Destaques

29 de julho de 2018

O que é K-Pop? A história do surgimento do estilo musical que dominou o mundo.

No segundo semestre deste ano, pelo menos nove bandas de K-Pop aterrissarão em solo brasileiro. O gênero tem alcançado imensa popularidade mundial. A história do K-Pop é mais uma amostra de como uma subcultura musical pode influenciar a sociedade, provocar mudanças nos hábitos, na moda e comprovar seu valor cultural.
2NE1  / Divulgação


A história do estilo musical se relaciona com jovens tendo participação ativa em momentos em que um sistema político e social necessita de mudanças. No caso, um sistema ditatorial que dizia o que as pessoas da Coréia do Sul deveriam ouvir: músicas patrióticas contratadas pelo governo (chamadas de "músicas sadias") de temas inocentes ou sobre o amor à pátria.

Tudo começou a mudar no ano de 1992, quando o grupo Seo Taiji & Boys se apresentou na televisão coreana, mostrando de forma inovadora mash-ups de rap e pop, sonoridades orientais e ocidentais misturadas e coreografias enérgicas baseadas em movimentos de hip-hop. O grupo chocou a sociedade e fascinou os jovens. A música era "Nan Arayo" e ficou no topo das paradas por 17 semanas. 


Seo Taiji & Boys / Divulgação

Como um cantor de Heavy Metal criou o K-Pop moderno?
Seo Taiji  tinha uma banda de heavy metal chamada "Sinawe", antes de fundar o grupo que daria origem ao K-Pop moderno. O lado rebelde do cantor era forte e talvez tenha sido exatamente essa rebeldia que possibilitou Taiji de inserir elementos do Rock n´ Roll nos álbuns seguintes, o que gerou censura dos canais de TV, que não concordavam com o visual de jeans rasgados e brincos dos músicos. Sem se intimidar, o terceiro álbum de Seo Taiji & Boys tinha rock alternativo e até mesmo Heavy Metal, como vemos na música “Kyoshil Idaeyo” (veja vídeo abaixo) com vocal gutural e crítica ao sistema de ensino coreano. Na época, o grupo foi até mesmo acusado de satanismo. O quarto álbum teve censurada uma música que criticava o governo, mas o 'estrago' já estava feito: uma geração de jovens não aguentava mais os governantes decidindo o que deviam ou não escutar, o que de certa forma pressionou as mudanças sociais que viriam a ocorrer. Naquela altura, o K-Pop já havia conquistado seu espaço. Após o término do grupo, Seo Taiji voltou a cantar rock e o colega Yang Hyun-suk fundaria a YG Entertainment, uma das mais importante criadoras de ídolos K-Pop.





Com a Coréia pronta para uma mudança cultural, a repressão ditatorial se afrouxava, permitindo uma abertura para novidades. O sucesso de Seo Taiji & Boys representava essa mudança e logo seriam copiados por outros grupos, embora a dança ainda fosse vista socialmente com uma visão muito negativa. A influência dos meninos na moda foi tanta que tudo que eles usavam (roupas largas em estilo rap e hip-hop) era adotado pela juventude. Dentre os novos grupos que surgiram estava H.O.T., criado por Lee Soo Man, onde os garotos se apresentavam usando roupas de ski e dançavam ao som de hip-hop, pop e dance. Nunca roupas de ski foram tão consumidas pelos adolescentes. 


H.O.T. / Divulgação


Surge a Cultura de Exportação
Com a crise econômica do fim dos anos 1990, a Coreia decide fazer da cultura sua indústria de exportação e passa a investir no segmento artístico. Em meados da década de 2000, o "Korean Pop" se torna amplamente corporativo, um grande negócio. Gravadoras como JYP, YG e SM Entretaiment fazem uma busca por jovens que passam por um treinamento de aproximadamente cinco anos e ficam conhecidos como Idols (ídolos) e conseguem angariar seus próprios fãs que torcem por seu sucesso. Neste processo, os jovens aprendem a cantar, atuar, dançar e montam grupos, sempre supervisionados pela gravadora que mantém com eles um contrato restrito, método que gera críticas já que os jovens desde cedo recebem pressão psicológica e pressão do mercado, aceitando tais contratos por buscarem ascensão social e fama muitas vezes gerando depressão e suicídios. O plano de governo deu certo e desde o fim da década de 1990, o K-Pop se espalhou pelo mundo na chamada “Hallyu”, a “Onda Coreana”. Junto da expansão da música, veio junto moda, comportamento e consumo. 


