Destaques

17 de janeiro de 2016

A coleção de Courtney Love para Nasty Gal

Mal foi anunciado e logo era apresentado no site a coleção que Courtney Love fez em parceria com a Nasty Gal. Fazia tempo que a cantora tentava lançar uma marca de roupas, mas só agora surgiu a oportunidade de concretizar a ideia. 


A Nasty Gal é uma loja online de sucesso e que vem se destacando muito atualmente, graças a visão de sua dona, Sophia Amoruso. A criação da empresa ocorreu de forma bem alternativa, em 2006: passando por sérios perrengues, chegando ao ponto de furtar lojas e catar lixo, aos 22 anos a americana decide criar no ebay um brechó virtual. A partir daí, Sophia começa a construir sua marca que hoje é um império multimilionário. A história rendeu um livro chamado Girl Boss que narra essa trajetória. 


 
A coleção
Pelo editorial, as criações refletem totalmente a estética de Courtney, o famoso kinderwhore dos anos 90 que já deciframos aqui.


Vestidos de cetim, meias arrastão, tiaras, rendas, transparências, chokers e sapatos mary jane. O que era comprado antes por cinco doláres em brechós, hoje chega repaginado com preços de grife. Alguns itens já estão esgotados!


O estilo de Courtney: coroas, cetim e renda!


Sobre a colaboração, Courtney declarou para o site da Nasty Gal: "Fomos ao meu closet e mostrei algumas peças especiais que guardei. Eu sempre pego o vintage e readapto. O ponto inicial da coleção foi "lingerie encontra o mundo real". Eu não queria que fossem peças retrôs, queria que fossem modernas, cools e atualizadas. Pegamos minhas peças originais da década de 90 e modernizamos no estilo contemporâneo. Minha peça preferida é o body de renda, estava esperando pelo menos 10 anos pra fazer um!"

Courtney usando a coleção dos pés à cabeça na festa de lançamento.

 Vestidos em cetim ao estilo camisola, super kinderwhore!

Courtney complementa: "Eu gosto do trabalho ético da Sophia. Ela entende as minhas referências. Temos histórias semelhantes de como nos tornamos mulheres que estávamos no comando fazendo as coisas."



 Peças inspiradas em lingerie. À direita, o body de renda, peça preferida da cantora.

Sobre Courtney, Sophia declara: "Ela é provocativa, sincera, livre, selvagem e um ícone do rock. Ela tem um estilo singular. Numa época em que celebridades têm personal stylists, pessoas que têm estilo próprio se destacam. Ela é musa de estilistas há décadas e nunca levou crédito pelas inspirações". 

As coroas, um dos modelos de choker e um body chain. 


Muitas jovens da geração atual não conhecem a carreira de Courtney, e ao ser perguntada sobre como ela se apresentaria para estas meninas, ela respondeu na lata:

 "Escuta cara, eu apenas quero que mais garotas toquem guitarra!"


O kinderwhore tem sido nos últimos anos muito difundido em coleções de moda por causa do resgate da década de 90. Desde que assumiu a Saint Laurent, em quase todo desfile Hedi Slimane homenageia a cantora. Ao menos agora com a nova empreitada, Courtney colhe os frutos financeiros de seu estilo, só faltando a Kat Bjelland. ;)




Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram ☠ Facebook ☠ Tumblr Pinterest  ☠ Google +  

15 de janeiro de 2016

Reversa: as saias da Coleção All Black (resenha)

Já faz alguns anos que saias se tornaram as principais peças dos meu guarda roupas. Desde pelo menos minha adolescência eu tenho um olhar mais atento para este tipo de peça, e como não encontrava nas lojas muitas opções, aprendi eu mesma a fazê-las. Na moda alternativa nacional, temos algumas lojas que investem em saias estilosas, mas saias de corte básico e lisas que funcionam como base de looks, a gente não vê muito. E o post de hoje é sobre isso: sobre saias lisas da coleção All Black da loja Reversa!

Nosso cupom na loja é MODASUB5



Mas já aviso que se você não curte saias, a loja também lançou uma coleção de vestidos ao estilo Baby Doll/Tee Dress - falamos deles aqui - assim como vestidos tubinhos, eu destaco estes com estampa de morceguinhos ♥



Mas voltemos às saias! :D
Primeiro de tudo eu me surpreendi por ver uma loja alt fazer saias lisas, sem estampas e tal.
Saias lisas são fundamentais porque elas simplesmente vão com qualquer parte de cima criando dezenas de possibilidade de looks, se tornando peças coringas. No caso das três peças da Reversa, elas tem o mesmo corte (godê/rodada) o que muda é o tecido. Isso de fazer 3 saias de modelo igual só mudando o tecido eu achei uma boa sacada! Porque daí você tem desde a opção dia a dia até a opção mais alternativa, que seria a em vinil.


