Destaques

9 de outubro de 2023

Comfy-Goth? Tudo virou um grande mercadão gótico? Parte da cultura alternativa se tornou um puxadinho neoliberal do mainstream? Pasme: são 14 anos de Moda de Subculturas!

Hoje o blog completa quatorze anos!
Quem aqui segue desde o começo? 😃

Se você chegou agora, seja bem vinda!! 
Se você não conhece a história do blog - que surgiu de uma comunidade do Orkut, te recomendo ler esse post, tá tudo explicadinho lá! [Subculturas e Estilo, a história que me trouxe até aqui]

Em determinado momento destes 14 anos o Moda de Subculturas passou a ser escrito por duas mulheres, não apenas uma. Porque quem causa separadas causa juntas também!

Ainda temos MUITA coisa a contar sobre subculturas, tribos e estilos alternativos, mas porque tudo anda tão lento por aqui??

Antes dessa pseudo-pausa com postagens super esporádicas, eu tinha tempo para pesquisar e escrever. Hoje estou terminando a segunda graduação! Quem estuda em universidade pública sabe como é ter de dar conta das leituras e fazer os trabalhos acadêmicos.

Se vocês estão mais velhas e querem estudar algo que gostam e tem essa possibilidade: estudem! Não pensem que estão velhas demais pra entrar pra uma universidade após os 30 ou 40 anos. Mulheres tem direito ao estudo há pouco mais de 100 anos no Brasil, a intelectualidade não era nosso direito, nosso lugar era o da submissão.

No primeiro dia de aula na universidade a professora disse: na medida que vocês se intelectualizarem, vão brigar com todo mundo. Vocês vão incomodar as pessoas, romper amizades, brigar com a família, porque o conhecimento transforma. Me dediquei a estudar matérias dos cursos de História, Antropologia, Ciências Sociais, Filosofia, Museologia, Ciências Econômicas, Relações Internacionais, Teoria Feminista e algumas outros cursos livres, fiz cursos de extensão e BUM! O que a professora disse se concretizou.

Esses últimos anos de (quase) ausência de conteúdo tem essa justificativa: depois de tanto estudo em tantas áreas complementares, eu finalmente acho que entendi muitas coisas do mundo! Entendi o que me incomodava. Entendi onde as subculturas e tribos urbanas se encaixam. Tanta coisa mudou apenas por eu ter estudado a fundo algumas questões, indo na origem! JOGUEI FORA muito do que não era meu. Tudo que eu estava reproduzindo por uma influência superficial. 

Na biblioteca sendo uma bibliófila alternativa.

Em 2020 eu estava QUASE virando adepta de peças retrôs mais sofisticadas mesmo eu NUNCA tendo me identificado 100% com o retrô por ter como referência estética a mulher conservadora submissa da década de 1950 (eu sempre fui mais para a rocker daquela década). Eu sei que existe o lema “seja retrô não seja retrógrada” - que concordo completamente! Mas na medida em que fui lendo sobre essa época percebi que não há mesmo como separar as coisas, não existe isso de ressignificar e descontruir, são falácias - tenta-se, mas a origem real sempre volta, é a raiz! Por isso tantos conservadores(as) estão inseridas nesta subcultura. Não é a toa, é a origem. É a história.

Eu estava tentando me encaixar num modelo estético associado a “mulheres adultas”, “mais velhas” e “femininas”. Eu era naquele momento uma “mulher adulta, mais velha e feminina”. Eu não queria usar minhas peças super góticas porque estava cansada de pensarem que eu tinha 20 anos. E as peças “adultas” da subcultura gótica são sensuais demais (nunca gostei de ser sensual) ou com volumes incompatíveis com certas atividades. Eu precisava de um estilo que representasse minha fase de vida. E daí no meio desse processo profundo de intelectualidade, questionamentos e auto reflexão, resgatei quem eu era antes de ser tão influenciada. E quem eu era na verdade eu sempre fui: a mulher que gosta de estilo & conforto.

