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17 de outubro de 2017

Metal, Dark e Gótica: conheça as fusões da Dança do Ventre e Tribal na cena underground.

Com trajes diferentes dos estilos tradicionais folclóricos ou orientais da dança do ventre, além de cabelos coloridos, tatuagens ao longo dos braços, costas e barriga, piercings e todo tipo de joias e adornos, pode-se dizer que as dançarinas de tribal criaram uma porta de entrada para que se desenvolvessem fusões com os mais variados estilos musicais que não são necessariamente compostos por ritmos orientais, bem como estilizaram a dança do ventre de maneira exclusiva, trazendo novos elementos criativos para uma dança antiga. Aqui você pode saber mais sobre o estilo tribal de dança do ventre
 
Dança do Ventre Tribal Fusion Rock Metal Gótica
Mahafsoun, dançarina de Tribal na fusão de Rock e Metal

Das subvertentes que se formaram, as fusões underground e obscuras ganharam espaço e se consolidaram, tendo como ícone a bailaria Ariellah Aflalo, da Califórnia-USA, responsável por disseminar a estética dark e gótica na dança do ventre e tribal.

Tribal Style,  Dança do Ventre Tribal Fusion Rock Metal Gótica
Ariellah Aflalo (USA) | Tempest (USA) | Sashi (USA)

Ariellah Aflalo com Anthony Jones


O movimento teve início na década de 1990, nascido do descontentamento das dançarinas com o estilo tradicional da dança do ventre. Em 2003, a dançarina Tempest, de Seatle-USA, fundou o site Gothic Belly Dance a fim de documentar o estilo que ganhava forma. A princípio, as fusões obscuras não se enquadravam numa categoria/terminologia próprias, as dançarinas se entregavam a experimentações contemporâneas da arte sem se ater a um padrão. Apesar de suas diferenças, muitos dos nomes notáveis da cena underground da dança do ventre e tribal se uniram em 2006 para dar à luz o DVD Gothic Bellydance, produzido pela World Dance New York, com sua sequência, Revelations, sendo lançada em 2007.

Teaser do DVD "Gothic Bellydance"


O período foi marcado também pelo surgimento de eventos dedicados exclusivamente às fusões dark e teatrais na dança do ventre e tribal, tais como o Gothla, criado por Tempest e Sashi na Califórnia-USA, considerado rapidamente como o maior festival para celebrar a cena underground da dança, com edições na Inglaterra, EUA, Espanha, Itália e Argentina, trazido para o Brasil em 2012 por Rhada Naschpitz da escola Esmahan, localizada no Rio de Janeiro. Além deste, outros eventos notáveis da cena underground incluem o Lumen Obscura (USA), ShadowDance (USA) e, no Brasil, o Underworld Fusion Fest, em Curitiba.

Teaser do III Underworld Fusion Fest


Subvertentes
A cena underground da dança do ventre e tribal se divide em fusões dark, góticas e teatrais, onde o dançarino tem a liberdade de criar histórias, invocar mitos, trazer um caráter ritualístico para sua dança ou simplesmente dançar a própria história, despertando toda sorte de emoções e sentimentos através da dança. Nas palavras de Tempest, a dançarina de fusões obscuras e underground é parte atriz, parte vampira, parte cigana, parte rebelde, parte feiticeira e parte sacerdotisa.
"Considero-me uma artista esquisita. O 'esquisito' me seduz. Meus movimentos estão impregnados de ideologias, de crenças. Meus compassos são pouco convencionais e cheios de misticismo, de oposição, de agressividade. Ocultismo, caos e luxúria são mesclados às minhas criações e retratados de forma crua, orgânica, uterina. Ao dançar eu tenho a chance de reviver certas experiências e traumas, trabalhando, aceitando e digerindo esses sentimentos. Eu gosto de olhar para o público e contar a minha história, compartilhar as minhas vivências." Holle Carogne em entrevista ao blog Aerith Tribal Fusion
Dança do Ventre Tribal Fusion Rock Metal Gótica Tribal Fusion Tribal Style
Hölle Carogne (BRA)