Eu tava mutcho loka pela em modelo vinil, porque eu tenho um ♥♥♥ por vinil!  E achei muito legal ser uma peça decente e usável nesse tecido/material. Todas as peças de vinil que tenho, eu mesma as fiz, porque as que eu encontrava no mercado tinham um jeito meio barato, tipo sex shop e cheguei mesmo a pensar que demoraria muito pra ver uma loja nacional investindo em peças mais "usáveis" nesse material. O problema do vinil é aquele nosso eterno inimiguinho: o calor. Vinil é definitivamente um plástico e eu acho que combina mais com outono/inverno e com festas/baladas/shows/eventos. Então é uma saia que eu usaria com essa finalidade de criar looks mais diferentes e elaborados.

Detalhe da saia de "couro" e adesivos


Como eu queria saias básicas pra uso cotidiano imediato e pros próximos meses de verão/outono, eu optei pela Saia Rodada Preta e a Saia Rodada Couro.

A Saia Rodada Preta tem cintura alta e na loja diz que o tecido é neoprene. Eu achei que esse tecido é tipo uma helanca grossa, encorpada, que, como diz no site, não marca mesmo a underwear! É de toque acetinado, levemente brilhosinho.

Tá amassadinho ali porque tirei e joguei de qualquer jeito rs


Já a Saia Rodada Couro não é de couro na verdade, é um tecido que aparenta couro. O tecido é fininho, é possível usar no calor sim, mas como é meio plastificado, não sei se dá pra ficar com ela muito tempo no sol, se esquenta e tal, tenho medo do calor ressecar o tecido e estragar (aloka). Então só usei ela quando fui pra ambientes fechados e usei à noite também.

O brilho da saia de "couro" é lindo: bem rock n roll

Como sou pequena, ambas as saias não ficaram exatamente na minha cintura, ficaram uns dois dedos abaixo e com um comprimento muito bom, ambas tem 42cm. Não são muito curtas nem muito compridas e se precisar usar pra algo mais comportadinho, é possível.

Fiz uma montagem com as saias, a da esquerda é a de "couro" e a da direita de neoprene.
Blusas: Dark Fashion e Queen of Darkness.

O único ponto que chamo a atenção sobre ambas é o forro. Nenhuma das duas tem. A de neoprene, sinceramente não vejo tanto problema porque o tecido é grossinho e não marca, mas a de "couro" eu sugeriria que tivesse um forrinho nem que fosse de helanquinha, porque ela marca um pouco a underwear. Eu ia usar ela com meia calça mas não consegui, a costura da meia ficou evidente. Então ela tem que ser usada com uma underwear bem levinha. Eu sempre penso nessa questão do forro porque acho um pouco ~feio~ underwear muito marcada mas a questão principal é que moro numa cidade que venta muito, tem vezes que fica dias ventando e como eu uso saia todo dia eu tenho todo uns esquemas pra lidar com vento e talz e o forro é um dos principais deles, que me deixa super de boas pra encarar ventania.

Bom, recebi as peças antes do natal e tenho usado muito elas, especialmente a de neoprene que é mais dia a dia e pelo jeito vou usar até gastar rsrs! Espero que tenham gostado e digam se vocês também curtem saias! :D

Cupom na loja: MODASUB5

Reversa:


Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram Facebook Tumblr Pinterest  Google +     


11 de janeiro de 2016

Ursinhos Carinhosos (Care Bears) + Moda Alternativa

Mais um post que irá mexer com seu coração (rs) se você foi uma criança anos 80/90. Assim como a Jem e as Hologramas e Meu Pequeno Pônei, os Ursinhos Carinhosos voltaram com tudo na moda! 


O motivo foi que em 2015, completou-se trinta anos desde que a série e o primeiro filme da turma foi ao ar. Outro fator que ajudou a reacender foi a conquista do casamento homoafetivo no território americano. Mas como ocorreu essa junção? Bem simples. O símbolo dos Ursinhos é o arco íris que formava quando eles se uniam, o mesmo do movimento LGBTT. Tanto que uma integrante específica tem ganhado mais destaque: a Animadinha (Cheer Bear, em inglês). E adivinha qual imagem carrega em sua barriga???


Já na moda diversas marcas mainstream fizeram homenagem, mas como de costume, a forma que a alternativa abordou foi bem mais irreverente e legal. Eles aproveitaram a data comemorativa e lançaram vários produtos, é o caso da Iron Fist e sua coleção especial de roupas e acessórios usando a ursinha Love a Lot como estampa principal.


