Destaques

21 de março de 2014

Comparação: Rihanna x Jordan (com calcinha ou sem?) =P

Não resisti de postar essa comparação. 
Hoje, no meu feed do Facebook, alguém postou um link sobre a "polêmica" de Rihanna estar usando uma saia de renda com a calcinha à mostra.
Eu bati o zóio e pensei, polêmica naaadaaaa! Polêmica é usar uma saia transparente sem calcinha na década de 1970!!

Sim, o que Rihanna fez está longe de ser novo. Ora, desde quando calcinha pink comportada num look branco (cor associada à inocência) choca alguém? Que conservadorismo.

Em 1975 (1975!!!!), a punk Jordan (citada no post sobre a saia de tule), usava anágua como saia, sem calcinha e saía na rua (foto abaixo). 
Eu digo: não se iludam, as subculturas já fizeram de tudo, já chocaram gerações. Muitas das estéticas "chocantes" de hoje, são apenas um revival subcultural amenizado ou uma cooptação da moda alternativa.

Esse post foi apenas uma homenagem à atitude das fascinantes garotas punks de 30 anos atrás.


Betsey Johnson: uma avó punk!

Como o post anterior foi sobre as saias de tule, achei justo falar de uma "punk" que há 40 anos faz moda alternativa e uma das características de sua marca é justamente a presença constante das saias ao estilo tutu.
Eu gosto muito da Betsey Johnson, tanto que ela tem a própria tag aqui no blog. Mas esse gostar não se limita às criações dela. Mesmo porque algumas peças que ela cria eu não usaria; o que me fascina é que Betsey é uma jovem senhora de apenas 71 anos, tem aquilo que no meio da moda chamamos de "estilo próprio". Faz seus desfiles no mainstream (que sempre critica suas coleções) e nunca se rendeu à eles em termos de seguir tendência.


Pra entender as criações da Betsey e compreender porque alguns elementos se repetem com muita frequência em suas criações (saia de tule, animal print, cores vibrantes, cabelos coloridos) é preciso conhecer sua história. A partir daí é celebrar o fato de que quando um estilista cria um estilo próprio, você já sabe o que esperar e consequentemente, se um dia você quiser usar aquele tipo de roupa, você já sabe à qual marca recorrer!

Fatos de sua vida...
- Betsey foi parte de um movimento estético, musical e cultural dos anos 1960 chamado Youthquake. E isso significava ser amiga de pessoas como Twiggy, Edie Sedgwick, Mary Quant e Andy Warhol (vocês tem noção disso??).
- Na década de 1970, Betsey foi estilista de uma marca chamada Alley Cat, que era popular entre os músicos roqueiros da época.
- Betsey foi casada com John Cale, da banda Velvet Underground.
- Em 1978, no auge da cena Punk, ela criou sua própria marca.
- Betsey é mãe solteira e teve que se virar pra criar a filha sozinha.
- Betsey é sobrevivente de câncer de mama.
- Betsey gosta de ir  à Toquio buscar inspiração para suas criações.
- No ano passado ela e a filha, Lulu, ganharam um reality show num canal americano.

Lulu & Betsey: mãe alternativa

A filha de Betsey Johnson, que se chama Lulu, conta que quando criança, Betsey ia buscá-la na escola vestindo meia arrastão, saias de tule e estampa de leopardo. As mães de outras crianças não se vestiam daquele jeito e as crianças zombavam de Betsey. Lulu ficava muito magoada, de xingar os coleguinhas que criticavam sua mãe.
Apenas com 10 anos de idade Lulu compreendeu. Enquanto as outras mães odiariam ver suas filhas vestidas de bustier preto, meias arrastão, saias de tule e saltos altos; Betsey ficou feliz de ver a filha vestida daquele jeito e disse brincando: "OMG! Você se converteu, agora é mesmo minha filha!!". Enquanto as mães comuns diriam, "que roupa horrorosa, vá se trocar, já!". Betsey celebrava a ousadia da filha! Lulu ainda acrescenta que não é porque a pessoa virou mãe ou está na faixa dos 30 anos que deve se vestir de forma "careta", cada pessoa deve seguir seu próprio estilo.

Betsey e as netas: não é todo mundo que pode usar uma calcinha-cueca por cima da legging...

Algumas de suas criações mais recentes.