Elizabeth Zohar & Cia


Dragonfly Tribe


Em meio a este cenário, temos as adeptas de fusões com rock e metal, estilos musicais que acabaram se destacando entre as dançarinas de fusões principalmente por serem convidadas a participarem de shows e festivais de músicas do gênero. O Rock Fusion enfatiza uma certa carga dramática inspirada no cenário da subcultura dark/gótica - tais como noir, industrial, burlesco, medieval e vitoriana - e urbana.
"Musicalmente, o Metal é um pouco complexo, por isso pode ser muito desafiador transmitir com o corpo todo o som, bateria e guitarra, sendo necessário por vezes quebrar o ritmo, pulando algumas batidas para seguir a letra e, de repente, seguir um solo de guitarra. No geral, dançar uma música que não possui uma dança específica requer muito treinamento e habilidade para transmitir a energia de acordo com o que estamos ouvindo. [...] Ousar dançar rock em uma sociedade que não está acostumada a ver isso tem seus prós e contras. Primeiro, como dançarinos, devemos entender que nem todo rock é 'dançável' e por este motivo devemos ter cuidado com as músicas que escolhemos, estudar o público a quem nos apresentaremos e compreender que esse público provavelmente não vai digerir sua proposta tão rapidamente. É preciso ser muito delicado ao subir em um palco de rock, com uma audiência rocker, é necessário oferecer um show de máxima qualidade para que vejam a arte que está além da dança de garotas com o corpo à mostra. É um verdadeiro desafio, mas cuidar da nossa imagem como dançarino é a coisa mais importante se o nosso objetivo é apresentar nosso trabalho de maneira digna como qualquer outro." Akzara Martini em entrevista ao site Metal & Rock Dance
Dança do Ventre Tribal Fusion Rock Metal Gótica Tribal Fusion Tribal Style
Fusão Metal: Akzara Martini, Mahafsoun e Diana Bastet

No exterior, Mahafsoun (Canadá), a do meio, se tornou a dançarina de fusão rock e metal mais famosa da cena europeia, conhecida principalmente por seu trabalho com a banda portuguesa de música gótica "Moonspell". Além dela, também temos a Diana Bastet (Ucrânia), à direita, como uma forte referência em metal bellydance. Na cena tribal, Akzara Martini (Venezuela), à esquerda, é expoente de dark fusion e adepta de fusões com rock e metal.

Moonspell com Mahafsoun


Diana Bastet


Akzara Martini 


Dança do Ventre Tribal Fusion Rock Metal Gótica
Luiza Marcon (BR) - Projeto Napalm

No Brasil, temos importantes representantes do cenário underground, gótico e dark de dança do ventre e tribal. Além da já citada Rhada Naschpitz, do Rio de Janeiro, conhecida por incorporar movimentos de corvos em sua dança, dançarinas como Mariana Maia, Dayeah Khalil e Irene Patelli de São Paulo, Sabbanna Dark de Brasília, Holle Carogne, Bruna Gomes e Gabriela Miranda do Rio Grande do Sul e Gilmara Cruz de Curitiba, dentre outras, desenvolvem pesquisas e performances solo e em grupos, em parcerias com bandas e eventos.

Desrroche com Priscila Sobré


Patrula do Espaço com Sabbanna Dark


Dayeah Khalil e Samaa - Projeto Dark INfusion


Para visitar:
Madame Club - Projeto Sarasvati
O tradicional clube underground Madame, de São Paulo, recebe performances através do Projeto Sarasvati onde dançarinas de tribal da cena underground de São Paulo se apresentam regularmente.
 
