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6 de dezembro de 2019

Glamour Ghouls: conheça o sapato boneca criado em parceria do Moda de Subculturas com a loja Reversa

Como parte da comemoração dos 10 anos do blog, foi criado um modelo de sapato boneca em parceria com a loja Reversa, a maior loja alternativa do Brasil! 

Modelo único no mundo, inédito e exclusivo!


O sapato

A ideia era que o calçado fosse no modelo boneca (confira aqui a história do calçado), modelo que nós, autoras do blog amamos! É um clássico que nunca sai de moda. O desejo era que fosse em verniz. Não apenas porque é um material que caracteriza o sapato boneca historicamente, mas porque o verniz é um material resistente especialmente pra quem mora no litoral e sabe que qualquer roupa ou calçado em "couro falso" pode esfarelar ou mofar em poucos meses devido à maresia e alta umidade do ar. Então o verniz foi pensado de forma que o calçado tenha uma durabilidade temporal maior quando bem armazenado e conservado. Não foi apenas por uma questão estética embora sim, isso tenha sido levado em consideração visto que é um material que também remete à moda fetichista.

Sana (@sanakull) com o Glamour Ghoul / Foto: Bárbara Tomásia

Originalmente foi cogitado que o calçado fosse com o solado pata de bode (veja post aqui) que tem rolado muitos modelos no exterior, mas numa versão repaginada 2019. Mas acabamos optando por uma plataforma e salto que a Reversa já produz e que é superconfortável. Conforto era algo que estava desde o início na nossa mente.

Esse solado parece pesado mas é superleve! Salto 7,5 centímetros, plataforma 5 centímetros, resultando num salto "real" equivalente a apenas 2,5 centímetros. 
E tratorado - uma marca dos calçados da Reversa.
Foto: Sana (@sanakull)/ Foto: Bárbara Tomásia

Mas ele tinha que ter um 'edgy', algo que deixasse ele mais com nossa cara (minha e da Lauren). Então veio a ideia de colocar spikes em uma das tiras simbolizando várias subculturas que a gente ama. Pensei também em morcego, não apenas por ser um animal cujo formato está em voga na moda alternativa mas porque ele tem toda uma ligação com a cultura de terror que adoramos!

Foto: Sana (@sanakull)/ Foto: Bárbara Tomásia

Todo esse processo de desenvolvimento foi feito em conjunto com a Beatriz, proprietária da Reversa que foi opinando a respeito da viabilidade da forma, material e adornos.

Uma das ideias que ela trouxe foi que o morceguinho fosse de metal e fosse removível. Para que ele pudesse ser retirado quando a pessoa quisesse e também usado em outros calçados da Reversa como adorno. Ela também sugeriu as três tiras grossas. Sendo a da canela também removível.

Indo mais a fundo, você pode usar os morceguinhos de outras formas que inventar: colocando numa gargantilha, numa pulseira... é um acessório pra você exercitar a criatividade! 

Uma amostra da versatilidade: dá pra usar sem a tira no tornozelo.
Modelo: Sana (@sanakull)/ Foto: Bárbara Tomásia


Formas de uso:
- Originalmente, com 3 tiras sendo duas delas adornadas com morcegos;
- Com as três tiras mas apenas uma delas adornada com morcego;
- Com as três tiras mas sem os morcegos;
- Com duas tiras, uma com o morcego;
- Com duas tiras, sem morcego;
- Com as três tiras, mas cruzando a segunda e a terceira tiras (a de spikes passando por cima)
- Alguma outra ideia que você tiver...


Lindo demais!!
Modelo: Sana (@sanakull) / Foto: Bárbara Tomásia

A seguir veio a escolha do nome. Processo tão importante quanto à criação!
Escolhi "Glamour Ghouls" pois a união de verniz e o salto tornam o sapato glamouroso, não um glamour clássico mas um glamour alternativo, já que diversas estéticas alternativas fazem uso desse material de forma muito elegante, já a sola tratorada dá um tom "não mexa comigo"! E "ghoul" porque os morceguinhos remetem à cultura do terror, à Maila Nurmi (Vampira), de uma garota obscura e misteriosa, ou seja: o calçado perfeito para todas as glamour ghouls brasileiras!

Modelo: Sana (@sanakull) / Foto: Bárbara Tomásia

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco do processo de desenvolvimento do produto e a história por trás. Essa foi a primeira vez que criei um calçado e agradeço imensamente à Beatriz da Reversa pela oportunidade! É mais uma conquista na história do blog!

Nos conte o que acharam do Glamour Ghouls!

