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17 de fevereiro de 2019

"Two Witches" - Ensaio "plus size" com Vultus Persefone e Nayara Eccentric

Muito se fala de representatividade "plus size"*, as iniciativas de atender esse público em termos de moda alternativa vem crescendo. Nesta postagem agradeço as influenciadoras Nayara Soares e Rafaela Ivo por cederem as fotos que fizeram para um ensaio de moda.



As peças usadas pelas meninas foram feitas sob medida pela Dark Fashion, loja parceira desde o início do blog (ou seja, há 10 anos), que é uma das poucas lojas brasileiras que desde o seu surgimento oferece peças em tamanhos maiores sob medida. Antes, nem todos percebiam esse fato por ser uma informação escrita no site e não visualmente divulgada através de fotos. Fato que mudou alguns anos atrás e desde então em todos os ensaios da marca uma modelo em tamanho maior é fotografada. Vale ler a entrevista com Nívia sobre a produção de peças maiores na loja.


Para este ensaio, a mineira Nayara @nayarasoares_eb foi ao Rio Grande do Sul fotografar com Rafaela @vultuspersefone sob as lentes de Jéssica Godoy @jscgdy num belo dia nublado. O ensaio que poderia ser chamado de "Eccentric Perséfone", união do nome dos blogs/canais "Eccentric Beauty" de Nayara e "Vultus Persefone" de Rafaela, mas escolhi nomeá-lo de "Two Witches" pois é o que me veio a mente ao ver as fotos. :)


Tenho grande admiração por estas duas mulheres que há muitos anos comunicam moda alternativa e estilo de vida com muita autenticidade. Elas garantem suas identidades num país onde as moças brancas e de curvas suaves ainda são as que mais agregam seguidores.

Adorei essa foto!!

Pense por um momento em uma influencer brasileira que tenha mais de dez mil seguidores no Instagram, seja alternativa de apelo mais dark, mais punk, mais gótica, mais heavy metal... (eu realmente aceito indicações!!) e um tamanho maior que o padrão 38.
É difícil responder, né?
Eu citaria a vampiresca @the_lady_darkness e a dark pin-up @barbiedolixao que está quase lá! Mas ser punk, gótica ou headbanger e ainda por cima ser usar tamanhos maiores de 38-40 não parece ser algo muito em evidência ainda.


Vemos iniciativas no uso de modelos maiores em lojas alternativas e ensaios de coleção, o que ajuda as garotas a se tornarem mais conhecidas e as lojas adquirirem mais clientes. Mas num geral, as modelos de lojas ainda são brancas, populares e dentro de certa normalidade corporal, variando entre magra ou com curvas "aceitáveis". Há muitas nuances no mercado alternativo, especialmente no que se refere à formação de imagem de uma marca, onde algumas lojas podem não querer serem associadas diretamente a pessoas gordas.


Há muito tempo tenho esse blog e me orgulho de, em 2012, quando mal (ou não) se abordava a moda "plus size"* no Brasil, publiquei dois artigos sobre o tema: Moda Alternativa "Plus Size"* e Estilo Alternativo "Plus Size"*. Nestas matérias usei exemplos de modelos e marcas estrangeiras, pois não havia ainda exemplos no Brasil. Coincidência ou não, logo depois destas matérias irem ao ar, algumas lojas alternativas nacionais passaram a usar modelos maiores em ensaios e desde então isso vem ocorrendo com alguma frequência. Não posso confirmar que o blog teve alguma influência nisso pois nenhuma destas lojas nos citou diretamente, mas acredito, pela quantidade imensa de acessos que estas postagens tiveram, que alguma semente foi plantada em algum lugar! Foi justamente na virada de 2012 para 2013 que o tema da moda para tamanhos maiores começou a pipocar no mainstream e as mulheres se engajaram a exigir mais representatividade.


