Destaques

25 de setembro de 2016

CBGB: o berço do movimento Punk

O título pode ser clichê, mas é a pura verdade. O CBGB fez o movimento punk florescer na América. O intuito era de abrir um clube voltado a música Country, BlueGrass e Blues, a abreviatura do nome, porém havia um problema: aquela não era a cidade certa. Mesmo saindo da proposta inicial, Hilly Kristal conseguiu alcançar o seu objetivo de desenvolver uma cena musical. Ele só não esperava que seria o Punk.

Endereço: 315 Bowery, New York's East Village

O local foi fundado no ano de 1973, em plena Nova Iorque. A cidade estava bem longe de ser a metrópole turística convidativa que se conhece atualmente; muitos bairros eram terras sem lei, com vários problemas que iam de violência a falta de saneamento básico, um verdadeiro descaso e abandono do poder público. Hilly passava por sérios problemas financeiros, já havia fracassado duas vezes nos negócios e acumulava uma baita dívida. Mas resolveu recorrer a mãe e pediu-lhe um dinheiro emprestado para poder abrir seu novo empreendimento. Era para dar tudo errado novamente, mas a vida prepara surpresas.

Hilly Kristal

O projeto começou funcionando primeiro como bar, mas logo Hilly teria a ideia de incluir música. Ele sabia que esse deveria ser o investimento, só não imaginava que estaria ajudando a criar um novo gênero musical, já que seu foco era o country. Foi então que uma banda descobriu o lugar e quis tocar lá: era o Television. Esse seria o pontapé de ambos os lados pois tempos depois, o grupo iria ganhar destaque num artigo de Josh Feigenbaum, da qual serviria como uma significativa propaganda da casa de show.

Cartazes de eventos

Mesmo desconfiado daquele estranho movimento, Hilly abriria espaço para performance de novas bandas, atraindo a cada dia mais e mais gente. O recado era igual a todos que queriam se apresentar: só composições originais. Esse acabou sendo o grande motivo de tanto material rico ser exposto e influenciando outros a seguirem fazendo novas criações. Sente os nomes que viriam a frequentar o local após o Television: Talking Heads, Blondie, Patti Smith, Iggy Pop e Ramones. O último, Kristal chegaria a dizer que jamais fariam sucesso. Seu tino para empresário musical não era dos melhores.

Television

Talking Heads

Patti Smith em 1977.

O sucesso veio e em meados da década de 70, o CBGB se tornou um dos maiores points nova iorquinos. O auge não fez mudar o aspecto do ambiente; continuava uma espelunca, as condições eram precárias e até perigosas. Não havia nenhuma higiene com a comida servida e por tudo quanto é canto encontrava-se cocô do Jonathan, o inseparável cachorro de Hilly. Ainda assim, músicos continuavam atraídos a tocar por lá. The Police, Misfits, The Dead Boys, The Dictators, The Cramps, Joan Jett seriam figuras frequentes. Nos anos 80 viria o hardcore punk, com Agnostic Front, Murphy's Law, Cro-Mags, Gorilla Biscuits, Sick of It All e Youth of Today. Na década seguinte teria outros nomes associados, como Sum 41, Korn, Green Day e Guns n' Roses.

Debbie Harry com o Blondie no CBGB em 1977.

David Johansen do New York Dolls e Richard Hell do Television 
no backstage do CBGB.

Bad Brains.

Joan Jett com Runaways no clube em 1977.

Aqui ela está com Dee Dee Ramone em 1976.

The Runaways.

Plasmatics no backstage CBGB. 
A banda é pioneira na mistura de Punk e Heavy Metal.

Apesar do alcance que teve, o andamento não seria tão fácil. Hilly tinha sérios problemas em gerir o negócio e os fracassos anteriores lhe perseguiam. Chegaria quase a falência, por sorte sua filha conseguiu intervir junto com seu irmão, pagando as dívidas acumuladas com a doação financeira de bandas famosas que começaram no clube. O local sobreviveria até 2006, quando fechou suas portas de vez. Durante o período de existência, 50 mil bandas passariam pelo clube. Hilly Kristal, o reconhecido dono, morreria no ano seguinte.