Versatilidade: um pé com 1 morcego outro pé com 2 morcegos pra ilustrar as possibilidade de uso. É você quem decide que tira ficará com morceguinhos!


Esse é o link do calçado no site: 


"Parceria exclusiva Reversa com o blog Moda de Subculturas! Sapato tipo boneca em verniz com três tiras e aplicações de spikes, perfeito para todas as Glamour Ghouls! Possui detalhe de dois passadores exclusivos de morcego e solado tratorado. Material do cabedal:Poliuretano, material sintético de origem não animal com brilho envernizado. Solado: poliuretano injetado, material sintético de origem não animal. Salto de 7,5cm e frente de 5cm Forma: Este sapato tem a forma normal. Peça o número que costuma usar. Conservação: Passe uma flanela macia umedecida com água e um pouco de detergente neutro suavemente pela superfície da peça para remover a sujeira. Evite molhar o produto. Não exponha ao sol."







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1 de janeiro de 2019

O estilo punk de Brody Dalle

Na virada dos anos 2000, Brody Dalle foi um dos nomes que mais se sobressaíram na cena punk rock de Los Angeles. Após o auge do Riot Grrrl e Grunge no início de 1990, o Pop retorna as paradas de sucesso em meados da década, ficando um certo 'vazio' de representantes femininas de estética punk - tanto no estilo de cantar quanto na roupa, e assim Brody acaba se destacando como umas das garotas mais influentes do punk rock nesse período. 


Australiana da cidade de Melbourne, seu nome verdadeiro é Bree Joanna Alice Robinson Fitzroy. Nascida no dia 1 de Janeiro de 1979, a cantora conta em entrevista que na infância era horrível fazer aniversário no primeiro dia do ano pois na Austrália é Verão, então todo mundo está fora. Hoje é mais legal porque ela pode curtir com a família. 

Mudança: usando bolsa Chanel. 

Quando jovem Brody se destacou na natação, chegou a treinar para Olimpíadas, mas diz que desistiu depois que descobriu a maconha. Logo o interesse por música fala mais alto e por volta dos 13\14 anos ganha de presente do seu tio uma guitarra e assim monta a sua primeira banda Sourpuss. Adolescente na época do Grunge, era superfã de Nirvana e Hole, esta última da qual teve a sorte de abrir um show em Janeiro de 1995. No futuro, a imprensa musical faria constantes comparações com Courtney Love devido ao estilo de cantar. Curtia também Blondie, The Runaways, Nina Hagen, The Slits, Kim Gordon, Fugazi, Joy Division, The Hunters and Collectors e já revelou ter como melhor memória de infância Cyndi Lauper. "Vi Cyndi Lauper tocando quando eu tinha sete anos. Meu pai me levou para vê-la. Esse foi o primeiro show que vi na minha vida. Ela era um pontinho minúsculo de cabelo laranja e um vestido azul pálido pulando pelo palco, cantando com aquela voz, fiquei totalmente hipnotizada"


Preciosidade esse vídeo! Sourpuss tocando diante da Bikini Kill.


Sourpuss teria um certo destaque na cena punk de Melbourne, isso porque a banda fez parte do projeto feminista Rock N' Roll High School, um espaço que promovia música e cultura DIY para garotas, criada por Stephanie Bourke em 1990. "Eu cresci numa cena que tinha Bikini Kill, Hole, Babes in Toyland, L7. Havia uma abundância incrível de coisa acontecendo com as garotas na música. Você nem pensava sobre, simplesmente só fazia". Foi tocando com Sourpuss no festival australiano Somersault de 1995, que Brody conhece Tim Armstrong do grupo Rancid. Meses depois iniciam um namoro a distância e dois anos depois Brody se muda para Los Angeles onde se casa com Tim em 1997, e no ano seguinte monta sua nova banda The Distillers

The Distillers abriu turnê para No Doubt e Garbage em 2002.
Desde então, Shirley Manson e Brody viraram amigas/irmãs inseparáveis.
Com Courtney Love.
Joan Jett e Nirvana. Via @nerdjuice79

Segundo Brody, o nome da banda viria de uma visita a uma destilaria da época que ainda morava na Austrália. Ela adorou os dizeres e ficou com ele na cabeça. The Distillers marcaria de vez sua vida profissional: foi nela que sairia suas primeiras composições e no futuro seria reconhecida mundialmente. Lançou três álbuns com o grupo: The Distillers (2000), Sing Sing Death House (2002) e Coral Fang (2003). Brody já revelou que não gosta do primeiro álbum homônimo pois estas foram suas primeiras canções e ainda estava muito crua como compositora, já o segundo curte mais. Os dois primeiros foram gravados em apenas duas semanas e o último foi em seis, ela nem acreditava que a gravadora havia dado um prazo maior. Coral Fang foi o qual catapultou Brody e a banda ao sucesso mainstream, o cd fez quinze anos em 2018. 