Em 2015 alertei para a importância de lojas virtuais utilizarem modelos "plus size"* nesta postagem. Um tempo antes entrevistamos a modelo alternativa brasileira Litha Bacchi que atua na Inglaterra por não termos quem entrevistar por aqui. E o meu post afirmando que gordas podem usar listras sim foi um sucesso! E logo depois vimos reproduções deste tema no mainstream!


Só temos a agradecer que muita coisa mudou a respeito de moda e representatividade de meninas acima dos tamanhos padrões (36-44) no meio alternativo embora ainda haja muito a ser desenvolvido. E pra mim, estas duas influenciadoras, Rafaela e Nayara, já conquistaram seus lugares neste processo, pois fazer história não se resume só a números mas também a atitudes!




Conto com vocês no enaltecimento destas duas damas sombrias:



*as aspas foram usadas por dois motivos. 1. porque o termo é controverso, não é aceito para se direcionar a todas as mulheres gordas e 2. são posts antigos onde o termo está no título ou no conteúdo.


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28 de março de 2017

Moda Alternativa "Plus Size": Em entrevista, Nívia, estilista da marca Dark Fashion, desmistifica vários conceitos sobre este segmento de mercado

Alguns anos atrás fizemos uma matéria extensa sobre plus size quando o termo ainda estava começando a ser abordado no Brasil. De lá pra cá, sob pressão do empoderamento feminino apareceram roupas em tamanhos maiores em diversas marcas. Nossas colaboradoras Annah e Carolina abordaram o tema recentemente.

Assim como existem controvérsias sobre a estética alternativa ter se tornado mainstream (podemos chamá-la ainda de alternativa se existe o consumo de massa?), existe o debate sobre se o termo "plus size" inclui ou exclui. Quem é contra pede que o termo seja eliminado, pois mantém a separação. Quem defende, apoia o uso de forma educacional, pois devido à popularização deste é ficamos conhecendo mais sobre o mercado e "descobrimos" que existe esta imensa parcela consumidora.

No Brasil, existe uma marca alternativa que faz roupas maiores desde o começo. Nem todos se atentavam para este fato, por isso esta entrevista se fez necessária indo de encontro ao mais novo catálogo de fotos da loja, mostrando que tanto as meninas magras quanto as de tamanhos maiores podem sim usar as mesmas roupas!

Após dezenas de anos vendo a moda como algo "só para magras"  criou-se uma concepção alimentada pelo mercado de que plus size é algo difícil de fazer, algo anormal e que colocaria em risco uma empresa. Isso é uma tremenda enganação. O plus size é apenas uma gradação de tamanhos na modelagem de uma roupa, nada mais. É este tipo de desmistificação que Nivia, estilista da Dark Fashion conversa com a gente numa entrevista sincera, direta e com opiniões que se tornarão referência para aquele momento em que alguém vira e diz que plus size é "inviável" e "precisa ser mais caro". A designer de moda também conversa sobre a dificuldade de arranjar modelos para o editorial, tocando num ponto delicadíssimo que é a autoestima das meninas.

goth-fashion-moda-gótica

Há diversas reclamações de consumidores sobre o mercado plus size. Quais são as suas dificuldades como empresa pequena para atender esse público?
Nívia: Em relação à parte técnica nenhuma, pois como modelista, quando faço uma modelagem posso graduar ela em vários tamanhos, ou em casos mais especiais fazer sob medida, então acredito que é mais uma opção da empresa em atender ou não este público. Ou em muitos casos é falta de conhecimento em modelagem ou de não ter um profissional modelista para a execução deste trabalho.
A minha dificuldade enquanto loja virtual é mostrar através de fotos os produtos, mesmo com boas fotos, o cliente poderá não se sentir à vontade para fazer a compra e eu nunca consigo mostrar todo o potencial da peça, tem coisas que o cliente só perceberá quando ver a peça ao vivo. Inclusive, tive dificuldades para conseguir modelos para o ensaio plus size que fizemos, convidei algumas meninas que acabaram desistindo por vergonha, mas felizmente a Cintia topou, e espero que isso motive outras garotas também.