18 de março de 2014

Tendência: a história da Saia de Tule

A saia de tule está sendo vista com frequência nos sites e blogs de street style e já se tornou uma tendência. Como uma peça que vem dos palcos, obviamente sua versão street atual é bastante amenizada. 
Este post é pra lembrar que na moda alternativa, a saia de tule nunca saiu de cena!


Uma breve história...
A saia de tule surgiu dos figurinos de ballet da Era Romântica. A primeira saia de tule creditada foi usada em Paris em 1832 pela bailarina Marie Taglioni no ballet La Sylphide. Não se assemelhava muito à uma saia e mais à um vestido, mesmo assim, Marie foi ousada ao usar uma saia tão curta pra época, o que foi um escândalo. 
Com a evolução do ballet, uma saia mais curta foi necessária, assim, na década de 1880, a bailarina Virginia Zucchi foi a primeira a vestir uma acima dos joelhos.

A bailarina Marie Taglioni em 1832 e Virgínia Zucchi em 1880.


O tule
O tecido chamado de tule surgiu nos idos de 1700 na cidade francesa de Tulle. Consiste de tramas hexagonais feitas em seda, algodão e em tempos atuais também em nylon (poliamida) e poliéster. É um material usado em véus, anáguas, enfeites em chapéus e babados de volume. Sua versão mais grossa e rígida é chamada de "filó" (ou tule de armação). 
Existe também o tule enfeitado com pedrinhas de brilho e o de malha, mais fino, maleável e macio, que é usado pra fazer babadinhos em forros de saias (especialmente infantis), detalhes de recortes transparentes em roupas e um dos mais conhecidos é o com estampa de bolinhas. 
Cuidado pra não confundir o tule com a organza, isso é bem comum em sites que vendem roupas fabricadas na Ásia. A organza faz a mesma função do tule na questão de babados e transparência, mas é um material diferente, portanto não tem o mesmo nome e textura.



A "popularização" do tule
A Rainha Vitória da Inglaterra usou tule em seu vestido de noiva em 1840, foi aí que nasceu a associação do tule com decorações e vestidos de casamento. Na década de 1940 e 1950 do século XX, o tule retorna muito forte devido ao New Look Dior, já que anáguas eram exigidas para que as saias ficassem armadas. 

Tendência Atual
Na tendência atual, as saias se parecem muito com as da silhueta da década de 1950, são abaixo dos joelhos e rodadas.

Vestido de 1950 e moça usando uma saia semelhante atualmente.

A atual tendência da saia de tule vista nos sites de street style, é bonita, certinha, elegante. A amenização é a forma que pessoas comuns usam peças diferentes sem chocar a sociedade.



Na moda alternativa
Como vocês puderam notar, historicamente as saias de tule sempre estiveram por baixo das roupas femininas. 

Mas quem as colocou por cima das roupas ou usadas sozinha?
As punks! Com sua atitude contestadora e apreciação por subverter o senso comum, as saias de tule são usadas pelas garotas punks por cima das roupas ou mais escandalosamente: sozinhas! Como se fosse uma saia normal. Se hoje uma fashionista pode usar saia de tule amenizada na rua, ela deve agradecer às garotas punks que fizeram isso antes, abrindo caminho para uma maior aceitação!

Jordan (The Ants) na primeira foto e nas três fotos seguintes, as meninas da The Slits, uma das mais significativas bandas punks formada apenas por mulheres do fim da década de 70. Todas usando saias de tule.

Desde que entraram na moda alternativa na década de 1970 através das punks, a saia de tule sempre esteve presente nas lojas com o passar das décadas. Nos anos 80, elas invadem a moda neo-romântica/new wave e a gótica. Nos anos 1990 a saia permanece na subcultura gótica, cyber e industrial.


Alguns exemplos de saias de tule usadas na moda gótica, 
cyber/industrial e deathrock

Ainda nos anos 90, a saia de tule se faz presente na cena pop punk. Na década de 2000, invade a moda rock feminina, Amy Lee e Avril Lavigne são duas das principais adeptas da saia na cena rock.


No período entre a década de 2000 e os anos atuais, vemos a saia na moda scene e no trashy style, na cena retrô/pin-up, na moda dos fruits, kawaii e do pastel goth!



