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30 de setembro de 2016

Punk Inglês 1976 - 1979 │A história e estética da primeira geração Punk

O ano de 2016 é de celebração aos 40 anos do Punk. Esta postagem é sobre a história e a estética da cena britânica de 1976 a 1979, tendo como foco os primeiros punks. O período é chamado por alguns como a "única e verdadeira época punk".


Outros artigos em homenagem aos 40 anos do punk:
CBGB - O berço do movimento Punk
Punk: a influência das lojas de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren na estética da subcultura



Icônica foto da época: 
Soo Catwoman - O cabelo, que imitava orelhas de gato, anos depois seria relido por Prodigy. Maquiagem "gatinho" nos olhos, típica das meninas punks da época. Brinco de caveira e choker com correntes e alfinetes. Estrela na bochecha, lábios contornados.

Punk Fashion 1976 1979
®Ray Stevenson

A música Punk deu seus primeiros passos nos Estados Unidos com bandas proto-punks como The Stooges, MC5, Television, Dead Boys, Velvet Underground, Patti Smith entre outras. Embora desde 1974 os Ramones tocassem no CBGB [aqui], seu primeiro álbum saiu apenas em 1976. Para os americanos, o visual também tinha carga de importância, tanto que o visual dos Ramones foi deliberadamente criado por eles, cheio de simbologias propositais. A diferença entre o visual dos EUA e do Reino Unido é que em Londres havia o exibicionismo. A diferença entre as cenas é que nos EUA era sobre a música a ser tocada e na Inglaterra era um movimento social. E foi através de um show dos Ramones em Londres que o som punk chega no Reino Unido em 1976.


Dave Vanian, The Damned. 
Punk Fashion 1976 1979
 
No começo de 1976 tanto na América quanto no Reino Unido, o punk não tinha um nome, eram apenas bandas do underground. A palavra "punk" era gíria para prostituta e abuso sexual nas prisões. Hollywood usava-o em filmes gangsters para escapar da censura. A palavra sendo usada para música apareceu em 1970 quando o jornalista americano Nick Tosches da revista Fusion usa-a para citar New York Dolls, Iggy and Stooges e Velvet Underground. Mas era genérico, o nome demoraria um tempo pra pegar... o punk americano se manteria invisível (underground) por anos. O nome só pegou mesmo após o lançamento da Punk Magazine que em sua terceira edição, em abril de 1976 traria Ramones na capa.

Em Londres, jovens de classe média em sua maioria ficavam juntos pra passar o tédio, indo ao "lado errado" da King´s Road, numa região menos próspera da rua que já havia abrigado a loja "Bizarre" de Mary Quant na década de 1960. Lá eram localizadas as lojas de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren [aqui].


Vivienne Westwood vestindo criação em latex e ao lado de sua vendedora,
Jordan, que usa make "cat eye".
Punk Fashion 1976 1979
 
As bandas se apresentavam na boate Roxy, Vortex e no 100 Club e foi nele que em setembro de 1976, ocorreu o primeiro festival internacional punk que fez o movimento sair do underground e ir pro mainstream. Lá tocaram Sex Pistols, Siouxsie and the Banshees, The Clash, Buzzcocks, The Jam, The Stranglers e The Damned. Outras bandas da época eram Eddie and the Hot Rods, Chelsea, UK Subs, X-Ray Spex, Cherry Vanilla, The Slits, GBH e Vibrators.


No contexto histórico, em ambos os países havia recessão e falta de inspiração política aliado à crise do colapso do modernismo sessentista e o avanço da tecnologia. A  euforia hippie de mudar o mundo havia ido embora, estes encaravam a maturidade. Crescidos na sombra do otimismo hippy, do sonho utópico, os punks, filhos ou irmãos de hippies, criavam uma rebelião contra o que veio antes deles: pessoas mais velhas controlavam a música, a moda e a mídia, tudo estava careta. Em 1973, Rocky Horror Picture Show havia surgido como um alento, o filme retratava o lixo e a decadência da sociedade da época.

E devido à esse controle dos "mais velhos e caretas", a ideia de Do it Yourself é aplicada em termos de música e mídia. As bandas decidem criar as próprias gravadoras e os fãs criam as próprias mídias (zines) pra falar sobre punk criando independência da mídia dominante. O DIY também seria aplicado no visual.