Características

O K-Pop é caracterizado por uma mistura de sonoridades ocidentais e orientais, uma música tem pelo menos três estilos sonoros diferentes: pode começar com pop, passar para rap e finalizar com hip-hop por exemplo, as possibilidades de mistura são muitas. Embora as músicas sejam cantadas em coreano, sempre há uma frase em inglês para ser 'entendida' pelos estrangeiros, que normalmente é parte de um refrão marcante. 

A música "I got a boy" da Girls´Generation 
possui uma mistura de mistura pop, rap e hip-hop.




Os grupos de K-Pop tem em média cinco membros e cada um deles tem uma 'personalidade', uma função específica dentro do grupo, seja para cantar em mais de uma língua ou para encarnar um personagem. Os artistas precisam ter uma atitude educada e manter a imagem longe de polêmicas. Os nomes dos grupos costumam ser acrônimos, para facilitar a carreira no exterior já que se torna desnecessário a tradução de um nome, como por exemplo DIP, JJCC e EXO, BTS. Os clipes possuem arte visual elaborada, com muitas cores e passos de dança extremamente sincronizados  que são imitados pelos fãs.



Moda
Na questão da moda, o K-Pop dita o que os jovens coreanos vestem. O estilo varia de grupo pra grupo, a estética é importante para a formação da identidade tanto dos cantores quanto do grupo em si. No início do estilo, as roupas formais se alternavam com a moda streetwear ocidental, mas com o passar das décadas, as roupas passaram tanto a ser tradicionais, quanto modernas, coloridas, em modelagens diferenciadas. As garotas preferencialmente usando roupas "girlie", bem sensuais e que exalam feminilidade; não é permitido visuais 'agressivos' ou estampas de frases atrevidas ou com palavrões, quando isso ocorre, logo os clipes são censurados ou modificados. A geração mais recente de grupos K-Pop é a que mais tem usado a moda como um forte veículo de comunicação, apostando em estéticas com cabelos descoloridos, conceitos futuristas ou fetichistas, calçados diferenciados. Três grupos merecem destaque: Big Bang, onde os cabelos tingidos e roupas com design provocaram uma mudança crucial na moda K-Pop masculina e as garotas de Girls´ Generation e 2NE1 que usam a moda como uma declaração. 2NE1, é uma das maiores influências na moda de rua coreana, a banda acabou em 2017, mas a cantora JC já fez até parceria com Jeremy Scott.

Um dos clipes mais famosos de 2NE1, 내가 제일 잘 나가(I AM THE BEST), apresenta as garotas vestindo roupas de inspiração fetichista, punk, heavy metal, clubber e futurista.




Alguns grupos e suas variadas estéticas:


G-DRAGON do BIG BANG é tão influente que tudo que ele usa é copiado. Já surgiu até uma categoria de Cosplay especializada no cantor.


BLACK6IX

GIRLS´DAY


GIRLS´GENERATION

BLACKPINK


 BIG BANG


K.A.R.D

 JJCC


SISTAR

MISS A


MOMOLAND


24K
2NE1 


AOA


TWICE

EXO


BTS



A indústria do K-Pop embolsa mais de 5 bilhões por ano! Não é de se duvidar que esta subcultura seja mundialmente a mais influente da atualidade.







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21 de julho de 2018

Vaporwave: conheça o micro estilo musical e artístico

Dentre as diversas subculturas musicais, o Vaporwave surge como um micro gênero em 2010, sendo considerado o primeiro registro musical que teve sua origem e disseminação na internet.