O consumidor brasileiro ainda é conservador e ligado aos padrões estéticos, o que muitas vezes atrapalha as marcas a tentarem trazer coisas novas ao mercado. Esse tipo de comportamento também se repete no cliente alternativo plus size?
Infelizmente sim, alternativo ou não, algumas pessoas têm estes preconceitos enraizados. Mas luto contra isso a algum tempo e incentivo minhas clientes plus para enviarem suas fotos e aos poucos vejo mudanças. Jamais deixei isso me influenciar, tanto que crio roupas pensando em todas, e no que sei que será mais usado. Mesmo sabendo que roupas mais sexies fazem mais sucesso, na prática é bem diferente, observo o que vendo mais e o que os clientes estão pedindo e não aquilo que faz mais “sucesso” nas mídias.


Há reclamações de lojas que vendem peças plus size mais caras que as peças P/M/G. Esse valor não deveria ser distribuído no orçamento da empresa assim como todos os outros gastos ao invés de ser cobrado apenas da consumidora que usa tamanho maior? Ou é justificável a venda de peças maiores por um valor mais alto?
Isso não é justificável de forma alguma, na minha visão é apenas falta de conhecimento. Quando se faz uma modelagem, para saber o consumo do tecido, você usa uma grade, por exemplo: P, M, G e GG, distribui os 4 tamanhos no tecido, e mede quanto deu o consumo do tecido para os 4 tamanhos e divide por 4, assim você terá a média de consumo para a peça independentemente do tamanho. Nesta mesma metodologia, aplico a distribuição dos outros custos agregados, como mão de obra e aviamentos, por exemplo. Cobrar a mais de quem usa um tamanho maior, ou sob medida, para mim é uma forma de exclusão social. Portanto, no meu caso, não acho justificável cobrar um valor maior por tamanhos maiores, tanto que nunca cobrei.



Agora temos as perguntas das leitoras enviadas através de anúncio em nossas redes sociais. Obrigada à todas (vocês estão linkadas) que se engajaram em participar! As meninas não sabiam as perguntas que nós faríamos, por isso alguns temas repetidos, mas é importante que cada uma delas tenha suas dúvidas sanadas, por isso mantive as questões semelhantes.

@mirock1983 A marca já começou trabalhando com plus size ou foi um mercado que estava crescendo e você resolveu apostar nele em conjunto com o de tamanhos "normais"? Quais as referências da marca para desenvolver modelos plus, quais as inspirações? 
Particularmente, não gosto muito do termo plus size. Uso porque é a forma como se convencionou chamar esse nicho. Como modelista, não vejo nada de sobrenatural em um tamanho maior comparado com um menor, são apenas tamanhos e fazer um P dá o mesmo trabalho que fazer um EGGG. Desde o inicio, já oferecia uma grade de 6 tamanhos do PP ao EG, mais o sob medida, e logo aumentei mais dois tamanhos: EGG e EGGG; deixando a nossa grade com 8 tamanhos. Não é necessários ter inspirações para isso, é só graduar mais a modelagem padrão. Acredito que deveríamos parar de usar termos como “tamanhos nobres” “tamanhos normais” e até “plus size” para definir as pessoas, como se quem usasse tamanhos maiores fosse anormal. Somos todos diferentes, com gostos diferentes, corpos diferentes e portanto usamos  tamanhos diferentes, simples assim.   

@lygia_cruz  Dizem que as marcas não trabalham com plus size porque dá prejuízo. Qual a experiência da marca quanto a isso?
É só falta de conhecimento. A maior parte dos donos de marcas alternativas infelizmente não tem formação em Design de Moda, não conhecem a fundo os processos produtivos (ou mesmo modelagem) e por isso tem esta visão limitada. E em alguns casos acredito que apenas usam isso como desculpa para não terem trabalho a mais.