Como podem ver, a tendência da saia de tule é pras pessoas comuns, porque no meio alternativo ela nunca saiu de moda ;-D

* Curiosidade: Originalmente, a saia de tule engomada era chamada de "tutu" e a sem goma, chamada de  "saia de tule" mesmo. Mas hoje em dia, é comum muitas lojas venderem a saia de tule sob o nome de "tutu" mesmo esta não sendo engomada.

As saias de tule já estiveram aqui no blog algumas vezes. Eu mesma sou uma grande fã! Tanto que em 2005 (nossa, faz tempooo) eu fiz um tutorial pra uma comunidade do Orkut que eu participava. Pra ver é só clicar abaixo, as fotos são bem toscas, porque são de oito anos atrás! (eu já causava na internet falando de moda alternativa naquela época hahaha).
Clique: http://modadesubculturas.blogspot.com.br/2009/12/saia-de-tule-tutorial.html


E você, pretende adotar essa tendência? 
Prefere as saias do momento, as alternativas ou ambas? 



17 de março de 2014

A "Moda Alternativa" dos Pré-Rafaelitas (Século XIX) - A Roupa Estética e da Reforma

Em períodos altamente patriarcais como meados do século XIX, o historiador de moda James Laver observou que os trajes femininos e masculinos tendem a ser claramente diferenciados, e quem adotar em público a roupa do sexo oposto será considerado revoltante e repugnante. A campanha de Amelia Bloomer na década de 1850 para a peça que levou seu nome fracassou totalmente, foi recebida com zombaria e ostracismo social. Trinta anos depois quando surgiram as primeiras reformas no vestuário feminino, elas não consistiam de uma imitação do vestuário masculino e sim, suavizavam os aspectos mais inconvenientes e desconfortáveis da moda feminina.

Roupa Estética e da Reforma da década de 1880, obedeceu aos estilos contemporâneos. Vestidos mais folgados, sem muitos adornos, na época eram considerados revolucionários.
A roupa estética também se preocupava com o que a mulher vestia por baixo (como veremos abaixo). Radicais recomendavam o abandono do espartilho, contudo os estétas simplesmente achavam que a peça deveria ser remodelada para promover o suporte necessário (lembram do post onde explico as funções do espartilho?) sem a constrição excessivamente rígida da cintura. A introdução de ceroulas saudáveis (drawers) de lã ou algodão ofereciam à mulher mais proteção contra o clima. Apenas uma minoria da população feminina adotou o vestido reformado. E a maioria destas era composta de intelectuais, socialistas e boêmias da classe média.

O Início
O artista Dante Gabriel Rossetti fundou junto com John Everett Millais e William Holman Hunt, em 1848, a Irmandade Pré-Rafaelita. Através do revivalismo romântico eles produziam arte de vanguarda. Desenhavam vestidos destinados inicialmente como figurinos para as assistentes em suas pinturas, estes foram gradualmente adotados por um grupo mais amplo de mulheres como suas esposas, filhas e pessoas ligadas ao círculo de amizade. Estas pessoas usavam roupas inspiradas na Era Medieval em casa e em público. Esta contracultura de artistas e escritores, era contra o que eles viam como a desumanização provocada pela era Industrial. Para eles, a rigidez das roupas e espartilhos vitorianos eram desinteressantes e artificiais. A moda mainstream se opunha à esta moda alternativa e zombava dos pré-rafaelitas e de sua forma “estranha” e menos formal de se vestir.

Obras de Dante Gabriel Rossetti (as mulheres idealizadas do movimento estético, eram altas, ruivas ou com cabelo escuro,  de pele clara, queixos fortes e olhos tristes)

Obras de John Everett Millais (bastente influencia renascentista e medieval)

Obras de William Holman Hunt (referências orientais e renascentistas)


Industrial x Artesanal
Grande Exposição de 1851 em Londres, apresentou aspectos da Revolução Industrial como a energia a vapor, a indústria e a produção em massa. Os Pré Rafaelitas acreditavam que a perda do artesanato e de bens criados individualmente não beneficiariam a sociedade. Assim, eles viam a sociedade como rígida e obcecada por uma falsa aparência de respeitabilidade. Como resultado, a Irmandade Rafaelita defendia uma cultura que dependia de bens artesanais e roupas com base nos estilos do final da Idade Média, pois as roupas medievais eram simples, elegantes e bonitas. Muitos dos estétas eram vegetarianos ou defensores dos direitos animais, tanto que se opuseram ao uso de penas e de aves mortas inteiras em chapéus (moda na década de 1880).
O movimento estético era frequentemente parodiado e ridicularizado pela mídia. Vários membros do grupo foram criticados por defenderem salários justos e melhores condições de trabalho nas indústrias.