Capa do álbum Floral Shoppe de Macintosh Plus / Divulgação

Surgido em comunidades virtuais como Reddit, Tumblr, SoundCloud e 4chan, musicalmente é caracterizado pelo uso de samples e distorções eletrônicas referenciando músicas new wave, pop, dance e jazz, que dão ao estilo uma sonoridade que remete à música ambiente. A intenção varia dependendo do artista, tanto pode ser intencionado provocar sensações incômodas no ouvinte quanto uma aura etérea, "viajante", surreal. O que vale é provocar algum tipo de sentimento inexplicável ou confuso.

O nome é uma referencia à vaporware, softwares que eram anunciados e nunca lançados, unido a um termo marxista que descreve uma perpetua repetição de ideias que não são concretas nem significantes; "ondas de vapor", uma critica ao moderno capitalismo e à cultura do descarte.


Arte Vaporwave referenciando Karl Marx / Reprodução

O gênero musical é considerado por alguns como uma espécie de movimento punk da era digital, já que subverte o conceito de direito autoral criando músicas de autoria anônima. Num mundo onde não existe mais privacidade, os criadores de vaporwave conseguem a façanha de se manterem anônimos por trás de apelidos ou nomes falsos e praticarem o 'do it yourself' na criação e divulgação das músicas.

Uma música vaporwave caracteriza-se por ser cortada e remontada, o artista seleciona uma canção, seja ela pop, dance, funk, soul, new age da década de 1980 ou 90, a separa em trechos, diminui sua velocidade e tom e a monta na forma de repetições em looping, com isso, outra faixa completamente nova é criada.


Arte Vaporwave. Créditos: Lightchi, DeviantArt.


Histórico musical:


  •  Em 2010, o artista de música eletrônica experimental Daniel Lopatin, lança (também em fita K7) o álbum "Eccojams vol.1" sob o pseudônimo de Chuck Person (ele também é conhecido por outro pseudônimo: Oneohtrix Point Never), sendo composto de uma serie de hits oitentistas recortados e colados de forma repetitiva onde o mesmo refrão era parte da musica inteira. Virou sensação na internet.



  • O artista James Ferraro cria uma crítica à globalização e à internet em seu álbum Far Side Virtual. Pop oitentista + música eletrônica recortados e colados criando uma sonoridade desconfortável pra quem ouve. O artista é chamado de "O deus do Vaporwave".
  • Ramona Xavier, também conhecida como Vektroid lança músicas com o pseudônimo de Macintosh Plus. O álbum Floral Shoppe é considerado um clássico essencial do gênero, possuindo muito reconhecimento. A faixa "リサフランク420 / 現代のコンピュー" (Lisa Frank 420 / Modern Computing), escrita em japonês mesmo, se trata de uma musica de Diana Ross em versão lenta, cujo trecho é repetido por sete minutos ininterruptamente.

  • Surge um pequeno nicho de mercado para pessoas que se interessam por este estilo musical.
  • Em  2012, o produtor Internet Club lançou álbuns múltiplos usando antigos comerciais de TV nos vídeo clipes.
  • Em 2013, o artista Skeleton lançou versões mais assustadoras das músicas, o que inspirou novos lançamentos, como o de Blank Banshee que criou um remix de musicas new age em versões soturnas.
  • Echo Virtual lança em 2013 uma colagem de sons do canal do tempo.
  • Em 2014 o Vaporwave chega ao mainstream como uma piada da música em si. Neste mesmo ano o artista Hong Kong Express criou músicas que contavam uma narrativa.




Alguns subgêneros:

Future Funk: new disco e futurismo da música contemporânea misturado ao pop oitentista remixados, formando um som energético e dançante.

Oceangrunge: combinação de Seapunk e grunge, representado pelo artista Seadogs em 2014, é um mix de sons do oceano com bandas como Sonic Youth e My Bloddy Valentine.

MallSoft: inspirada nas musica de elevador de shoppings. O artista Hollogram Plaza popularizou o gênero.

Palma Mall: também inspirado em música ambiente de shopping mas com uma critica ao consumismo.

Vaporgoth: vaporwave em sonoridades extremamente obscuras e melancólicas.