Curiosidades: a efervescência cultural que rondava o CBGB fez com que fosse palco de muitas criações artísticas, entre elas está Punk Magazine, a revista de John Holmstrom e Legs McNeil vendida dentro do clube. A primeira edição sairia com uma inédita entrevista de Lou Reed.


Entre as dores de cabeça que Hilly enfrentaria, foi se meter a empresariar a banda The Dead Boys. Mas até nessa situação criaria-se um símbolo. Quando o grupo foi gravar o primeiro LP, um dos integrantes tinha adesivado no equipamento uma suástica. A produtora Genya Ravan chamou a atenção dizendo que eles não podiam usar aquilo já que Kristal e ela eram judeus. Nesse momento iniciava punks usando camisetas estampadas com suásticas em forma de protesto contra o nazismo. 

The Dead Boys

Quando o Talking Heads foi introduzido ao Rock n Roll Hall of Fame de 2002, fizeram questão de homenagear Hilly e chamá-lo na apresentação. 

O último concerto do clube foi uma performance de ninguém menos que Patti Smith, em 15 de Outubro de 2006. 

A camiseta com a logo do CBGB se tornou uma peça icônica e também uma marca que ajudava a propagar a imagem do local. Duff McKagan do Guns n' Roses foi considerado um dos embaixadores da qual entre muita ocasiões, entre elas no clipe "Sweet Child O' Mine", apareceria usando a famosa t-shirt.


O banheiro era uma das partes mais famosas devido a sua total podridão. No Met Gala de 2013, dedicado ao Punk, seria reproduzido na exposição o ambiente, mostrando o quão reconhecido era o lugar.


Em 2013 ocorreu o lançamento do filme CBGB, o berço do punk rock. Recomendo muito assistir pois retrata com fidelidade a história do clube, dá para se ter informações muito boas sobre o desenvolvimento do punk americano. Sem contar que quem faz o papel principal de Hilly Kristal é o falecido ator Alan Rickman. 


Quando se fala em CBGB, uma das imagens mais emblemáticas que vem a mente é a dos Ramones tocando no local. A forte ligação não é à toa: o clube começaria a lotar por causa deles. Muitos curiosos iriam para conhecer a banda que havia sido citada em uma matéria especial da revista Rolling Stone sobre o evento New York's Top 40 Unrecorded Rock Talent, promovido em 1975, onde tocaram Blondie, Talking Heads, Television e o grupo.

Tommy Ramone chegou a revelar que o CBGB não era um local para adolescentes ou bandas de garagem. No início, os artistas que se apresentavam eram underground, porém não punks. O público que ia era um pessoal voltado a esfera de Andy Warhol. "Havia todo um elemento intelectual", motivo que contrariava o objetivo dos Ramones de tocar para jovens comuns, pois só tinha o "povo da arte". 



É impressionante como um simples e precário clube conseguiu reunir tantas estórias que mudariam o percurso de três gerações. O que começou no boca a boca, hoje já virou tema de filmes, documentários e livros. A história do CBGB mostra o perfeito espírito punk do "faça você mesmo" que nunca deve morrer dentro de nós, pois só ele faz movimentar o que o Sistema esquece ou exclui. ;)


Leia também: A história da Manic Panic  

Artigo de Lauren Scheffel.

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22 de setembro de 2016

Loja americana lança perfumes da Elvira, a Rainha das Trevas!

Existem algumas lojas alternativas que não fazem roupas nem maquiagens, elas fazem essências, perfumes. A Black Phoenix Alchemy Lab é uma das que eu já falei aqui no blog (há muitos anos atrás, é verdade, o post é de 2010!) e que recentemente fez essências inspiradas no filme de vampiros "Amantes Eternos".

