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31 de julho de 2017

A influência das Subculturas nos Animes

Um dia pensava sobre quais teriam sido as minhas primeiras influências subculturais, porque muita gente me pergunta isso, sempre se referindo à bandas de rock ou outros estilos musicais. Pensando sobre isso, me dei conta que as minhas primeiríssimas influências foram os animes, que permearam minha infância e adolescência.

Sailor Mercury, de Sailor Moon

Sim, os animes! Aquelas animações japonesas que são super populares hoje em dia. Só que nem sempre foi assim... gostar de animes e mangas 15 anos atrás era carregar um estigma de excluído e esquisitão, principalmente se você fosse adolescente, visto que os animes eram vistos como “coisa de criança”. Os eventos para fãs eram raros, muito espaçados e se descobrissem que você frequentava-os, era bullying e perseguição na certa. Fazer cosplay (se vestir como os personagens dos animes, é bem popular nos eventos até hoje) e alguém fora no círculo descobrir, era enterrar completamente a sua vida social.

Hoje isso mudou completamente! Os animes são populares entre a gurizada, se eles não assistem, ao menos conhecem e sabem do que se trata, visto que atualmente há muita informação disponível sobre isso. Os eventos se multiplicaram de norte a sul do país, virando um negócio que move uma quantidade considerável de dinheiro (visto que os primeiros eventos do tipo no Brasil nem ingresso cobravam!). Ninguém precisa se envergonhar por fazer cosplay e há animes de todos os tipos disponibilizados atualmente na tv aberta, na fechada, na internet e no Netflix.

Shun, Cavaleiros do Zodíaco

Acredito que isso se deve à iniciativa das redes de televisão aberta, que após o estouro de alguns animes como Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Guerreiras Mágicas de Rayearth, Dragon Ball – todos da falecida TV Manchete – resolveram investir pesado nesse segmento, e bem, funcionou.

Mas onde estão as influências subculturais nos animes? Bem, primeiro, nos cabelos! TODO anime tinha alguém de cabelo colorido! Era praticamente uma coisa “normal” - como vemos nas imagens que ilustram a postagem. Se ninguém tinha um cabelo berrante em algum anime, isso sim era de se estranhar.

Trunks, Dragon Ball Z

Ayanami Rei, Neon Genesis Evangelion



Nana, Elfen Lied

Lucy, Guerreiras Mágicas de Rayearth

Os exemplos são infinitos! Depois quando me perguntam porque eu gosto tanto de cabelos coloridos, eu paro e penso: sim, toda a minha infância foi recheada de heroínas e guerreiras de cabelos coloridos. Não tinha como não gostar.

Existia também a questão das roupas: eram muito loucas, pelo menos para os nossos padrões ocidentais. Até os uniformes escolares japoneses e roupas tradicionais eram estilizados. Nós queríamos nos vestir todos os dias como esses personagens, e por isso boa parte dessa galera foi para os cosplays – você podia ser um personagem desse pelo menos por um dia. Após conhecer as subculturas nos damos conta que podemos nos vestir assim sempre – basta querer.

As roupas maravilhosas de Card Captor Sakura 



Vampire Princess Miyu: 
uma versão atualizada de um kimono


Influências góticas na Dark Chii, de Chobits, e na Black Lady, de Sailor Moon

Para as mais discretas, tinha o visual “garotinho” da Pan, 
 de Dragon Ball GT:
E o visual andrógino da Haruka Tenoh, de Sailor Moon.
Os exemplos aqui são infinitos também, tem para todos os gostos. Antigamente era complicado encontrar também roupas estampadas com temas de anime, e hoje tem até loja especializada nesse tema. 
Existe também uma influência de via dupla: os animes influenciaram a moda subcultural, mas a moda subcultural também influenciou – e muito! – os animes. Os casos acima, personagens como a Dark Chii e a Black Lady demonstram bem isso. Mas o melhor exemplo são as obras de Ai Yazawa: Princess Ai (baseado na vida de Courtney Love), Paradise Kiss e Nana. Já tem um post sobre esses trabalhos aqui e a influência de Vivienne Westwood neles. Dessas obras de Yazawa, a que mais me toca é Nana, por causa da estética punk e do enredo trágico. 


Teria muito mais exemplos para colocar, mas estes já são bem ilustrativos. Acredito que os animes tenham sido a primeira referência subcultural de muita gente, e lembro também que foi o primeiro tipo de música que eu me liguei. Música para mim era música de anime, não fazia a mínima ideia que existiam outros tipos de música que eu fosse gostar (risos!).
 

Então é isso! Eu queria saber também quais foram os animes que os leitores utilizam como inspiração de moda, porque certamente faltaram centenas nesse post. Escrevam aí!!



Autora: 
Nandi Diadorim. Historiadora e professora na rede municipal de ensino no Rio Grande do Sul. Guitarrista em uma banda de punk rock. Cachorreira, gateira, vegetariana, feminista...em suma, a incomodação em pessoa.




Artigo de Nandi Diadorim em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos; a seleção e as montagens das imagens foi feita exclusivamente para o blog baseado na ideia e contexto do texto.


