Destaques

8 de maio de 2013

Moda Alternativa: Roupas para Gestantes

A moda alternativa para gestantes investe mais no conforto do que no estilo diferenciado. Geralmente as lojas oferecem leggings e muitas peças em malha. Muito simples e básicas, o toque alternativo fica com os cabelos coloridos (já existe tintura fantasia que as gestantes podem usar sem problemas), com os acessórios e os calçados.
Gravidez significa ter um corpo muito diferente do habitual ainda que por poucos meses. É uma forma temporária que exige roupas adequadas. Peças para a fase gestante são mais caras, e são uma gasto praticamente obrigatório.

Acredito que seja pensando no fato de ser temporário que as marcas alternativas investem em peças muito simples já que mulheres alternativas tendem a preferir roupas mais elaboradas quando não estão grávidas. Pra não se tornar uma mudança de estilo assustadora, o preto e as caveiras estão sempre lá, pra dar um pouco de segurança, é uma cor que vai com qualquer coisa, tanto com peças novas adaptadas ao novo formato do corpo quanto com acessórios já existentes. Já sobre calçados, cada caso é um caso mas até mais ou menos os 5 meses é possível usar algum salto mas depois disto sapatilhas ou rasteiras são peças mais sensatas.
 
 

2 de maio de 2013

A Modernização das Lojas Alternativas Estrangeiras

Quando falamos de lojas alternativas, o que costuma nos vir à mente são lojas escuras, com de roupas pretas e enfiadas em algum beco, rua ou galeria de "segunda classe" das cidades. Este estilo ainda prevalece em muitas lojas no Brasil. Porém no exterior, isso mudou desde aproximadamente meados da década de 2000. Diversas marcas alternativas mudaram o layout de suas lojas físicas para uma estética menos trevosa e mais interessante ao olhar de possíveis clientes sem perder suas personalidades. O mesmo aconteceu com seus sites que, embora ainda mantenham o preto com referencia obscura, suavizaram as cores nas páginas de destaque dos produtos.

Uma das maiores redes de lojas alternativas dos EUA, a Hot Topic, fez isso em 2007. Segundo o diretor financeiro da empresa, foram sugestões dos clientes e mudanças na indústria (do vestuário) que fizeram com que eles mudassem o visual de todas as lojas, palavras dele:
 
"As pessoas estavam dizendo que as lojas estavam muito escuras, góticas e intimidantes para os clientes". 

As lojas da empresa agora tem paredes em cores claras, quiosques de mercadorias e se livraram da "escuridão" que para alguns passava a impressão de mau presságio e afastavam possíveis compradores. Esta marca oferecia aos compradores um conceito original quando foi criada, mas ao longo do tempo sua mercadoria acabou focada no nicho de mercado dos adolescentes inconstantes. 

Como a moda alternativa mudou na década de 2000 devido à influência forte da estética do street style de Harajuku e da onda retrô, as roupas acabaram ficando mais leves e coloridas e assim, houve a necessidade de  mudar a estética das lojas físicas. A idade dos clientes da marca não mudou, mas sim, suas preferências pela estética alternativa. A moça gótica de hoje não é apenas gótica. Ela é influenciada por tudo o que é alternativo. A empresa também é proprietária da Torrid, apresentada aqui no blog no post de Moda Alternativa Plus Size e gigante, investe em mais lojas físicas, já tendo 700 pontos de venda nos EUA.

HT: Visual mais clean para atrair novos clientes
Claro que não dá pra comparar uma loja gringa e uma nacional, são esquemas completamente diferentes tanto na quantidade de público (é bem maior no exterior, ou ao menos aparenta ser) quanto na questão administrativa (nossos impostos pra abrir loja e nossos insumos são caros demais). Mas dá pra se inspirar no método de comercio delas.

É absolutamente normal que nossas referencias de estilo venham do exterior porque em Moda (tanto normal quanto alternativa) eles estão ao menos 2 estações antes de nós, ou seja, os gringos ditam as tendências. Só que, quando falamos de moda alternativa nacional, são poucas as lojas daqui que seguem as tendências alternativas do mercado, o que faz com que o público brasileiro veja fotos de gringas, queiram as roupas, mas não encontrem semelhantes disponíveis nas lojas daqui e acabam importando peças (o que as vezes sai bem carinho). 

Seguir tendências não significa necessariamente criar cópias, embora as tendências sejam isso mesmo: variações do mesmo tema, sem culpa nem mágoas, é a democratização de vários estilos de moda. E seguir tendências também não significa não poder criar e adaptar ao clima e público de cada país, região. Isso é questão de criatividade. 