Ana Dinardi


Dayeah Khalil


III Underworld Fusion Fest - Espetáculo "Death" em 21 de outubro
Como encarar a Morte? Como lidar com a perda de alguém importante? Como mirar suas fases? A humanidade, com diferentes crenças e ideologias, tenta dar sentido para essa fase do ciclo da vida. A "Morte" é o tema central do espetáculo "Death", com suas crenças, culturas, medos e mistérios interpretadas sob a óptica de cada bailarino. O espetáculo contará com a participação de convidados profissionais nacionais do Rio Grande do Sul, São Paulo e da cidade de Curitiba e convidados internacionais da Argentina e Espanha. 



Espetáculo Death: dia 21 de Outubro, sábado.
Teatro Zé Maria da cidade de Curitiba-PR, Brasil.
Realização: Aerith Asgard​.
Mais informações: http://underworldfusionfest.blogspot.com.br/
Contato: underworld.fusionfest@gmail.com
A Autora

Melissa Souza
(Várzea Paulista/SP) é bailarina, professora, coreógrafa e produtora na área de Dança Tribal, blogueira-criadora do Tribal Archive e integrante do Movimento TranscenDance. Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, atua também com assessoria de comunicação e mídias digitais para empreendedores e artistas. Dentre seus trabalhos recentes está a produção independente do Projeto Vídeo & Dança
.


Blog: http://tribalarchive.com

Artigo de Melissa Souza em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos.
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23 de setembro de 2017

Trance Lifestyle: Festivais de Música e Cultura Alternativa no Brasil e no Mundo

Se você aprecia o contato com a natureza e é adepto de música eletrônica, então sem dúvidas deveria ir a um festival alternativo. Mais do que uma balada de final de semana ou um retiro espiritual, participar de um evento do tipo é uma vivência cultural sem igual, isso porque todo festival alternativo traz uma experiência única de imersão. Seja de 30 horas, 4 dias, 1 semana ou mais, sempre retornamos com aquela sensação gostosa de energia renovada. 

Mundo de Oz


A subcultura trance tem suas origens em Goa, uma ex-colônia portuguesa na Índia que ficou ligada aos neo-hippies e ravers com suas roupas tie-dye e dreadlocks. As primeiras festas em meados da década de 1970 eram na praia sob a lua cheia com violões e flautas. Depois, na década de 1980 surge o trance de equipamentos eletrônicos, DJs de música techno com toques orientais e tribais. Nos anos 1990 na Alemanha, house, pop e outros estilos musicais também são incorporados em batidas aceleradas, década em que as festas se espalham pelo mundo.

Taoísmo, hinduísmo, zen-budismo, hatha yoga, sustentabilidade, filosofia da paz e do pensamento livre são ideologias comuns ao grupo, herdeiros da cultura psicodélica sessentista. Suas festas podem acompanhar o curso da lua, solstícios, eclipses ou equinócios. Estes "primitivos modernos", colocam a mochila nas costas e viajam para festas em praias, florestas ou desertos. Pinturas corporais, bindis, roupas praianas, cores fluorescentes, calças bocas de sino, sarongues, estampas batik, tie-dye,  aliens, deuses hindus... tudo que remeta à espiritualidade e psicodelia são vistos no corpo, nas decorações tribais e nas luzes ultravioletas. Os stands de produtos artesanais dão o toque final nas festas destes viajantes da nova era.

Comemos quando sentimos fome, dormimos quando sentimos sono, desenvolvemos empatia e cultivamos valores como solidariedade e gratidão. É desta forma, respeitando a ordem natural das coisas, se preocupando com o bem-estar do próximo e valorizando o meio ambiente em que estamos inseridos que harmonizamos nossos processos fisiológicos, emocional e espiritual. Pensando nisso, preparamos uma lista de indicações de festivais de música e cultura alternativa no Brasil e no mundo + algumas dicas para tranceiros de primeira viagem, para você embarcar nessa sem receios e se permitir se sentir um espírito livre:

Festival Lightning in a Bottle

No Brasil


1. Universo Paralello



Um dos maiores festivais de arte, música e cultura alternativa da América do Sul, acontece entre dezembro e janeiro numa praia paradisíaca na Bahia. Além da música eletrônica, uma parte do festival é dedicado à música chill out, reggae e world music, além de intervenções artísticas e oficinas diversas.


