Destaques

31 de março de 2016

Stooge: Black Collection

Quando a Stooge lançou em seu Facebook um mini vídeo preview da nova coleção, algo me chamou a atenção naqueles segundos: havia uma mulher negra plus size! Logo me pus a pensar no que estava vindo por aí: peças em tamanhos maiores e uma modelo negra estampando o catálogo? Sim! Dias depois são liberadas as fotos do editorial e a surpresa foi não apenas o investimento no plus size, mas em dois modelos fora do padrão: La Roberta e Nahem Romano.


Considerando que nosso mercado alternativo ainda é pequeno (embora cresça a cada dia, peca por várias lojas apresentarem produtos iguais ou muito similares)  dá aquele ânimo ao ver que uma pequena empresa está dando um passo além e saindo do lugar comum. É um risco, claro. Mas se não arriscar, como saber se há receptividade do público? 


Nessa nova empreitada da marca vemos em torno de 40 peças em modelagens que vão do P ao EG. A Black Collection investe na base: as peças são todas pretas e lisas podendo ser usadas sozinhas ou acompanhadas de outras peças de coleções antigas da marca. Um destaque é a underwear, tops, short e anágua para serem usadas por baixo das blusas, saias e vestidos.

Tops, short e anágua de renda: underwear!

Nesta foto vemos a anágua embaixo do vestido.

Na pesquisa de público que estamos fazendo no blog, uma das minhas surpresas foi a alta quantidade de leitores que diz se importar mais com a origem ética do que com o preço das roupas. E agora a Stooge está trabalhando com consciência ambiental, usando matérias primas certificadas de acordo com as normas ambientais vigentes no país e disponibilizando retalhos e sobras de tecidos para pessoas e instituições que os reaproveitam. A marca produz peças na cidade sede da marca no Paraná, preferindo fornecedores e artistas parceiros que residem no Brasil.


Seguindo a cartilha das coleções anteriores, as peças unissex estão presentes, desta vez em maior quantidade. Ao contrário de empresas mainstream que têm dado vexame ao não saberem o que é moda unissex, apresentando publicidade com modelos andróginos ou peças floridas, a Stooge mostra que não precisa ser andrógino e não precisa remeter aos anos 1970 pra uma peça ser usada pelos dois sexos, é muito mais uma questão de modelagem do que de estampa ou formato de corpo. Três belos exemplos são o macacão, o vestido longo assimétrico e a regata de renda usada pelo boy (nas fotos no site podem ser vistos usados por ambos). 



Como comentado no post do desfile do Nicopanda, transgressão hoje é a abolição dos estereótipos de gênero; transgressão também é, num mercado que idolatra mulheres brancas, magérrimas e altíssimas, investir em associar sua imagem com os excluídos, com os que não tem representatividade midiática, apostando na inclusão. A marca também embarcou no empoderamento feminino, super justo! Afinal, as mulheres são uma grande parcela dos consumidores de moda alternativa.


A loja tá com frete grátis em todas as compras, você pode ver aqui se tem alguma revenda perto de você e não esqueça que também tem vários produtos das coleções antigas com desconto.

Estão convidados a nos contar o que vocês acharam dessa nova visão da marca!  :D


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29 de março de 2016

Nicopanda: Punk e Street Style Japonês

Nicola Formichetti, à frente da marca Nicopanda, apresentou um desfile inspirado desde o street style japonês da década de 1980, passando por vintage, punk, gótico, clubber, pêlos, glitter e peças semi-unissex.
Além do resgate de subculturas que está havendo nos recentes desfiles, percebemos que a transgressão hoje está na falta de gêneros, ou seja, no intuito de acabar com aquilo de "roupa pra homem", "roupa pra mulher". Que cada um use o que quiser. Pra isso, só falta a mente das pessoas acompanhar esse evolução.

Atitude meio Club Kids no lookbook na coleção de pré-inverno, vocês não acham?


Desfile
A marca apresentou peças com possibilidade de serem usadas no dia a dia e não apenas na passarela.
(clique para aumentar as imagens)

A modelo abaixo usa cabelos coloridos e maquiagem punk cat eye

Close na make porque esse olho é foda!