Ao invés de peças justas e passos trêmulos no saltão de verniz, eu entendi que prefiro roupas confortáveis e estilosas que deixem meu corpo livre. E sim - continuo achando lindo o estilo vinil/verniz, mas percebi que não tem a ver comigo interpretar uma personagem sexy. E bom, quem viu a coleção Dark Glamour que lancei com a Dark Fashion, já percebeu ali algumas roupas confortáveis e atemporais [ se você não viu clica aqui pra ver as fotos: Dark Fashion - Dark Glamour]. Nesse processo se revelou pra mim a dificuldade em encontrar peças alternativas que aliam o diferente/criativo com o conforto.

Adotei o hábito de observar as mulheres nas ruas e percebi que no dia a dia as roupas que elas preferem para fazer atividades diárias diversas são peças confortáveis, relaxadas, que permitem mobilidade. Mesmo as moças visivelmente alternativas escolhem peças confortáveis nestes casos.

Sempre vejo uma galera de Tóquio usando peças confortáveis ESTILOSÍSSIMAS e fico só pensando quando a gente finalmente vai ter essas opções... pra mim não tem essa de a peça não ficar "de subcultura" o suficiente, pois quem faz isso somos nós, com nossa criatividade.


Ignore o calçado da foto, o papo é sobre roupas confortáveis!
Podemos falar de calçados em outro momento.

O que realmente não permite a criação de peças confortáveis para as mulheres são ideias estereotipadas sobre o que é ser mulher. Além disso, a moda alternativa feminina (não somente no Brasil), reproduz conceitos muito idealizados sobre as mulheres e o estilo de vida que devem ter.

Tempos atrás fiz uma sequencia de stories e caixinha de perguntas e respostas no Instagram do blog, era sobre roupas soltas e "sobras de tecido". Dei vários exemplos de looks criativos e confortáveis! Até adotei um nome pro estilo que está faltando no Brasil: Comfy Goth! XD 

Story de março de 2023 no Insta do blog.


Também acho que hoje as lojas alternativas viraram UM GRANDE MERCADÃO GÓTICO. Se você quer algo estiloso fora disso, você não encontra (e sim eu AMO moda gótica, mas não sou tapada) ou melhor, encontra em loja de departamento. E se você não curte elementos fetichistas então: se ferrou. Você tem que ser a deusa plataformada no verniz vinil látex amarração brilhosa, mas espera! você também tem que ser aquela bruxa fada gótica esvoaçante! Ou a justíssima garota sexy do heavy metal! Os estereótipos permanecem porque a cultura do estereótipo permanece sendo ensinada para as gerações seguintes de mulheres alternativas.

Será que ser sexy bruxa fada trevosa no látex é só o que as mulheres alternativas podem ser? E todos aqueles estilos tão diversos que haviam nos anos 1990-2000 e todos aqueles estilos interessantes que apareceram no período da pandemia e parece que ficaram só no virtual?

Várias vão discordar de mim dizendo que está tudo ótimo. Normal, opinião cada uma tem a sua. Apenas lembro que todas nós, mulheres, somos condicionadas desde muito pequenas a aceitar o mínimo, a aceitar situações desconfortáveis fingindo que está tudo bem, a ter medo de abrir a boca e ficar vista como malvada, chata, de sermos excluídas do grupinho... Mulheres são educadas para a submissão e ao não questionamento, a agradar sempre e não ser "grosseira" - aqui entende-se por ser assertiva. Eu não tenho medo disso. Não tenho medo de ser sua malvada favorita.

O mais difícil desse meio da blogueiragem e mídias sociais é manter um pensamento autônomo, não se tornar um robozinho que replica o que os outros falam ou o que eles querem ouvir. E às vezes quando você não segue o pensamento único que todo mundo replica, vira "a chata" do rolê. Ser influencer hypada na internet pode significar se vender e às vezes até ludibriar os seguidores. Só que eu tenho uma ética pessoal e vivo a partir dela. 

Você não pode ser aberta ao questionamento se você se torna uma hiper influenciadora, pois o contexto desta atividade é o modelo mainstream. Isso fica evidente na medida em que mais meninas alternativas ao redor do mundo se tornam influencers: o tom delas muda, o personagem se sofistica, o questionamento, o pensamento crítico, o jeitão desafiador vai pra baixo do tapete, algumas ficam soando como bobocas, outras adotam o papel de burrinha ou a acolhedora de todos os oprimidos, outras viram a eterna garota sexy, outras se assemelham a influencers mainstream sustentando discursos elitistas, ostentando uma falsa burguesia, porém com roupas pretas. E você sabendo que elas não são realmente aquilo que mostram, que fazem porque precisam manter a influência. Sem exercer toda autenticidade e a potencialidade intelectual que são capazes ao se adaptarem ao sistema de mercado reproduzindo os estereótipos.