2. Pulsar Festival



São 5 dias de vivências e oficinas de permacultura e artes somadas a uma experiência audiovisual única, realizado em Julho nas montanhas de Ipoema, Minas Gerais. Neste, a entrada de menores de idade não é permitida!


3. Kundalini


Acontece no Rio Grande do Sul no mês de fevereiro em meio a cachoeiras, canyons e trilhas guiadas, com opções de alimentação vegetariana e vegana e restrição de bebidas alcoólicas. O evento conta com um espaço especial para as crianças, além de terapias holísticas, cinema e exposição artística.


4. Trance in Moon


O evento teve início com amigos de grupo secreto em 2013, em São José da Bela Vista-SP e acontece em abril, no feriado de páscoa. A entrada não inclui acomodação e é preciso levar também 1kg de alimento não perecível.



5. Mundo de Oz
Acontece em abril na Aldeia Outro Mundo, em Lagoinha-SP. Trata-se de um festival de música, cultura e ecologia, com atividades artísticas, ecológicas, cênicas e educativas, além de uma programação especial para as crianças e palcos alternativos com os mais variados estilos musicais.





No Mundo

1. Tomorrowland


Um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo, realizado na Bélgica, com toda a sua temática fantasiosa e tudo mais. A Netflix traz um documentário especial sobre uma edição do evento que aconteceu no Brasil em 2015:






2. Boom Festival


É uma bienal de cultura visionária realizado em Portugal durante a lua cheia de agosto. Começou em 97 como uma festa rave, mas evoluiu ao longo das suas edições e hoje é um festival multidisciplinar, transgeracional e intercultural.


3. Ozora Festival


Um dos maiores e mais tradicionais festivais de cultura alternativa do mundo, com sede na Hungria, desde 2004 realiza edições “one day” em diversos países.



4. Lightning in a Bottle


O festival se estende por mais de uma década celebrando arte, música e sustentabilidade na Califórnia, em maio.



5. Burning Man


Acontece num deserto em Nevada. Todas as atrações do festival são organizadas pelos próprios visitantes e não se pode pagar por nada. No último dia do evento, todas as obras fixas são queimadas!





5 Dicas para Tranceiros de Primeira Viagem

É comum que a mídia sensacionalista demonize os festivais de trance destacando situações que envolvem o uso de drogas e álcool em excesso, violência, marginalização, vandalismo e outras ocorrências que acontecem em TODOS os tipos de festa. Mas um festival de música eletrônica não se resume a pessoas com este tipo de comportamento – pelo contrário, um bom festival se preocupa com o bem-estar de todos os presentes e reforça a segurança para que situações como estas não interfiram no andamento da festa. Inclusive, muitos festivais recebem famílias, animais de estimação, menores de idade acompanhados de pais ou responsáveis, enfim, pessoas de todas as faixas etárias, crenças e filosofias. Em resumo, ir a um festival alternativo revela um mundo inspirador, onde nos libertamos de paradigmas e repressões da sociedade, onde nossas mentes e corações se tornam livres!


