo de leggings estampadas, galaxy, estampa de cruz, maiôs com corpo de esqueleto.... tudo isso, a Black Milk desenhou anos atrás. Com clientes claramente hipsters, a marca cresceu um absurdo nestes últimos anos, eu fico estupefata quando entro no site hoje e lembro dele como era "pobrinho" de variedade três anos atrás (mas muito criativo)! Sem dúvida uma das marcas que mais se deu bem com os hipsters! Porque? Porque é uma marca que apresenta estampas inovadoras mas com influência retrô que são copiadas à rodo hoje por outras marcas.

O que mais é de origem hipster?

- Short curtinho com tachas
- Cruzes/ cruzes invertidas
- Simbolos ocultistas
- Um lado da cabeça raspado (side cut)
- Cabelos em tons pastel
- Estampas com Meu pequeno ponei / Hello Kitty
- Óculos Wayfarer
- Usar chapéus
- Moda retrô anos 1980 e 1990 (cintura alta, cropped top, coturnos de salto grosso)
- Botas ao estilo Jeffrey Campbell

Viu muito disso por aí ultimamente?
Pois é,  você não sabe onde começa o mainstream e onde começa o alternativo. Isso é a moda hipster! Acaba que hoje em dia, todos os alternativos tem um pouco de hipster dentro de si. 





Noomi Rapace na Vogue Itália

Noomi Rapace, a eterna Lisbeth Salander (trilogia Millenium) na Vogue Itália. Achei curioso o look da última foto parecer meio que um "gothic lolita" para adultos rsrs!

 

Dark Glamour - Editoriais

O "Dark Glamour" que dá subtítulo à este blog se refere à looks mais adultos, que embora mainstream, são adequados ao guarda roupas das mulheres alternativas.

 

8 de fevereiro de 2013

Uma breve história dos corsets, seus mitos e controvérsias

Neste post, abordarei uma breve história do corset, nos mitos e controvérsias em torno da peça e no que acredita-se ser sua real função na história.
Embora hoje digamos "corset renascentista", "corset rococó", "corset vitoriano", a peça nem sempre foi chamada assim. No texto vou chamá-los como eram chamados em suas épocas pra ficar mais fácil de entender as mudanças ao longo dos tempos.

*Artigo originalmente postado em meu outro blog, o História da Moda, por isso o logo/endereço nas fotos. 
 
Basicamente os nomes desta peça era: bodies/pair of bodies/whalebone bodies até o século XVIII. No século XVIII até começo do século XIX eram denominados "stays" e só a partir de 1850, "corsets".

Controvérsias:
O corset (também chamado em português de espartilho) é a peça mais apaixonante e controversa dos últimos tempos. Quem ama a peça diz que é o ícone feminino da sensualidade; quem odeia, que é uma ferramenta da dominância e opressão masculina e que as mulheres eram "obrigadas" a usá-la. Os debates entre seus fãs e seus haters provocam furor há mais de um século. O corset também é responsável pela versão mega simplificada de que "libertou" as mulheres, como se as mulheres do passado fossem fashion victms sem cérebro e sem poder sobre suas ações... não era bem assim como vou mostrar a seguir.


Breve história da peça
Peças semelhantes à corsets podem ser vistas em iconografias da grécia antiga, creta e até mesmo no começo da Idade Média, mas não há registros de que tais peças tinham a mesma estrutura e que foram usadas com frequência pelas mulheres, então, considera-se que os primeiros corsets, na verdade chamados de bodies (whalebones bodies ou pair of bodies), foram desenvolvidos entre 1500–1550, feitos de barbatana de baleia e muito rígidos; davam ao corpo uma forma cônica. Havia tiras nos ombros prar sustentá-los e terminavam logo acima do osso pélvico.
Existem imagens na internet de corset de ferro do século XVI, estes corsets realmente existiram mas não eram de uso fashion, eram ortopédicos para pessoas com problemas na coluna.
O pair of bodies à esquerda pertenceu à rainha Elizabeth I

A forma cônica dos bodies/stays permaneceu em voga até o século XVIII. O que variava era a altura, algumas vezes mais curta e com ou sem alças.

