Destaques

9 de novembro de 2016

Beth Ditto e a segunda coleção da sua marca de moda

Beth Ditto lançou no início do mês a nova coleção de roupa da sua marca. Para o Inverno 2016, ela continua carregando a proposta de trazer uma moda sustentável, apresentando peças atemporais aos "tamanhos desqualificados pelas empresas de high-street e high-fashion". Os modelos permanecem bem na linha da Ditto, como por exemplo as estampas surrealistas que ela adora, mas acredito que o destaque tem sido o design pois as criações fogem do que costuma-se ver nas coleções plus size. Não é apenas um vestido de manga comprida, a modelagem possui detalhes que não o deixa tão simples. 






A campanha foi tirada em Los Angeles pela fotógrafa Hanna Moon e com estilo feito por Charles Jeffrey. Apesar da coleção ser de Inverno, as fotos tem um ar de Verão, o que evidencia a atemporalidade das roupas. As imagens têm um quê muito de anos 90, como aqueles editoriais de revista adolescente onde reuniam garotas, bem Sassy girls. Em entrevista a Dazed, Ditto fala rapidamente sobre o mercado plus e diz que houve mudanças, cresceu, mas mostra receio de ser cooptado pelo capitalismo, igual ocorre com o Feminismo. Mais uma visão interessante de como ela enxerga o tema e o jeito que pretende conduzir o seu negócio.







Ditto mostrando que a moda nem sempre é passageira! Curtiram?


Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram ☠ Facebook ☠ Twitter  Tumblr ☠ Pinterest  ☠ Google +  ☠ Bloglovin´       

6 de novembro de 2016

Moda Alternativa Plus Size: os desafios de atender o público alvo

Várias marcas mainstream se especializaram em atender quem veste tamanhos grandes - acima do 44. Embora a mídia e a propaganda ainda sejam voltadas para o ideal do corpo magro, é possível entrar numa loja de departamento e encontrar uma sessão "especial" plus size (odeio com todas as minhas forças esse termo, mas é assim que somos classificadas na moda). E com as marcas alternativas, será que isso acontece?

*Artigo guest post de Carolina Ribeiro do blog Alternativa GG


Pinup Girl Clothing alternative plus size
®Pinup Girl Clothing

Através da minha vivência - sempre vesti, no mínimo, 44 e atualmente visto 50 - e também das pesquisas que sempre faço na área, notei que as roupas voltadas para o público alternativo fabricadas aqui no Brasil, em sua grande maioria, servem muito mais para eventos do que para o dia a dia. Os tecidos plastificados e sintéticos podem não se ajustar em todos os tipos de corpo, alguns não esticam, outros não possuem sustentação e a qualidade da peça nem sempre permite o uso contínuo.

Outro problema é que as lojas brasileiras não oferecem muitas opções de tamanho, o limite geralmente fica entre 42 e 44, no máximo. É quase impossível percorrer a Galeria do Rock, aqui em São Paulo, e encontrar uma peça na qual uma mulher plus size se sinta bem. Nossa opção é a combinação de calça + camiseta reta.



Moda Alternativa plus size
®Domino Dollhouse/Spin Doctor

Apesar das  críticas ao mercado mainstream que se apropria de símbolos e características das subculturas, tenho que ressaltar o fato de que somente através disso é que mulheres fora dos padrões conseguiram provar uma calça de couro confortável ou encontrar aquela blusa com spikes mais soltinha. Dentre as lojas brasileiras, a única especializada no público underground que nos contempla - até agora - é a Dark Fashion, que fabrica desde o tamanho PP até o EGGG e também sob medida.

Para fugir do óbvio é necessário fazer adaptações. Prefiro adquirir peças básicas e complementar a estética alternativa através dos acessórios e calçados. É preciso ser criativa quando veste acima de 44, porque a inclusão ainda não chegou pra nós nesse meio alternativo. 