A arte Vaporwave
A arte é parte fundamental para complementar as músicas, já que remonta ao retrô nostálgico dos anos 1980 e 90. Basicamente se utiliza de colagens de todas as possíveis imagens do Windows 95, vídeo games, esculturas neoclássicas em mármore, obras de arte asiáticas, paisagens tropicais, desenhos animados japoneses. Glitches (técnica de desordenamento de pixels da imagem digital que dá efeito de falhas), símbolos do capitalismo e do marxismo (em geral usados de forma irônica). Letras em caracteres japoneses ou em caps lock. Cores saturadas em tons de rosa e azul e também cores que remetem à arte gráfica dos anos 1980. Tudo isso pode ter um efeito hipnótico.







O vaporwave também tem seus memes:


vaporwave-statues-on-brazilian-money
"O dinheiro brasileiro é literalmente o melhor, o mais estético. Temos cores suaves pastel, animais e estátuas vaporwave"


Moda
Ao contrário de seu contemporâneo Seapunk, que também faz uso de arte gráfica retrô, o Vaporwave não tem um mercado significativo de moda, mesmo com seu potencial criativo em estamparia. Muitas peças são vistas aqui e ali em marcas diversas. Destacam-se as feitas sob demanda no coletivo Vapor95.


Vapor95 / Divulgação


É muito rico o universo das subculturas, por isso trazemos essa diversidade à tona aqui no blog. O Vaporwave continua se desenvolvendo em vários subestilos se adaptando aos temas contemporâneos. E você, o que acha da sonoridade? Conta aí nos comentários! ;)



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10 de julho de 2018

A história de Tura Satana: de artista burlesca a ícone do cinema cult!

Tura Satana já era bad girl antes mesmo do termo existir. Isso numa época onde ter esse tipo de imagem era algo extremamente negativo, uma ofensa. Mas assumiu o papel de mulher que dominava sua própria vida, não se comportando com a delicadeza e fragilidade que o período pedia, pelo contrário, exacerbava seu instinto agressivo, na maioria das vezes exibindo pela força física. E haja força, pois passou por muitos altos e baixos!


Tura Yamaguchi nasceu em 10 de Julho de 1938, em Hokkaido, no Japão. Descendia de filipinos pelo lado paterno e uma mistura de indígenas e escocês pela mãe. Aos quatro anos sua família muda-se para os Estados Unidos onde depois se estabelece em Chicago. Criada num bairro pobre, seria uma fase superdifícil onde o sentimento anti-asiático predominava, o que a levou a sofrer muito bullying na escola. Quando estava próxima de completar 10 anos, sofreu um estupro coletivo de uma gangue de adolescentes. Seria depois desse episódio que seu pai a ensinaria artes marciais, como aikido e karatê.


Com apenas 13 anos, seus pais a casariam com John Satana, um amigo da família, só que duraria pouco tempo. Precoce e com o corpo já desenvolvido, Tura faria uma identidade falsa e começaria a trabalhar posando em trajes de banho como modelo e chegando a aparecer nua em um filme. Mas foi na carreira como dançarina exótica que inicia-se o destaque, conhecida pelo nome de 'Galatea, a Estátua que Ganhou Vida', virou stripper e viajava pelos Estados Unidos fazendo seu show burlesco de clube em clube. Tornou-se uma superestrela da arte, chegou a ser eleita uma das 10 melhores dançarinas burlescas do século 20. 


Através da dança que Tura recebe diversos convites para estrelar programas de TV e filme. Participou de uma série chamada 'Hawaiian Eye', em shows como 'The Man From UNCLE' e também nos filmes 'Irma La Douce' e 'Who's Been Sleeping in My Bed?', ambos de 1963. Suas apresentações burlescas integravam acrobacias, arte marcial e bastante humor. Numa entrevista, revela como as pessoas iam a loucura quando ela girava os tassels um para cada lado e um de cada vez. Esses movimentos são muito comuns em shows burlescos atuais, mas na sua época foi uma atitude precursora! Em uma das sessões no clube Pink Pussycat, acaba conhecendo Russ Meyer, o diretor de "Faster, Pussycat! Kill, Kill!", longa que a imortalizaria no cinema. 