1. Viva a natureza!

Sempre é bom se informar sobre o local do festival e ir bem precavido, principalmente se você não é acostumado a passar a noite em meio à natureza - seja na praia, na montanha, na cachoeira ou no deserto. Reserve: protetor solar, repelente, itens de higiene como lencinhos e sabonetes biodegradáveis, dentre outras coisas.
Se for investir em acessórios de camping, compre uma barraca que aguente noites frias e dias quentes, vento e chuva. Também vale a pena levar cangas, colchão inflável, mantas e cadeiras dobráveis para ter uma boa noite (ou dia, rs) de sono e ficar bem descansado para curtir a festa sem problemas. Alguns festivais dispõe de redes fixas ou postes para colocar sua rede, fica a dica.
Para além da decoração psicodélica, conceitos de permacultura e bioconstrução são muito valorizados em festivais de trance, então faça a sua parte e respeite o meio-ambiente, não jogue lixo no chão, não agrida a natureza, não destrua as obras fixas nem vandalize o evento de qualquer forma.


O chill out é um espaço comumente utilizado para descansar e repor as energias. Fotos: 1/3. Universo Paralelo | 2. LIB


2. Pratique o P.L.U.R.

Leve em conta que festivais deste tipo reúne pessoas de todas as crenças e filosofias, então vá de mente aberta, seja solidário e evite discussões e intrigas sempre que possível.  Socializar, paquerar, dançar muito sem se importar com o julgamento dos outros é ótimo, mas respeite o espaço do seu próximo, não tente forçar uma situação e, principalmente, não faça nada sem o consentimento do outro.

Aproveite a oportunidade para conhecer pessoas novas, se possível faça contatos antes mesmo de ir para a festa, se estiver indo de carro ofereça aquela carona solidária, e não se acanhe em pedir auxílio caso tenha dificuldade para montar sua barraca ou coisas do tipo. Faça a sua parte e respeite as regras da festa, não coloque cadeiras em pistas que são para dançar e utilize o banheiro destinado ao seu gênero.

Paz, amor, união e respeito são os valores que regem a cultura trance. Foto: Kundalini


3. Como se vestir?

Guarde o salto alto e o jeans em casa e dê preferência a roupas e sapatos confortáveis – essa é a regra! Evite acessórios pesados ou de valor para não correr o risco de perder; quanto à maquiagem, leve somente o básico e essencial! De qualquer forma, cuidado para não exagerar na bagagem, principalmente se estiver indo de excursão ou carona.

Óculos escuros e bandanas ou boné/chapéu/boina são ótimos acessórios para se proteger do sol, tops, mesmo biquínis, shorts e vestidos caem super bem para usar durante o dia, e não pode faltar um moletom, cardigã/poncho para usar durante a noite; nos pés, vale chinelos – sim, chinelos – ou rasteirinha e um tênis confortável, all star, coturno ou botinha de cano curto.

Esses eventos sempre contam com uma feira mix ou pelo menos com alguns expositores de peças artesanais, acessórios e roupas em geral. É muito difícil voltar para casa sem levar nada! Mas dentre os acessórios que vale a pena investir, destacamos as cartucheiras - muito úteis para andar com o celular e os documentos sempre contigo.


1. Mundo de Oz | 2. Tomorrowland | 3. Universo Paralelo


4. Sobre alimentação e hidratação

Não exagere na bebida ou substâncias ilícitas, se mantenha bem hidratado e não deixe de fazer as principais refeições do dia. Mesmo que o evento aceite cartão, vá preparado financeiramente para não ficar limitado nem ser pego desprevenido.

Conforme o evento, a praça de alimentação pode conter diversas opções de lanches, massas, doces ou salgados. Há alguns que contam inclusive com cozinha comunitária. De qualquer forma, leve água, balas/chicletes e comidinhas em geral em embalagens térmicas e transparentes – não se esqueça de conferir a lista do que pode ou não levar!

No Mundo de Oz a água é gratuita e a última edição contou com uma cozinha comunitária. Fotos: 1. LIB | 2/3. Mundo de Oz

 

5. Aproveite a programação

A música não pára, então acostume-se com a ideia de dormir e acordar com música eletrônica na cabeça. Conhecedores do estilo sempre verificam a line up para saber o horário que seus DJs/gêneros favoritos estarão tocando, mas não se preocupe que com o tempo nosso ouvido aprende a filtrar os ritmos que mais nos agradam.