Mas hoje abri um espacinho pra falar sobre uma empresa - que nem é alternativa pelo que parece -  a americana Demeter Fragrance Library, que assim como a Black Phoenix produz essências artesanais. Essa empresa recentemente lançou uma linha inspirada na Elvira! Ela mesma, a A Rainha das Trevas, assunto do nosso último post [clique aqui se você ainda não leu!]! 



Segundo eles, que sempre buscam novas possibilidades de explorar o poder das fragrâncias, a coleção de Elvira é "sobrenatural, assustadora e espetacular como algo nunca antes cheirado por você". A loja entrega no Brasil.

Elvira´s Zombie é descrito como um perfume "tão atraente que quem cheirá-lo pode entrar em transe". Pelo que li os comentários, está recebendo muitos elogios por ser "sexy e misterioso".

Elvira's Black Roses é descrito como um cheiro único e com ar retrô dos anos 1980. Dentre os ingredientes estão patchouli, âmbar escuro, vetiver do Haiti e pétalas de rosa da Bulgária. 

Elvira's Vamp possui beladona, orquídea drácula e nicotiana com baunilha de Madagascar, almíscar branco entre outros, que segundo a descrição formam um aroma profundo.


A julgar pelas resenhas, quem experimentou tem aprovado e ficamos curiosos: qual será a sensação de ter o cheiro de Rainha das Trevas? rsrs!


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17 de setembro de 2016

A origem e a moda de Elvira, a Rainha das Trevas!

Elvira nasceu para brilhar sem muito esforço: ela é simplesmente a Rainha das Trevas! Com mais de trinta anos de reinado, seus súditos permanecem fiéis, de geração a geração, e crescendo a cada dia. Mas qual será o segredo dessa monarca nem um pouco convencional???


Tudo começa quando Cassandra Peterson descobre uma audição para substituir a falecida anfitriã de um programa dedicado a filmes de terror em Los Angeles. O diretor havia visto e gostado de uma performance sua no teatro onde interpretava uma patricinha e perguntou se não poderia fazer o mesmo só que numa versão mais assustadora e sombria. Ela topou o desafio e Elvira estrearia nas telas em 1981.

No famoso sofá do programa

Cassandra acredita que a diferença entre Elvira e as outras apresentadoras é que ela consegue fazer a combinação de três elementos: humor, sensualidade e o lado dark. A fama veio com a duração de sete anos da atração e que rodou a América inteira, chegando até o Canadá. A venda de produtos ajudou a popularizar ainda mais sua imagem e chegar ao estrelato.

Humor: lendo a revista "Funeral dos Homens"

A atriz que é da comédia, nunca imaginou que a personagem fosse tomar conta de sua carreira para o resto da vida. É interessante que em entrevista com RuPaul - divertidíssima por sinal! - Peterson revela que sempre foi fã de Halloween e sua mãe e tia chegaram a montar uma loja de fantasias. Anos depois, a fantasia da Elvira era a campeã de vendas no mundo. "Eu realmente acredito que é uma clássica personagem que jamais sairá fora de estilo...por causa de todas as crianças que ainda amam, você sabe, a escuridão.", observa RuPaul, que declara também seu amor pelo filme da qual está entre seu top five.


Cinema
Mal sabia que ao nascer, viraria a protagonista dos mesmos tipos de longas que apresentava. O primeiro sairia em 1988, denominado de Elvira, A Rainha das Trevas. O filme a levaria alcançar sucesso mundial mesmo com o orçamento de vinte milhões de dólares. O figurino era assinado pela consagrada Betsy Heimann, a mesma de Pulp Fiction e Quase Famosos. Teria uma segunda continuação com As Loucas Aventuras de Elvira em 2001, porém esse não teria o mesmo retorno que o anterior.

