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29 de abril de 2019

Kenned Flautas Negra: conheça o fotógrafo que registra a cena alternativa em Angola.



Em 2017 a cena pós punk da cidade de Luanda, em Angola, fascinou boa parte dos alternativos brasileiros. O motivo foi a viralização de uma foto no Facebook de autoria do fotógrafo Kenned Flautas Negra. Na época, vi que um dos rapazes estava marcado na foto, e contatei-o, o que resultou numa das postagens de maior repercussão aqui no blog, a "Como é ser alternativo em Angola". Sempre que relembro esta postagem ela é muito compartilhada. Não sei o motivo pelo qual cada uma das pessoas se interessa em específico pelos góticos de Luanda, mas posso levantar algumas suposições.

Créditos: Kenned Flautas Negra

Apesar da internet, pouco nos chega de informação sobre as cenas alternativas que ocorrem nos países daquele imenso continente chamado África. A curiosidade de saber que num país historicamente tão próximo ao Brasil, a Angola, o gótico se faz presente, nos faz perceber que na cultura alternativa existe algo de universal, algo que não tem fronteiras, gerando uma sensação de irmandade, identificação e união por interesses em comum apesar das distâncias.

Embora mais da metade da população brasileira seja afro-descendente, temos pouca representatividade negra nas cenas alternativas brasileiras e os angolanos se tornaram mais uma referência para os que buscam se inspirar e se empoderar por aqui.

Um outro ponto que levanto, é o da cultura do "Faça Você Mesmo", algo que no Brasil, com o acesso à lojas alternativas nacionais e internacionais, com o acesso à roupas de lojas departamento onde conseguimos encontrar peças com cara de alternativas, perdemos muito do hábito de customizarmos e fazermos nossas próprias roupas. Os angolanos mantém viva a cultura DIY tendo um contato muito próximo com a roupa, fazendo com que elas carreguem um significado não apenas estético mas emocional, o de criar algo com suas próprias mãos. Vi algumas pessoas associarem o hábito ao que eram as subculturas em seus primórdios, como se os angolanos fossem um exemplo a ser seguido ao manterem viva uma cultura em extinção.

Customização / Créditos: Kenned Flautas Negra

Hoje trago novamente os angolanos ao blog, desta vez com o responsável pelas imagens de sucesso e que viralizaram, o fotógrafo Kenned Flautas Negra. Bateu a vontade de conhecer mais sobre quem está por trás do registro - que com certeza tem um poder histórico - da cena alternativa de Luanda. Acompanhem:

Moda de Subculturas: Como descobriu o interesse pela fotografia? 
O interesse pela fotografia surgiu quando estava a cursar Arquitetura numa de fotografar as casas para se inspirar, aprofundei a paixão.

MDS: E o que você mais gosta de fotografar?
Gosto de fotografar tudo que me chama atenção, e me deixam fotografar.

MDS: Você tem sido o responsável por registrar a cena gótica angolana. Você também é gótico?
Acho que sou gótico ainda. Registro góticos para contar histórias naqueles que virão depois de nós.

Créditos: Kenned Flautas Negra


MDS: Já foi convidado para fazer alguma exposição ou lançar livro? Se não, tem alguma vontade de fazer?
Já sim, exposição coletiva denominada "Visões" com a Lwiana de Almeida. Mas não era nada ligado a cena gótica, era ligado a fotografia de rua em foco a mulher rural e urbana.

Créditos: Kenned Flautas Negra


MDS: Como sua Arte representa a Angola? Tem algo específico que você gostaria que as pessoas de outros países prestassem atenção? 
Tento ser mais "sujo" possível de modo o pessoal saber que a coisa é feita na "banda". As minhas fotos contam histórias, "se não ouviu não viu bem..."

Créditos: Kenned Flautas Negra


Kenned Flautas Negra está traçando seu caminho artístico. É fato que ele já possui imagens históricas em suas mãos, registros documentais da uma cena alternativa local que podem continuamente circular em exposições. Com intenção de ser diverso, captar as variadas nuances dos lugares que circula, o fotógrafo tem tudo pra continuar fascinando a todos, capturando a luz e eternizando momentos com a certeza de que já deixou sua marca na história da cultura alternativa.



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19 de dezembro de 2017

Pós Punk, Goth e Deathrock: Como é ser Alternativo no país africano de Angola?

Apesar da relação histórica entre Brasil e países africanos de língua portuguesa, pouco nos chega de informações sobre os mesmos, principalmente se a questão for cultura alternativa. Será que existem alternativos nos países daquele imenso continente? Que subculturas existem por lá? Como elas são? Seriam muito diferentes de nós ou temos mais em comum do que imaginamos? Nesta postagem, que faz parte de uma série em que mostramos como é ser alternativo ao redor do mundo, contamos um pouco sobre como é ser alternativo em Angola, país da costa ocidental da África. 