A mistura estética punk: 
roupas estranhas que chocavam a sociedade


Os primeiros punks britânicos eram uma turma pequena, que ia a determinados lugares, dentre eles um local lésbico/bi que existia há tempos em Londres. Lá se sentiam livres para vestir roupas "estranhas" que não podiam usar em outros lugares. Tinham estilos variados unidos pelo espírito da ousadia, na época, quem saía da norma enfrentava confrontos com a sociedade. Embora os looks fossem diversos há pontos em comum que vou listar abaixo:

-
Como vimos no post sobre as lojas do casal Westwood e McLaren, lá eram vendidas peças deliberadamente destruídas e desconstruídas. Estilos de fetiche, harness, calças bondage, peças em PVC, vinil ou látex, tudo com um valor bem alto.

- As lojas de Westwood e McLaren não eram o único local de compras, cada um criava o próprio look com roupas que eram descartadas do mainstream, de brechós, centros de caridade, roupas bregas e de anti-moda. E aí o conceito DIY (faça-você-mesmo) entra em ação, pois havia modificação ou desconstrução de peças prontas para ficar ao gosto da pessoa.

- As coleiras de couro e as coleiras de spikes usadas como gargantilha eram de fato coleiras de cachorro. Só depois este tipo de peça foi feita como peças de moda. 

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Inventavam personas como Johnny Rotten ou Soo Catwoman ou Poly Styrene.

- As meninas punks eram duronas e trazem os cabelos curtos de volta, já que ter cabelos longos era associado ao período escolar e a regra era não parecer hippy: sem cabelo comprido, sem peças boho, sem calça boca de sino. 


- Calças para ambos os sexos eram retas, baggy ou drainpipes (justinhas).


- A estética pessoal de Vivienne Westwood acabou influenciando a estética das meninas punks: os cabelos curtos armados, o estilo de maquiagem nos olhos, batom escuro e sobrancelhas desenhadas com lápis colorido
.


Cabelos sempre curtos: A menina da esquerda deixa uma pontinha preta na franja e Catwoman desenha um morcego com tinta preta nos cabelos descoloridos, as asas do morcego são os "chifres" (ou orelhas de gato). Sobrancelhas raspadas ou redesenhadas; delineado de desenho livre, pulseira de spikes.

Punk Fashion 1976 1979


Jordan com cabelos pra cima como a noiva de Frankenstein e cat eye exgerado acompanha batom e brincos de cruz invertida. Ao lado, a maquiagem geométrica tribal foi feita por Vivienne Westwood. Veste colar de pérolas e twin set cor de rosa, ironizando as peças conservadoras.


Punk Fashion 1976 1979


Siouxsie Sioux que viria a formar a banda Siouxsie and the Banshees era da turma dos primeiros punks. A maquiagem nos olhos era de desenho livre, sem regras.

Punk Fashion 1976 1979

Cada menina criava seu desenho de cat-eye: Garota imita o penteado de Catwoman e faz um cat eye "pra cima"; Moça com cabelos curtinhos e franja assimétrica bicolor. Já os cabelos curtos cor de rosa e boca sem batom destacam a maquiagem dos olhos de Debbie. Brincos de argolas.

Punk Fashion 1976 1979
 2.®Paul Revere

Trecho do documentário The Year of Punk (1978mostra duas meninas se maquiando e conversando com a jornalista. O original "maquia e fala"/"se arrume comigo" haha! Elas fazem tudo com lápis de olho, até os lábios. Tipo quando não encontravamos batom preto pra vender ;D




As mulheres fizeram parte do punk desde o início:
Chrissie Hynde, dos Pretenders de cabelos curtos e blusa de Westwood.
Viv Albertine/The Slits usam peças de Westwood, cintos de tachas/spikes, calças justas, cardigã e blazer: a moda punk era variada (pena não poder ver as cores). 


Punk Fashion 1976 1979

 Casacos ou blazers adornados com correntes, alfinetes, zípers eram comuns assim como mini saias.
Punk Fashion 1976 1979

O punk era aberto a qualquer pessoa que se identificasse. Negros(as) e asiáticos(as) estavam presentes no nascimento do punk, mostrando que ao contrário do que muitos pensam, havia diversidade. Aliás, elementos estéticos que hoje são usados no Afropunk já existiam nessa época, entre eles, os black powers coloridos.