William Morristinha profunda apreciação dos ofícios finos que foram produzidos individualmente no final da Idade Média por artesãos. As fábricas têxteis de meados do século XIX destruíram a carreira de tecelões qualificados e se apoiavam em trabalhadores mal pagos, não qualificados, que trabalhavam em condições muitas vezes deploráveis. Morris opôs-se à utilização das novas tinturas de anilina que, por meados do século, substituiu os antigos corantes orgânicos que utilizavam substâncias vegetais e minerais. Os novos corantes de anilina eram, segundo Morris, cores horríveis e berrantes, enquanto as tintas orgânicas produziam tons  mais sutis. 

Algumas estampas criadas com tintas orgânicas por William Morris


O Vestido Estético
O Vestido Estético (ou roupa estética) também pode ter sido uma repulsa à utilização excessiva da máquina de costura que permitia o embelezamento exagerado dos vestidos vitorianos. Muitas vezes os Vestidos Estéticos eram enfeitados apenas com grandes girassóis, narcisos ou outras formas orgânicas trabalhadas em arte bordada. Os tecidos eram tingidos com corantes naturais em matizes índigo, salmão, verde, terracota, âmbar ou azul. Não eram influenciados somente pela era medieval e pela renascença, também absorviam  elementos gregos, romanos, georgianos, do Extremo Oriente, Oriente Médio e estilos japoneses. 

No quadro abaixo é possível ver o contraste da moda vitoriana vigente com os trajes do estétas. Duas garotas juntas à esquerda - uma de amarelo e outra de verde - e uma terceira de verde de costas, usam vestidos artísticos simples, sem bustle, sem cintura fina, adornados apenas com pregas ou flores. 
Há também uma garota à direita - de vestido rosa, usando um vestido com prega Watteau nas costas, o homem perto dela, de cartola e cravat vermelho é Oscar Wilde.



Roupas
O vestido estético oferecia mais liberdade de movimento do que a moda em vigor na Inglaterra Vitoriana. Em vez de espartilhos rígidos, as mulheres usavam corpetes, vestidos fluidos, com pregas suaves. A cava das mangas eram no lugar “normal” contrastando com o ombro caído da moda vitoriana que restringia os movimentos dos braços. As mangas eram muitas vezes bufantes nos ombros e ajustadas no braço. Alguns vestidos tinham a parte de trás imitando as pregas Watteau, presas no topo das costas e caindo até o chão.
Poucos acessórios eram usados, jóias com âmbar eram muito populares, assim como jóias inspiradas no oriente.

 Vestidos com cava no lugar "normal" permitiam melhor movimento dos braços

 Influência greco-romana e oriental nos trajes

Vestidos com prega "watteau", uma prega usada nos vestidos do século XVIII



Alguns Ícones do Movimento Estético
Jane Morris, esposa de William Morris, era o oposto dos ideais femininos vitorianos: nasceu pobre, era alta e tinha cabelos escuros. Ela era a personificação perfeita do Movimento, com cabelos encaracolados, desgrenhados, vagamente presos para atrás.


Elizabeth Siddal era modista, se tornou modelo e poetisa. Tinha cabelos vermelhos, pescoço longo, olhos grandes e expressivos. Foi ela quem posou para a famosa obra “Ophelia”, deitada em uma banheira de água fria, o que lhe rendeu um caso grave de pneumonia. 


Emilie Flöge, companheira do pintor Gustav Klimt, teve alguns de seus vestidos desenhados pelo próprio artista. Emilie não usava espartilho e gostava de vestidos de forma solta. Notem a semelhança de alguns de seus trajes do começo do século XX com as roupas usadas pelos hippies na década de 1960.

 
Oscar Wilde, famoso autor de “O retrato de Dorian Gray”. O estilo de Wilde é amplamente reconhecido como  a moda masculina do movimento estético. Cabelos lânguidos, jaqueta e calções de veludo, chapéu de abas abertas, calças ao estilo turco, gravatas com o nó solto. Wilde era uma das figuras centrais do Movimento e foi muito ridicularizado, mas entendia sobre o poder de se comunicar através da aparência.


Charles Dodgson, também conhecido como Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas, também era entusiasta do Movimento.