Pêlos, calças bondage e à direita, referência à cena rockabilly japonesa em casaco com brilho e com modelagem que lembra a década de 1980/90.

 
Moda semi-unissex, ou seja, a mesma peça pode ser usada por homens e mulheres.  Como vemos direitinho exemplificado na peça de babados abaixo.


 Uma espécie de vestido branco, com luvas prateadas e moicano com cor de rosa.

Essa passarela de glitter... até eu tô cheia dos glitter aqui em casa rsrs!
Outro destaque foram os creepers, feitos em colaboração com a marca italiana Metal Gienchi e os harness (arreios) feitos pela marca fetichista Nasty Pig. Mas não se irritem. Formichetti, como mostramos aqui, é uma das pessoas que mais estuda e conhece subculturas, podem crer que ele aborda a estética com muito respeito e identificação pessoal.
 

 Versão vermelha do creeper

Uma foto publicada por METAL GIENCHI (@metal_gienchi) em


E ainda tem mais desfiles! 
 

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24 de março de 2016

Os extravagantes calçados Zombie PeepShow

Os sapatos da Zombie Peepshow são o melhor jeito de exemplificar a essência da moda alternativa: não ter limites na arte de criar! A marca tem sede no Texas, sendo fundada pela americana Kayla Stojek, em 2011. 


Os modelos são customizados pela própria dona, um trabalho artesanal que pode levar a 18 horas de feitura, cada aviamento é colado individualmente. Hoje o projeto conta com a ajuda de mais duas pessoas, entra elas sua irmã. É uma empresa ainda pequena, mas que vem alçando voo, sendo já reconhecido no meio alternativo internacional, fazendo parte de eventos e editoriais de moda.

Detalhes que fazem a diferença: tema Halloween

Versão Kawai

Clubber com o pelo e arco íris

 Holográfico e o alfinete do punk

O design dos calçados é totalmente conceitual, porém são usáveis. As inspirações passeiam por temas diversos: Kawai, Horror, Psychobilly, Rockabilly, Vintage, Gore e Pin Up. Uma miscelânea de ideias e experimentações que resultam num produto único, quase uma obra de arte. O valor final é bem elevado, mas é justificável devido a produção. Dificilmente encontrará alguém com modelo semelhante. Ao que tudo indica, o negócio de Kayla cresce a cada dia ganhando consumidoras famosas, como a atriz Whoopi Godberg. 








Até o all star entrou na onda

Além da loja online, outras marcas estão revendendo o acessório, é o caso da DollsKill. A equipe também faz customização sob encomenda para qualquer tipo de sapato. Kayla está aí para mostrar que as possibilidades do design são infinitas e que ainda há muito o que se criar com a moda alternativa.

Eu tô louca por um e vocês??? 




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22 de março de 2016

Meia/Tela Arrastão: da rebeldia à sofisticação

Há um ano  publicamos sobre telas e transparências e um pouco sobre a história destes materiais. De lá pra cá novas peças surgiram em diversas marcas alternativas e também no mainstream. Adoro telas e arrastão e vi várias opções nas lojas, mas espero e torço pra que mesmo que a moda passe, eu ainda consiga encontrar peças assim no futuro.

Dolce & Gabbana - Spring 2010

É certo que as meias em estilo arrastão já eram vistas desde o fim do século XIX, mas é preciso lembrar que por vezes eram feitas de tricô. Também eram encontradas nas pernas das dançarinas de cancan do Moulin Rouge e adornavam das atrizes de circo, assim como das rebeldes flappers e das estrelas das performances de palco burlesco.

Década de 1940.

A modelo pin-up Bettie Page com meias arrastão no underground fetichista da década de 1950, e a moderna dançarina e modelo burlesca, Dita von Teese, nos mostram como a peça resiste ao tempo dentro do universo fetichista.

Maila Nurmi - Vampira
Fishnet Stockings


Na década de 1960, mal visto, o arrastão era considerado peça de prostitutas.
Tirei essa foto da página de meu livro Fetiche, de Valerie Steele [aqui].