Matthew Cardoso é leitor do blogue e se identifica com subculturas. Foi com este morador da cidade de Luanda que troquei uma ideia sobre a cena alternativa local. 

Matthew Cardoso, à esquerda da foto.
 Foto: Kenned Flautas Negra

Moda de Subculturas: Como é ser alternativo em Angola, existe preconceito? Como é a questão musical?
Matthew Cardoso: Ser alternativo em Angola-Luanda não é nada pois é um país que se você não gosta de semba, kizomba, kuduro e nem de repper nem és gente. Principalmente quando tem rolê em locais públicos as pessoas sentem medo de chegar e obter informação, saber porque você é assim ou está assim. Muito amigos/as de infância foram se afastando porque não tenho os mesmos gostos que eles.
Existe sim preconceito, como qualquer um outro país, mas graças a nós dentro da nossa cena não. 
Infelizmente não temos festivais, por até o momento só temos um banda e que não é de Luanda (Piratas das Almas), banda de Darkwave, temos feito em cada dois ou três meses um evento para reunir o pessoal ao som das bandas, e nos primeiros sábados do mês e no último sábado temos os nossos rolês.

Créditos: Kenned Flautas Negra

MdS: Você considera então que os alternativos num geral são marginalizados em Angola?
MC: Sim de um modo são sim, muitos deles dizem que a sociedade angolana não está preparada para aceitar numa boa os alternativos. 

MdS: Além dos góticos e metalheads, saberia me dizer se também tem punks por aí?
MC: Punks somos nós rs, brincadeira minha. Não existem punks aqui não, não, não. Uns jovem que curtem do som mas só mesmo do som e param por aí.

MdS: E garotas, você conhece góticas ou meninas de outras subculturas?
MC: Nos anos atrás tinha muitas garotas na cena, mas muitas delas ficaram pelo caminho. 

Foto: Kenned Flautas Negra

MdS: A cena pós-punk/gótica que vocês fazem parte é grande ou pequena?
MC: Não é um número tão grande assim, mas pode a chegar a uns 15 para cima acho, mas a cena cá já teve mais aderência.

MdS: Como é a questão do preconceito estético, xingam ou mexem com vocês? Ou apenas olham torto e não falam nada? 
MC: Xingam, mas não chegam perto, somos demônios rs, falam, falam... Até os religiosos olham torto e xingam, mas nunca houve contato físico...

Os rapazes criam e customizam as próprias roupas para criar um estilo alternativo.
Foto: Kenned Flautas Negra

MdS: E as roupas, são vocês mesmos que fazem?
MC: São feitas por nós mesmos. Algumas vezes são desenhadas ou não... porque tem bandas que o logotipo é muito complicado, então tiramos cópias e recortamos, noutras vezes são desenhadas mesmo.

MdS: Usam estilo mesmo com o calor?
MC: Eu creio que o clima de Angola não é tão diferente assim de Portugal. Aqui é um país muito quente, muito sol do krl... e sim quando à rolê temos de andar assim mesmo, tudo pela cena!

MdS: Sobre a cena, são envolvidos com política ou os encontros é só para reunirem e ouvir música? 
MC: Nos nossos encontros/rolê a gente fala mais de cena, partilhamos bandas novas, falamos com o pessoal novo sobre a cena, partilhamos zines feitas com cada um.

Créditos: Kenned Flautas Negra

Foi muito legal conversar com Matthew e conhecer um pouco mais sobre a cultura alternativa num país tão pouco conhecido por nós. A impressão que tenho é que somos muito parecidos, independente das diferenças culturais de cada nação. A cultura alternativa une os semelhantes não importa qual local do mundo se viva!

Ah e se você é um leitor que mora no exterior, nos envie em relato sobre como é ser alternativo no país em que está ;) 


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14 de março de 2014

Rebeldes com Causa: os Metalheads de Botswana

Recebemos tanta referência americana e europeia que nos perguntamos se em um continente como a África, cheio de pequenos países, existe algum tipo de influência das subculturas ocidentais. Tirando a África do Sul, que sabemos de bandas de rock conhecidas mundialmente, eu não sabia se o rock e o metal tinham ouvintes em outros países deste continente, até que li esta matéria do site CNN que decidi traduzir e postar. O que me impressiona é o senso de estilo deles e principalmente algo que as subculturas nos dias atuais estão perdendo: o senso de grupo, de união. 