Isso quando não aparecem as especialistas em discursos esquerdistas rasos copiados de influenciadores YouTubers. Parte da cultura alternativa se tornou um puxadinho neo/liberal do mainstream, progressistas liberais e pós modernos que juram ser esquerda radical numa bagunça ideológica sem precedentes. Dizem serem fãs de Marx, mas não identificam a presença do materialismo histórico nas minhas análises de moda alternativa, criticando-as.

A consciência de tudo isso me vez ver muita coisa de outra forma. Ver as subculturas, as modas alternativas com olhar mais afiado. Tanto mudou de 2020 para cá e mudou de forma tão profunda que EU AINDA NÃO CONSEGUI transformar essa mudança em textos. Sentar e escrever. São muitas coisas fervendo o cérebro. Quase como “iluminações”.

A faculdade de moda nunca me ensinou a pensar! O que estudei em moda era muito interessante, mas não provocava incômodo, pelo contrário, colocava o incômodo na curiosidade, nas “bizarrices” risíveis.

Subculturas e tribos influenciam a história da moda e são influenciadas por ela, assim como influenciam e são influenciadas pela moda mainstream. Mas as coisas que eu aprendi nestes últimos anos complexificam tanto essas questões que está difícil pra mim elaborar o pensamento complexo de forma simplificada.

O maior legado do blog nestes anos todos, acho que o principal, foi tratar a moda alternativa com seriedade, sempre respeitando a história das mais diferentes tribos, subculturas e estilos, mesmo daquelas que não tenho a mínima identificação e/ou que são problemáticas. E nunca tratar as seguidoras como trouxas influenciáveis, incapazes de pensar por si. Sempre considerei minhas seguidoras super espertas e inteligentes!

Parando por aqui nesta cartinha de aniversário, senão vira um livro!
Podem comentar o que quiserem!
Sana




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5 de outubro de 2023

Literatura: Romance Gótico "O amor vai nos separar" de Milton James

Em 2015, um casal gótico me contatou perguntando se eu queria postar sobre o casamento deles, eu topei! Esse casal era Milton James e Morgan LeFey. Recentemente Milton me contatou e me contou que escreveu um livro! 

Me mandou de presente "O amor vai nos separar", um romance gótico cheio de referências a história de bandas e subculturas, além é claro, de uma história de amor entre jovens! Eu recebi o livro impresso! É lindo! Se você se interessar, o livro está a venda em versão ebook na Amazon (clica aqui)

Muito obrigada pelo livro Milton, eu adorei que enquanto acontece a cronologia dos eventos de amizades e romances, ocorre também a cronologia de bandas, músicas e subculturas, ótimo pra quem ainda não conhece esse processo passar a conhecer. Segue detalhes da história:


O fio condutor deste livro é a descrição das experiências de um jovem que buscava incessantemente descobrir o sentido da sua vida e que procurava ter uma relação afetiva baseada em um amor verdadeiro. Ao longo de sua vida, envolveu-se com algumas pessoas em relacionamentos apaixonantes, ao mesmo tempo em que se identificou com filmes, músicas, poesias e com a filosofia e a estética do movimento pós-punk, o qual foi fundamental para a afirmação de sua personalidade.


Clique aqui ou na imagem para acessar o livro.
 

O autor conduz o relato das vivências que proporcionaram transformações na vida desse jovem, na efervescência cultural da cidade de São Paulo, nos anos 90, período com bastante influência cultural dos anos 80, que refletiram nas expressões artísticas e comportamentais da época. Nesse contexto, em que transcorre esse movimento de subcultura minimalista, o jovem Caim é o protagonista dessa história intensa e cheia de percalços.

O romance é acompanhado por uma trilha sonora específica, fundamental para o contexto desta história. A leitura desta obra pretende entreter e emocionar, estimulando a imaginação enquanto induz à reflexão sistemática sobre a vida, moldada pelas experiências que formam nosso caráter.

O livro está disponível no formato ebook, 

clique na imagem para adquirir o seu:

   



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