Acessórios

Detalhe da carteira ultracolorida:

Além dela, a Japan L.A. também montou uma coleção dedicada aos Ursinhos e os uniu com outro desenho da época, Little Twins Stars.
Imagens: Dollskill

A Killstar usou da sátira, porém dessa vez de um jeito mais "macabro". Sente só a versão bizarra deles:



E não bastasse as linhas de roupas, a famosa loja infantil americana Toys "R" Us está trazendo os bichanos em formato de pelúcia. 



Ai, que nostalgia! :D



Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram FacebookTumblrPinterest  ☠ Google +     






8 de janeiro de 2016

O que é Gótica Suave e porquê este estilo (ou termo) incomoda os góticos?

Gótica Suave.  
Sim, ela mesma, a "trevosa feliz"!
Tem tantos artigos dando dicas de "Como ser gótica suave/no verão" que foi meio impossível não abordar o tema de novo aqui. Alguns são um bocado confusos, incoerentes e inspiraram essa análise mais complexa.

Fonte: Gótica Desanimada

Primeiro de tudo, o Gótica Suave não é subestilo/vertente da subcultura e moda gótica.
Embora tenha sido adotado por meninas moderninhas, é uma estética que une as tendências e modismos mainstream
Ser moderninha não é sinônimo de ser alternativa. Toda geração tem suas moderninhas, que são meninas que usam as tendências menos populares ou um pouquinho mais ousadas.

Ilustração ironizando as moderninhas, via Twitter.



O estilo Gótica Suave existe mesmo? 
Existe porque tem gente que usa e se denomina assim. Mas não existe DENTRO de nenhuma subcultura específica. 
Vamos analisar do começo.


O que é gótica suave?
Por não encontrar resposta razoável, realizei uma pesquisa em matérias sobre o tema e cheguei a conclusão que o termo surgiu de um erro de tradução de um artigo do wikihow que num dia estava intitulado "Gótica Suave" e dias depois mudou para "Pastel Goth". Mas como ele foi super compartilhado, muita gente leu e adotou o termo antes mesmo de conferir a correção. O estilo Pastel Goth existe, está em decadência há algum tempo e também foi baseado em tendencias moderninhas, várias adeptas migraram pra outras estéticas.

Isso de o Gótica Suave nunca ter existido e de repente passar a existir, se  encaixa na chamada "Profecia Autorrealizável". Esse termo foi cunhado pelo sociólogo Robert K. Merton em 1949. Segundo ele, qualquer objeto pode se tornar uma tendência, o que separa essa possibilidade de sua realização é a crença coletiva que o objeto está, de fato, na moda.

Então, quando várias pessoas leram a matéria do wikihow e não a questionaram, houve uma crença coletiva que o gótica suave existia e aquilo se autorrealizou. De um erro de tradução, passa ser adotado como estilo real; o que foi muito bem recebido pela indústria da moda pois a cor preta era uma tendência. A moda mainstream então "abraça" o estilo e o divulga porque era de seu interesse que o preto virasse moda se convertendo em vendas.

No contexto nacional, a Gótica Suave tinha quase nada de Pastel Goth, era um estética que misturava revival da moda mainstream anos 90 (estilo Jovens Bruxas e Patricinhas de Beverly Hills, meias, gargantilhas/chokers, jelly shoes, crop top) + trend do revival da moda grunge (jeans rasgado, camisa xadrez, vestidinhos, coturno) + make fosca/batom escuro. Do Pastel Goth herdou os cabelos coloridos. 

Nas imagens abaixo, usadas em blogs como referência do estilo, podemos ver que se trata do uso de tendências do mainstream (90s + grunge + cabelos coloridos) + alguma peça preta.


E como tudo que é muito baseado em tendências/modismos, o "conceito" era muito superficial. Por ter sido um estilo "autorrealizado" as portas se abriram pra interpretações pessoais. Hoje, tá comum matérias sobre "Gótica Suave" (incluindo as de "verão") dizerem que esta moda é qualquer roupa preta, de qualquer shape (modelagem) e sem nenhuma das referências iniciais. A estética Witchy também acabou sendo absorvida (chapéus, tecidos com transparência e silhueta minimalista), assim como elementos Clubber. De repente a gótica suave não é mais o 90s + Hispter + Pastel Goth e se torna também roupas minimalistas, esportivas, com design e em corte clássico. Ou seja: qualquer roupa preta que segue tendência ou modismo. Confuso né?

