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7 de março de 2013

Heavy Metal: Uma breve história musical

A próxima sequencia de postagens será sobre a moda Heavy Metal, então escrevi um breve texto sobre o desenvolvimento musical do estilo para que seja melhor compreendido sua relação com a moda que vou abordar em seguida.

Origens: final de 1960 e início de 1970
O Heavy metal se desenvolveu do blues, do Rock n’ Roll, do Jazz e do rock psicodélico do final dos anos 1960 e início de 1970. O estilo desenvolveu um som caracterizado por distorção amplificada, longos solos de guitarra, batidas enfáticas na bateria e alto volume.

O cover de Eddie Cochran da música "Summertime Blues" pela banda banda Blue Cheer em 1968, é considerada a primeira gravação heavy metal verdadeira.  No mesmo mês, Steppenwolf lançou o  álbum "Born to Be Wild", onde descrevia sua motocicleta como  "heavy metal thunder"; MC5, uma banda da cena rock de garagem de  Detroit, desenvolveu um estilo cru distorcido que influênciou o som do heavy metal e do punk. The Stooges, Pink Floyd e Led Zeppelin álbum também lançaram álbuns naquele ano. Led Zeppelin definiu aspectos centrais do gênero como a guitarra altamente distorcida e a voz dramatica do vocalista Robert Plant. Mas o marco da criação do Heavy metal foi  o lançamento em 1970 do álbum “Black Sabbath”  da banda homônima. No mesmo ano, outras bandas britânicas lançaram álbuns de estréia:  Uriah Heep e UFO com riffs pesados de guitarra, vocais rudes e letras sádicas e macabras. Nos EUA, outras bandas com identificação com o Heavy Metal surgiram, como Blue Öyster Cult, Aerosmith e KISS. Com Jimi Hendrix, a guitarra ganha lugar  de destaque, com som virtuoso e poderoso. Na Inglaterra,  Judas Priest lança seu primeiro álbum, "Rocka Rolla" em 1974. Motörhead, fundada em 1975, foi a primeira banda importante a equilibrar a divisão punk /metal com ênfase na velocidade.

O Heavy Metal tem valores e atitudes que caracterizaram a geração Woodstock: os rockstars ficam em pedestais e seus adeptos disconfiam da autoridade social e a autenticidade é uma virtude moral.
Durante os anos sessenta, muitos cantores psicodélicos como Arthur Brown, começaram a criar apresentações bizarras, teatrais e muitas vezes macabras, o que influenciou muitas bandas de rock emetal como Alice Cooper.


New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM)
O punk rock surgiu em meados dos anos 1970 como uma reação contra condições sociais contemporâneas bem como o rock superproduzido da época, incluindo o heavy metal. As vendas de discos de heavy metal (Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath) diminuiram drasticamente no final de 1970 em face do punk, do disco e de um rock mais mainstream.
Então algumas bandas decidiram resgatar o heavy metal dando origem a chamada New Wave of British Heavy Metal. A Nova Onda do Heavy Metal Britânico reenergizou o estilo ao final dos anos 70 e início dos 80.  Apesar do nome, o NWOBHM não foi um movimento exclusivo da Inglaterra, mas mundial.
O NWOBHM retirou os traços de blues do HM, adicionando peso e velocidade, ressaltando os aspectos do estilo, razão pela qual o estilo chamado de metal tradicional seja em grande parte moldado a partir das bandas da New Wave of British Heavy Metal. Os expoentes desse movimento são Iron Maiden, Venom, Def Leppard, Saxon entre outros;  Venom é  também tido como o precursor do Black Metal e Def Leppard ajudou a moldar o hard rock oitentista.


Mainstream:  fins da decada de 1970 – década de 1980
As bandas do NWOBHM atingiram o topo das paradas musicais em diversos países do mundo.  Nos Estados Unidos, inspirados pelo sucesso da banda Van Halen, uma cena de metal começou a se desenvolver no sul da Califórnia no final de 1970.


Década de 1980
Com o sucesso mainstream de Judas Priest e seu álbum British Steel (1980), o heavy metal tornou-se cada vez mais popular.  O gênero foi beneficiado pelo surgimento em 1981 do canal MTV, e as vendas de discos de metal dispararam. Revistas dedicadas ao gênero surgiram em diversos países do mundo.