@sailorrosenrot Como foi adaptar para o nosso clima e manter-se com um estilo próprio na marca? Tecidos, caimento e conforto foram pensados conforme as queixas de consumidoras insatisfeitas com a gama de variedades disponíveis no nosso país?
Aqui entra o conhecimento têxtil e uma questão de bom senso, é claro. Precisamos e queremos usar roupas bonitas e acima de tudo confortáveis e duráveis. Então, tento aliar tudo isto dentro das possibilidades que os fornecedores brasileiros nos oferecem em termos de tecidos, mais uma modelagem bem planejada pensando no nosso clima e também nas dicas valiosas que recebo dos clientes. Inclusive sempre peço esse feedback e procuro fazer algumas pesquisas para usar estas informações nas futuras criações. Já fui criticada por não fazer uma coisa ou outra, ou até mesmo de falta de criatividade por não fazer peças super elaboradas... Mas de que adianta fazer obras de arte que na prática ninguém irá usar? Isso foi mais no início, acredito que agora as pessoas já entenderam a minha proposta em relação a peças mais usáveis, e que criatividade mesmo é adaptar todas as referências alternativas que temos para fazer roupas para o nosso contexto e nosso dia a dia.

@handmadebyraven Como são estudadas as modelagens? Tem modelos de prova? Qual a amplitude de grade de tamanhos da marca? Os corpos têm variedades de formas além de tamanho, alguns com mais ou menos busto, outros com mais ou menos quadril, além de alturas... não só em corpos gordos, como tbm os magros, isso é pensado na hora de criar, mesmo sabendo que é difícil pensar em todas as possibilidades? 
Inicialmente temos uma modelagem padrão com 8 tamanhos baseados na antropometria que parametriza uma média das medidas corporais. Isso é antigo e é o que usamos para a modelagem, e a maior parte das pessoas se encaixa aqui, salvo algumas exceções. Mas sabemos que é impossível padronizar, devido às diversas variedades corporais que possuímos, mais o advento de silicones e corpos modificados por musculação. De certo, temos o sob medida, onde a roupa é feita para cada corpo respeitando suas proporções. Como já temos uma modelagem padrão sempre a usamos como base na criação de novos modelos, sendo assim, nas provas de novas peças observamos mais a parte de caimento, conforto, recortes e demais detalhes. Algumas peças são feitas várias vezes até ficar como deveria, algumas são eliminadas e outras transformadas em relação ao desenho original, a modelagem acaba sendo a verdadeira criação do modelo.



@vultuspersefone Qual a motivação para fabricar roupas plus size? O que você acha do crescimento atual que tem havido com peças "sob medida"? Você acha que essa disponibilidade de fazer peças sob medida (que aliás, vejo como um bom retorno ao passado) fideliza ou amedronta as clientes (por terem medo de revelar medidas etc)? Sai realmente mais caro criar peças para plus size ou dá quase a mesma coisa?
Bom, a motivação é a mesma que tenho ao criar todos os produtos, tenho muito amor pelo que faço, e me sinto muito feliz ao saber que meu trabalho é útil e que pode levar bem estar para outras pessoas. Estou particularmente feliz com o aumento das clientes plus, o que mostra que estão perdendo o medo de usarem as roupas que desejam, e estão se amando mais, e se importando menos com o preconceito alheio. Acredito que isso abre cada vez mais o caminho pra outras garotas perderem o medo e se aceitarem como são. E não sai mais caro fazer peças plus size, como explicado em resposta anterior.


