A volta dos Club Kids e da cena Drag se dá pelo enorme sucesso do reality show Rupaul's Drag Race e consequentemente a retomada do movimento trans na mídia. Tem ocorrido coisas bem legais e uma delas é a abertura dada a uma nova geração de talentos, mas que também veio para resgatar a memória daquelas que iniciaram o caminho. E é isso que vamos fazer nesse post: unir a força do presente com a lembrança do passado.
O termo "drag" vem do teatro, e data de 1887, significando a saia que os atores usavam ao interpretar personagens femininos. A palavra acompanhada de "Queen" remete à cultura gay e "Drag King" seria o contrário, mulheres travestidas de homens. Foi na década de 1980 que a cultura drag saiu do gueto com ajuda dos Club Kids e apesar de fazerem muita piada com sexo, duas das características das drags são: uma atitude dessexualizada e terem um estilo ou marca pessoal.
O termo "drag" vem do teatro, e data de 1887, significando a saia que os atores usavam ao interpretar personagens femininos. A palavra acompanhada de "Queen" remete à cultura gay e "Drag King" seria o contrário, mulheres travestidas de homens. Foi na década de 1980 que a cultura drag saiu do gueto com ajuda dos Club Kids e apesar de fazerem muita piada com sexo, duas das características das drags são: uma atitude dessexualizada e terem um estilo ou marca pessoal.
Começando com RuPaul, da qual seu nome exótico foi retirado da revista Ebony, se tornou o maior símbolo de sucesso nos anos 1990. Mesmo com o passado difícil ao nascer na preconceituosa cidade de Atlanta, em 1993 foi capa da revista Time. Para o grande público, apareceu com o hit Supermodel of the World que invadiu pistas gays e héteros no mundo todo.
Em 1993, a jornalista Erika Palomino conseguiu entrevistá-la e na conversa saíram revelações como ser drag há 11 anos, "não me operei, não fiz plásticas, não tomei hormônios. É tudo atitude". Comentou sobre a cena na época: "as drags nos dizem que devemos valorizar a vida e celebrá-la e é uma resposta do mundo gay à tristeza da AIDS, temos o mérito de trazer de volta o glamour." E lembrou do hábito que adquiriu do seu passado: "quando eu era punk, na adolescência, usava cabelo moicano, então me acostumei a raspar a cabeça. Desde então não parei mais. Hoje raspo todo o corpo."
Uma curiosidade: Rupaul já esteve no Brasil em pleno carnaval de 1996. Usou peruca de um metro de altura e com seus 1,94cm e usando plataformas, ela chegava a quase três metros de altura!
Com o lançamento do reality em 2009, o programa alavancou a cena apresentando ao público de massa a nova geração que estava escondida nos palcos da noite underground. Apesar da tarefa difícil, damos destaque para Adore Delano, Nina Flowers e Sharon Needles.
Adore Delano e sua pegada alternativa: goth, pinup e rocker.
Nina Flowers e seus visuais que lembram as subculturas Glam Rock, Póst-Punk e Goth.
Participante da quarta edição, Sharon Neddles carrega influencia na estética de muitos artistas do rock e referência em personagens e temas que também serviram de fonte para os próprios rock stars. Ou seja, na sua montação há muito de Freak Show, aquela pegada mais trash e dark. Esse conceito vem de uma linhagem que nós amamos, que é a do Shock Horror e logo remete a dois nomes: Frank-n-Furter e Divine.
Sharon Needles e seu lado Goth
O primeiro é personagem do The Rock Horror Picture Show, peça de teatro que se transformou no famoso filme cult, criando uma geração subsequente de fãs. Definido como "um doce travesti da Trânsilvania transexual e bissexual", Frank é uma mistura de tudo aquilo que chocava a sociedade conservadora dos anos 1970. O longa é um marco até hoje e deve ser revisto não só pela obra, mas pela situação de retrocesso que anda se vivendo mundo afora.
Enquanto Frank estava só nas telas, Divine fazia parte dela e da vida real. Musa do diretor John Waters, a parceria rendeu vários frutos, porém o maior destaque está em Pink Flamingos. As produções lado b elevaram o status de Divine e a tornou uma figura badalada na época frequentando até o Studio 54 (só entrava nessa boate quem o dono escolhia e os critérios eram: fama, beleza ou visual descolado). O mais louco da história foi descobrir anos depois que a personagem Úrsula de A Pequena Sereia é inspirada nela! Quem diria uma drag sendo referência em um filme infantil da Disney, hein?
No Studio 54 com Andy Warhol
Pink Flamingos
Referência para bruxa Úrsula em Ariel
No final de 1980 e início de 90 surgem os Club Kids. Igual anteriormente, alguns nomes se sobressaem, como é o caso de Richie Rich. Em 1999, Rich lança junto com Traver Rains a marca Heatherette causando o furor por apresentar coleções conceituais, com referências surrealistas, cheias de brilho e cores. As passarelas ferviam porque o desfile misturava tops como Naomi Campbell, celebridades polêmicas tipo Anna Nicole Smith e outras personalidades LGBT. Amanda Lepore, que também vinha dos Kids, participou ativamente dessa festa.
Coleção Primavera 2015
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FCA PHOTO |
Acréscimos finais
Iniciamos falando de RuPaul e seu aparecimento nos anos 1990. Para se ter uma noção da popularidade que tiveram as drags no mainstream, filmes são lançados envolvidos com a temática. Rupaul fez participação em Para Wong Foo, Obrigada por Tudo. Não há como esquecer de Priscilla, a Rainha do Deserto e o remake noventista de A Gaiola das Loucas.
Nos palcos, nem todas as performers eram/são só drags, muitas também são transgêneras. Nas perdas de 2015, estava a atriz Holly Woodlawn que trabalhou com Andy Warhol e fez participação no seu filme Trash. Holly está marcada na história do rock por ser citada na famosa canção "Walk on the Wild Side" de Lou Reed.
Com o falecimento de David Bowie, veio a lembrança Romy Haag que ficou conhecida na Europa pelo seu cabaret "Chez Romy Haag" da qual lhe rendeu ótimas amizades com celebridades e rock stars, chegando a virar musa de Bowie e o influenciado artisticamente nos anos em que passou em Berlim.
Que esse post tenha ajudado a abrir mais os conceitos de diversidade.
E para quem curte uma boa montação, se joga!
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