Mas foram os punks que desconstruiram o conceito desse material que acabou influenciando muito do que vemos hoje. Os punks usavam roupa de baixo (underwear) como roupa "de cima", as meias arrastão eram rasgadas, cortadas, usadas com mini saias. O tecido arrastão (também em tricô) era visto em blusas podendo estas posteriormente serem rasgadas pelos Góticos e Deathrockers.

Punks e Pós-Punk nas décadas de 1970, começo de 1980

E talvez até mesmo por ser uma peça tão condenada, os punks tenham se interessado por ela, afinal, era disso que eles gostavam: de provocar a sociedade, de desconstruir conceitos e chocar com o uso de forma inovadora. Tanto que a peça quando usada por punks e góticos não passa uma mensagem primariamente de sensualidade - como na época do cancan - ou de erotismo, como na década de 1950/60 e sim, de agressividade.

Siouxsie em página do livro Goth: Vamps and Dandies [aqui]


Décadas passam, e o arrastão continua sendo um material adorado pelos rebeldes.
Bowie nos ´70s, Axl nos ´80s, Nina Hagen, Doro, Amy e Alice Caymmi em tempos recentes.



Brooke Candy, Taylor Momsen, Gwen Stefani, Lydia Lunch, Courtney Love e Shirley Manson, mostram como as garotas de atitude ficam incríveis em um par de meias arrastão!

brooke candy, taylor momsen, gwen stefani, courtney love, shirley manson

Dei uma pesquisada nas loja alternativas nacionais que estão vendendo peças com arrastão e selecionei duas delas: A Black Shoes acabou de lançar uma coleção nova e estas três peças abaixo me chamaram a atenção porque tem a aura punk/pós-punk/gótica, passando uma imagem rebelde e agressiva e ao mesmo tempo tem design.



Já na Haute Xtreme, selecionei essas 3 peças: as duas blusinhas tem uma pegada mais street/revival da década de 1990 com a modelagem mais curta e quadrada. Já a saia, passa o apelo mais sofisticado que é como as grandes grifes tem explorado o material nas passarelas. Essa saia cai no conceitual.



No exterior, tanto o conceito rebelde quanto o sofisticado tem aparecido nas lojas há pelo menos dois anos. Abaixo: Killstar Fishnet Hoodie, Tripp fishnet long sleeve, Lip Service Fash-ist Fishnet Long Sleeve Top. Observem os três tipos de tela: a primeira com o buraco mais aberto, a do meio praticamente um tule de malha e a terceira com buraquinhos pequenos.
Arrastão revelando toda sua versatilidade.

In Vain Blouse com mangas compridas e Play on Mesh Bralette na Gypsy Warrior


Dolls Kill, Killstar, Complot e Black Milk

Blusa, top com spikes e meinha ♥

Corsets em tela que lembram arrastão.
lace alternative model

Entre fim da década 1980 e começo da década de 1990 o material foi bastante presente nas passarelas de desfiles mainstream, mas seu uso ainda era muito forte nas subculturas. Na década de 1990 houve uma espécie de re-interesse pela estética gótica no mainstream e o arrastão aparece até mesmo em tons pastel como rosa, azul, amarelo...
Depois da década de 2000, a tela arrastão veio aos poucos perdendo seu ar alternativo e rebelde e foi se tornando mais aceitável e até mesmo sofisticado. A mentalidade do arrastão como peça de prostituta ainda é comum até hoje especialmente em locais mais conservadores, e de certa forma a indústria pornográfica mantém esse estereótipo

Recentemente a Moschino (com Miley Cyrus ajudando na divulgação) apostou em tecido arrastão com um jeitão mais esportivo. Os tons de rosa resgatam um pouco os anos 90.

Kate Moss e Miley usando vestido longo.

Desfiles de Louis Vuitton (em tricô) e Betsey Johnson (em tela) de 2015,
ambos capturam o ar rock n roll do tecido.


Fetichismo, sensualidade, rebeldia e sofisticação. Punks, Góticos, Hard Rockers, Emos... A lista de subculturas, de estilos é imensa. Não vou me estender mais por aqui porque...
 ...chegou a hora de vestir seu arrastão e fazer como Frank-n-Furter: arrasar!! ;)



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