Oriana Bats Algumas marcas, apesar de terem seção plus size, tem pouca variedade de modelos, são peças praticamente iguais entre si, bem simples na modelagem. Você saberia dizer porque isso ocorre? Seria talvez um desconhecimento sobre este público e as possibilidades da modelagem?
Acredito estar relacionado ao medo que as próprias clientes tem em relação ao usar roupas mais justas, mostrar o corpo,  e todo aquele preconceito que já conhecemos  sobre “gordos terem que usar roupas tipo saco” pra não marcar... E também a falta de criatividade e noção de modelagem dos empresários em alguns casos. Mas acredito que isso está mudando principalmente em relação às garotas alternativas que são mais corajosas, e querem sim mostrar suas curvas e tattoos. Todas as mulheres são belas como são, algumas só precisam descobrir isso.



Carolina Você é do meio plus size? Se não, o que a inspirou a confecção de peças para esse nicho? Há estudo pra confeccionar as peças para esse público?
Não sou plus size, uso M, mas sou modelista, o que amplia minha visão sobre as roupas e os corpos, são apenas tamanhos diferentes, e não crio modelos específicos para o plus size, crio peças que acredito que podem ser usadas em todos os tamanhos, não há mágica nisso apenas estudo de proporção corporal, antropometria e matemática. A modelagem por outro lado é sim algo mágico, é um processo criativo, uma mistura de técnicas com instinto e amor, muito amor. É fazer em 2D imaginando em 3D. Ou direto em 3D como na técnica de moulage. Não tem receita totalmente pronta, só as bases de estudos para a modelagem e muita tentativa e erro, e a partir disso cada modelista desenvolve uma forma de trabalhar e de se expressar. E sobre trabalhar com esse nicho, acredito na igualdade dos mesmos direitos a todas as pessoas, e como designer de moda, minha primeira função é solucionar problemas em relação a roupas e identificar nichos que não estão sendo atendidos. Portanto, o que estiver ao meu alcance em relação a minha profissão para tornar a vida das pessoas melhores, com certeza eu o farei.

Moda de Subculturas: Finalizando, há algo mais sobre esta experiência que queira nos contar que não foi perguntado? (espaço livre!)
São tantas coisas que não saberia por onde começar. Mas acredito já ter falado o principal nas respostas, e me coloco à disposição para qualquer um que queira saber mais ou sanar outras dúvidas pelo e mail nivialarentis@darkfashion.com.br, ou podem me adicionar no face (Nivia Larentis), como preferirem, fico grata em poder dividir o pouco que aprendi até hoje.
E pra fechar, acredito nas pessoas e em um mundo melhor, e isso só acontecerá o dia em cada um fizer a sua parte, sendo o melhor no que faz, não importando se você é designer de moda, médico, professor, mãe ou entregador de panfletos.... Todos nós somos especiais, e se cada um der o seu melhor teremos uma vida e um mundo melhor. Pois a verdadeira felicidade é fazer outras pessoas felizes, e que maneira melhor de fazer isto se não através do nosso trabalho?



Depois dessa fala maravilhosa da Nívia não tenho palavras pra finalizar o post, então deixo aqui os links pra vocês acompanharem a marca.
E digam o que acharam da entrevista!




Créditos
Modelos: Cintia Gunner e Sara Seibert
Maquiagem e Cabelo: Dani Pellá
Fotos: Gilce Galvão



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18 de dezembro de 2016

Autoestima e Mercado Plus Size


Passei esse último semestre inteiro como voluntária num programa de estudos com jovens obesos – na verdade, virei cobaia de tese de doutorado mesmo. Enfrentei durante quase todos os meus dezoito anos de vida o desafio de perder peso o suficiente para ajustar o meu Índice de Massa Corporal e escapar daquelas piadinhas que ouvia das outras pessoas com relação ao meu corpo e, quando encontrei um programa completo de emagrecimento grátis, é claro que eu não deixei passar.

Pois bem, num belo dia tive a ideia de compartilhar com os meus colegas uns posts que falavam sobre autoestima e amor-próprio através do grupo do whatsapp, só pra dar um up na determinação de todos. Mal esperava que uma das médicas, que também estava no grupo do aplicativo, daria uma leve patada em minha pessoa. “Muito bons os posts, Aninha, padrões de beleza não têm nada a ver! Mas não podemos nos esquecer da saúde, pessoal!”, foi mais ou menos o que ela disse. 