A influência de Harajuku trouxe cor à moda alternativa ocidental

No Brasil, acontece com frequência de que o/a dono da loja alternativa ser quem cria as peças majoritariamente de acordo com seu gosto pessoal. E assim, consegue como público clientes que tem o mesmo gosto pessoal que eles. Outra coisa que acontece é o dono da loja insistir em fazer "a peça do momento" mesmo que essa não seja sua real habilidade, como por exemplo: corsets. O problema de se criar peças baseando-se apenas em seu gosto pessoal é perder de ter outro público como cliente, um público maior ou diversificado. Insistir em fazer "a peça do momento" e não seguir sua habilidade natural, que pode ser outra, como por exemplo, criar saias incríveis ou estampas (se você desenha bem) faz você desvalorizar o que faz bem.
Não incluo nesta  categoria as lojas com criação autoral. Normalmente em Moda,  as marcas que fazem criação autoral tem o nome pessoal do dono/designer como nome da marca, mas curiosamente, no Brasil, ao contrário do que manda o figurino, não é assim. Posso citar como excessão a Rose Sathler que tem sua linha de criação de corsets autorais separada de sua linha de corsets da moda.

Muitas lojas estrangeiras investem na profissionalização da equipe. No Brasil, exceto por lojas em que os donos são dois ou três sócios- cada um cuidando de um departamento, existe um medo absurdo de contratar estudantes de moda ou mesmo pessoas já formadas em moda como funcionários. Esqueçam aqui a questão $$ pra pagar um funcionário, vamos focar no medo dos donos de lojas: cópias e roubos de ideias.
Muitas lojas tem medo de contratar pessoas por medo que elas copiem ou roubem suas ideias. E assim, todo o trabalho fica sobrecarregado no dono da loja que trabalha praticamente sozinho fazendo tudo. Eu concordo que SE o dono da loja tem uma técnica ou método ou uma criação autoral, ele pode sim manter isso longe dos olhos de um funcionário mas ao mesmo tempo, há o lado negativo disso:
- Todos os anos se formam em moda ou já se formaram pessoas com a MESMA ideia que a sua, querem criar o mesmo tipo de produto que você cria. Porque então não trazer pra perto estas pessoas com idéias semelhantes para crescerem juntos ao invés de se repelirem?
- Estas pessoas acabam criado lojas que se tornam suas concorrentes e vocês fazem produtos tão semelhantes que pode criar atrito entre proprietários, pensando que um copiou o outro. Pode ser, mas às vezes, vocês apenas tem as mesmas referências e as mesmas visões, coisa que, se trabalhassem juntos ou em parceria, seriam amigos. Aquilo de "a união faz a força", não parece ter o mínimo de fundamento na moda alternativa nacional.
É isso que as lojas gringas fazem, aos poucos foram agregando pro time pessoas com pensamentos e ideias semelhantes e até mesmo bem diferentes para que a criação das peças se tornasse mais abrangente e se conseguisse mais clientes. Acredito que o medo da cópia e a não contração (ou sociedade ou parceria) de pessoas formadas em moda com ideias semelhantes atrasa sim o desenvolvimento da moda alternativa nacional. 


Outro aspecto importantíssimo que vale a pena considerar com muita atenção: 
A mudança de comportamento de cada geração!
Amigo, a  geração que tá com 17, 20 anos agora pensa completamente diferente da sua, que tem 27 ou 33 anos! Hoje em dia, os jovens são muito antenados com o que rola no exterior, individualistas e, lembram de minha sequência de três posts sobre a monocultura?
Sim, são poucos os jovens de hoje que de fato fazem parte de uma subcultura; agora eles fazem parte de tribos urbanas pós-modernas e mudam de estilo com muita facilidade. Então se antes, por exemplo, sua intenção era pegar apenas o público gótico, saiba que hoje, o público gótico de 17, 20 anos também usa peças do heavy metal e até o estilo mais retrô pin-up. E as lojas alternativas gringas perceberam isso há tempos e se adequaram ao estilo de consumo dessa nova geração que não se prende em subculturas mas em estilos diferenciados embora possam sim, ter um gosto musical rock ou punk mas que não precisam necessariamente e obrigatoriamente mais se expressarem visualmente como os estereótipos das subculturas que admiram.

Não adianta dizer: "ah mas na minha época era diferente, a gente prezava pelos valores e pela moda do grupo subcultural em que estávamos inseridos". Sua época é agora! Se seus clientes "de sua época" cresceram e abandonaram o estilo, pra quem você vai vender? A nova geração de consumo está aí e é preciso conquistá-la sem preconceitos.