Cabelo espetado para o alto no clipe "The Young Crazy Peeling".



Los Angeles serviu de inspiração para várias canções do The Distillers, inclusive de pano de fundo para gravações de clipes. Brody conta em entrevista que no primeiro momento ao chegar em LA, achou a cidade muito vulgar e alienante, por um longo tempo se sentiu superdesajustada. Ela só conhecia seu então marido e foi através dele que seria apresentada a cena punk local. Após seis anos de um tumultuado casamento, separam-se em 2003. Foi um momento conturbado, Tim fez acusações e Brody se defendeu mais tarde revelando que a relação era mentalmente abusiva à ela pois o vocalista controlava tudo. Os amigos que restaram foram os companheiros de banda e Josh Homme, que começaria a namorá-la no mesmo ano. Em 2005 o casal oficializa a união, mas entra com o pedido de divórcio no final de 2019.

Brody e Tim.
Com Josh Homme (espero que seja punido pelo chute na fotógrafa!)

Brody tem com Josh três filhos: Camille, Orrin e Wolf. A primeira nasce em 2006 e The Distillers havia terminado. A cantora revela que a filha salvou sua vida, por muitos anos lutou contra a depressão e também com o vício em metanfetamina. "Eu não conseguia achar saída até que tive filhos e então me salvou. Eu me sinto bem, tenho um propósito e me sinto satisfeita". Buscando novos caminhos, ela anuncia sua nova banda Spinnerette em 2007. Tenta voltar aos palcos mas cancela a turnê após ser diagnosticada com depressão pós-parto. Em entrevista ao jornal The Guardian, Brody revela que as conversas de internet sobre seu ganho de peso na gravidez de Camille a afetaram profundamente. Admite que foi parte da razão por não conseguir fazer uma turnê apropriada para o novo disco. O retorno só viria em 2014, com o lançamento de seu álbum solo Diploid Love.


O hiato do The Distillers não foi um período fácil na carreira da artista. "Eu me senti uma fracassada depois que The Distillers acabou. Senti-me inútil. Estava envergonhada e perdida. Não sabia o que queria e que caminho tomar, mas me esforcei para encontrar o positivo diário e simplesmente continuei". A resiliência e determinação de Brody foi fundamental para sobreviver nessa indústria de altos e baixos tão bruscos. "Nunca tomarei um não como resposta e eu não irei parar. Não pararei enquanto não chegar aonde quero ir." Em 2018, a banda retorna aos palcos para comemoração de muitos fãs.

O estilo punk de 2000

Como dito no começo do post, Brody se tornou uma grande referência - senão a maior - às garotas punks da virada dos anos 2000. E é interessante que o estilo punk dela era bem adaptado a moda desse início do século 21. Dalle usava aquelas famosas calças justas e de cinturas superbaixas seguradas por cintos de caveiras ou de tachas, com blusas curtas, geralmente regatas e baby looks. All Star cano médio era seu companheiro favorito, mas às vezes fugia do seu estilo tomboy e usava saltos em modelos de sapatos polly (seu favorito) ou em botas de cano médio e bico superfino. Quando ela colocava saia ou vestido, algo raro, seu visual lembrava muito as punks setentistas.

Inspiração? Pose parecida com Debbie Harry.
Em 2004 na premiação da NME. 
O mesmo look é usado no clipe "The Hunger".

O cabelo virou marca registrada de seu camaleonismo, será que influência da Cyndi Lauper na infância??? Já teve o cabelo de todas as cores e cortes, mas dois são bem icônicos: o moicano e o desfiado curto preto. A maquiagem também não fica de fora, como não lembrar de sua make vamp, onde a pálpebra inferior era pintada de tal forma que parecia uma forte olheira resultando em uma  acentuada aparência junkie? Os lábios superpigmentados de vermelho ou já gastos e sempre acompanhados de piercings. Muitas meninas se inspiram até hoje nesse visual.

Brody se irritou com a Macy's e Bloomingdales e as 
proibiu de usarem essa imagem em campanhas publicitárias.