OK, pode não parecer tão pesado, mas eu me senti bem incomodada a princípio. Não só pelo arrependimento de ter compartilhado os posts, mas também pela minha preocupação de ter feito com que me interpretassem mal – o que acontecesse muitas vezes com quem questiona a necessidade de emagrecer.

Copyright® Annah Rodrigues

Existe uma linha tênue entre emagrecer por questões de saúde e emagrecer por meras questões estéticas. Já foram constatadas inúmeras doenças que o excesso de peso pode causar e ainda tem-se o ideal de um corpo bonito ser um corpo magro/sarado. Não importa qual desses argumentos será levado em conta, as pessoas desejarão ter o corpo na linha. Mas, e quando chega alguém que se impõe contra esse fato social? Alguém que defende que a beleza não está no exterior ou até que não é preciso ser magro para ser saudável? Os outros a acusam de fazer apologia à obesidade.

Fazer apologia a algo não é condenável, afinal isso quer dizer, literalmente, que você defende uma coisa – a não ser que esse algo vá contra as normas da sociedade. É dito “normal” as pessoas almejarem o padrão magro de beleza e evitarem a todo custo fugir dele.

Agora, aonde quero chegar com essa conversa é que o mesmo acontece com as lojas Plus Size, que estariam defendendo a obesidade... Será?
Tendo em vista que o mercado de moda mainstream disponibiliza determinados tamanhos de roupa justamente pelo fato de promoverem a busca pelo ideal magro de beleza, o segmento surge nada mais nada menos como uma resposta à exclusão que esse faz de quem veste números maiores que 46. Ninguém está promovendo que as pessoas não precisam emagrecer para achar mais roupas legais que lhes sirvam, a verdadeira apologia é em relação à democracia da beleza e bem estar.

Você deve estar se perguntado: “Mas o que raios aqueles posts que você compartilhou no grupo têm a ver com isso?” É simples: assim como os posts, a iniciativa de criar um segmento que promove tal democratização também faz com que os outros tenham amor-próprio, tenham mais vaidade e sintam-se bem. 

Perdi só dez quilos – ainda me falta perder trinta – , mas parece que eu aprendi de vez como cuidar da minha saúde. Ao menos eu sei que, mesmo não tendo um corpo que me ensinaram que é mais saudável e que julgam ser bonito, posso encontrar roupas que me agradem e aumentem minha autoestima.


Autora: Annah Rodrigues
Estudante de Design e técnica em Multimídia aspirante à ilustradora. Uma colcha de retalhos ambulante: gosta desde rock e cultura alternativa até coisas de época e animes. Usa sua introversão e sentimento de (des)encaixe para refletir sobre coisas aleatórias nas horas vagas e desbrava aos pouquinhos a cena independente de São Paulo.
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9 de novembro de 2016

Beth Ditto e a segunda coleção da sua marca de moda

Beth Ditto lançou no início do mês a nova coleção de roupa da sua marca. Para o Inverno 2016, ela continua carregando a proposta de trazer uma moda sustentável, apresentando peças atemporais aos "tamanhos desqualificados pelas empresas de high-street e high-fashion". Os modelos permanecem bem na linha da Ditto, como por exemplo as estampas surrealistas que ela adora, mas acredito que o destaque tem sido o design pois as criações fogem do que costuma-se ver nas coleções plus size. Não é apenas um vestido de manga comprida, a modelagem possui detalhes que não o deixa tão simples. 