Famoso site de moda ensinando a ser gótica suave no verão.
Detalhe: shapes modernos e com design, nada a ver com o "conceito original" de noventista hipster.
Fonte: site Lilian Pacce

Mas usar roupa preta não faz ninguém automaticamente gótico,
pois sabemos que: 

"Nem todas as roupas pretas são góticas.
Nem todas as modas góticas são pretas."
(Valerie Steele, Historiadora de Moda)


O programa da Regina Casé foi muito comentado após ir ao ar, e a confusão com a subcultura ficou evidente em dois momentos:

  • Quando Julia Petit comparou o gótico dos anos 80 com as atuais, dizendo que antes eram depressivos e hoje são felizes. 

Só que o gótica suave não é parte da subcultura gótica, portanto, tal comparação é errônea.

  • Quando Regina diz que os góticos eram famosos por serem pálidos e pergunta pra uma moça negra como era isso pra ela.

Aqui Regina esquece (ou nem sabe) que a palidez na subcultura gótica não é um desejo de ser branca como raça, é desejo de se aparentar e demonstrar apreço pela noite/escuridão; uma pessoa que foge da luz e se refugia nas sombras. Um sinônimo de aparência fantasmagórica/vampiresca. Obviamente que uma pessoa negra, que é gótica e não toma sol se torna mais pálida do que outra negra que toma sol. Tal pergunta foi um tanto infeliz.

Programa Esquenta

Mídias grandes, com frequência, deturpam ou erram informações sobre subculturas, pois colocam pessoas que não estão capacitadas para falar/escrever sobre o assunto para comentar os temas. Isso é nocivo, pois aumenta ainda mais o estereótipo e espalha informações confusas e superficiais.
 
Alguns blogs famosos na necessidade de explicar porque a Gótica Suave mistura preto e grunge, chegam a dizer que estas subculturas se misturaram na década de 90. Bom, eu não colocaria assim. Eu diria que era mais fácil o Heavy Metal adotar elementos estéticos do Gótico do que o Grunge fazer isso naquela década, afinal, como dito aqui e aqui, o Grunge era algo muito único e específico. SE por ventura essa mistura aconteceu, foi após 1994 quando o mainstream se apropriou do grunge, e o vendeu às massas como modinha.

Looks como o da personagem Nancy, de Jovens Bruxas, são chamados de gótico suave. É preciso lembrar que na década de 90, góticas se vestiam daquele jeito. Ela não estava suavizada, na verdade, quem viveu aquela década sabe que o visual dela era considerado pesado, pois naquela época o uso do preto na cena alternativa não era padrão de vestimenta.

 

Foi bastante comentado também o vídeo da AVON ensinando fazer a "make da Gótica Suave". A ironia é que a maquiagem era make pesada: olho preto e boca preta! "Originalmente", a maquiagem gótica suave era o revival do dark anos 90, onde ou a boca ou o olho levam tons escuros e não os dois. A Dani Corpse fez tutorial de uma maquiagem com tons de marrom avisando logo no começo a associação irônica com o Gótica Suave. Algumas pessoas a criticaram pelo uso do termo, mas achei o vídeo da Dani mais coerente que o da Avon, que se mostrou meio perdido sobre o que estava falando.



Tutoriais sobre make gótica suave: chama a atenção a versão alternativa ser mais coerente que a versão mainstream, que criou o termo.


Por que a moda/estética gótica atrai tanto o mainstream?
Existe um fascínio por uma estética que é diferente mas ao mesmo tempo "aceitável" e feminina. E a sociedade "normal" pede que as mulheres sejam femininas. 
A moda gótica é uma das estéticas mais femininas que existem, subculturalmente falando, não foge tanto do que é exigido para uma mulher na sociedade, como elegância, sensualidade discreta, estar sempre bem vestida e maquiada perfeitamente. Acaba sendo - querendo ou não - uma estética carismática ao olhar da cultura dominante. 

Por que a gótica suave incomoda tanto?
A meu ver, ela esvazia a parte da significação como alternativos. A partir do momento em que uma pessoa alternativa veste roupas diferentes da massa pra se destacar na multidão dizendo por exemplo: "ei! esse sistema não me representa!" e essa estética é cooptada retirando sua significação, o mainsteam enfraquece os símbolos de resistência alternativos.