 
"Elvira Macabre Mobile" é um modelo Ford Thunderbird 1959


A estética
A bela Diva do Terror demora cerca de uma hora e meia a duas para ser montada. O visual, que nem sempre é confortável a sua criadora, condiz com a linhagem: roupa preta, maquiagem forte, com um belo batom vermelho e unhas do tamanho de uma Vampira. Maila Nurmi chegaria a processá-la por apropriação de personagem, mas o processo não teria êxito. De fato existe forte semelhança no vestido comprido e justo que usam, com a diferença no decote frontal e lateral de Elvira que é bem maior e a adaga acoplada no cinto. Só que esse modelo é um clássico no terror, Mortícia Addams também usa uma versão similar. 

Vampira X Elvira

Segundo conta, Cassandra teria pedido a seu melhor amigo que desenhasse um croqui para criar o look de Elvira. O artista teria como inspiração o famoso cabelo beehive das cantoras do The Ronettes. Porém, desconfio que haja referência além do grupo sessentista: a de Priscilla Presley. Ainda bem jovem, Cassandra se aventurou no Rock sendo até groupie, demonstrando seu lado transgressor já que nessa fase as mulheres tinham que casar virgem, caso contrário seriam ofendida moralmente. O ídolo dela era Elvis Presley, da qual conseguiu ter um encontro em Las Vegas. Ligando as informações, creio que há um quê fortíssimo de Priscilla na construção da beleza de Elvira, visto o penteado e o olho delineado de gatinho presente em ambas.

Camiseta com o Elvis

Montando a drag, como diz Cassandra.


Curiosidades: observe que a maquiagem de Elvira já utilizava aquela técnica dos animes para deixar os olhos bem grandes e destacados.

O mesmo tipo de aplique era visto também na cabeça de Amy Winehouse. É provável que a inspiração tenha sido as The Ronettes, como descrito nesse post.



Admiradores 
O sucesso trouxe a Elvira diversos fãs, de prisioneiros a enfermeiras. Mas gente famosa também se renderia a estrela cult, como muitos rock stars por exemplo. Além do cinema, a personagem se aventuraria na música e na dança. O Burlesco, que estava em período de decadência e encontrava-se somente no meio underground, chegou as grandes telas e shows através da famosa personagem.

Tim Burton, Alice Cooper e Axl Rose

Dita von Teese tem seu nome como prercursora da arte burlesca nos anos 2000. Ela é fã declarada de Elvira e ambas já se encontraram em eventos. Após essa pesquisa fica bem evidente no trabalho de Dita elementos utilizados pela diva do terror, até o tom de voz e biotipo do corpo lembram uma a outra.


No universo alternativo permanece mais viva do que nunca. Ela tem continuado com seus produtos de merchandising, fazendo com que nostálgicos e um novo público conheça seu trabalho. A marca Kreepsville 666 tem uma bela parceria de roupas e acessórios com a estrela dark.


Hoje, Cassandra cuida das licenças de Elvira com produtos vendidos em diversas áreas. Ela ainda faz shows, comparece a programas de tv, em eventos geeks como o Comic Con e outros voltados ao universo do terror. 


Quantas Sessões da Tarde nos divertimos com ela, hein?



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15 de setembro de 2016

Fenriz, do Darkthrone e alternativos na política

Esta semana ficamos sabendo que o músico Fenriz, do Darkthrone foi eleito para o conselho municipal de sua cidade na Noruega. A história é um tanto bizarrinha: ele foi convidado a fazer parte de uma lista de candidatos a suplente de um vereador da cidade de Kolbotn. Ele topou, pensando que seria uma brincadeira. Mas como todo rebelde que se preze, escolheu o slogan "não vote em mim" com uma foto segurando um gatinho (pela cor, acredito ser gatinha). Não dá pra saber se as pessoas votaram por achar o gatinho fofo ou só pra sacanear, o fato é que Fenriz foi eleito! Tudo que ele precisa fazer é ocasionalmente, durante quatro anos de mandato, quando os titulares do cargo estiverem ocupados, ele deverá assumir a função "no meio de um monte de gente careta", ele diz. E complementa "sou um pilar na minha comunidade."