Em meados dos anos 1980, o hard rock/hair metal se tornou uma força comercial dominando rádios, televisão e  shows de arena.  O hard rock tem sonoridade próxima  às raízes do blues colocando maior ênfase na melodia. Com base nos clubes de Sunset Street (Los Angeles), as bandas hard foram influenciados pelo heavy metal tradicional dos anos 1970 e incorporaram o teatro e a maquiagem (como Alice Cooper e Kiss) com letras que enfatizam o hedonismo, o machismo, romantismo e um comportamento rebelde e selvagem. Bandas: Mötley Crüe,  Poison,  Cinderella, Ratt, Bon jovi, Twisted Sister, Europe, Quiet Riot,  Def Leppard, WASP, Skid Row, Guns n Roses e Nitro.

 

Na década de 1980, o metal ampliou sua base de audiência, não sendo mais domínio exclusivo de adolescentes do sexo masculino. A audiência tornou-se mais feminina e sem idade definida atingindo jovens e adultos.

Em 1988, a banda  Jane's Addiction foi uma das primeiras a ser identificada como "metal alternativo", tendência  que se popularizaria na próxima década.

No entanto,  a cena metal começou a se subdividir, no underground, bandas mais extremas e agressivas surgiam. O thrash metal invadiu o cenário no início dos anos 1980, com bandas como Metallica, Megadeth, Slayer, Anthrax. Testament, Overkill, Kreator, Sodom, Destruction e Sepultura também são bandas de destaque. O  thrash começou como uma cena underground e permaneceu  lá por quase uma década, após isso, Metallica e Megadeth acabaram se destacando no mainstream e Slayer lançou um dos discos definitivos do gênero: Reign in Blood (1986), atraindo seguidores  skinheads de extrema-direita. O Thrash logo começou a evoluir e se dividir em mais gêneros extremos.

O gênero death metal adotou elementos de blasfêmia e diabolismo. Bandas como Death e Possessed são consideradas as seminais do estilo que utiliza a velocidade e agressividade do thrash e do hardcore com letras com teor sombrio, de violência, filme de terror e satanismo. Os vocais geralmente são  guturais.

A primeira onda de black metal surgiu na Europa em meados da década, inicialmente liderado por Venom, Mercyful Fate, Hellhammer, Celtic Frost e Bathory. Ao final dos anos 1980, bandas norueguesas como Mayhem e Burzum lideravam uma segunda onda. Temas satânicos são comuns no black metal, embora muitas bandas tenham inspiração no paganismo antigo promovendo um retorno ao valores pré-cristãos. Lá por 1990, Mayhem estava regularmente usando o corpse paint, adotado por outras bandas também. Gaahl, ex-vocalista da banda Gorgoroth diz que o Black Metal não foi concebido para atingir um público grande pois tinha como inimigos o cristianismo, o socialismo e tudo que a democracia apóia.




Nos anos 1980, a cena power metal surgiu como uma reação ao  death e ao black metal. É um estilo  popular na Europa, Japão e América do Sul. Tem  letras otimistas e melodias épicas  O protótipo do som foi criado pela banda Helloween combinando riffs energicos, velocidade thrash e um estilo limpo de cantar. Bandas tradicionais do estilo são Hammerfall, DragonForce, Iced Earth.
O power metal por vezes emprega cantores de ópera. Intimamente relacionado com power metal é o metal progressivo do Rush, Queensrÿche, Dream Theater e Symphony X. O Power Metal Sinfônico aparece em bandas como Rhapsody of Fire, Nightwish e Kamelot na decada de 1990.


Ainda nos anos 1980, o grindcore surge misturando extremos:  hardcore punk, metal extremo, anarco-punk, noise rock e rock industrial. Vocais guturais, músicas curtas e velocidade. As principais bandas são Napalm Death e Extreme Noise Terror além de Carcass.


Decada de 1990


O Doom metal enfatiza melodia e melancolia em riffs lentos. Black Sabbath é considerada uma banda referencia devido à  atmosfera de escuridão de suas letras.  Em 1986, Candlemass é a banda que mistura o sombrio e tendências modernas como o bumbo duplo na bateria.  Em  1991 o álbum de estréia da banda Cathedral, ajudou a desencadear uma nova onda de doom metal em bandas como Winter, de som cru e vocais guturais  e Thergothon,  banda considerada uma das precursoras do "funeral doom".

 
Já o metal sinfônico, de bandas como Epica, Within Temptation e After Forever, tem um eventual clima sombrio, temas líricos românticos e com influencias de gothic metal, power metal e música clássica. As bandas fazem uso de elementos sinfônicos ou orquestrais, onde o teclado é um instrumento de grande importância.