Por incrível que pareça, o estilo forte e marcante esconde por trás uma pessoa tímida. Tanto que quando se apresenta, Brody diz que prefere entrar e tocar logo, pois ama tocar. "Eu não gosto de conversa fiada, eu não quero que as pessoas fiquem ofendidas por não dizer nada porque não é pessoal, não tenho nada a dizer, prefiro tocar, então às vezes fico mais quieta". Brinca sobre a questão de não gostar de oferecer bis no final do show pois acha a encenação boba, diz que remete aos anos 70 e ao Kiss, banda da qual odeia.




Mesmo sendo reservada, em 2014, Brody e sua irmã caçula, a comediante Morgana Robinson, revelam publicamente como as duas se reencontraram. Ambas são irmãs paternas, mas não se viam desde que Brody tinha cinco anos e Morgana foi morar na Inglaterra com a mãe. Morgana sempre teve o sonho de ver seus irmãos, foi quando Brody saiu na capa da revista The Face em 2004, e o falecido pai a notifica sobre a publicação e assim descobre que possui uma irmã rock star e que vai tocar em Londres. Ela vai no concerto e conhece a cantora, que hoje são superpróximas. Apesar do parentesco, Brody considera seu falecido padrasto como seu verdadeiro pai.


Por sua trajetória musical, Dalle se tornou uma inspiração para meninas e mulheres que querem formar bandas de rock e por suas opiniões e atitudes sobre como encarar essa indústria. Ela ainda se questiona o fato de ainda estranharem uma mulher segurando uma guitarra, mas ao pedirem conselho as que estão iniciando, incentiva na revista Bust: "Sim, dominem um instrumento. Há muito tempo para namorados e namoradas e toda essa m***. Se você é apaixonada por algo, domine-o. E é simples de começar. São passos de bebê. Aprender a tocar um instrumento requer dedicação, cometer erros e descobrir todo tipo de coisas. Se você apenas tocar junto com seus álbuns favoritos, assim como fiz, você ficará melhor e melhor e melhor".

"Eles dizem que mulheres não tocam guitarra tão bem quanto os homens...Eu não toco guitarra com a p* da vagina então que diferença faz?"


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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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16 de agosto de 2018

60 Anos de Madonna: relembre os looks da cantora inspirados nas subculturas

É bem verdade que Madonna não é uma unanimidade no meio alternativo e nem no meio feminista por conta de seu viés liberal. E nem precisa ser, a ambiguidade é parte dos seres humanos. A própria cantora também se fez em cima de polêmicas e contradições. Hoje a chamada "Rainha do Pop" comemora 60 anos! Vamos aproveitar para relembrar algumas de sua apropriações estéticas que se relacionam com as subculturas e moda alternativa.

Foto: Steven Klein

É bem possível que os alternativos dos anos 1980 e 90 preferissem Cindy Lauper à Madonna. Naquela época sem internet, as notícias que recebiam vinham da mídia mainstream e Madonna talvez fosse 'pop demais' e na época era comum que muitos alternativos abominassem a música pop, que simbolizava a música corporativa empurrada goela abaixo.

Enquanto Cindy tinha um apelo estético muito próximo do que era considerado excêntrico: roupas extravagantes, cabelos e maquiagem supercoloridos, no começo da carreira Madonna tinha um visual que misturava um pouco de new wave e as telas arrastão típicas do punk e goth!


Podemos ver esse visual no clipe Into the Groove.


Nos anos 1980, Madonna era uma artista pop superfamosa, mas quando foi que ela veio a se tornar um mito? Quando veio a se tornar a performer que mudou a indústria cultural? 

O ano era 1990, e a turnê se chamava "Blond Ambition", é no próprio nome da tour que a revolução começa: a palavra "blond" sem o 'e' no final. O 'e' no final é uma flexão do gênero feminino (blonde = loira), Madonna coloca o nome tour sem um gênero definido. 

Na turnê Blond Ambition usando um Bullet Bra (leia matéria aqui)

É nesta década que surge a Madonna que usa e abusa d
o choque, da provocação, a Madonna dominatrix do álbum "Erotica", a Madonna que lançaria tendências e transformaria a indústria cultural. A cantora tinha consciência que a sociedade americana era careta e pudica, então nada melhor do que tocar em temas tabus. 


Turnê Erotica: inspiração sadomosoquista

Além disso, os anos 1980 tinham visto a ascensão da AIDS e lá estava Madonna acompanhada de gays mostrando que não tinha preconceito e nem receio de ser contaminada (não se sabia ainda exatamente como a doença era transmitida). E é justamente da subcultura gay latina e africana-americana que Madonna faz a cooptação da dança chamada 'Vogue', levando-a ao mainstream.