®Kreepsville666 - Use o cupom de desconto SUBCULTURAS


* Artigo Guest Post de Carolina Ribeiro autora do blog Alternativa GG para o Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. Para colaborar com o blog ou publicar guest post sobre qualquer tema da cultura alternativa, entre em contato conosco por email.

Acompanhe nossas mídias sociais:





1 de novembro de 2016

SORTEIO: $100 em compras na PUNKRAVE (Halloween Giveaway)

 Em parceria com a loja, estamos sorteando $100 em compras 
na PUNKRAVE (Halloween Giveaway) 

-> Leia aqui nossa matéria sobre a loja
-> Site da PunkRave: http://www.punkravestore.com


Regras PUNKRAVE:
1. ser um membro/ter cadastro na loja: https://www.punkravestore.com/login.html
2. Seguir PunkRave no Instagram: https://www.instagram.com/punkravestore/
3. Seguir PunkRave no Facebook : https://www.facebook.com/Punkrave-store-1101940416566245/


Regras Moda de Subculturas:

1. Seguir o Instagram do blog: https://www.instagram.com/modadesubculturas/
2. Indicar 2 amigos no post oficial da foto no Instagram [aqui] para receber um número de participação.

EDIT: Pode marcar quantos amigos quiser, contanto que seja 2 em cada comentário. Quanto mais comentários você fizer, mais números recebe.
 
A vencedora será escolhida por meio do site Sorteou. O sorteio será feito dia 06/11 após as 20hr. A seguir, entrarei em contato com a vencedora (por DM e marcação) e tanto eu quanto a PunkRave vamos checar se as regras foram seguidas. Se em 24hr não houver resposta da DM, novo sorteio será feito.


http://www.punkravestore.com




Atualização 06/11/2016:
Vencedora: https://www.instagram.com/lieblos89/
Já contatei a vencedora por DM que tem 24hr pra responder. Se não houver retorno, novo sorteio será feito.
Obrigada a todos que participaram e até o próximo!!

 



Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram Facebook Twitter Tumblr Pinterest  Google +  Bloglovin´   
  

29 de outubro de 2016

Pinup Girl Clothing: coleção inspirada em Wanda Woodward (filme Cry Baby), ícone da cultura retrô

Recentemente a loja Pinup Girl Clothing lançou uma coleção em colaboração com uma das ícones da cultura alternativa: Traci Lords que interpreta a personagem Wanda Woodward no filme Cry Baby. Obra que tem fãs em diversas subculturas e inspira meninas amantes do retrô ao redor do mundo.


O convite veio da proprietária da loja, ao observar que tanto a personagem de Traci Lords quanto a Pinup Girl Clothing tem a mesma base de fãs. A personagem acabou se tornando um ícone pra três subculturas: rockabilly, punk e pinup. Para garotas que buscam empoderamento e referências femininas fortes, Wanda é a típica bad ass girl, ou seja,  atrevida e de muita atitude, uma rebelde!
A coleção não é exatamente baseada no figurino de Wanda, embora hajam peças bem semelhantes à do filme, a inspiração foi mesmo na moda juvenil da década de 1950. 

misfit delinquenyretro fashion
lookbook 03

As peças são simples e  de uso diário, nada muito elaborado, tudo bem usável. Lords destaca que as peças não foram feiras somente pra mulheres de 20 anos mas para todas as idades. A atriz tem 48 anos e acredita que as mulheres de sua idade ganham um ar cool, elegante e sexy com as peças que, como prega o conceito da marca, se adequam a variados os tipos de corpos

Camiseta com a famosa frase "Beat it, creep", algo como "cai fora, imbecil"

"Querida, você precisa de um visual novo"

Quando o Rock n´ Roll surgiu, todos que escutavam aquele som eram considerados perigosos, subversivos e até mesmo obscenos. Era comum a formação de pequenos grupos de jovens fãs de rock, as gangs. E claro, pro ideal de sociedade perfeita da década de 1950, os que aderiam à esta subcultura eram mal vistos e podiam até ser expulsos de casa pelos pais. Era uma vergonha ter um rocker dentro de casa, uma humilhação social. O filme Cry Baby retrata esta época - como boa comédia que também faz crítica social.