Liberty of London
Arthur Lasenby Liberty abriu sua loja Liberty & Co, em 1875, introduzindo tecidos importados e artefatos incomuns, atraindo artistas como George Frederick Watts, James Whistler e Frederick Leighton. Liberty produzia tecidos adequados ao clima Inglês inspirado por desenhos orientais e medievais. Em 1884, abriu um departamento de costura, dentre as clientes estava a famosa atriz Ellen Terry. Ellen adorava vestidos estéticos!
Arthur Liberty conseguiu convencer fabricantes britânicos a reviver algumas das técnicas de tingimento persas e usar desenhos orientais, bem como a introdução de novos projetos estéticos. Os tecidos podiam ser pintados à mão e os eram produzidos no departamento de costura da empresa.

Arthur Liberty e alguns vestidos criados por ele

O Fim do Vestido Estético
Como muitos movimentos radicais, o vestido estético chegou ao mainstream. Na década de 1880, já havia uma revista dedicada aos ideais do movimento, a Jenness Miller Magazine

Anúncios e artigos na Jenness Miller Magazine falavam sobre corselets que podiam substituir espartilhos e roupas de baixo mais confortáveis.


Com a chegada da estética ao mainstream, o movimento estético não era mais um conceito revolucionário e desapareceu lá por 1900, sendo substituído pela Art Nouveau, de ideais semelhantes na estética das artes e ofícios. E inspirou estilistas do fim do século XIX e começo do XX como Mariano Fortuny e Paul Poiret. Poiret é considerado o estilista que liberou as mulheres do espartilho e criou coleções de influência oriental que moldaram a moda da década de 1910. Como podemos ver, é possível que sua amizade com membros do Movimento Estético, tenham influenciado suas criações, já que as mulheres estétas já não usavam espartilhos.


O Legado do Vestido Estético
Como deu os primeiros passos rumo à roupas mais soltas para as mulheres, o Movimento Estético deixou como legado o surgimento dos "vestidos de chá". Eram vestidos mais leves e que podiam ser usados sem espartilhos para as mulheres vitorianas que queriam receber amigas em casa e ficar mais à vontade, livres das restrições de camadas excessivas de roupas e mecanismos como o bustle



Leia também:
Historicismo na Moda (Parte 1) 
Historicismo na Moda (Parte 2)
A Primeira Fotógrafa de Moda Lady Clementina Hawarden
Século XIX - Parte 2: A Moda na Era Vitoriana
O Homem Vitoriano e sua barba
Mulheres Vitorianas 
Fashion Plates brasileiras da década de 1910

14 de março de 2014

Rebeldes com Causa: os Metalheads de Botswana

Recebemos tanta referência americana e europeia que nos perguntamos se em um continente como a África, cheio de pequenos países, existe algum tipo de influência das subculturas ocidentais. Tirando a África do Sul, que sabemos de bandas de rock conhecidas mundialmente, eu não sabia se o rock e o metal tinham ouvintes em outros países deste continente, até que li esta matéria do site CNN que decidi traduzir e postar. O que me impressiona é o senso de estilo deles e principalmente algo que as subculturas nos dias atuais estão perdendo: o senso de grupo, de união. 

Botswana é mais conhecido por suas reservas de vida selvagem, mas uma pós- contracultura crescente está pintando uma imagem muito diferente deste pequeno país localizado no sul da África. Vestidos em couro, adornados com spikes e chapéus de cowboy, existem metalheads na Botswana! O canal CNN se aproximou destes roqueiros e descobriu uma cena retrô que celebra orgulhosamente suas raízes africanas. 

Enquanto headbangers ocidentais são mais comumente associados com tênis e camisetas de bandas, os fãs de Botswana esculpiram uma imagem única que lembra a New Wave of British Heavy Metal da década de 1970.
O fotógrafo Frank Marshall, clicou estes roqueiros como parte de sua exposição "Renegades", que está na Rooke Gallery, em Joanesburgo. "A semente do Heavy Metal foi plantada aqui por uma banda de rock clássico do início dos anos 70, posteriormente foram introduzidas formas mais extremas de metal. Desde então, tem evoluído e crescido", disse ele. "Nos últimos 10 a 20 anos é que começou a ser composto visualmente como o que parece agora - os caras se vestindo em couro".