Olhando pelo lado radical, a "suavização" de estilos alternativos é quererem nos tornar socialmente adequados. Pode ousar, mas dentro do quadradinho aceitável. Nenhum gótico em essência sente prazer em se suavizar, é um retrocesso com o que foi conquistado. Numa sociedade como a nossa, em que há o medo da autoexpressão e ousadia estética, tendências que usam as formas menos agressivas das subculturas/modas alternativas servem pra nos lembrar que seremos mais aceitos na sociedade se amenizarmos nossos estilos, sem ousadia nem rebeldia. Quietinhos no nosso lugar, sem reclamar de nada, sem questionar. A cultura dominante pega nossa criatividade estética e dá outro sentido à ela. Eles as transformam em produtos vendáveis à massa. O que precisamos fazer é questionar sempre e divulgar informações corretas sobre subculturas!

 

"A ironia é que no verão de 50°C do Rio de Janeiro, pra ser gótica, só sendo suave mesmo." Fala de minha amiga Lauren, ironizando enquanto eu rascunhava este post. Realmente está muito, muito quente! Mas tenho certeza que TODAS as góticas têm visuais mais leves para o dia a dia de trabalho ou para os dias quentes de verão. Só que o estilo pessoal delas é coerente com suas referências subculturais e aí que notamos a diferença entre elas e as suaves.

 Como ser gótica no verão??
Todas as góticas já sabem: igual se é no resto do ano.

Sei que a palavra "gótica" soa confusa, pois ao mesmo tempo que dá nome à uma subcultura, também é um adjetivo pra qualquer coisa sombria [explicação aqui]. Então, a gente tem que ir com calma e dar um tempo, porque o tempo sempre mostra a realidade. A gótica suave já nem é a mesma coisa que era há 10 meses atrás.

A moda vendendo o 'cool' e fazendo grana enquanto os verdadeiros alternativos estão sofrendo bullying que podem gerar problemas psicológicos, violências verbais e físicas e a sociedade fecha os olhos para isso. Querem nossa estética mas não querem se colocar na nossa pele e passar o preconceito que passamos ao sermos julgador por nossa aparência.


A gótica nunca deixa de ser verdadeira com sua subcultura!
Nem no verão nem em outra estação!


A gótica suave que me perdoe,
mas Tr00eza é fundamental!
;)


Se você gosta e usa o Gótica Suave (sendo alternativa ou não), a vida é sua, tem liberdade de escolha! Ninguém tá aqui pra te podar. Só lembre que é um estilo vindo de modismo mainstream e não da subcultura gótica, espalhe uma info certa, por favor!! ;-)



Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram Facebook Tumblr Pinterest  Google +    

  
Artigo das autoras do Moda de Subculturas. Para usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, linke o artigo do blog como respeito ao nosso direito autoral.
Gostou deste artigo ou de alguma outra postagem do blog? Pode divulgar! Informação acaba com a ignorância contra as subculturas e a moda alternativa. Nós lutamos para que elas sejam levadas à sério e tratada com o devido respeito!  

3 de janeiro de 2016

As mulheres e o Rock


“Eu sou Miss Mundo, alguém me mate
 Me mate, pílulas, ninguém se importa, meus amigos…?
Eu sou Miss Mundo, me assista quebrar e me assista queimar
ninguém está ouvindo meus amigos
eu faço minha cama onde deitarei
 eu faço minha cama onde morrerei”.
(Miss World – Hole)




 
A capa do álbum “Live through this”: Uma miss, aparentemente linda e emocionalmente instável.

Texto da colaboradora Helena Machado, originalmente publicado em Aliena Gratia [BlogFaceTumblr]

Desde 2013 um amigo paulista que conheço há muito tempo havia me colocado em um grupo de mulheres bonitas do metal, grupo muito famoso que não postarei o nome aqui, mas quem participa ativamente do facebook deve saber. Eu nunca me achei bonita, por isso acho legal quando acham e às vezes até entro na onda, embora acreditar seja outra coisa. Conheci muita gente legal no grupo e outras pessoas nem tanto. Cheguei a ter fotos na página oficial (e ainda tenho). 
Mas algo começou a me incomodar no grupo esse ano, a falta de aceitação e respeito que gerava um bullying imenso, de caras (que não eram nenhum padrão de beleza) e garotas (que se achavam perfeitas). Certo dia vi uma garota sendo hostilizada por ter postado a foto de uma modelo gordinha, ela começou a ser ofendida sendo chamada de gorda, feia e eu que a defendi também comecei a ouvir. Teve uma moça que disse que era melhor que eu, mais bonita porque era mais alta e mais magra (eu tenho 1,70 e 67 kg) e além disso era loira natural. Poucos foram os interessados em nos defender e ao invés de os bullers serem expulsos da página quem foi expulsa fui eu e todos que defenderam essa menina – dois envolvidos diretamente na confusão e mais dez indiretamente (que então virou minha amiga no facebook). 

