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25 de março de 2015

"O Heavy Metal é muito mais do que uma estampa em lojas de departamento"

Há pouco mais de um dia atrás uma polêmica rolou na internet em sites do meio Heavy Metal.
Foi "denunciado" que a loja de departamentos sueca H&M estava vendendo camisetas com logos e símbolos de bandas de metal neo-nazistas.
Houve debates e questionamentos na web sobre até qual ponto uma loja corporativa chegaria, na ânsia para vender produtos, comercializando logos e símbolos de uma subcultura sem saber seus reais significados. 


Finalmente, pouco mais de 24 horas depois, o assunto foi desvendado: Henri Sorvali das bandas de metal finlandesa Moonsorrow / Finntroll  foi o responsável pelo Culture Jamming

Culture Jamming é uma espécie de ativismo street art que visa romper ou subverter a cultura mainstream. Os adeptos acreditam que o público tem o direito de responder às imagens de marketing em lugares públicos que nunca pediram para ver. É como uma reação contra o conformismo social, criando novos tipos de produção cultural que transcendem, ao invés de simplesmente criticar o status quo. Eles tentam expor os métodos de dominação da sociedade de massa para promover a mudança progressiva. Banksy, Borat, Jello Biafra, John Lydon e Michael Moore são famosos Culture Jammers.

Henri Sorvali e seus amigos botaram o mundo metal pra questionar até que ponto a subcultura tem tido sua estética massificada em lojas de departamento

Como eles fizeram esse protesto artístico?
Eles pegaram roupas da atual coleção de primavera da H&M, fabricaram estampas e patches de falsas bandas neo-nazis que pertenciam à uma gravadora falsa, a "Strong Scene Productions" e aplicaram nas roupas. Tiraram fotos e a seguir, espalharam as fotos na internet. Em pouco tempo, até grandes sites de noticias HM ingenuamente divulgaram que a mais recente coleção da H&M tinha roupas "de inspiração metal" baseadas num imaginário genérico sobre a subcultura.

As falsas peças feitas pelo coletivo de Culture Jamming "Strong Scene Productions"

Henri Sorvali explica qual a motivação por trás do ato:

"Queria salientar o fato de que você não pode comercializar uma subcultura sem realmente conhecer todos os diferentes aspectos da mesma. O conhecimento sobre o seu produto é essencial em marketing.
O objetivo do grupo (que tem dezenas de pessoas de diferentes áreas da música e da mídia ao redor escandinávia) foi a discussão sobre o fato de que a cultura do Metal é mais do que apenas logos "cool" em roupas da moda e tem muito mais aspectos ideológicos e estéticos em subgêneros diferentes do que algumas empresas estão tentando expressar. A cena metal é variada, polêmica e uma espécie de lobo que você não pode acorrentar e esperar que ele se comporte em seus termos, como um cão. O Strong Scene é um coletivo que não tem absolutamente nenhuma intenção política nem ideológica e só está trazendo a conversa para o nível que deve ser discutido! Você chama isso de trolling, podemos chamá-lo de interferência cultural."

E por que a escolha do tema "neo-nazi"?
Ele explica:
"Queríamos trazer o lado feio do metal para para mostrar que nós, como metalheads estamos mais conscientes do conteúdo que você está vendendo às pessoas do que você como vendedor. Há tantas coisas erradas com a comercialização (mainstream) do metal, que nós sentimos que alguém tinha que fazer uma declaração sobre o assunto. Acho que isso é uma grande lição para marcas corporativas. Se você escolheu o metal para cooptar a moda, pode haver um pouco de retorno adverso de algumas pessoas que o conhecem."

 O músico finlandês Henri Sorvali que fez a "pegadinha do malandro" junto com seus amigos alertando que o Heavy Metal é muito mais do que uma estampa em lojas de departamento!


Coincidentemente, recentemente fizemos um post sobre a cooptação de símbolos ocultistas e pagãos pela moda. É muito interessante saber que alguém, do outro lado do mundo, está na mesma vibe de questionamentos que nós, do Moda de Subculturas
Algumas pessoas criticam subculturas por serem "fechadas, atrasadas e aprisionantes" e este protesto vindo através de uma intervenção artística, por membros de uma subcultura, com um questionamentos super viáveis e reflexivos, mostra que apenas um grupo, unido das mesmas ideias poderia colocar em atividade tal provocação social. 
Aos que se identificam com suas subculturas e exigem que elas tenham seus símbolos respeitados: ainda existem pessoas com interesse em fazer a diferença!


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