Stays

A peça enfraquece na revolução francesa e em 1810 reaparece na França num formato que separava os seios. Em 1840, após a invenção dos ilhóses, o formato dos stays vai se aproximando do da ampulheta, mas a peça ainda era longa até os quadris. A partir de 1850, como vão ler no texto mais abaixo, a peça ganha o nome de corset, enfatizando ainda mais a cintura - e perde as alças.

1810 - 1840

Entre 1880 e 1890 a peça ganha novo formato, com cintura mais baixa e busto cheio. Em 1900, surge o modelo de frente reta e curvas na parte de trás dando uma forma de "S" à silhueta feminina.Entre 1902 e 1908 a peça desce até os quadris com ligas para meias acopladas. Entre 1908–1914 vai até quase o meio das pernas e já é usado com uma espécie de sutiã. Com a primeira guerra em 1917, a peça desaparece aos poucos. E só é reintroduzido por Christian Dior em fins de 1940, porém, a peça se assemelhava mais a um corselet. Os corsets/stays em sua forma e modelagem historicamente originais só ressurgem na década de 1980.
1900, 1908, 1917


Quem os usava?
Os bodies (whalebones bodies ou pair of bodies) foram primeiro usados nos anos de 1500 por aristocratas e nobres da Espanha e Itália. Rapidamente se espalharam pela França, Inglarerra e pela Europa ocidental em geral. Depois passaram a ser usados pela classe alta, a seguir pela classe média e a partir dos anos 1800, com o advento da revolução industrial e a produção em massa de roupas, também pela classe trabalhadora.


Qual a função dos bodies, stays e corsets?

1. Postura: Quando surgiu o propósito era criar uma silhueta altiva e artificial para a aristocracia, já que auto apresentação era algo muito importante para os nobres. Especialmente na Renascença, a postura altiva que os rígidos whalebone bodies provocavam era admirada.

Por 400 anos, médicos acreditaram que o corpo era fraco e precisava de um suporte pra crescer forte, daí o motivo de crianças serem vestidas desde os 3 anos com a peça. Os meninos paravam de usar com 6 ou 7 anos e as meninas - consideradas com corpo mais fraco e que não se sustentaria sem apoio - usariam a peça por toda vida.

2. Suporte: Outro grande propósito da peça era o suporte do busto. Vemos essa função de suporte dos seios especialmente nos stays do período império, época em que a cintura subiu para logo abaixo do busto. É aqui que entra o mito de as mulheres terem sido "obrigadas" a usar a peça, na verdade, havia sim uma exigência social, mas precisamos imaginar que os stays/corset funcionavam também como sutiãs.


stay de 1800


Quem vê corsets vitorianos sobreviventes percebe que alguns tinham ganchinhos externos. Essa era mais uma função da peça: juntar ou segurar a parte de cima (corpetes) com a da baixo (saias).


Afinar a cintura?

O fato de a cintura ser levemente afinada era parte do efeito de usá-lo desde muito cedo. Por vários séculos, ter cintura fina não era o destaque na silhueta. Se observarem a silhueta elisabetana, a barroca, a rococó e a império nenhuma delas tem foco na cintura, o foco só começa a partir da era romântica.

 
Revolução Francesa:
Os stays do século XVIII tinham a forma de cone como ilustrado acima. Já naquela época alguns médicos achavam que provocava doenças e as mulheres seriam mais saudáveis se não os usassem. Em 1790, com a Revolução Francesa e início da moda Diretório e Império, muitas mulheres cortavam a parte de baixo dos stays e os usavam como brassiere (uma espécie de ancestral do sutiã, peça que sustentava os seios) com os vestidos Império. Essa foi a primeira vez em 300 anos que as mulheres abandonaram os stays. Na foto abaixo, uma brassiere - ancestral do sutiã - que pertenceu à imperatriz Joséphine.