Vivemos uma época difícil para os sonhadores, como diria o filme Amélie Poulain. Por um lado minha época nesse grupo foi boa porque abriu algumas portas, inclusive com trabalhos de fotografia e como modelo. Mesmo eu não estando em meu melhor momento tanto esteticamente quanto psicologicamente. Por outro foi traumatizante, porque descobri que mesmo no meio do metal, do rock ainda existem pessoas que se imaginam superiores às outras. E o meu choque foi ver esse índice maior de pretensa superioridade no meio alternativo. É como se você tivesse que seguir todos os padrões estereotipados de beleza para ser aceita, ser bonita, ter o corpo perfeito, ser meiga, ter atitude, ser legal, ter piercings, cabelo colorido, tattoos, um estilo legal… são tantas exigências de como deveríamos ser que isso me cansa, porque anteriormente você era o que era, hoje você deve ser uma boneca plastificada.
Antigamente bastava você gostar de rock e ser você mesmo. Antigamente você fugia dos padrões para ser você e hoje você cai dentro deles querendo ser você. Você tem que ser hiper real, perfeita. Só que alternativa.


Uma mulher alternativa, pronta para o consumo. 

  
Voltando à garota que foi ofendida, é uma menina, ainda estudante, uma adolescente sendo ofendida por adultos. Isso me faz lembrar do caso de uma mãe que me pediu ajuda ano passado na escola porque a filha dela, uma garota linda, inteligente e fã de rock, estava se cortando e ela não sabia se era influência da Demi Lovato, de uma amiga ou se ela realmente era bipolar. Ela falou que as meninas me admiravam muito, porque gostavam de mim e do meu estilo. Que eu poderia ajudar, realmente ajudei no decorrer do ano.  Eu nunca fui um exemplo para ninguém, lembro que toquei no assunto em sala e a menina me perguntou se eu já tinha feito algo de mal para mim mesma, e eu logo soube porquê. Lembrei então de quando eu tive um início de anorexia aos 17 anos, eu fiquei muito magra, 57 kg e simplesmente não sentia fome e parece que quanto mais magra eu ficava mais me elogiavam e me achavam bonita. E até hoje eu tenho um reflexo disso, quando engordo me acho feia e isso mexe com o resto da minha vida, confesso. Hoje faço musculação, corrida, mas sei que nunca serei magra. Naquela época eu ouvia Silverchair e me identificava completamente com o Daniel Johns, porque ele passava pelo mesmo que eu de uma maneira muito pior. O que estou querendo dizer é, que devemos nos responsabilizar pelo que fazemos direta ou indiretamente com adolescentes na internet, que já é uma época bem influenciável e repleta de insegurança. Onde estavam os adultos quando aquela garota precisou de ajuda em tal grupo na net?!
Enfim é muito mais fácil fingir que nada acontece. E ver a multidão de tumblrs criadas por garotas que não se aceitam e buscam soluções como anorexia, bulimia, automutilação… e acabam frustradas, porque não dá para ser tudo que a sociedade exige.

Boa era a época que se você se sentia diferente bastava gostar de rock,
desenhar e ter um estilo fora do comum.


Quando eu me formei em Artes eu não parava de ouvir Distillers e Brody Dalle era meu exemplo, era mulher, bonita, tatuada, sexy, cantava e tocava em uma banda punk. Em uma época que nada disso tinha sido popularizado e nem tem tanto tempo assim. Hoje tem as Suicide Girls que foram popularizadas mas já existem há um bom tempo,  que para o bem fez com que aceitassem mulheres com gostos e aparência diferente, mas também tornou tudo comercial e plástico. Porque há uma imagem vendida da mulher linda, tatuada e sexy. Nesse ponto acho que os anos '90 fizeram mais pelas mulheres, Theo Kogan do Lunachicks já era tatuada nessa época e era realmente uma mulher do universo alternativo. Assim como as meninas do L7.

Todas as mulheres dos anos '80 aos '90 fizeram mais por nós com seu engajamento político, música, bandas e estilo que toda uma geração de modelos alternativas dos anos 2000. 