O Gothic metal é um gênero do heavy metal que evoluiu do death e do doom metal. Tem melancolia, temas sombrios variados, tragédias, romances, religião, medievalismo ou mitologia. Muitas das bandas do gênero utilizam elementos da música erudita como coros, orquestras e vocais líricos. A afinação dos instrumentos é grave, os teclados são quase que obrigatórios, os vocais podem ser masculino tenor ou gutural e os femininos agudos.
Uma das coisas mais curiosas sobre o gothic metal é polêmica com o seu nome. Os primórdios do estilo podem ter vindo de uma banda deathrock, a Christian Death, e do Samhain, banda de horror punk, ou seja, referências fora da subcultura metal. O gothic metal ganhou esse nome devido ao álbum lançado em 1993 por Paradise Lost. Bandas do estilo: My Dying Bride, Anathema, Tiamat, Theatre of Tragedy, Tristania, Lacrimosa no começo de sua carreira e Type O Negative que deu uma americanizada no estilo misturando hardcore punk, industrial e pop psicodélico.
Um dos erros comuns é classificar todas bandas de temas sombrios e vocais femininos por vezes operísticos de gothic metal. Outro erro é pensar que o estilo é parte da subcultura gótica. Você pode ler sobre as diferenças nos links abaixo:
Dark, Gothic, Goth, Gothic Metal
Gótico x Subcultura Gótica

 


No início de 1990, o thrash alcançou grande sucesso no mainstream e em 1992, o black metal começou a surgir em áreas fora da Escandinávia, como a Alemanha, França e Polônia. No fim da década, os norueguses do Dimmu Borgir levaram o Black Metal perto do mainstream assim como Cradle of Filth.




A decadência do estilo nos anos 1990

Ambos os estilos mainstream NWOBHM e o Hard Rock tiveram uma pausa na década de 1990 com o surgimento do grunge e do avanço popular do rock alternativo. Os excessos do Heavy Metal eram rejeitados, o Hard caiu em desgraça devido ao groove metal pós-thrash de White Zombie e Pantera. Algumas bandas tentaram se adaptar-se à nova paisagem musical: o Metallica renovou a sua imagem cortando os cabelos curtos.

Grupos como Jani's Addiction e bandas da cena de Seattle como Soundgarden, Alice in Chains estavam no centro do movimento do metal alternativo. O rótulo foi aplicado a uma grande variedade de sonoridades que fundiam o metal com outros estilos: Faith No More, Fear Factory, Ministry, Nine Inch Nails e Marilyn Manson (utilizando elementos de choque do tipo de Alice Cooper).
O metal alternativo, apesar de não representar uma cena coesa, era unido pela vontade de experimentar com a sonoridade metal.


Em meados de 1990, nos Estados Unidos, inspirados pelas bandas de metal alternativo, grunge, hip hop, metal extremo e hardcore punk, surge desta mistura de gêneros o nu metal, com bandas como Slipknot, Linkin Park, Limp Bizkit, Papa Roach, POD, Korn e Disturbed. O Nu metal ganhou sucesso mainstream através da MTV. Em 1996 Ozzy Osbourne colocou bandas de metal alternativo na primeira edição do Ozzfest, junto com bandas tradicionais de metal, o que levou a mídia a falar de um ressurgimento do heavy metal. Embora nu metal seja um estilo popular, os fãs de metal tradicional não abraçam completamento o estilo. 




Década de 2000
Na década de 2000, o Heavy Metal se viu ganhando espaço novamente. Especialmente na Europa, surgiram bandas inovadoras. Países como Bélgica, Holanda e Alemanha foram os mercados mais importantes. As bandas Children of Bodom, Dimmu Borgir, Blind Guardian e HammerFall tiveram grande destaque.
No início de 2003, a popularidade nu metal estava em  declínio, apesar de bandas como System of a e Slipknot terem seguidores significativos.
 

O Metalcore, um híbrido de metal extremo e hardcore punk, emergiu como uma força comercial em meados da década. Já o melodic metalcore, influenciado também pelo melodic death metal popularizou bandas como Killswitch Engage e Bullet for My Valentine.  A banda Lamb of God, de groove metal também teve sucesso nesta década assim como Trivium e Mastodon (progressivo/sludge) que inspiraram um revival do heavy metal no EUA.


Retrô Metal
Vale ressaltar que esse revival do heavy metal a partir de 2006 também se espalhou pela Europa e pelo Brasil. O interesse por bandas primordiais e do NWOBHM foi notável, tanto que diversas bandas que  estavam praticamente vivendo do underground ou que haviam dado uma pausa desde a decadência do estilo nos anos 90, retornaram com força total em grandes turnês. Assim como houve um forte retorno do Hard Rock atravéz da cena sueca Sleazy. Bandas influenciadas pela sonoridade grunge como Creed, Puddle of Mudd, Nickelback, Shinedown, Seether invadiram os rádios e assim como o garage rock do Three Days Grace.