   Couro, spikes e chapéus de cowboy, os fãs usam uma moda heavy metal retrô que remete ao estilo britânico do fim dos anos 70.

Marshall descreve uma cena "macho" com rituais únicos, acrescentando: "Há um forte sentimento de camaradagem entre eles, essa é a primeira coisa que você notará como um forasteiro. Eles têm uma ligação muito forte e amizade uns com os outros. Eles são muito físicos. Nos shows, você não apenas aperta a mão deles. Eles pegam a sua mão e te sacodem todo."
"Eles incorporam elementos muito agressivos do metal. É uma expressão de poder. Tudo é uma expressão de poder para eles, desde a roupa, a forma como eles falam, a maneira como eles andam. Eles caminham em passos cambaleantes deliberadamente. Para eles é perfeitamente normal, talvez para um observador externo, ocidental, pode parecer bizarro ou cômico, mas não aqui. Eles são respeitados e reverenciados em outros aspectos também."

Seus membros tem nomes como Demon e Gunsmoke, estes apelidos vêm com uma forte consciência de responsabilidade social. "Nós tentamos aparentar boas pessoas. Tentamos ser modelos exemplares. Rock é conhecido por ser algo agressivo, mas na verdade é algo que está em nosso coração", diz Gunsmoke. "É tudo sobre irmãos no Metal, nós estamos aqui uns para os outros, essa é a maneira que nós nos identificamos". 

Os roqueiros vestidos em couro compartilham uma estética semelhante à gangue de motoqueiros Hell's Angels. Mas a semelhança termina aí. De acordo com Gunsmoke, os headbangers africanos são vistos como uma espécie de anjos da guarda, em vez de anjos do inferno. "As crianças nos seguem por aí. Pais se aproximam de nós. Estamos aqui por uma boa causa, na verdade. Ajudamos as pessoas nas ruas à noite".

Em vez de Hell's Angels ("anjos do inferno"), eles se veem como "anjos da guarda": "Ajudamos as pessoas nas ruas à noite".

Pra eles, Heavy Metal é mais do que uma cena - é parte da identidade nacional. Até o presidente Ian Khama é suspeito de ser um fã. "Queremos fazer o presidente orgulhoso. Ele nos orgulha na forma de conduzir o país. Porque devemos ter medo quando o nosso presidente é roqueiro?", Gunsmoke argumentou.

Dentre os acessórios que usa, Gunsmoke aponta para um chifre de animal, como uma representação da África. "A maioria de nós é de uma tribo. Os totens são animais, nós temos o crocodilo, leão, lebre, coelho. É parte de nossa cultura". A mitologia e o folclore africano estão presentes nas letras da banda Skinflint. O vocalista Giuseppe diz, "Nós somos a primeira banda de heavy metal africano a lançar algo em vinil." (lançado pela Legion of Death Records). O vocalista, que é branco, aponta para os poderes unificadores do heavy metal dizendo: "A nação metal não conhece fronteiras raciais. Somos todos um. Todos nós falamos uma língua comum que é chamada de heavy metal. Metal é uma música sobre poder, independência e liberdade, isso é o que eu acredito. Lutar pelo que você acredita , não importa as conseqüências. Levantando-se para o que você acredita e mostrando sua individualidade."

A cena heavy metal de Botswana permanece esmagadoramente composta de homens. No entanto, existem roqueiras como uma chamada Katie, que diz que o Metal "é um sentimento feliz, somos irmãos e irmãs, somos como uma família."

Os headbangers de Botswana tem uma imagem única, incluindo elementos que simbolizam a cultura da África.

*Fonte: Artigo original no site CNN


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11 de março de 2014

Onde estão os blogs nacionais de adultas alternativas? (D.A.)

Nem todo mundo sabe mas eu (Sana) tenho um pequeno blog pessoal chamado Diva Alternativa.

Após um longo hiato, eu o reformulei e voltei a atualizá-lo este ano. Algumas divagações pessoais que eu postava aqui no MdS, agora, postarei lá.

A primeira divagação após esse longo hiato é "Onde estão os blogs nacionais de adultas alternativas?". 

Se alguém tiver interesse, convido a visitarem e lerem o post:


6 de março de 2014

Quem disse que plus sizes não podem usar listras?

Uma das coisas que me incomoda é quando ouço dizer que gordas não podem usar listras. É preciso ficar claro que em moda, não é tanto o peso que indica que roupas você pode usar e sim, o formato de seu corpo.