 The Drapes, a gang de Cry Baby
the drapes gang

O filme lançado em 1990, foi dirigido por John Waters - o mesmo de Pink Flamingos, que também é referência em subculturas e que resenhamos [aqui]. O diretor costuma ter uma abordagem transgressiva em seus trabalhos que comumente trazem personagens subversivos e, no caso de Cry Baby, rebeldes.


No filme é possível ver direitinho a divisão social entre as pessoas "normais", chamados de "os quadrados" e "gente de bem" e os jovens fora do padrão. Walters costuma chamar para atuar os atores que fogem do socialmente aceitável em termos de beleza e comportamento Hollywoodiano, no caso de Traci Lords, a artista tinha uma péssima reputação na América naquela época.

Wanda Woodward, como já é de se imaginar é uma delinquente juvenil que faz parte da gang e da banda de Cry Baby, interpretado por Johnny Depp.

filme movie

Com um festival de personagens bizarros incrivelmente divertidos, o filme tem participação de Iggy Pop interpretando o personagem Belvedere Rickettes, marido da avó de Cry Baby. Avó esta que se chama Ramona, ambos moram numa casa de paredes vermelhas decorada com teias de aranha e caveiras em todos os ambientes.



Para lançar a coleção, Traci Lords fez questão de cortar uma franjinha Pinup (Bettie Bangs, postagem aqui) igual à de Wanda
Abaixo uma comparação do visual atual e uma cena do filme.

Lords usou um vestido inspirado no de Wanda quando se encontrou com John Walters no festival Burguer Boogloo; à direita com Laura Byrnes da Pinup Girl Clothing.


A estampa faz referência à personagem e ao enredo de Cry Baby.
print pinup girl clothing collection

 Os desajustados adolescentes de visual rocker



E vocês, o que acharam da coleção inspirada na Wanda Woodward? 
Gostam do filme Cry Baby?






Acompanhe nossas mídias sociais:
Instagram Facebook Twitter Tumblr Pinterest  Google +  Bloglovin´     

http://candycolor.com.br/site/

24 de outubro de 2016

DARKSIDE BOOKS │Recentes lançamentos da editora (+ onde comprar com desconto!)


Com a nossa parceria com a DarkSide Books, é sempre uma delícia apresentar a vocês as publicações mais legais da editora. Os livros tem projetos gráficos tão incríveis que automaticamente se tornam objetos de desejo colecionáveis! Desta vez, separei 5 títulos que merecem sua atenção especial e pra facilitar, já listei sites (incluindo promoções), então... deleitem-se!


Mas antes, vamos conferir a outra lista que fiz indicando 8 livros da DarkSide para ter na sua coleção!


#1 Começo a lista com um livro que li ainda novinha, mais de dez anos atrás. Eu tinha visto o filme e uma dia na biblioteca pública da cidade encontrei uma edição antiga. Considero até hoje um dos mais, se não o mais assustador que já li. Na minha experiência pessoal, em termos de arrepios frios, Amityville é o que sempre me recordo e indico a quem quer se aterrorizar pouco...
"No dia 13 de novembro de 1974,  polícia do condado de Suffolk foi surpreendida por um crime brutal que chocou os EUA e se tornou assunto em todo o mundo envolvendo a pacata família Defeo. Alguns dias depois, Ronald Defeo Jr. admitiu ter matado seus pais e quatro irmãos com tiros nas costas, alegando ter sido influenciado por vozes que ouvia dentro de sua cabeça. O crime chocou a população, que começou a tecer teorias; algumas pessoas estranhavam o fato de que todas as vítimas foram encontradas de bruços, outras questionavam como nenhuma delas acordou com os barulhos dos tiros. Não demorou muito para a casa ser considerada mal-assombrada, virando inclusive objeto de estudo dos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren."
A narrativa escrita por Jay Anson e traduzida por Eduardo Alves foi publicada originalmente em 1977, sendo considerada um dos relatos paranormais mais ricos em detalhes de todos os tempos. Conta as experiências sobrenaturais reportadas por George e Kathleen Lutz durante o mês de dezembro de 1975, quando moraram na casa que compraram por uma pechincha e que fugiram aterrorizados, deixando a maior parte de seus pertences para trás.
O legal é que a "edição apresenta a construção em detalhes, do quarto secreto no porão às verdadeiras manchas nas portas e nas paredes escondidas pelas tintas do tempo — tudo exatamente como aconteceu, com todos as entidades e vozes que habitaram o sótão, o porão e demais cômodos da casa —, em uma edição assustadora e com o cuidado quase sobrenatural".