Duas coisas me chamaram a atenção: a primeira é que ele diz ser um pilar na comunidade, eu entendo que de alguma forma, ele se importa com o local ou é respeitado lá. E a segunda coisa foi a ausência (ou quase) de pessoas alternativas na política. Isso deve se dar porque muitos alternativos realmente querem distância do sistema. Só que política é algo praticado no dia a dia de muitos alternativos. Exemplos? Se engajar em causas dentro e fora da web - como o feminismo e/ou direitos LGBT.

Um caso famoso aqui no Brasil é de Alberto Hiar, também conhecido como Turco Loco, proprietário da marca Cavalera. Em entrevista para João Gordo declarou que o motivo dele ter entrado pra política foi devido à um show gratuito do Sepultura que organizou em 1989. Ao pedir a um vereador para liberar o local do show, o que recebeu foi desdém e piada com a cara dele, e ainda ouviu do mesmo "se quer fazer as suas coisas entra pra política". Ele entrou.

E se tivéssemos representantes políticos lutando por direitos alternativos?
Como transformar o assédio a quem é diferente ou de subculturas em crime de ódio, como aconteceu com Sophie Lancaster [leia aqui]? Ou pra se posicionar sobre a PLS 350/2014 que prejudica o trabalho dos tatuadores?
Mesmo que algumas pessoas não gostem de política, é inegável que as conquistas sociais desejadas precisam ser pautadas por representantes destas minorias.
O caso do Fenriz me gerou toda essa reflexão, inclusive sobre como a frase "política não se discute",  faz nos afastar dela. Talvez queiram mesmo que a gente fique quieto nossos cantos, caladinhos e com medo, só porque somos minoria. Mas acho que hoje em dia as pessoas tem mais consciência de suas causas e das mudanças que desejam. É torcer pra um dia termos nossos representantes! Que eles entendam que agredir, humilhar e ser preconceituoso com pessoas de visual alternativo é algo que não pode mais ficar impune.



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11 de setembro de 2016

O Menino que Desenhava Monstros │ Darkside Books (Resenha)

Quando li que "O menino que desenhava monstros" está para virar filme fiquei bastante curiosa para ler. O livro é considerado uma obra de terror gótico, aquelas histórias que abordam a psicologia do terror em sentimentos como o medo e o sobrenatural. Um exemplo recente de filme de terror gótico é A Colina Escarlate. 

O Menino que Desenhava Monstros da editora Darkside Books


Quando uma história  te afeta psicologicamente, fazendo você sentir medo ou pavor, como quando o monstro te espia pela janela, ou a criatura fantasmagórica passa correndo na frente de um carro inesperadamente, e aquelas pegadas misteriosas na neve ao redor da casa... você tem a sensação arrepiante de se sentir dentro daquilo tudo.
O Menino que desenhava monstros tem diversas passagens assim.

Tendo autoria de Keith Donohue e tradução de Cláudia Guimarães, o centro do livro é Jack Peter (apelidado de Jip), um garoto de 10 anos com síndrome de Asperger e que quase se afogou no mar três anos antes, desde então ele desenvolveu agorafobia – no caso dele, medo de lugares abertos.

Jack mora com seus pais numa cidadezinha litorânea. Existe toda esta atmosfera de uma casa dos sonhos (a casa que os pais deles desejavam) localizada solitariamente na beira de uma praia no congelante Estado do Maine (lembrou de Stephen King? rsrs). Quem mora no litoral e lida com ventos fortes e nevoeiro vai entender perfeitamente algumas passagens do livro, onde apenas estas "singelas" expressões climáticas são tão assustadoras quanto os monstros descritos.


A contracapa do livro tem textura aveludada: desenhos "à mão" que remetem à história
e escrita com palavras que lembram anotações em cadernos.

"Jip parou de murmurar e se inclinou para frente, batendo com o dedo no vidro.
"É ele, está tentando entrar."
"Ele quem?'
"O homem. O monstro."
 