Eu vou fazer como eu fiz com o post Moda Alternativa Plus Size: dar dicas de acordo com os formatos de corpos mais comuns. Essa coisa de formato de corpo não é só pra gordas não! Vale pra todo mundo! Eu por exemplo sou magra e o formato do meu corpo é retangular, ou seja, na hora de eu montar looks ou comprar roupas, ter essa noção já me faz selecionar bem as compras. Acaba que a gente faz um consumo mais "consciente" e não compra peças que depois não vai usar porque "fica esquisita" no corpo.

Abaixo um quadro ilustrando os formatos de corpos mais comuns:

fonte


Descoberto o formato de seu corpo você precisa harmonizar a Silhueta.
Por causa da largura corporal, mulheres plus sizes tendem a ficar com a silhueta achatada. Existem dicas pra criar a ilusão de uma silhueta mais alongada, como por exemplo, usar saias da altura do joelho pra cima, vocês podem ler mais sobre isso no ítem "proporção" [deste] post.



Listras e formatos de corpos


Ampulheta
É um corpo que praticamente pode usar listras à vontade! A cintura naturalmente fina pode ser ainda mais destacada.
1. Listras horizontais equilibram a silhueta com a saia de cintura alta.
2. Vestido justo destaca as curvas.
3. Listras em direções diferentes criam curvas e também afinam locais estratégicos.
4. Saia preta com detalhe em listras fininhas.




Redondo/Oval
A barriga se destaca no corpo oval, então é preciso disfarçá-la, preferencialmente criando uma cintura alta.
1. A barriga é disfarçada e uma cintura é criada com a mudança de direção das listras.
2. Bolinhas e listras são divertidas. A cintura alta (abaixo do busto) alonga.
3. O vestido preto tem detalhes listrados no busto e na barra, desviando o olhar da barriga.
4. O top de listras largas verticais é acompanhado de uma saia de cintura alta e curta que dá a ilusão de um corpo mais alongado.
5. Um look casual e alegre. A cintura alta da saia de listras finas alongou a silhueta.

* Fonte da primeira e da última imagem do quadro.



Retângulo
Neste corpo, dá pra brincar bastante com as listras, porque é necessário criar a ilusão de curvas e volumes no corpo.
1. Listras horizontais na parte de cima pra dar volume nos ombros.
2. Saias listradas na vertical, junto com a cintura alta, alongam.
3. Vestido com listras na diagonal criam a ilusão de curvas no corpo reto.

 * Nem todos os corpos ilustrados na imagem acima são no formato retângulo. Mas não tem problema, vocês tem que focar nas peças listradas e como elas são usadas ;)


Triângulo/Pêra
O corpo pêra é bem comum no Brasil. O quadril largo precisa ser disfarçado podendo usar listras horizontais à vontade na parte de cima do corpo.
1 e 3. Batas ou blusas mais soltinhas embaixo ajudam a disfarçar o quadril.
2. Listras horizontais aumentam a parte de cima do corpo, o que é perfeito para equilibrar o quadril largo.
4, 5 e 6. Essa moça parece ter muita noção do próprio corpo e sabe usar peças que o valorizam! As listras horizontais usadas com cintura alta e saias acima do joelho que são larguinhas desde o cós, disfarçam o quadril avantajado. Quando ela usa a saia mais justa (foto do meio), ela investe na blusa mais solta embaixo.

* Fonte das 3 fotos da parte de baixo do quadro.



Triângulo Invertido
É o corpo com ombros largos e quadril super estreito. Normalmente, nestes corpos, a gordura se localiza da cintura pra cima, o quadril quase não tem  gordura. 
Infelizmente não encontrei imagens de plus size com este formato de corpo usando listras, uma pena. Mas ilustrei com pessoas magras que estão usando peças com listras adequadas ao corpo de triângulo invertido. Como eu disse, não é o peso que importa e sim, o modelo das roupas. Quem tem esse formato de corpo precisa chamar a atenção e usar volumes na parte de inferior do corpo.
1. O short tem listras verticais (horizontal seria até mais adequada) e tem  volume, o que é ótimo pois aumenta o quadril e o equilibra com os ombros.
2. Saia bem rodada, armada, com babados com listras horizontais grossas é uma ótima escolha! 

Fonte


Abuse das listras e seja feliz!


Leia também:

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