COMPRE/COMPARE PREÇOS:

“Para mim, o que existiu nesta casa, foi com certeza de natureza negativa. Não teve nenhuma relação com alguém que em outras vidas caminhou na terra em forma humana. É algo que surgiu das entranhas da terra.” Lorraine Warren

DarkSide Books



#2 Escrito há 80 anos atrás pelo inglês Frank Baker e publicado em 1936, Os Pássaros foi pras telas de cinema em 1963 pelo diretor Alfred Hitchcock. Conta a história de aves que sobrevoam Londres e logo passam a atacar pessoas ferindo-as com violência. Qual o motivo? Força da natureza ou uma manifestação sobrenatural?
"Narrado em primeira pessoa por um dos sobreviventes do ataque mortal, o romance traça um panorama ao mesmo tempo irônico e crítico ao capitalismo e às sociedades ocidentais, que ainda se recuperavam da Primeira Guerra e da crise econômica iniciada com o Crash da Bolsa de Nova York, em 1929, mas seguiam cometendo barbaridades, em nome da civilização, em lugares como a África."
A obra tem tradução Bruno Dorigatti.


COMPRE /COMPARE PREÇOS:
DarkSide Books



#3Dois anos depois de matar Blyth, matei meu irmãozinho Paul, por motivos muito mais sérios e diferentes daqueles que eu tivera para acabar com o primeiro. Daí, um ano depois, foi a vez da minha priminha Esmeralda, por puro capricho. Esse é o placar até agora. Três. Não mato ninguém há anos, e não pretendo matar de novo. Foi só uma fase pela qual passei.
Fábrica de Vespas narra em primeira pessoa a história de Frank, que tem uma família disfuncional e usa a violência como válvula de escape. Seu contato com o mundo exterior é através de seu amigo anão e os animais que observa na natureza. Quando descobre que seu irmão Eric fugiu do hospital psiquiátrico, Frank se prepara para o retorno que reacende os mistérios do passado e vai mudar a vida dele por completo.
A obra foi publicada em 1984 e polemizou por sua abordagem macabra, bizarra e perturbadora. O autor Iain Banks é escocês e é considerado escritor de alto padrão de obras de ficção científica, esse livro já é um clássico moderno, eleito entre os cem romances mais importantes do século XX. O livro tem tradução de Leandro Durazzo.


COMPRE/COMPARE PREÇOS:

Uma história excepcional de horror gótico, macabra, bizarra e impossível de largar." (Financial Times)

DarkSide Books



#4 Escrito por Walter Trevis e traduzido por Taissa Reis, O Homem que Caiu na Terra foi publicado originalmente em 1963 e adaptado ao cinema em 1969 com ninguém menos que David Bowie estrelando o protagonista alienígena chamado Newton, que tenta se adaptar ao estilo de vida de nosso planeta pra sobreviver. Ele veio à Terra numa missão desesperada para tentar salvar os habitantes de seu longínquo planeta. Mesmo sendo superiormente inteligente que os humanos, ao poucos conhece situações humanas como a solidão existencial, angústia, o desespero e o álcool,  ao mesmo tempo em que reflete as mudanças que estavam ocorrendo entre os anos 1950, com o início da Guerra Fria. 