Punk Fashion 1976 1979
®Derek Ridgers

 
A maioria das fotos da época é preta e branca, mas os punks usavam cores. 

Cabelos curtos e coloridos; maquiagem de olhos e/ou boca marcados; blazers com bottons; peças xadrez; tricôs; jaquetas pretas; camisas.

Punk Fashion 1976 1979

Cabelo rosa curto com corte em "chifres" acompanha maquiagem cat eye com cor de rosa, jaqueta lotada de bottons, correntes e coisas aleatórias como chupeta e absorvente interno, calça vermelha, meias coloridas e scarpin; 
Sid Vicious e Johnny Rotten mostrando um pouco das cores punks; jovens passam o tempo na King´s Road. Como podem observar em várias meninas, o uso de meias calças era bem comum.

Punk Fashion 1976 1979
1. ®Derek Ridgers, 1977.

Camisas todas riscadas e usadas soltas eram comuns, assim como o uso de meias arrastão com calcinha por cima. As meninas da foto à esquerda usam salto alto, o scarpin era um dos calçados mais comuns entre as punks assim como sandálias de salto. Na foto à direita: cabelos platinados também eram habituais assim como o uso de listras e tricôs.


Punk Fashion 1976 1979
2.®Jonathan Player

 Siouxsie com blusa listrada e calças justas; à direita, conversa com Jordan e usa blazer, meia calça e sandálias de salto com meia. Jordan usa blusa de tricô da loja SEX com calça e bota.
Punk Fashion 1976 1979


Os meninos punks compartilhavam elementos estéticos em comum com as garotas como os cabelos curtos, blusas rasgadas e com mensagens, muitos bottons em blusas, blazers e jaquetas. Correntes, alfinetes, pingentes, óculos escuros, chokers ou colares entravam como acessórios assim como as gravatas soltas. As calças tanto podiam ser retas quanto baggy ou justinhas. Nos pés, coturnos, botas ou Converse All Star.

Punk Fashion 1976 1979

As roupas do The Clash eram de Alex Michon e Krystyna Kolowska. A banda, ao contrário do niilismo dos Pistols, tinha letras políticas.

Joe Strummer todo de preto e Paul Simonon com blusa arrastão de tricô.
Punk Fashion 1976 1979


Como observado acima, o visual dos meninos do The Clash refletia a moda punk da época: variedade de estilo e muitas misturas! As fotos abaixo mostram que a banda ia do visual com elementos rockabilly de Joe Strummer, passando por calças ajustadas, camisas e peças sociais desconstruídas. Nos pés coturnos e sapatos sociais.


Punk Fashion 1976 1979
3.®Sheila Rock

Já o Sex Pistols devido à relação com a loja SEX [aqui], tinha o visual tão impactante quanto a música. Mas assim como todos na época, misturavam estilos. Na foto abaixo, podemos observar Johnny Rotten usando tanto um visual Teddy Boy quanto camisa e blazer cheio de alfinetes e pingentes.  

Punk Fashion 1976 1979
3.®Ray Stevenson

A banda Sex Pistols em dois momentos: nas imagens podemos observar uma variedade de elementos comuns, mas não necessariamente repetindo exatamente o mesmo look sempre.

Punk Fashion 1976 1979


Sid Vicious e seu visual vanguardista que se tornaria icônico. Ele só entra pra banda em fevereiro de 1977.  Acompanhado de Nancy Spungen, o casal usava cor preta com frequência:
Sid usando estampa animal; arrastão (com seu icônico colar de cadeado); junto com Nancy usando calças justas, casaco de couro preto, blusa com simbologia nazista e Nancy com calça de couro preto, top com fechamento frontal em zíper; ambos usam cinto com studs e argola.


Punk Fashion 1976 1979

Em 1 dezembro de 1976, devido à entrevista dos Pistols com Bill Grundy o punk se torna um fenômeno nacional. Foi a partir daí que jovens de Londres e do interior do país começaram a querer ser parte daquilo e copiar o visual dos pioneiros.




Em 1977, o visual era resumido pela mídia a um estereótipo sobre como os punks supostamente deveriam aparentar. Em 1978 este estereótipo chega aos EUA. Naquele ano dezenas de lojas surgem para vender o look aos jovens agora seduzidos pela rebeldia transgressora. 