Trevosidade amenizada: no século XXI o alternativo ganha ares de glamour!

Claro que muitas lojas vão dizer que falta $ pra fazer tudo isso, é tudo muito caro aqui e eu concordo!! Sei como é difícil, estou sempre em contato com lojas nacionais, sou estilista e sei disso, mas a minha intenção com esse post é abrir a mente dos futuros lojistas de  moda alternativa pra quem sabe, arriscarem algo diferente e verem se dá certo. Afinal, se não houver risco ou tentativas, tudo continuará na mesma.

Se o mercado alternativo nacional fosse profissionalizado, minha consultoria seria contatada por lojas e eu seria paga fosse como estilista, fosse como historiadora da moda das subculturas, assim como existem consultores de moda para empresas mainstream que são pagos. E eu poderia tecer aqui várias reclamações sobre isso, mas não farei porque evito cair no mesmo círculo vicioso de muitas lojas: apenas reclamar. O público é exigente. Mas como conquistá-lo? Esse é o desafio!

Se não crescemos juntos, no futuro ninguém vai poder se profissionalizar e viver da moda alternativa? E muitos dos que se formam em Moda perderão seus sonhos por falta de oportunidade de trabalhar e ganhar experiência em lojas de nome já fixadas no mercado.

Como já fiz outras vezes no blog, a seguir publicarei várias postagens sobre Tendências da Moda Alternativa atual para termos idéia do que anda rolando no mercado deste segmento no exterior e quem sabe, nos inspirar!


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26 de abril de 2013

Peach Hair: Cabelos cor de Pêssego!

Os cabelos cor de pêssego tem arrancado suspiros de quem é fã de cabelos em tom fantasia.
Lembram da foto da Hayley Williams que postei recentemente AQUI? Então, a cor nada mais é do que uma mistura do rosa com o laranja. Alguns caem mais pro laranja outros mais pro rosa, mas particularmente gosto quando as cores ficam bem misturadas. Também tem as versões mais fortes e as versões mais pastel assim como em tons degradê.
Separei umas imagens pra vocês:


 
 

25 de abril de 2013

A Moda e o Tempo: Mulheres Vitorianas

 A Moda e o Tempo: Mulheres Vitorianas

Veja as outras partes desta sequência:
A Moda e o Tempo Parte 1: A Revolução Romântica na Moda
A Moda e o Tempo Parte 2: Os Primeiros Vitorianos
A Moda e o Tempo Parte 3: O Homem Vitoriano e sua Barba
A Moda e o Tempo Parte 4: Mulheres Vitorianas

A mulher ideal vitoriana continuou a envelhecer durante a metade da década de 1800. Agora não era mais suficiente ser inocente, terna e decorativa; a mulher realmente admirável era um exemplo das virtudes da dona de casa habilidosa na administração doméstica. Embora permanecendo delicada, terna e discreta, supostamente também deveria ser talentosa, prática, caridosa, religiosa e acima de tudo, extremamente maternal, capaz de instruir e orientar os vários filhos sobreviventes. Esta foi uma época de famílias enormes, resultado do baixo índice de mortalidade infantil, foi também época da migração da população do campo para a cidade e subúrbios. Cada vez menos homens trabalhavam em casa ou nas vizinhanças e o patriarca vitoriano teve de delegar um pouco de sua autoridade.

A beleza vitoriana ideal na mulher da foto e um retrato de seis irmãs, ilustrando o baixo índice de mortalidade infantil.

 
  
A mulher ideal da metade do século, o "anjo da casa", está bem representada na obra "Mulherzinhas" de 1868 de Louisa May Alcott. Novamente, a moda se alterou para se ajustar ao novo ideal, as curvas se acentuam, o tecido se tornou mais pesado, as cores mais fortes; as abas do chapeu com pala (bonnet) se afastaram de seu rosto, como se permitindo a mulher madura enxergar mais o mundo, metafórica e fisicamente. A beleza nas estampas da moda e ilustrações populares da época estão agora ocupando mais espaço. Esta foi a época das crinolinas, e mais tarde, a da anquinha (bustle), e acrescente importância das mulheres na esfera doméstica e social foi assinalada por sua corpulência. A moda demasiado grande também permitiu que exibissem inteiramente a riqueza de seus pais ou maridos.

Os meados do século XIX viram a existência da crinolina e do bustle. Ambos trajes elaborados que perminitiam à mulher exibir a riqueza de seus pais ou maridos. 