PRÉ VENDA - COMPRE/COMPARE PREÇOS:


DarkSide Books The man who fell to earth



#5 Evil Dead, um filme de 1981, lançado no Brasil como A Morte do Demônio, foi escrito e dirigido por Sam Raimi, que também foi o responsável pela refilmagem deste clássico que une horror e comédia em 2013.
"Evil Dead conta a história de como Ash que com seus amigos vai para uma cabana no meio da floresta para curtir as férias e acabam encontrando um antigo livro encadernado com pele humana e escrito com sangue, o Livro dos Mortos - Necronomicon, homenagem ao mestre dos contos de terror H.P. Lovecraft ♥. Ao tentarem descobrir do que se trata a obra, acabam por liberar demônios, que vão partir com tudo para cima dos jovens."
O filme virou livro escrito por Bill Warren e traduzido por Dalton Caldas, que teve acesso aos arquivos cinematográficos de Raimi.

COMPRE/COMPARE PREÇOS:



Fiz questão de citar os tradutores devido à Campanha #nomedotradutor, que visa valorizar o trabalho destes profissionais responsáveis por trazer a ideia dos autores ao nosso entendimento. 



Dicas de leitura DarkSide:

E você, já leu algum dos livros? Gostou?

Acompanhe nossas mídias sociais:

http://candycolor.com.br/site/


19 de outubro de 2016

A história do Batom Preto

Kat von D, MAC e até grifes como Dior e Yves Saint Laurent já tem ou tiveram seus batons pretos. E também uma das primeiras lojas punks da América, a Manic Panic. No Brasil, diversas marcas vendem a cor.

O batom preto é hoje altamente comercial, de marcas mais caras que alegam ser "cruelty free" à baratíssimas de composição química duvidosa. A tonalidade pegou impulso no revival dos anos 90, na geração Tumblr e esteve presente em diversos desfiles de grifes famosas; sem isso talvez nem chegassem ao Brasil tantas opções. Se hoje existem dezenas de opções de batom preto por aqui é porque criou-se uma demanda.

Diferente do exterior que desde 2008 a tonalidade ganhou espaço nas mais diversas marcas, pesquisadores de moda e tendências, como resultado de pesquisas comportamentais e de consumo, afirmam que a consumidora brasileira é conservadora; seu medo de ousar é devido aos julgamentos alheios, assim, se torna o que chamamos de consumidores "tardios" ou "retardatários" que só adotam algo "diferente" quando aquilo já virou moda, ou seja, produção em massa, algo já "normalizado". A insegurança de ser julgada é notável ao observar que mesmo meninas muito jovens, que estão na idade que podem usar tudo o que quiserem, tem medo de experimentar batom preto. E talvez essa característica da consumidora brasileira é que tenha feito as empresas nacionais de cosméticos demorarem muitos anos pra nos oferecer opções de compras na tonalidade, que em 2016 está vivendo seu auge no território nacional e resultando em uma centena de resenhas em vídeos e blogs sobre esta cor hoje tão popular e desejada. 
MAC black lipstick

O texto abaixo é uma tradução do artigo The History of Black Lipstick de Arabelle Sicardi para o site Broadly [aqui]. Fiz leves cortes de texto para se adequar à proposta do blog, mas por minha conta adicionei imagens. Todos os trechos assinalados com * (asterisco) foram por mim acrescentados.


A história do Batom Preto 
Poucas coisas tem um impacto tão grande como um toque de batom preto. Segundo o influente designer japonês Yohji Yamamoto, "acima de tudo o preto diz o seguinte: Eu não te incomodo, você não me incomoda". E por essa inacessibilidade que a cor é associada profundamente com a pós-contracultura e se tornou uma parte tácita do léxico de beleza. Você quer parecer atraente? Use batom vermelho. Você quer parecer atraente e assustadora? Pegue o batom preto.