As fotos do post e outras mais estão em nosso Pinterest.


Declínio e fim da primeira geração/cena punk 

Vários acontecimentos fizeram com que os primeiros punks declinassem na Inglaterra. A entrevista que Sex Pistols deu a Bill Grundy, chocou parte da população que passou a agredi-los com frequência, os fãs eram hostilizados na rua e ao mesmo tempo, quanto mais mídia em cima deles, mais adolescentes queriam ser punks. 

Os clubes que traziam shows das bandas começam a ser frequentadas por jovens "paraquedistas" que conheceram o punk através da mídia. Nos primeiros shows punks a plateia tinha atitude, dançavam de forma agressiva, mas pacífica. Os "paraquedistas de fim de semana", não sendo parte do grupo punks inicial, viam aquela dança e interpretavam que o punk (a pessoa) era agressivo. Esses jovens passam a ser os novos punks, agressivos nos shows e nas ruas. Os punks originais logo ficam desanimados pela violência que estava se formando na cena advinda destes novos adeptos.

Com cada vez mais jovens aderindo, o punk se torna algo imenso em torno de um ano e meio depois de ter surgido. Surgiram diversas bandas que imitavam as bandas pioneiras, e estas bandas se revoltam com a "falta de originalidade".  

O público punk inicial começa a parar de ir aos shows - o clima havia mudado. O pessoal que criou o movimento vai indo cada um pro seu canto, alguns deles iriam para o que se tornaria depois a cena pós punk/ gótica. Aliado a isso, em outubro de 1978, Nancy Spungen é morta por um traficante enquanto Sid estava dopado de drogas. Sid morre de overdose em 02 de fevereiro de 1979. Johnny Rotten sai dos Pistols e é aí que muitos consideram ser o fim da cena punk original.


A massa de jovens que conheceu o Punk pela mídia e o interpretou de forma diferente dos primeiros punks, tem sua carga de importância:
eles deram prosseguimento à subcultura fazendo surgir o Street Punk, o Anarcopunk, além das cenas Hardcore, Horror Punk, Psychobilly entre outras

Se os primeiros punks se afastaram da cena por causa das cópias, a própria cena aos poucos se reinventou. Sem a mídia, o punk poderia ter ficado por lá mesmo e tido uma vida curta, não teria se tornado internacional e chegado até nós. Em contrapartida, devido à esta mesma mídia as subculturas aos poucos vão tendo seus significados ideológicos esvaziados.

Punk Fashion 1976 1979
®Steve Johnston

Em termos de moda, acho importante comentar algo que não vejo ser muito abordado no Brasil, foi uma observação minha confirmada com uma informação que adquiri com um punk britânico que fez parte do grupo inicial: o look punk de jaqueta preta, jeans rasgado, coturno acompanhado de moicano colorido  não apareceu antes de os punks originais desaparecerem. Já haviam pessoas de corte moicano na sociedade, porém não da forma que membros da segunda onda do punk rock, que acontecerá a partir de 1980, trarão fortemente como visual de punk de moicano que virou o que hoje entendemos como o estereótipo do visual clássico.


"Punk is not Dead"
O punk mudou a moda: a partir dele sucessivas tendências para atrair os jovens são criadas. 
O punk foi integrado à moda, não morreu. 
O punk mudou a sociedade mais do que qualquer outro movimento juvenil do século XX, influenciou o mainstream, a cultura pop, várias subculturas que vieram depois e deixou como legado a mistura de estilos visuais num mesmo look. 
No fundo todos somos um pouco herdeiros tanto da atitude quanto da moda. Quando dizemos que "misturamos estilos" - não estamos sendo nada originais, é uma herança punk. 


"O punk é levantar e ir à luta pelo que acredita"
-
John Lydon


No nosso canal do youtube, colocamos um vídeo resumindo 
este artigo, assistam abaixo:



Até o fim do ano vai ter muito mais artigos em homenagem à essa maravilhosa subcultura! Não deixem de seguir nossas redes sociais pra ficarem atualizados com as novidades! ♥

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16 de março de 2016

Joseph Corré e a queima de 5 mil libras de acervo da história do Punk!