Foto: Fabio Gibelli Photography

Madonna sempre foi superfã de usar looks totalmente pretos (cor associada à rebeldia), desde o início a tonalidade é muito presente na sua estética. Não à toa, o visual gótico acabou atraindo a cantora. O estilo surge em momentos onde aborda sobre religião, espiritualidade, autoconhecimento, reflexão sobre a vida humana. Em 1989, apareceria no polêmico clipe 'Like a Prayer' usando um slip-dress com meias 7/8. Como é de origem católica é comum o uso de crucifixos e também para compor um visual mais dark, pinta os cabelos de preto. 


Em 1998, novamente, Madonna aborda a espiritualidade, foi num período introspectivo, talvez pelo nascimento da filha e também época em que se tornou budista, passou a fazer yoga e estudar Kabala. Nos anos 90 a gótica tinha longos cabelos negros escorridos, lembre-se de Angelina Jolie, e seria essa estética vista em boa parte da fase do álbum 'Ray Of Light'. Na maioria das apresentações surge com visuais completamente pretos, a diferença dos anos anteriores é que as roupas cobrem todo seu corpo, como se Madonna quisesse usar a ausência de cor para apagar o exterior e assim iluminasse o interior, vide as letras das canções bem reflexivas.

No clipe 'Frozen', a ideia era representar uma criatura do deserto, a encarnação da angústia feminina. A música da qual classifica como melancólica, é sobre estar frio e poder se abrir. Madonna encarna seu alter ego 'Veronica Eletronica' e quis formar uma estética que parecesse uma assombração. 'Ela é gótica mas é medieval. Ela é romântica, pré-rafaelita', revela. O visual foi criado a partir de um desfile do Gaultier onde a artista achou perfeita a combinação.



Madonna volta e meia revisita o visual gótico em aparições. As últimas mais comentadas foram no baile da Vogue, o MET Gala de 2016 e o mais recente sobre o tema Corpos Sagrados, Moda e a Imaginação Católica. 

Para outro baile do MET, de temática Punk, a cantora apareceu com este visual, onde todos os clichés da moda punk, aqueles que se tornaram elementos tradicionais, estão representados.


Além do gótico e do punk, Madonna também usou e abusou da estética fetichista, vestindo elementos como látex, cone e bullet bra, amarrações. Junto com Jean Paul Gaultier criou visuais icônicos, que tomavam proporções infindáveis tamanha polêmica que alcançava. Além da já citada turnê Blond Ambition, teve o documentário 'Na Cama com Madonna' e depois o álbum Erótica com o lançamento do livro Sex. Até hoje não há uma artista pop que consiga chamar tanta atenção igual Madonna fez no início dos anos 1990. Ela chegou a quase ter seu show proibido na Itália devida performance que incitava masturbação, mas bateu de frente com todos que ousaram censurar sua Arte.



Com JPG, que junto criou o visual icônico do Blond Ambition.

O escandaloso livro Sex, feito com o fotógrafo de moda Steven Meisel.

Mais recente num ensaio bondage com Katy Perry para V Magazine inspirado nas sessões de fotos de Bettie Page.

Madonna definiu para sua imagem o conceito de ser camaleônica, sempre mudar, nunca estagnar, mas curiosamente, se utilizando de elementos da moda das subculturas. O também camaleônico David Bowie foi o artista que mais a influenciou e a fez querer seguir na música. Quando muda-se para Nova Iorque, se joga na efervescência cultural da cidade, ficando amiga de grandes artistas contemporâneos como Jean-Michel Basquiat. A cantora também ajudou a propagar a imagem de ícone pop de Frida Kahlo, pois a pintora é uma das suas favoritas.



Numa época em que uma parte dos alternativos reproduz os conceitos da cultura dominante e não tem identificação com o ato de se rebelar, a cantora parece nunca ter deixado esse fato de lado e ao lançar seu álbum "Rebel Heart", soltou a frase:
"Uma rebelde é alguém que protesta, que questiona o que já está estabelecido  e pensa de forma diferente. E no fim do dia são os rebeldes como Martin Luther King, Nelson Mandela, Bob Marley e John Lennon, as pessoas que mudaram o mundo. Não dá pra ser um rebelde e não encarar as consequências. Como Michael Moore diz: "Não dá pra colocar o queixo pra fora e não esperar uma porrada". 

E foi isso mesmo que a cantora fez ao longo de sua vida: colocou o queixo pra fora. E foi daí que nasceu a lenda.





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Texto e curadoria de imagens: Lauren e Sana Skull.
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