De múmias egípcias à mortalidade Maori
A primeira referência registrada do batom preto vem do Egito, por volta de 4000 a.C. As mulheres egípcias deste período não tinham medo de cor ou beleza: elas usavam sombra verde, batom preto azulado, blush vermelho, henna nos pés e acentuavam seus seios e mamilos com azul e ouro. Elas ainda tinham seus próprios kits de maquiagem - o batom era aplicado com uma varinha de madeira e arqueólogos encontraram caixas de madeira usadas para armazenar pigmentos. Homens pintavam os lábios também. E a aparência era prioridade máxima não apenas para os vivos mas também para os mortos: mulheres eram regularmente enterradas com dois potes de rouge nos túmulos.

Alguns milhares de anos depois, os lábios enegrecidos apareceram novamente, desta vez entre as tribos Maori da Nova Zelândia em 1700. As tatuagens Maori são considerados por alguns como um dos primeiros casos de batom preto (ou pelo menos, da ideia de batom preto, uma vez que é uma abordagem mais permanente). O povo considera a cabeça a parte mais sagrada do corpo, e a tatuagem é um rito de passagem e um sinal de posição social; as tatuagens Maori nas mulheres são historicamente centradas em torno da boca, principalmente em azul escuro e preto. Isto saiu de moda no século 20, mas os Maoris têm revivido nas últimas décadas. Eles têm um ditado sobre suas tatuagens: "Taia o moko, hei hoa matenga mou." Isso se traduz em: "Escreva-se, então você tem um amigo na morte." Morte e beleza têm sido amigos há muito tempo.

Tatuagem feminina Maori
maori female tattoos black lips


O auge de Hollywood
Se você não pode viver para sempre, seu trabalho (e beleza) pode ser capaz. O brilho de Hollywood na década de 1920 atingiu o batom preto também, embora mais por razões logísticas, em vez de simbólica. Esta é a era de Mae Murray, Clara Bow e Max Factor: sereias do cinema da velha escola e o maquiador que ajudou a torná-los estrelas. Neste contexto, o batom preto surgiu como uma maneira de corrigir um problema com a iluminação dos filmes. Naquele momento, a composição da maquiagem era pesada e gordurosa (greasepaint) e foi tipicamente usada em produções de teatro. Factor, um judeu polonês que imigrou para os Estados Unidos em 1904, surgiu com uma versão mais matizada em cores primárias, chamando-o de "greasepaint flexível."

Com isso, ele redesenhou contornos e linhas do rosto para contraste nos filmes, que, sendo apenas preto e branco, exigiu um processo diferente da pintura facial do teatro, colorida. A cor que ele usou para redesenhar "brilhantes" lábios vermelhos no filme? Preto. Todas estas heroínas de filmes foram pintadas como tons de cinza vivo. Foi por volta dessa época, especificamente por causa do envolvimento de Factor com celebridades e Hollywood, que a indústria da beleza na América floresceu. Com batom preto sendo uma força fundamental em seu arsenal, Factor inventou o termo "makeup" (composição).

Max Factor aplicando batom em Madge Bellamy
 

Fiz essa montagem de May Murray com a cena em PB e a colorida artificialmente. Segundo o artigo, o batom em cena era preto para ser entendido pelo espectador como um batom vermelho vivo - cor em moda na época.

 Lábios vermelhos eram a voga da década de 1920.



Olhos cor de piche e lábios totalmente à prova de beijos
Enquanto batom preto continuou a ser popular no cinema por décadas, a cor não se tornou familiar por algum tempo (embora se tornou mais prontamente disponível).
Um dos momentos posteriores da notoriedade do batom preto no mainstream aconteceu em 1927. Esta foi a primeira introdução registrada do batom permanente. Marcas introduziram o batom que mudava de cor da embalagem para os lábios. O mais notável veio da marca francesa Rouge Baiser, na forma de  batom preto: uma fórmula ("à prova de beijo") indelével que mudava de preto no tubo para vermelho em seus lábios. A linha tinha originalmente seis tons, com apenas o preto sendo o mais profundo. Estes eram caros para a época, vendidos por cinco vezes o custo de outros batons no mercado.  
A ideia para esta iteração do batom preto veio de Paul Baudecroux, o químico por trás Rouge Baiser. O corante utilizado no batom era óleo solúvel, tornando-os de aparência escura, mas não livre de óleo suficiente nos lábios, de modo que a maquiagem deixa uma mancha vermelha em vez do profundo preto avermelhado do batom no tubo. O mesmo tipo de truque é usado hoje em batons de mudança de humor.