Os pais de Jack Peter não são aqueles típicos “pais perfeitos” comuns em várias histórias. O casal tem conflitos, o que os torna mais reais. O pai (Tim Keenan), é um “otimista” que se recusa a enxergar a gravidade da doença do filho, enquanto a mãe (Holly Keenan) está começando a temer o filho, afinal ele está crescendo e ficando forte e ela já foi agredida pelo garoto em momentos que ele estava em transe. 
Mas sem aquela de que “ser mãe é padecer no paraíso”, pois ambos, pai e mãe, entendem que ter um filho com uma grave doença alterou todos os seus planos de vida de família perfeita. Outro fato curioso é que nesta história, o pai é o dono de casa e cuida do filho e é a mãe quem vai trabalhar. A mãe, também é responsável por parte importante no desenvolvimento da trama, Holly Keenan é curiosa e vai atrás de descobrir sobre coisas estranhas que ela tem vivenciado. Nestes tempos em que pedimos por mais protagonismo de mulheres, assim como em Hellraiser, nesta obra, embora Jack Peter seja o menino que desenha monstros, é sua mãe que faz parte da história andar e se desenvolver. Holly é bem real, tem suas decepções com o marido e filho e uma vida que não é a que idealizou, mas em nenhum momento é vitimista ou duvida do sobrenatural, ela vai atrás, analisa e tira suas próprias conclusões.

A capa tem o contraste de texturas: aveludada e, no local onde ficam os dentes, título e os arranhões, é áspero. DarkSide sempre nos encantando assustadoramente com seu design editorial!


"Naquele instante, viu um lampejo branco de movimento na janela.
Um rosto que o observava havia fugido.
O homem estava no quintal" 

Holly Keenan percebe que o filho está mais retraído, Jack ganhou um kit de desenho e desde então passou a desenhar monstros obcecadamente. Sua companhia mais constante é seu único melhor amigo, Nick, filho de Fred e Nell Weller (amigos de seus pais).  Nick parecia não gostar tanto assim de ser “o melhor amigo de Jack”, em diversas passagens, tive a impressão que ele tem tanto medo de Jack devido à sua síndrome quanto tem medo dos monstros lá de fora.
Não demora muito até que, além dos monstros de Jack, o pai comece a ver situações que parecem sobrenaturais e sua mãe começa a ouvir sons estranhos vindo do oceano relacionados à tragédias ocorridas na região muitos anos atrás. Ao correr atrás de informações sobre elas, a mãe do menino faz diversas descobertas assustadoras.

"Os garotos correram até a janela, para tentar espiar o que havia no carro do policial.
-Você tem um monstro ali?
-Aqui está seu monstro, Sr. Keenan. Encontrei-o na estrada perto do arvoredo do Cabo da Piedade.
-O senhor tem certeza que está morto?"
A presença de monstros e uma solitária floresta sombria sob nevasca

A narração é em terceira pessoa mas em cada capítulo com a visão de um dos personagens. Não é repetitivo, ao contrário, cada ponto de vista traça um novo panorama da história, novos detalhes. O autor vai revelando o passado dos personagens aos poucos e à medida que isso vai acontecendo vamos criando nossas próprias hipóteses. Creio ter escolhido esse método narrativo, algumas vezes de flashbacks, pra historia se revelar aos poucos, no final vocês vão entender que como tudo se interliga! E o final? No final... eu arregalei os zóio: "como assimmm?" (de forma positiva e surpresa). Demorei  cerca de um minuto pra aceitar que tinha acabado ali e daquela forma! rs

Uma coisa super legal nesta edição, é que é um livro interativo. No final, existem várias folhas pra você fazer seus desenhos! Tem espaço pra desenhar seus monstros, suas lembranças, suas angústias, suas criaturas, seus pesadelos e seus sonhos. A arte do início e do fim do livro remetem à desenhos feitos à lápis.


Esta resenha é parte de nossa parceria com a DarkSide Books, espero que tenham gostado. Conte se você já leu ou pretende ler O Menino que Desenhava Monstros e o que achou da obra!


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E conheça aqui outras indicações nossas da Darkside:
* Resenha ║ Hellraiser
* Resenha ║ Psicose  




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