Curiosidades

Metal americano x Metal Europeu
O heavy metal americano e o heavy metal europeu são um pouco diferentes. Sendo a América uma nação focada em comério, é extremamente natural que as bandas americanas tenham um som mais comercial e mainstream e isso, pra eles, não é nada negativo ou inferior, é uma questão cultural.

Headbanger x Metalhead
As diferenças culturais não são apenas sonoras, na Europa continental, o fã de heavy metal é chamado de “headbanger”, associado principalmente aos fãs de metal tradicional (Trad Metal) que se vestem de forma “retrô”;  já nos Estados Unidos os fãs são chamados de “Metalheads”, palavra que se tornou popular desde 1990, já que é um termo genérico que abrange fãs todos os estilos de metal.

Mão Chifrada
O simbolo do Heavy Metal, a mão “chifrada”, é de autoria do cantor Dio. Quando ele se tornou vocalista da banda Black Sabbath, quis adotar um símbolo diferente do que o ex-vocal do Black Sabbath, Ozzy Osbourne usava: o simbolo do paz e amor. Dio lembrou-se de um símbolo que sua vó italiana sempre fazia quando se referia ao Diabo: a mão formando o desenho de um chifre, o símbolo Moloch. Mas Gene Simons do Kiss, alega que foi ele quem primeiro fez este símbolo.


True x False Metal
Diz-se que a frase “death to false metal”, se refere ao metal extremo. Manowar, banda conservadora de metal tradicional que inclusive é contra mulheres na cena, nunca mudou seu estilo musical e segundo dizem, repudia o metal extremo. O que evidenciou este fato foi quando Adrian Smith (Iron Maiden) ao ser perguntado se gostava de Black Metal norueguês, teria respondido: “No. Death to false metal”. Também há um grupo de pessoas que  consideram o nu-metal e o metal alternativo um falso metal. O que nos faz concluir que tudo que foge dos estilos primordiais do  metal é considerado falso, demonstrando claramente o caráter conservador de uma linha de pensamento que não aceita a evolução e diversificação do estilo. Estes músicos/fãs mais conservadores são chamados pejorativamente de “TrOOs”, uma brincadeira com “true metal” ou seja “metal verdadeiro”. 


Corpse Paint:
Os primeiros músicos a utilizar o Corpse Paint foram os integrantes da banda brasileira Secos & Molhados no início da década de 1970. Diz Ney Matogrosso que um integrante no Kiss estava no Brasil hospedado na casa de seu produtor e foi a um show do grupo e se impressionou.  Em sua biografia, Gene Simmons não toca no assunto sobre de onde Kiss tirou a idéia dos rostos maquiados.  Além da banda Kiss, no heavy metal, King Diamond utilizou esta maquiagem na década de 1980 inspirado pelos shows teatrais de Alice Cooper. Posteriormente os punk rockers do The Misfits e David Vanian do The Damned também adotaram.

Espera, vcê não falou das bandas com mulheres! Calma, falarei sobre elas durante a sequencia de posts!

Fontes pesquisadas: Wikipedia e o livro Heavy Metal: The Music and its Culture.

6 de março de 2013

Alexander McQueen: Outono Renascentista

E aqui está mais uma coleção com referencia renascentista. A marca Alexander McQueen já havia divulgado fotos de seu preview de outono (fotos mais abaixo) dando uma idéia do que estava pra ser desfilado.
Sarah Burton, trouxe a moda elizabetana de volta à vida, super ornamentada e teatral, as pessoas presentes no desfile disseram que pareciam ter voltado ao passado, tamanha fantasia o desfile os envolveu.
Luvas brancas cobriam apenas os dedos, rufos super plissados ou enfeitados, uma máscara de pérolas prendia o rosto das modelos e saias armadas na barra como as antigas crinolinas.


As fotos do preview de outono, liberadas ano passado já mostrava traços renascentistas do que estava por vir, as estampas históricas de arabescos e referências do puritanismo anglicano. Opulência, pureza, aristocriacia... e com peças usáveis!








Gareth Pugh: Inverno numa Floresta Sombria

Uma floresta escura, hostil, fantasmagórica e assombrada em contraste com peças fortes e marcantes. Cabelos úmidos pela névoa... Adoraria ter um inverno, uma floresta e poder usar essas roupas ;)



Valentino: Flemish Art e Renascença

Inspirado pela Flemish Art - que engloba os períodos do gótico tardio e da renascença - e por contos de fada como Branca de Neve, Valentino apresentou esses lindos vestidos na passarela do outono inverno 2013/14.


5 de março de 2013

Dark Glamour: Desfiles!

Alguns looks que andam inspirando as minhas costuras ...


 

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