"Há um monte de mulheres fazendo trabalhos solo sem divulgação. Não encontram representantes e isso entristece. Porque assim é a indústria, assim o sistema: não permite que haja mais que uma ou duas mulheres tocando no rádio.
Eu gostaria que tivesse outro movimento feminista como no começo dos anos '90.
Sinto que ocorre a cada vinte anos. Algo regressa de novo. Assim estamos preparadas para outro (movimento).
"
Brody Dalle




Hoje as moças migram da exibição na internet, sem nenhuma ligação com o rock, fazem várias tattoos, pintam o cabelo de cores diferentes, vão parar no meio supostamente alternativo mas não experienciam aquilo tudo: as bandas, os shows, as artes, a política (presente no discurso punk e metal), o universo alternativo como um todo… 

Na net teve um esforço válido em valorizar as mulheres do universo do rock, através de grupos mas ainda há uma divisão muito clara no rock, ou você é uma mulher consumível esteticamente ou você não é uma mulher respeitada. Ou seja você só é valorizada pela música se for linda e se você for linda e se vestir de maneira um pouco mais liberal você é uma puta. São várias comparações no facebook de mulheres do rock que são comparadas com funkeiras, apelam dizendo que não precisam mostrar o corpo porque tem talento e esquecem que muitas vocalistas, guitarristas, bateristas que praticamente inventaram o rock feminino mostram o corpo, tal como Lita Ford, Doro Pesch e Great Kat para ficar em três. Os mesmos metaleiros que visitam páginas como a que eu fazia parte, que expõem beleza feminina no rock criticam as mulheres por se vestirem de maneira sexy, as desabonam pelo número de likes e comentários masculinos que recebem em fotos, como se isso as transformasse em mulheres “fáceis” e desabonasse o seu caráter. O pior são as mulheres que fazem o mesmo, identificando qual mulher é vulgar ou não e apontando com quantos homens ela já esteve usando como critério apenas a roupa ou um comportamento mais liberal. Os caras adoram as tatuadas do SG mas tratam as garotas alternativas que ficam como prostitutas apenas por terem um estilo diferente.


Então é preciso coerência dentro do universo alternativo, porque as pessoas andam perdidas sociologicamente, filosoficamente e isso se reflete em seu caráter e na maneira que se comportam em sociedade. Já digo que o post é polêmico, sim, parece contraditório mas não é. Quem acompanha meu blog sabe disso.


Texto da colaboradora Helena Machado, originalmente publicado em Aliena Gratia [Blog/ Face/ Tumblr]


Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram Facebook Tumblr Pinterest  Google +  

28 de dezembro de 2015

As pessoas não suportam a diferença! #preconceitoaodiferente

Recentemente a leitora Evelyn Luz me mandou o relato reproduzido abaixo, publicado por Fernanda Takai em seu Facebook. No texto ela conta que usou um figurino inspirado em Edward Mãos de Tesoura para a gravação de um clipe de sua banda e foi hostilizada pelo visual ao caminhar por uma das ruas mais alternativas de São Paulo, a R. Augusta.
A ideia era compartilhar o texto na fanpage do MdS. Porém, percebemos a complexidade do assunto preconceito (já abordada por aqui 1, 2 ) e sabemos que cada um de nós passa por discriminações e assédios diários por sermos diferentes esteticamente da maioria da população.

Então, convidamos vocês para darem seus depoimentos sobre assédios e preconceitos que sofreram ao longo da vida apenas por ostentarem um visual fora do padrão. 
Você pode usar a hashtag #preconceitoaodiferente pra gente poder acessar e ler os depoimentos. Pode comentar aqui no blog também quantas vezes quiser, não se preocupem que temos a opção de anonimato, basta que no local onde diz "comentar como" você escolha a opção "anônimo". E se não tiver face nem twitter, também pode nos enviar email, modadesubculturas@gmail.com que postaremos na hashtag com os devidos créditos (avise se quiser se manter anônimo).

No post de Fernanda Takai podemos ver como nossa sociedade é intolerante. Porque não avançamos? É bom a gente pensar no quanto políticas e mídias conservadoras tiverem influência na formação do nosso povo nos últimos anos e, neste caso, os primeiros a sentirem o efeito maléfico, são os alternativos.

Infelizmente, por causa de toda a violência que permeia nossa sociedade, muitas vezes ficamos quietos por medo de revidar um insulto, alguns até se "amenizam" por receio do que podem enfrentar na rua se estiverem vestidos como querem.
Mas achamos que se a gente recuar, se intimidar, ficar calado, nunca iremos para frente!! Sabemos que dá medo, só que se ficarmos encolhidos, nada irá mudar. Uma prova disso são as recentes leis que tornaram crime de ódio a violência contra pessoas de subculturas no Reino Unido, e isso só aconteceu por pressão das vítimas, porque elas não se calaram!



Então, esse é nosso convite: 

Vamos contar nossos casos pra essa sociedade saber que sofremos preconceito sim! Não queremos mais que este preconceito seja invisível! 
Um cabelo, uma roupa, uma maquiagem, uma modificação corporal não justifica nenhum tipo de assédio!
Vamos aproveitar a liberdade que a internet nos dá e dar uns tapas de realidade a intolerância que os alternativos enfrentam todos os dias? 