As intervenções e oficinas artísticas mais comuns incluem malabares, pirofagia, dança e artes circenses, além de artesanato, pintura, dentre outros. Fotos: 1. Boom | 2. Pulsar | 3. LIB

Espaços destinados à redução de danos, chamados comumente de áreas de cura, oferecem terapias holísticas, massagens, doação de reiki, meditações e práticas de yoga. Fotos: 1. Mundo de Oz | 2. Trance in Moon | 3. LIB

De qualquer forma, não se esqueça das demais atividades culturais que o evento oferece: prestigie as intervenções artísticas, participe das oficinas, assista palestras, sente-se em volta de uma fogueira, veja as mensagens, fotografias, esculturas e demais artes expostas, faça uma prática de yoga ao amanhecer, enfim: são muitas possibilidades!



A Autora

Melissa Souza (Várzea Paulista/SP) é bailarina, professora, coreógrafa e produtora na área de Dança Tribal, blogueira-criadora do Tribal Archive e integrante do Movimento TranscenDance. Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, atua também com assessoria de comunicação e mídias digitais para empreendedores e artistas. Dentre seus trabalhos recentes está a produção independente do Projeto Vídeo & Dança.



Blog: http://tribalarchive.com


Artigo de Melissa Souza em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos. 
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9 de fevereiro de 2017

Tribal Style: a versão alternativa da Dança do Ventre

Tatuagens com motivos florais, piercings, cabelos coloridos, headpieces, bodychains, toda sorte de arranjos com pedrarias, moedas, pingentes, medalhões e flores sintéticas, maquiagem artística bem carregada nos olhos, trajes que levam tecidos pesados, da renda ao veludo, do negro ao translúcido, do opulento ao minimalista... de qualquer modo, é impossível não olhar para uma dançarina de tribal duas vezes e tentar decifrar o que ela tenta nos transmitir através de sua postura imperiosa, da sua dança carregada de uma energia quase palpável. Em movimento, ela transborda sensações e sentimentos; a música, quase sempre instrumental, parece pulsar do seu corpo, em sintonia com a alma.
Rachel Brice
A precursora mundial do estilo tribal de dança do ventre

Profundo, não? Foi assim que me senti ao assistir uma performance de dança tribal pela primeira vez. Foi como prestigiar um monólogo, mas na dança, o verbo é dispensável, sendo a ausência de vozes - tanto na letra da música quanto na boca da artista - carregada de significados. Seus olhos expressivos já nos dizem tudo o que precisamos saber. E nossos olhos, famintos de curiosidade, percorrem a performance com atenção, sentindo aquela estranheza inicial e em seguida despertando nossa emoção. No palco, deixamos de ser quem somos no dia a dia para incorporarmos nossa persona criativa.

Ligada aos nossos valores antigos e sagrados, o estilo tribal traz elementos contemporâneos em sua forma de pensar a dança ao mesmo tempo em que a resgata como uma prática ritualística das nossas raízes antropológicas - nas palavras de Joline Andrade, bailarina e especialista em Estudos Contemporâneos sobre Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), "uma dança que representa a atualização estética da fusão contemporânea entre o moderno e o ancestral"; ou, no dito popular: mais do que uma dança, um estilo de vida!

Joline Andrade (BA) é professora, bailarina, produtora e pesquisadora em dança tribal.


Mas afinal, o que é a dança tribal?

É difícil definir a dança tribal assim, em uma frase, sem dar margem à interpretações errôneas. Se a dança do ventre já recebe uma visão um tanto ofuscada pelos brasileiros, que dirá o tribal! Mas tem um artigo da Mariana Quadros (aqui) sobre os mitos do tribal que tenta esclarecer algumas confusões criadas entre os leigos no assunto. Reforço aqui os pontos do nosso interesse: dançar tribal não é fazer carão, colocar uma música dramática e se aventurar em peripécias abdominais utilizando um figurino preto, assim como também não podemos chamar de tribal qualquer fusão com dança do ventre.