A campanha foi tirada em Los Angeles pela fotógrafa Hanna Moon e com estilo feito por Charles Jeffrey. Apesar da coleção ser de Inverno, as fotos tem um ar de Verão, o que evidencia a atemporalidade das roupas. As imagens têm um quê muito de anos 90, como aqueles editoriais de revista adolescente onde reuniam garotas, bem Sassy girls. Em entrevista a Dazed, Ditto fala rapidamente sobre o mercado plus e diz que houve mudanças, cresceu, mas mostra receio de ser cooptado pelo capitalismo, igual ocorre com o Feminismo. Mais uma visão interessante de como ela enxerga o tema e o jeito que pretende conduzir o seu negócio.







Ditto mostrando que a moda nem sempre é passageira! Curtiram?


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6 de novembro de 2016

Moda Alternativa Plus Size: os desafios de atender o público alvo

Várias marcas mainstream se especializaram em atender quem veste tamanhos grandes - acima do 44. Embora a mídia e a propaganda ainda sejam voltadas para o ideal do corpo magro, é possível entrar numa loja de departamento e encontrar uma sessão "especial" plus size (odeio com todas as minhas forças esse termo, mas é assim que somos classificadas na moda). E com as marcas alternativas, será que isso acontece?

*Artigo guest post de Carolina Ribeiro do blog Alternativa GG


Pinup Girl Clothing alternative plus size
®Pinup Girl Clothing

Através da minha vivência - sempre vesti, no mínimo, 44 e atualmente visto 50 - e também das pesquisas que sempre faço na área, notei que as roupas voltadas para o público alternativo fabricadas aqui no Brasil, em sua grande maioria, servem muito mais para eventos do que para o dia a dia. Os tecidos plastificados e sintéticos podem não se ajustar em todos os tipos de corpo, alguns não esticam, outros não possuem sustentação e a qualidade da peça nem sempre permite o uso contínuo.

Outro problema é que as lojas brasileiras não oferecem muitas opções de tamanho, o limite geralmente fica entre 42 e 44, no máximo. É quase impossível percorrer a Galeria do Rock, aqui em São Paulo, e encontrar uma peça na qual uma mulher plus size se sinta bem. Nossa opção é a combinação de calça + camiseta reta.



Moda Alternativa plus size
®Domino Dollhouse/Spin Doctor

Apesar das  críticas ao mercado mainstream que se apropria de símbolos e características das subculturas, tenho que ressaltar o fato de que somente através disso é que mulheres fora dos padrões conseguiram provar uma calça de couro confortável ou encontrar aquela blusa com spikes mais soltinha. Dentre as lojas brasileiras, a única especializada no público underground que nos contempla - até agora - é a Dark Fashion, que fabrica desde o tamanho PP até o EGGG e também sob medida.

Para fugir do óbvio é necessário fazer adaptações. Prefiro adquirir peças básicas e complementar a estética alternativa através dos acessórios e calçados. É preciso ser criativa quando veste acima de 44, porque a inclusão ainda não chegou pra nós nesse meio alternativo. 


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* Artigo Guest Post de Carolina Ribeiro autora do blog Alternativa GG para o Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. Para colaborar com o blog ou publicar guest post sobre qualquer tema da cultura alternativa, entre em contato conosco por email.

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17 de junho de 2016

Evento de Moda Plus Size: Bazar Pop Plus

Uma das questões que permeia o mercado de moda no Brasil, inclusive alternativo, é a dificuldade de se encontrar roupas acima do tamanho 46. Diante dessa falha, começam a surgir mobilizações para tentar atender um público ignorado pelo comércio, é o caso do Bazar Pop Plus, que ocorre nos dias 18 e 19 de junho, ou seja, nesse fim de semana!

Imagens: reprodução

O projeto é organizado pela jornalista Flávia Durante, diretora da Cena Pop Eventos Criativos, em parceria com a Art Shine Promoções e Eventos. Em apenas quatro anos, o Pop Plus cresceu de seis marcas na primeira edição, em 2012, para mais de 50, em 2016 – e vem com novidades. Pela primeira vez será realizado tanto no sábado quanto no domingo, das 10h às 20h, e em novo endereço: o Club Homs, na charmosa Avenida Paulista, um dos cartões postais de São Paulo. O local é de fácil acesso por transporte público (está a menos de cinco minutos do Metrô Brigadeiro e tem pontos de ônibus pertinho), bike (tem ciclofaixa na frente) e carro (diversos estacionamentos nos arredores) e a entrada é apenas R$5,00 (somente em dinheiro).