Esse é um dos poucos espaços alternativos da internet e sempre mantivemos as portas (comentários) abertas pra quem quiser se manifestar livremente! 
Vamos tentar diminuir a invisibilidade do preconceito ao diferente e mostrar pra todos que ele existe sim e que não podemos mais nos calar!



Relato de Fernanda Takai publicado em 18.12.2015 sobre o vídeo clip "Vida Diet" do Patu Fu, gravado em 2010.

As pessoas não suportam a diferença
"Na última terça-feira, estive a trabalho na capital paulista. Fui gravar um videoclipe no melhor estilo pouca verba, muita vontade. A idéia era andar de madrugada pela Rua Augusta – que vai do luxo ao lixo – enquanto cantava uma canção que diz: “a gente se acostuma com tudo”. Ou quase… Eu usava uma maquiagem e um figurino que remetiam diretamente ao personagem Edward Mãos-de-tesoura. Vocês devem se lembrar dele. Uma versão moderna e mais sentimental do Frankenstein, acrescido do talento para cortar cabelos, plantas etc., em formatos bem originais. Fiquei irreconhecível. Até parece que cresci uns 20 centímetros com os cabelos muito arrepiados.

Comecei a caminhar lentamente, enquanto as cenas eram captadas. A cada minuto alguém passava de carro ou a pé e gritava alguma coisa como: “olha a loucona!”, “bicha”, “sai, macumba!”, “que ser é esse, meu pai?”, sempre em tom de escárnio ou reprovação. Detalhe: quando percebiam que era uma gravação, trocavam um pouco a postura ofensiva por um “quem é?”, “é da televisão?”. Continuamos a andar, cruzamos a Avenida Paulista e uns fãs passantes me descobriram por trás daquela personagem. Um taxista até gentilmente foi me seguindo por alguns minutos batendo palmas e dizendo que gostava do meu trabalho, mas teve que se retirar pois acabava interferindo nas imagens e eu nem pude olhar pra ele pois fazia uma longa seqüência com os olhos fixos na câmera…

Enquanto ia cantando e descendo a rua em direção à parte mais barra-pesada do lugar, ficava pensando como é difícil ser diferente nesse mundo. Seja pela roupa, o corpo, algum tipo de comportamento menos usual e nem por isso errado. Ser diferente é atrair olhares e pensamentos que a gente sente como espinhos. Mas o pior eu ainda ia sentir de verdade naquela madrugada.
O diretor queria gravar umas cenas num clube noturno que costuma lotar todas as noites. Logo chegamos ao lugar, que fica exatamente na área mais recheada de saunas, casas de espetáculos eróticos e hotéis de alta rotatividade. Ou seja, supus que haveria umas tantas pessoas também diferentes e que ali eu não chamaria atenção. Errado. Os mesmos comentários surgiram como farpas. Eu também não era daquela turma.

Conseguimos autorização pra entrar com a câmera na boate. Já no corredor de acesso, pressentindo a hostilidade, disse que era melhor a gente ir embora que as pessoas estavam me olhando feio demais. Me davam empurrõezinhos e se viravam resmungando qualquer coisa. O som era altíssimo e a iluminação precária. Quando começamos a gravar umas cenas em que eu apenas ficava na pista enquanto todos dançavam
. Alguém deliberadamente agarrou meus cabelos e me puxou com força. Estava escuro, lotado, e as pessoas pareciam todas iguais. Digo, vestiam-se do mesmo modo. Não consegui ter certeza de quem foi. Justamente nessa hora a câmera foi desligada para ser ajustada à quantidade de luz e ninguém da pequena equipe que estava lá comigo conseguiu ver o ataque. Imediatamente pedi pra irmos embora porque agressão física é o tipo de coisa que me faz perder a graça. Ou a gente parte pra cima ou foge. Eu fugi e fiquei com muita vontade de chorar. Nem tanto pela dor, mas pela constatação de que ser diferente é correr perigo. Não ser de uma determinada turma nos torna automaticamente alvos de um bocado de gente bruta e disposta a nos colocar no devido lugar pelas palavras e pelos atos ignorantes.
Minha filha tem um livrinho, que é um dos mais vendidos mundo afora, que se chama Tudo bem ser diferente. Não, Nina. Ainda não está tudo bem e pelo jeito nunca vai estar."

NUNCA SUBESTIME UMA MULHERZINHA (Fernanda Takai) 2007, Panda Books, 120 páginas. 



Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram Facebook Tumblr Pinterest  Google +   



© .Moda de Subculturas - Moda e Cultura Alternativa. – Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in