Para compreender esta dança é preciso ir a fundo em seu histórico, matrizes e referências. Para este estudo, apresento um recorte adaptado do trabalho Processos de Hibridação na Dança Tribal: Estratégias de Transgressões em Tempo de Globalização Contra Hegemônica de Joline Andrade:
Numa tentativa de acompanhar a liquidez das informações no mundo contemporâneo, a dança tribal é uma linguagem que, tendo como referência a dança do ventre, surge como uma proposta de agregar diferentes manifestações de danças étnicas das mais variadas regiões do mundo, mesclando conceitos e movimentos de estilos como o flamenco, a dança indiana, danças do Hip Hop e até mesmo posições do(a) yoga, para transpô-las numa estética contemporânea atualizada.¹
O grupo The Indigo Belly Dance Company (2003 - 2013) ficou conhecido no mundo todo após sua turnê Le Serpent Rouge (2007 - 2009), que tinha como principal característica a pegada vaudeville. Fundado por Rachel Brice (a do meio), o grupo era composto também por Mardi Love (à esquerda) e Zoe Jakes (à direita). Mardi Love foi a principal responsável pela estética dos figurinos clássicos de Tribal Fusion; Rachel Brice fundou a escola física e online Datura e Zoe Jakes integra a banda Beats Antique, sendo uma das principais referências em world music.

vaudeville Rachel Brice

Em resumo, ainda segundo a Joline, a dança tribal "é relativamente recente no mundo da dança, mas bebe na fonte de diversas culturas antigas e mistura tudo numa alquimia contemporânea." O estilo surgiu como uma forma de expressão inovadora no final da década de 1960, na Califórnia (EUA), durante os movimentos contraculturais do Woodstock, em meio a episódios sociais, culturais, políticos e econômicos, chegando ao Brasil em meados da década de 1990. Tatuagens e estilos ancestrais de adornos corporais estavam em voga e, desta forma, outros jovens que viviam estilos de vida alternativos se interessaram pela dança, dando forma à linguagem exótica que conhecemos hoje.

Carolena Nericcio é a mãe do American Tribal Style® Belly Dance, estilo que tem como principal característica
a improvisação coordenada em grupo.


Somos uma só Tribo!

Em 2008, Luciana Carlos Celestino trouxe uma importante contribuição para o meio acadêmico sobre a dança tribal: o artigo Sementes, espelhos, moedas, fibras: a bricolagem da dança tribal e uma nova expressão do sagrado feminino, utilizado como uma das principais referências em trabalhos posteriores, onde aponta que "se compreendermos a dança além de uma manifestação estética e/ou artística, poderemos ver a conexão entre a criação poética e o envolvimento que vivenciam as dançarinas"; afirmando ainda que "ao entrarem em contato com a dança, as dançarinas têm uma intenção clara de resgatar valores ligados ao feminino".²


Em síntese, o tribal traz muito da singularidade de cada dançarina. Nossas experiências pessoais bem como nossas vivências artísticas tornam-se estudos complementares de corpo e arte que contribuem para a construção de um vocabulário artístico. Na dança, imprimimos nossa personalidade, encontramos nosso estilo e, por fim, desenvolvemos uma identidade artística. Esta liberdade de criação ocasionou no desenvolvimento de inúmeras vertentes e nomenclaturas diferentes, mas cabe aqui ressaltar que, antes de tentar rotular uma performance, fazemos todas parte da mesma tribo. Confira a seguir alguns estilos de fusão que se destacaram ao longo dos anos, seus precursores e, também, alguns dançarinos de destaque em nosso país:

ATS® e ITS
ATS® é a sigla para American Tribal Style®, estilo criado por Carolena Nericcio; enquanto que ITS é a sigla para Improvisational Tribal Style, cujo conceito é o mesmo - de improvisação coordenada em grupo - mas o estilo varia conforme o grupo. Na foto: à direita temos o grupo Widlcard Bellydance e, à esquerda, o grupo Unmata, ambos de ITS.