“Muito mais do que um bazar, o Pop Plus tornou-se uma convenção de Cultura Plus Size. Um ponto de encontro onde pessoas tradicionalmente excluídas pela moda são acolhidas, se divertem e do qual saem mais fortes para enfrentar o mundo”, diz Flávia Durante, idealizadora do evento.

A 13ª edição do Pop Plus conta com 18 empresas estreantes, o que mostra que a moda Plus Size está crescendo e veio para ficar. De lançamentos a pontas de estoque, as mais de 50 marcas de seis estados (SP, RJ, RS, PR, MG e GO) oferecem peças que vão de R$ 30,00 a R$ 300,00. 


Confiram as marcas que estarão presentes:

Moda feminina: Chica Bolacha, Oh! Querida (pop); Lollaboo, La Lolitta, Melinde, Gracia Alonso, Antonieta Plus Size, Asobi Mode Japan, Atual Plus e Nina Vazquez (contemporânea); For Love, Attribute (jeans); Gamaia Esportes (fitness); Assens, Na Beca Tamanhos Reais (casual); Fashion4Me (premium); Upsy, Madeleines (retrô); Ela Desfila (ponta de estoque); True E-motion (urbana); Lollaboo (moda jovem); Coletivo de Dois, Atelier Cretismo, Fleur Rose (artesanal); Kye Kye, Rainha Nagô (afro); Flaminga, Zuya (multimarcas), Club Plus (importada) e We Love (sob medida).

Moda masculina: Pano Bruto (camisetas); Rainha Nagô (afro); Chico (jovem); Lili da Ena (camisas) e Coletivo de Dois (artesanal).

Lingerie/Moda Praia/Dormir: GG.rie, Morisco (lingerie); For All Types (lingerie e moda praia); Víncullus (pijamas) e Cor de Jambo (moda praia).

Acessórios/Bijuteria: Mary Help Acessórios Sustentavelmente Criativos; Korukru (cintos e acessórios); Retalho Riscado (bolsas e acessórios); Thalita Laleme, Basfond e QBela Biju (bijuteria).


O Pop Plus ainda conta com diversas atrações como apresentações de DJs, de dança (salsa, American Tribal Style, dança do ventre, burlesca) e de drag queens; exposição de fotos do projeto Cada Uma com poesias de Rack Land (@historiadefogo); desfile do projeto África Plus Size; e encerramento (domingo, a partir das 19h) com uma das revelações da música brasileira, a cantora Karla da Silva. O evento é totalmente planejado para acolher, empoderar e divertir o público – feminino e masculino - que veste acima do 46.


No Pop Plus dá para encontrar outros produtos bem bacanas na Corações & Alfinetes (canecas e coisinhas) e Ateliê Vanfil (acessórios para café).

E para o passeio ficar completo tem comidinhas também: crepes, raspadinhas e bebidas em geral (Yuki no Kakigori), comida baiana (Acarajé da Socorro), bolos e brigadeiros (GodinBell) e deliciosos cupcakes (Cupcake Ito).

Obs: A gente sabe que nem todos os leitores são de São Paulo, por isso procurem as marcas citadas nas redes sociais pois muitas vendem online também! 
#ficadica ;)

Serviço:
13º Pop Plus
Data: 18 e 19 de junho (sábado e domingo)
Horário: 10h às 20h
Local: Club Homs (Salão Nobre)
Endereço: Avenida Paulista, 735 - Jardim Paulista - São Paulo/SP (próximo ao Metro Brigadeiro)
Entrada: R$ 5,00 (somente em dinheiro)


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