Qual a relação entre a rejeição da peça na revolução francesa e a aristocracia?
Quando a revolução francesa explodiu, tudo que fosse relacionado à aristocracia devia ser simbolicamente destruído. Os stays eram uma peça que veio da aristocracia. Assim como saltos altos. Na revolução todos queriam e precisavam respirar liberdade. Assim, stays e saltos altos foram substituídos por corpos livres e sapatilhas.


O retorno como "corset":
Roxey Ann Caplin, escritora e inventora britânica é apontada como a criadora do corset vitoriano. Em 1848 ela apresentou um "corset higiênico" com um busk em metal eletromagnético patenteado por ela (Joseph Cooper já havia inventado o busk de encaixe) que permitia o corset ser retirado sem ser totalmente desamarrado.
Em 1851 ela foi premiada pela invenção de seu novo modelo com fechamento de encaixe por busk de metal. O corset original inventado por Caplin está no Museu de Londres. É uma peça que aparentemente nunca foi usada e é na cor azul. Naquela época não eram usados corset coloridos, apenas em tons de branco, bege, cinza, o corset azul foi feito exclusivamente para ser apresentado ao público como nova invenção. Em 1851, Roxey Ann Caplin era a única fabricante deste tipo de modelo. Até então, as mulheres usavam os modelos estilo stays. Foi a partir daí que o design criado por ela influenciou os designs de corset do século XIX, os chamados "corsets vitorianos", que agora não tinham alças, exibiam o formato de ampulheta e não de cone como nos séculos anteriores.

Corset com busk de metal, barbatanas de baleia e na cor azul, nunca usado, feito pra exibição de 1851 de Roxey Ann Caplin

O corset mantinha o prestigio aristocrático, mas com o advento da produção em massa, eles foram levados à classe trabalhadora. As mulheres da classe trabalhadora vitoriana também usavam corsets, comprados prontos, no que chamaríamos hoje de tamanhos "P/M/G". Devido à esta "popularização" dos corsets, boa parte da fama elitista da peça cai por terra. O motivo de as mulheres vitorianas usavam corset é porque queriam estar (ou parecer) na moda. Mulheres flácidas e de peles caídas não eram consideradas belas, apenas mulheres "firmes" e a peça dava essa firmeza corporal, por isso era respeitável. Todas as classes sociais viam o corset como uma peça de embelezamento que criava "uma boa figura".


Tight Lacing
Há muitos mitos sobre a cintura finíssima dos vitorianos. Muito dos relatos sobre estas cinturas eram marketing de venda de uma beleza idealizada e ficções fetichistas.
Ao contrário do que se pensa, apesar de todo o puritanismo, os vitorianos não eram anti-sexuais. Os corsets eram vistos como belos e erotizantes, MAS davam respeitabilidade às mulheres, uma mulher sem corset não era vista respeitosamente.

Praticantes de tight lacing na era vitoriana eram extremamente raros. Os periódicos para mulheres do final da década de 1860 e 1870 e depois, no final dos anos 1880, traziam artigos fantasiosos de bondage e sadomasoquismo. Havia um fetichismo masculino sobre corsets e tight lacing de garotas e garotos enlaçados ou em crossdressing.
Esse tipo de informação deve ser visto como fantasias sexuais masculinas e não como comportamento habitual das mulheres vitorianas. Fetichismo sempre foi hábito de uma minoria populacional (até hoje) e predominantemente por homens (mulheres fetichistas são raras*) obcecados por tight lacing que fantasiavam ser enlaçados por prostitutas em bordéis. Esse fascínio underground pelo tigh lacing continua até hoje.