Improvisation Tribal Style

Cia Exotika - ITS

Dark Fusion
Ariellah Aflalo (à esquerda) é a principal responsável por trazer a influência dark e gótica na dança do ventre e tribal, sendo uma das integrantes da formação original do The Indigo Belly Dance Company e idealizadora do festival Gothla de fusões dark e teatrais. Nas palavras de Gabriela Miranda (RS), à direita, o estilo Dark traz a expressão teatral, lírica e passional para a dança. A brasileira Mariana Maia (SP), no centro também é adepta do estilo.

 

Ariellah Aflalo e The Lady Fred


Indian Fusion
As fusões com dança indiana são também uma das principais vertentes da dança tribal. À esquerda, Naga Sita, conhecida pelas fusões ritualísticas com Art Nouveu através do seu grupo Apsara; no centro, Moria Chappell, a criadora do Odissi Fusion; e à direita, Collena Shakti, uma das principais referências em Indian Fusion Belly Dance.



Naga Sita


Urban Fusion
A Orchidaceae Urban Tribal é a principal referência em urban fusion. Dirigido por Piny, o grupo mescla movimentos do popping, waacking, vogue e dança contemporânea com dança do ventre.

Orchidaceae Urban Tribal


Tribal Brasil
Kilma Farias (PB) foi a primeira dançarina a realizar experimentações, desenvolver e sistematizar o estilo Tribal Brasil junto com a Cia Lunay, que fusiona a dança tribal com danças afro-brasileiras. Em seguida, surgiram outros pesquisadores na área, como Cibelle Souza (RN) - diretora da Shaman Tribal Co., e Nadja El Balady (RJ).

Shaman Tribal Co.

A cena também é deles

Uma das principais distinções entra o estilo tribal e a dança do ventre como a conhecemos popularmente é que, apesar de ressaltar a feminilidade, a dança tribal se destaca pela criatividade artística e técnica da bailarina, sem necessariamente torná-la sensual, desta forma, os homens também ganharam espaço na área, conquistando o público com o carisma masculino.
 
Illan Riviere Marcelo Justino Lukas Oliver
À esquerda, Illan Rivière; no centro temos Marcelo Justino (SP), também pesquisador em Tribal Brasil; e à direita, Lukas Oliver (SP). Além destes, no Brasil também temos o Luy Romero como uma grande referência masculina.

Illan Riviére


A Autora

Melissa Souza (Várzea Paulista/SP) é bailarina, professora, coreógrafa e produtora na área de Dança Tribal, blogueira-criadora do Tribal Archive e integrante do Movimento TranscenDance. Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, atua também com assessoria de comunicação e mídias digitais para empreendedores e artistas. Dentre seus trabalhos recentes está a produção independente do Projeto Vídeo & Dança.

Blog: http://tribalarchive.com
Referências

¹ ANDRADE, Joline Teixeira Araújo. Processos de Hibridação na Dança Tribal: estratégias de transgressões em tempos de globalização contra hegemônica. Monografia (Curso de Pós Graduação em Estudos Contemporâneos sobre Dança) - Universidade Federal da Bahia, 2011.
² CELESTINO, Luciana Carlos. Sementes, espelhos, moedas, fibras: a bricolagem da dança tribal e uma nova expressão do sagrado feminino. In. XVI Semana de Humanidades da Universidade Federal do Rio grande do Norte, 2008.

Sites consultados:
http://fcbd.com
http://www.jolineandrade.com
http://hibridaressonante.blogspot.com
http://www.marianaquadrostribal.com
http://www.tribalarchive.blogspot.com
http://cialunay.blogspot.com.br


Artigo de Melissa Souza em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos. 


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