Botswana é mais conhecido por suas reservas de vida selvagem, mas uma pós- contracultura crescente está pintando uma imagem muito diferente deste pequeno país localizado no sul da África. Vestidos em couro, adornados com spikes e chapéus de cowboy, existem metalheads na Botswana! O canal CNN se aproximou destes roqueiros e descobriu uma cena retrô que celebra orgulhosamente suas raízes africanas. 

Enquanto headbangers ocidentais são mais comumente associados com tênis e camisetas de bandas, os fãs de Botswana esculpiram uma imagem única que lembra a New Wave of British Heavy Metal da década de 1970.
O fotógrafo Frank Marshall, clicou estes roqueiros como parte de sua exposição "Renegades", que está na Rooke Gallery, em Joanesburgo. "A semente do Heavy Metal foi plantada aqui por uma banda de rock clássico do início dos anos 70, posteriormente foram introduzidas formas mais extremas de metal. Desde então, tem evoluído e crescido", disse ele. "Nos últimos 10 a 20 anos é que começou a ser composto visualmente como o que parece agora - os caras se vestindo em couro".

   Couro, spikes e chapéus de cowboy, os fãs usam uma moda heavy metal retrô que remete ao estilo britânico do fim dos anos 70.

Marshall descreve uma cena "macho" com rituais únicos, acrescentando: "Há um forte sentimento de camaradagem entre eles, essa é a primeira coisa que você notará como um forasteiro. Eles têm uma ligação muito forte e amizade uns com os outros. Eles são muito físicos. Nos shows, você não apenas aperta a mão deles. Eles pegam a sua mão e te sacodem todo."
"Eles incorporam elementos muito agressivos do metal. É uma expressão de poder. Tudo é uma expressão de poder para eles, desde a roupa, a forma como eles falam, a maneira como eles andam. Eles caminham em passos cambaleantes deliberadamente. Para eles é perfeitamente normal, talvez para um observador externo, ocidental, pode parecer bizarro ou cômico, mas não aqui. Eles são respeitados e reverenciados em outros aspectos também."

Seus membros tem nomes como Demon e Gunsmoke, estes apelidos vêm com uma forte consciência de responsabilidade social. "Nós tentamos aparentar boas pessoas. Tentamos ser modelos exemplares. Rock é conhecido por ser algo agressivo, mas na verdade é algo que está em nosso coração", diz Gunsmoke. "É tudo sobre irmãos no Metal, nós estamos aqui uns para os outros, essa é a maneira que nós nos identificamos". 

Os roqueiros vestidos em couro compartilham uma estética semelhante à gangue de motoqueiros Hell's Angels. Mas a semelhança termina aí. De acordo com Gunsmoke, os headbangers africanos são vistos como uma espécie de anjos da guarda, em vez de anjos do inferno. "As crianças nos seguem por aí. Pais se aproximam de nós. Estamos aqui por uma boa causa, na verdade. Ajudamos as pessoas nas ruas à noite".

Em vez de Hell's Angels ("anjos do inferno"), eles se veem como "anjos da guarda": "Ajudamos as pessoas nas ruas à noite".

Pra eles, Heavy Metal é mais do que uma cena - é parte da identidade nacional. Até o presidente Ian Khama é suspeito de ser um fã. "Queremos fazer o presidente orgulhoso. Ele nos orgulha na forma de conduzir o país. Porque devemos ter medo quando o nosso presidente é roqueiro?", Gunsmoke argumentou.

Dentre os acessórios que usa, Gunsmoke aponta para um chifre de animal, como uma representação da África. "A maioria de nós é de uma tribo. Os totens são animais, nós temos o crocodilo, leão, lebre, coelho. É parte de nossa cultura". A mitologia e o folclore africano estão presentes nas letras da banda Skinflint. O vocalista Giuseppe diz, "Nós somos a primeira banda de heavy metal africano a lançar algo em vinil." (lançado pela Legion of Death Records). O vocalista, que é branco, aponta para os poderes unificadores do heavy metal dizendo: "A nação metal não conhece fronteiras raciais. Somos todos um. Todos nós falamos uma língua comum que é chamada de heavy metal. Metal é uma música sobre poder, independência e liberdade, isso é o que eu acredito. Lutar pelo que você acredita , não importa as conseqüências. Levantando-se para o que você acredita e mostrando sua individualidade."

A cena heavy metal de Botswana permanece esmagadoramente composta de homens. No entanto, existem roqueiras como uma chamada Katie, que diz que o Metal "é um sentimento feliz, somos irmãos e irmãs, somos como uma família."

Os headbangers de Botswana tem uma imagem única, incluindo elementos que simbolizam a cultura da África.

*Fonte: Artigo original no site CNN


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