Anúncio de 1939 do batom que muda de cor. 
Preto na embalagem e se torna vermelho nos lábios.



Apenas dois anos após a introdução e popularidade do batom preto da Rouge Baiser, a Vogue afirma que "mesmo os jovens agora estão concordando que batom preto e perfumes Russian-spy são bastante ridículos." Isso não impediu atrizes de cinema de usá-lo na câmera, é claro. As mesmas celebridades que apareciam na Vogue ainda usavam o tom regularmente no set. Em uma biografia da indústria de Hollywood em 1948, o ator Richard Board se lembra de Gloria Swanson usando batom preto no set. "Fiquei espantado que as mulheres usavam batom preto. Quero dizer preto, negro como piche."

Gloria Swanson sendo maquiada por Max Factor

* Na década de 1950, o batom preto é visto especialmente nos filmes de terror, como em Maila Nurmi e sua personagem Vampira. Dando a ideia de que os lábios são sedutoramente um vermelho profundo.


Bowie, Biba, e The Craft
Foi cerca de uma década mais tarde que o batom preto passou de desaprovação pública na Vogue para a venda esgotada nas ruas de Londres. Na década de 1960, a marca icônica Biba [aqui] se torna o árbitro de todas as coisas de beleza, com dourado, azul, roxo e batom preto em cada menina cool que circulava ao redor. Lou Reed era um grande fã do batom preto da Biba; Helmut Newton fotografou as campanhas; David Bowie era habitual na loja. Além batom preto, a marca teve a matiz de seu primeiro marrom escuro profundo, que vendeu tudo imediatamente. O batom escuro tinha finalmente feito uma marca no público.

Anúncios da loja Biba, batons escuros.

* Na década de 70, o batom preto da Biba virou sensação no Brasil e umas das formas de adquirir o produto era comprar na zona franca de Manaus pelo fácil acesso de mercadoria importada. Era comum pessoas fazerem compras na cidade para depois revenderem no restante do país. 

Depois que a garota Biba ficou gótica, em 1977, a Manic Panic lança seu primeiro batom preto, Raven. É um tom semi-fosco usado de forma bastante diferente do que na era da Biba: em vez de acompanhado de um arco-íris de brilhos e roupas com tons de joalheria, as meninas góticas preferem uma palidez mortal.
Elas conseguem o que querem, e muito mais, quando a Hot Topic abre suas portas em 1988. Eles começam imediatamente a vender batom preto para uma multidão gótica e nunca pararam. Eles não apenas vendem preto, mas azuis, verdes escuros e tubos metade branco. Neste ponto, até mesmo as farmácias tinham suas próprias greasepaint negras durante a temporada de Halloween.

 Góticos dos anos 80 usando batom preto.
góticos anos 80 batom preto

Oito Halloweens mais tarde e o batom preto sai do Dia das Bruxas e vai para o mercado de beleza tradicional mais uma vez. Em 1996 Urban Decay lança dois tons de esmaltes e dez tons de batom - um deles preto, chamada Oil Slick (Derrame de Petróleo). Foi vendido até alguns anos atrás, quando renovou a sua embalagem e formulação, embora você ainda possa encontrá-lo no eBay, bem como tudo o mais precioso e raro no mundo.