Uma boa comparação, pra melhor entendimento do fato é comparar corsets com saltos altos e tight lacing com saltos altíssimos: hoje, muitas mulheres usam saltos altos em seu dia a dia, mas sapatos de saltos altíssimos são menos/raramente usados. Se a mulher for numa festa, obviamente ela colocará um salto mais alto que o habitual. O mesmo podia acontecer na Era Vitoriana, ao ir numa festa, a mulher apertar um pouco mais o laço, o que não fazia dela uma praticante do tight lacing.
Então, imaginar que todas as mulheres vitorianas praticavam tight lacing e tinham cinturas minúsculas é como dizer que nós, atualmente, usamos salto de dominatrix no cotidiano. É preciso ter cuidado pra não confundir fantasia fetichista com comportamento habitual das mulheres do século XIX.


O corset e as doenças:
Para os médicos da época, uma cintura perigosa era do tamanho de 38cm. Corsets vitorianos remanescentes em museus mostram que muitas cinturas da época equivalem ao tamanho atual de uma cintura P (algo em torno dos 65cm). Não eram dramaticamente pequenas como as ficções fetichistas e os médicos da época diziam que era. Vale lembrar que as mulheres usavam corset desde pelo menos 3 anos de idade então, obviamente, a peça moldava e acinturava o corpo desde então.
Os médicos vitorianos que eram contra a peça, diziam que a mesma provocava escoliose, ataque do coração, câncer de mama e deformação de bebês. A historiadora de moda Valerie Steele entrevistou médicos e enfermeiras pra descobrir quais doenças poderiam ser causadas pelo uso do corset mas não há nenhuma evidencia concreta sobre a peça ser responsável por alguma doença. Há relatos risíveis de médicos que acreditavam que o corset fazia o sangue esquentar e subir para o cérebro, o que provocaria efeitos lascivos e até mesmo tornaria mulheres estéreis. A maternidade era algo muito valorizado no século XIX.


Corsets hoje
Assim como lemos no post sobre a exposição La Mécanique des Dessous, o corset hoje se tornou internalizado por plásticas e lipos. Mas a peça em si reapareceu com os punks no fim dos anos 1970 com status subversivo.

A peça, historicamente uma underwear, era usada pelos punks como peça externa, de estilo. Então, se hoje usamos corsets como uma peça de estilo, exteriorizada, devemos parte à subcultura punk. A peça também foi usada por góticos e reinventada nos anos 1980 por estilistas como Christian Lacroix, Vivienne Westwood, Thierry Mugler, Jean Paul Gaultier. Club Kids, garotas roqueiras e mais recentemente a cena heavy metal feminina e as cenas retrô e burlesca mantém a fama alternativa que a peça ganhou no fim do século XX.

Não podemos deixar de citar a importância de Madonna na percepção popular/mainstream do corset a partir dos anos 1980. Madonna foi a responsável por tirar do corset a fama de peça opressiva da sexualidade feminina (o que já era um mito) e dar à peça uma imagem de sexualidade feminina agressiva. Se hoje as mulheres usam o corset externamente como peça de sensualização, de "poder" feminino, muito se deve à ousadia de Madonna e à nova imagem - menos underground e mais poderosa - que ela deu à peça para a cultura de massa nos anos 80.

O corset vive seu momento de revival desde meados da década passada, graças à outra artista: Dita von Teese. Embora Dita tenha um passado underground alternativo-fetichista, ela mudou seu estilo pessoal quando foi abraçada pela cultura mainstream. Seus corsets mudaram de "sexualidade agressiva" para um status de feminilidade extrema, sensualidade e delicadeza. Essa nova imagem mais suavizada e feminina do corset atrai atualmente muitas mulheres e garotas que se identificam com o ideal feminino clássico de cintura fina, quadris largos, fragilidade e sensualidade.
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O texto é inspirado no conteúdo do livro Corset: A Cultural History da historiadora de moda Valerie Steele.
*O livro Fetiche - Moda Sexo e Poder da mesma autora, fala sobre o fato do fetichismo ser uma característica sexual majoritariamente masculina, a questão do homem castrado. Uma minoria absoluta da população feminina é fetichista, muitas começaram a praticar tigh lacing por causa dos homens/maridos.

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4 de fevereiro de 2013

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