Joseph Corré, filho de Vivienne Westwood com Malcolm McLaren, está dando o que falar na mídia britânica. A repercussão se deve a recente declaração de que irá queimar todo seu acervo Punk, uma coleção estimada em cinco milhões de libras. A reação polêmica é motivada por sua indignação perante ao que se transformou a subcultura nas últimas décadas.
 

No dia 26 de Novembro, será comemorado os 40 anos do álbum Anarchy in the Uk, dos Sex Pistols. A data também marca o início do movimento punk na Inglaterra, o que vem gerando uma série de manifestações culturais em todo o país. Só que isso não tem agradado a todos. 

Em comunicado a imprensa, Joe, como é conhecido, mostrou irritação ao saber que certas instituições acadêmicas foram financiadas para promover eventos em homenagem ao dia. Sua desconfiança é ainda maior ao saber que o grande alvo da contra-cultura, aprova a comemoração. "A Rainha oferecendo a 2016, o Ano do Punk, sua benção oficial é a coisa mais assustadora que já ouvi", diz.

O artista inglês Jamie Reid foi quem criou o mais icônico single da era punk: uma imagem da Rainha feita pelo fotógrafo Cecil Beaton estilizada pelo anarquista

De fato é realmente estranho quando se conhece a história da subcultura. Foi na Inglaterra que o Punk se aliou de vez com a política pois o país enfrentava uma recessão econômica que afetava diretamente a classe operária. Os jovens estavam desempregados e sem visão de futuro, enquanto os ricos comemoravam o Jubileu de Prata da Rainha Elizabeth II com grande ostentação. O No Future era uma realidade amarga e assim o Rock e o Anarquismo surgiram como uma luz no fim do túnel. Anti-monarquistas assumidos, uma afronta na época, transformaram a Família Real na fonte de deboche deles. 

Na imagem de 1977, Debbie Juvenile, tentando levantar Vivienne Westwood caída no chão, e outros punks sendo presos na festa que os Sex Pistols promoveram ao single "God Save the Queen" no mesmo dia que Londres comemorava o Jubileu de Prata da Rainha.
Via Daily Mirror

Interessante é que Corré enxerga pontos semelhantes entre 2016 e 1976 (ano em que o punk explodiu). "Um mal-estar geral tem estado agora entre o público britânico. As pessoas estão se sentindo adormecidas. E com o adormecimento vem a complacência. As pessoas não sentem que eles têm mais uma voz. A coisa mais perigosa é que tenham parado de lutar por aquilo que acreditam. Desistiram de correr atrás. Precisamos explodir toda essa merda mais uma vez", declara. 

Joé que criou a marca Agent Provocateur, convoca que outros também o acompanhem e destruam suas coleções no dia da comemoração. Não sabe ao certo se ele realmente terá coragem de queimar, afinal é um acervo histórico. Talvez seja só uma atitude extrema para resgatar o questionamento de uma ideologia perdida por sua cooptação. "Fale sobre a cultura alternativa e punk sendo apropriada pelo mainstream. Em vez de se falar num movimento de mudança, o punk se tornou a porra de uma peça de museu ou um ato de tributo.", desabafa. 


 ***

A fala de Joe é uma boa deixa pra gente refletir
sobre nossa própria relação com a cultura alternativa, com o desrespeito à história das subculturas, com a venda de suas estéticas
amenizadas pelo mainstream e até mesmo sobre o desinteresse da geração jovem por culturas de rebeldia. O legado da estética punk é tão grande que vai de pulseiras-gargantilhas de spikes, harness/arreios, mistura de estilos diferentes num mesmo look, customização, maquiagem exagerada... quem nunca fez uso desta herança, não é mesmo? 
Embora tenhamos muitos artigos sobre a apropriação das subculturas pelo mainstream, deixo aqui alguns que consideramos mais aprofundados, quem se interessar, é só dar um clique:
- Subculturas Alternativas: Elas Ainda Existem? (Parte 1)
- Subculturas Alternativas: A Monocultura (Parte 2)
- Subculturas e o conceito de individualidade (parte 1) - A liberdade de escolha! 
- Subculturas e o conceito de individualidade (parte 2): A autenticidade é uma moeda poderosa.
- Subculturas e o conceito de individualidade (parte 3): O revivalismo nostálgico 
- "O Heavy Metal é muito mais do que uma estampa em lojas de departamento"
- O que é Gótica Suave e porquê este estilo (ou termo) incomoda os góticos?



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