1996 é também o ano que é lançado o filme The Craft (Jovens Bruxas), inspirando adolescentes temperamentais ao redor do mundo, aspirando a juntar clãs e usar batom preto. O efeito The Craft é real e palpável - logo após o lançamento do filme, o batom torna-se uma "força disruptiva" nas escolas. Uma menina pré-adolescente tenta o suicídio depois de ser enviada para casa duas vezes por usar batom preto, e sua história sai no New York Times. (Ela sobreviveu e foi transferida de escola.)

É quase exatamente uma década depois que o batom retorna para uma plataforma menos trágica. Em 2008, YSL lança YSL Gloss Pur Black para o outono, mandando modelos pela passarela em perucas pretas e lábios negros.

Deste ponto em diante, o batom preto se torna sempre um ponto de conversa em comunidades de beleza. Não é nenhuma surpresa então, que em 2013, a MAC lança sua própria tonalidade preta para a Black Friday, aproveitando a obsessão do nicho no dia mais "comprável" do ano. Era uma cor em edição limitada e esgotou imediatamente.

O batom preto atualmente é moda mainstream, usado por mulheres do mundo todo, não é mais de nicho, limitado à um grupo específico de pessoas, como as alternativas.
makeup black lipstick


Hoje, você notará o batom preto praticamente em todos os lugares: quero dizer, se o clã Kardashian está usando-o, você pode seguramente argumentar que não é mais nicho. Esse é o lance com identidades alternativas: elas são adotadas e transformadas em algo completamente diferente. Cultura come cultura e cospe-a de volta, um monstro imortal. É justo que o batom preto é tão ligado ao renascimento e vida após a morte, considerando quantas vidas ele se foi completamente. Já não precisam mais os góticos viajar para locais punks obscuros e nem pegar uma carona na minivan da mãe para a suburbana Hot Topic: em vez disso, eles podem simplesmente passar na Sephora ou na bodega local para uma rápida escolha da angústia em um tubo.

Como vimos, lábios pintados de preto estão presentes na história há muito mais tempo do que imaginamos. Estando na moda, sendo usado por mulheres glamourosas ou elegantes, perde seu apelo de choque ou terror, restando aos alternativos criar novas formas de manter a essência transgressora do produto. 

 
Nota: Sempre li e ouvi dizer que no cinema preto e branco as atrizes usavam batom vermelho e na tela os lábios parecem pretos. Como este artigo diz que Max Factor inseriu batons preto avermelhados ou até mesmo pretos para na tela serem entendidos como um vermelho profundo, indo contra tudo que eu havia lido, fui pesquisar. Li que o batom vermelho da época, saía na verdade amarronzado na tela e por isso o batom usado pelas atrizes devia ser um tom clarinho como amarelo ou até mesmo vermelho bem clarinho. A fala de Richard Board sobre os lábios pretos de Glória Swanson, encontrei publicada no livro "Hollywood Remembered: An Oral History of Its Golden Age" de Paul Zollo na página 205 e se refere ao ano de 1948. O livro "Gloria Swanson: Ready for Her Close-Up" também diz que a atriz usava o batom preto em cena. Este site diz "apesar de algumas atrizes usarem seus lábios muito escuros, cores claras eram mais usadas...". A conclusão que chego é que alguns maquiadores e atrizes preferiam usar os lábios bem escuros, mas a maioria preferia lábios em tons claros e tudo isso variou durante as décadas porque as técnicas de filmagem e de luz mudavam, e adaptações nas cores da maquiagem precisavam ser feitas constantemente, até mesmo devido ao reflexo da cor dos cabelos das atrizes no rosto devido à luz de estúdio. Bom, fica aí a informação e quem souber mais sobre lábios escuros na história, seja bem vindo a acrescentar.

Na montagem abaixo, do lado esquerdo "para projeção de cores" (lábios vermelho claro) e no lado direito "para preto e branco" (lábios amarelos).
1920s makeup movies


Tradução do artigo original feita pelas autoras do Moda de Subculturas. Para usar como referência, basta linkar este artigo. As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos.


Acompanhe nossas mídias sociais:
 

http://candycolor.com.br/site/


© .Moda de Subculturas - Moda e Cultura Alternativa. – Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in