Lançado em 1965, o filme inicia-se com Tura, sua amiga Haji (Rosie) e Lori Williams (Billie) dançando enlouquecidamente. Logo surge Varla, sua personagem, uma femme fatale sexualmente agressiva, que provocava e encarava a todos com sua habilidade em artes marciais. O figurino era polêmico: blusa e calça justíssimas, um enorme decote V, cintura alta marcada ainda mais com cinto e bota cano longo. Da cabeça aos pés o visual era todo preto. Além da famosa franja Pin-Up e o delineado preto. Tura contou que sofreu pois as gravações eram no deserto e estava superquente. Como era de se esperar, o filme não foi bem recebido. "Você tem que lembrar que isso foi durante o período do amor no mundo, a violência de Varla não era aceita", diz Tura. As críticas foram tão ruins, que as atrizes seriam aconselhadas a retirar o trabalho dos seus currículos. 



"Querida, nós não gostamos de tanta ternura, tudo o que a gente faz é pesado." - Rosie.

No final da década de 1970 e início de 80, Tura descobre a existência de um fanclube mundial de Varla. Nesse momento, tanto a personagem quanto o longa passam a serem considerados cults e com fãs espalhados pelo mundo. Tura vira uma estrela de filmes lado B. Depois de Pussycat apareceria em mais dois, The Astro-Zombies (1968) e The Doll Squad (1973), sendo o último referência para Charlie's Angels. Após a filmagem, é hospitalizada depois que toma um tiro de um ex-namorado. 

No filme Irma La Dolce

Desiste da carreira no cinema e de dançarina burlesca, passando a trabalhar como enfermeira durante quatro anos num hospital. Depois trabalhou no Departamento de Polícia de Los Angeles como operadora de rádio. Em 1981, casou-se com o ex-policial Endel Jurman da qual viveria até seu falecimento. No mesmo ano, sofre um grave acidente de carro que a deixaria com problemas na coluna e nos próximos dois anos fazendo quase quinze cirurgias. 

Apesar de afastada dos cinemas, Tura mantém seu reconhecimento no underground, então vira empresária registrando sua própria imagem e assim vendendo produtos de merchandising, como camisetas, virando desenho em quadrinhos, máscaras de Halloween. Era frequentemente convidada para participar de convenções de filmes lado B e para jurada de eventos burlescos. No dia 04 de Fevereiro de 2011, falece aos 72 anos deixando duas filhas, Kalani e Jade, e seu legado nas subculturas com seu icônico estilo e supercopiado entre as Pin-Ups e demais admiradoras!

Curiosidades

- Tura usou até o fim o famoso look preto, junto com o delineado gatinho que acentuava seu olho asiático e o longo cabelo preto com franja Pin-Up. As longas unhas ovais pintadas de vermelho também eram uma marca.


- Tura chegou a ser noiva de Elvis Presley! Morando em Los Angeles, conheceu o astro com apenas 16 anos numa noite descontraída na praia, onde ficaram conversando até o sol raiar. Tura conta que só voltaram a se ver depois de meses e os encontros eram secretos por causa do Colonel Tom. Elvis era muito tímido e o teria ensinado a dar beijo francês e até certas práticas sexuais. Mesmo não tendo se casado, ela ficou com o anel de noivado.

- Nos anos 90, havia uma banda de metal chamada Tura Satana, mas que depois trocou o nome por questões legais. Na década de 80, outra banda que se influenciou pelo filme de Russ Meyer foi o grupo de hard rock Faster Pussycat. 

- Referência ou não, o estilo de Tura é visto na cena hard rock e metal dos anos 80. Amy Winehouse também teria um quê de semelhança quando a atriz usou o famoso beehive com olhos delineados de gatinho.


- Madonna também se inspirou na personagem Varla para o clipe 'Girl Gone Wild' de 2012. Dita von Teese, que é superfã de Tura, ficou feliz com a homenagem da cantora.



- Antes de falecer, Tura tinha o sonho de lançar sua biografia e documentário. Como não deu tempo, seu amigo e diretor Cody Jarret mobilizou uma campanha de financiamento e conseguiu angariar o valor em 2017, para que o trabalho seja enfim realizado! Essa é mais uma prova de que a cena alternativa consegue se mobilizar para manter o legado de pessoas importantes e não deixar sua cultura desaparecer. 


Espero que tenham gostado de conhecer a história de Tura!




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