 

Nas décadas finais do seculo XIX, a mulher ideal continuou a se tornar maior e mais velha. Seu tamanho era um sinal de ser cada vez mais visível publicamente; em número cada vez maior, a mulher passou a frequentar as escolas, trabalhar pra se sustentar e fazendo campanha pela igualdade legal e política. Porém mesmo quando ficava em casa, como uma peça decorativa, a
mulher do final da Era Vitoriana e início da Era Eduardiana era uma criatura fisicamente impressionante.
Altura e peso acima da média cessaram de ser empecilho e se tornaram um trunfo. Autores elogiavam as proporções das heroínas, descrevendo-as como régias e majestosas. Para aquelas não dotadas pela natureza, como a heroína criança da obra "Old Mortality" de Katherine Anne Porter, não havia esperança: "...uma beleza tem de ser alta; qualquer que seja a cor de seus olhos, o cabelo deve ser escuro, quanto mais negro melhor; a pele deve ser pálida e macia...Ela nunca seria alta; e isso, evidentemente, significava que nunca seria bela".

Podemos ver o tipo ideal em fotografias de belezas famosas como Maud Gonne, Lily Langtry e Jennie Churchill, assim como em estampas de moda (Fashion Plates) da época. Ela era de compleição opulenta, com a figura de uma próspera mulher de meia idade: redonda, braços gordos e ombros largos, quadris e traseiros fartos, e um busto grande, mas pendente, de matrona. Uma cintura pequena, criada por um espartilho rígido que destacava o volume acima e abaixo. Sua postura era ereta, ombros quadrados; queixo proeminente, perfil grego, seus traços largos e bem definidos, sua expressão graciosamente dominadora. A criança tímida e feérica do começo do século XIX, tornou-se a beleza segura de si, pintada por Sargent e desenhada por Charles Dana Gibson.

No fim do século XIX a mulher se tornou maior em termos de vestimenta e de corpo - contrastando com o ideal romântico e vitoriano inicial da magreza e pequenez. O que poderia simbolizar ela estar mais visível publicamente. Mulheres opulentas com cintura pequena destacando os volumes acima e abaixo eram a beleza ideal como Lily Langtry e Camille Clifford, musa de Charles Dana Gibson.


A moda comtemporânea exibiu essa criatura maravilhosa, favorecendo-a ao máximo e ofereceu à mulher de dimensões medianas a esperança de competir com ela. Havia espartilhos rígidos acolchoados para criar a curva elegante, espartilhos ornados de cascatas de laços engomados para encher o peito, blusas com mangas imensas bufantes para aumentar os ombros, golas altas
para elevar a apoiar o queixo e saias pesadas com caudas. Botas com saltos consideráveis aumentavam a estatura da deusa; e seu penteado, alto, estufado sobre proteções de arame e crina de cavalo, culminando com um imenso chapéu, podia acrescentar mais alguns centimentros. Como mostram fotógrafos contemporâneos, com essa roupa, a beleza madura parecia gloriosa. Entretanto as mulheres mais jovens e esguias, com frequência ficavam com a aparência desajeitada e amontoada de ornamentos; e a pequenina era reduzida a uma trouxa desleixada de roupa cara pra lavar.

O ideal de beleza era a mulher madura, e jovens vitorianas, em trajes da moda, pareciam muito mais velhas e mais sérias do que suas idades reais.




As mulheres magras e baixas não eram consideradas belas. Ser alta, ter cabelos escuros e pele pálida era o ideal de beleza. Botas com salto,  penteado "pra cima"e chapéus elaborados davam a ilusão de mais altura.


Sendo uma moda que valorizava mulheres maduras, as que não eram corpulentas e altas, tiveram ajuda da moda: espartilhos acolchoados, blusas com mangas bufantes pra aumentar os ombros. Sendo assim, as jovens magras pareciam envoltas em um monte de tecido que sobrava pra todo o lado.




Fonte: livro A Linguagem das Roupas 


20 de abril de 2013

A Moda e o Tempo: A Revolução Romântica na Moda

Vocês já devem ter lido o post "A Lei de Laver - A Moda e o Tempo" que falava como fatores econômicos e sociais influenciam o gosto e as escolhas de moda dos indivíduos. Nesta postagem volto a abordar a relação entre Moda e Tempo, mas sob outro ângulo.
Embora os indivíduos tenham sido censurados por se vestirem como jovens ou velhos demais, às vezes a própria moda cometeu o mesmo crime. Em determinados períodos da historia, toda uma geração de carneiros - sem mencionar alguns lobos - usou roupas de cordeiro. Em algumas épocas, os estilos que prevaleceram para homens e mulheres sugeriam maturidade avançada, dando aos jovens uma aparência de meia-idade. 
Essas mudanças na moda não são arbitrárias e extravagantes e sim, o sinal externo e visível de profundas alterações sociais e culturais. A adoção de estilos juvenis nunca envolve a roupa isolada. Invenção, experimentação, novidade e acima de tudo juventude, entram na moda e a própria moda começa a imitar as roupas de crianças. Às vezes os estilos copiados são contemporâneos, com frequência são aqueles que a última geração de adultos usou quando era jovem. Ao vestir estes estilos, os indivíduos comunicam graficamente que se recusam a se colocar no lugar de seus pais ou a se parecer com eles de alguma maneira.

Veja as outras partes desta sequência:
A Moda e o Tempo Parte 1: A Revolução Romântica na Moda
A Moda e o Tempo Parte 2: Os Primeiros Vitorianos
A Moda e o Tempo Parte 3: O Homem Vitoriano e sua Barba
A Moda e o Tempo Parte 4: Mulheres Vitorianas

 
A Revolução Romântica na Moda 

No século XVIII as roupas eram - e foram durante muito tempo - extremamente formais, rígidas e elaboradas. As pessoas ricas dos dois sexos vestiam trajes com enchimentos, barbatanas, fitas, enfeites e bordados. Os pés eram apertados em sapatos de salto e bico fino. As cabeças dos homens recebiam o peso das perucas e cacheadas; as das mulheres, construções complicadas de cabelo verdadeiro e falso que podiam levar horas para serem realizadas e às vezes atingiam alturas surpreendentes (são vistas nos retratos de Maria Antônieta e das mulheres de sua corte). 

A moda extravagante feminina tinha trajes com armação lateral nas saias, enfeites e penteados elaborados. Os homens, igualmente enfeitados com babados, bordados e grandes perucas.



Alguns homens foram longe, com o estilo "macaroni", originado por volta de 1770 por jovens ingleses que viajavam para a Italia. Em suas cabeças um penteado pompadour extravagante.



1880: traje feminino mais simples

A mudança para estilos mais infantis e simples ocorreu na época das revoluções francesa e americana, e foi uma manifestação da mudança politica, social e cultural. Mesmo antes de 1776, o movimento romântico, com ênfase no simples e natural, começou a se refletir no modo de se vestir.

Foi especialmente evidente na Inglaterra, onde franzidos e rendados para homens e enormes armações laterais de saias para as mulheres começaram a desaparecer na década de 1770. A moda americana obedeceu a inglesa embora à certa distância como acontece nas províncias. 

Na França, a extravagância e o excesso de adornos continuaram até a véspera da Revolução quando o Terceiro Estado aboliu a distinção de classes na maneira de vestir* e aristocratas aterrorizados abandonaram suas armações e jóias. Em uma crise, as pessoas tem menos tempo de comprar ou desenhar novas roupas. Uma vez passada a crise, foram introduzidos estilos mais simples, primeiro imitando os já existentes na Inglaterra, depois levados ao extremo.

Por volta de 1800, mulheres e homens usavam o tipo de roupa que deviam ter vestido em crianças: vestidos de musselina branca, decotados, de cintura alta para as mulheres; casacos simples, sem adornos, calças brancas e marrom claras para os homens. As perucas e penteados elaborados cederam lugar a um cabelo mais curto, de aparência mais natural. As saias ergueram-se do chão, revelando tornozelos cobertos por meias brancas infantis e sapatilhas sem salto para os dois sexos. Os poemas de Blake Wordsworth proclamavam a virtude e a nobreza naturais da infância. Estes trajes tinham a energia, espontaneidade e sensibilidade romântica infantil daqueles que os vestiam (continua...).

De fins do século XVIII a começo do século XIX, os homens abandoram os adornos por um estilo mais simples, inclusive nos cabelos: 


As mulheres passaram a usar roupas com aparência infantil: longos vestidos de musselina com a cintura alta e sem os corsets que delimitavam a cintura (meninas crianças ainda não tem cintura), o que dava à elas uma aparência juvenil, pareciam ser mais jovens que suas idades verdadeiras.


* Diferente de hoje que temos uma moda mais democrática e acessível, antigamente as roupas diferenciavam claramente as classes sociais.

Fonte: livro A Linguagem das Roupas 

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