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3 de julho de 2017

Moda Alternativa Japonesa: o fim da revista Kera Magazine e da Gothic & Lolita Bible

Em fevereiro deste ano, foi anunciado o fim da revista japonesa FRUiTS que era focada no street style alternativo do distrito de Harajuku em Tóquio. O motivo do fechamento segundo seu editor, Shoichi Aoki, foi a gentrificação do bairro e o consequente desaparecimento dos jovens alternativos estilosos do local. No fim de março foi anunciado a finalização de outras duas importantíssimas publicações de moda alternativa, a KERA e a Gothic & Lolita Bible (uma lenda), o que partiu o coração de fãs ao redor do mundo.

Antes da internet, a forma de conhecer mais sobre moda alternativa era através de revistas que divulgavam lojas e tendências. E estas duas publicações são icônicas.

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KERA, fevereiro 2015 / Gothic & Lolita Bible #40

A KERA surge em 1998 focada em rock e moda punk, cada edição trazia além de editoriais de moda, fotos dos estilos de rua. A última edição foi em maio. Já a Gothic & Lolita Bible era publicada desde 2001 focando em um público específico, direcionada à subcultura Lolita e seus subestilos e trazendo moldes de roupas. O músico e estilista Mana foi um dos mais famosos divulgadores da publicação.

Mana nas páginas da Gothic & Lolita Bible

Ambas as revistas tiveram grande responsabilidade no desenvolvimento da moda alternativa japonesa ao redor do mundo. De lá pra cá apesar das mudanças no mundo, da "virtualização" de tudo, estas publicações ainda eram referência para admiradores do street style de Tóquio.

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Páginas da KERA mostrando a diversidade estética da moda de rua japonesa.

Ao contrário da FRUiTS que praticamente acabou - seu autor está apenas divulgando fotos em sites -, a KERA acaba sua versão física e se torna digital, ou seja, deixa de existir fisicamente e agora só existe virtualmente; já a GLB está suspensa e sua última edição foi na primavera japonesa. Dizem que hoje existem mais Lolitas fora do Japão do que dentro dele, sendo a China o novo ponto da subcultura. A mídia tem buscando formas de expressão nessa nova sociedade rápida de informações onde noticias se tornam obsoletas em apenas algumas horas. Estamos numa era de transição e o fim físico destas revistas é um reflexo disto tudo, desta mudança social. No Brasil, temos a sorte de ter uma revista alternativa circulando, é a Gothic Station, a primeira revista brasileira dedicada à sub gótica.

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KERA, dezembro 2014

Algumas fãs foram às lágrimas pelo fim das edições físicas. Eu as compreendo e creio que o chororô não foi por "uma revista" e sim por toda a simbologia histórica que aquelas publicações carregavam. Parte da história de uma subcultura acabou. Revistas alternativas são tão raras que é possível criar um culto ao redor delas que eram uma espécie de abrigo e reservatório de conhecimento das apaixonadas adeptas de moda alternativa.  

Gothic and Lolita Bible #40- #52

E não, a moda alternativa japonesa não acabou, mas está numa fase de mudanças. São tempos diferentes os que vivemos em termos de culturas juvenis. Claro que jovens continuam ousando em seus estilos pelas ruas, talvez um pouco mais ocidentalizados (?), com visuais menos extremos, menos impactantes, mas quando uma moda alternativa se ameniza muito, não duvide que um tempo depois tudo vire tédio e uma nova geração traga ousadia e extremismo de novo! É aguardar os futuros capítulos da história da moda alternativa.

E vocês gostavam da KERA e da Gothic & Lolita Bible?



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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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5 de maio de 2017

Roller-Zoku: Fotógrafo registra a subcultura japonesa que mistura Rock n´ Roll e Rockabilly

O fotógrafo Denny Renshaw cresceu na cidade americana de Jackson, berço do Rockabilly e recentemente lançou uma série de fotografias que retratam os Roller-Zoku, uma subcultura japonesa que tem como referências o Rock n´ Roll e do Rockabilly das décadas de 1950 e 1960.


Na década de 1970, as bandas Cools e Carol foram as pioneiras do Rockabilly no Japão liderando o revival musical do estilo: o neo rockabilly, que havia chegado ao país e foi aí que os Roller-Zoku tiveram início. Naquela época, as gravadoras japonesas não diferenciavam rock n´ roll e rockabilly, por isso a moda dos Roller-Zoku mistura características dos dois estilos. "Zoku" pode ser traduzido como "tribo" ou "clã".


Acadêmicos e o senso comum, enxergam subculturas como algo "para jovens" mas isso não ocorre com os  Roller-Zoku, nas gangs há a presença de membros de todas as idades.

 

A estética é uma mistura de rock n´ roll, rockabilly e motocicleta; tatuagens,correntes, spikes, jaquetas de couro e cabelos escuros com imensos pompadours são as características mais marcantes.


O grupo se reúne no Yoyogi Park, em Harajuku, distrito de Tóquio para dançar ao som de American Graffiti fazendo movimentos que incorporam rock n' roll e acrobacias que beiram o teatral, no local existe até uma estátua de bronze de Elvis Presley. Mas as gangs podem ser vistas por toda a cidade.


O fotógrafo relata que não foi fácil fotografá-los, eles não tem sites nem redes sociais sendo necessário um trabalho de busca que envolvia horas de caminhada pela cidade, visitando lojas de discos, shows e bares num processo que ocorreu em 5 semanas espalhadas ao longo dos anos de 2013 e 2015 que resultaram num set de fotografias em preto e branco que documentam os quase 40 anos de existencia da subcultura.


Lançado em 2009, o vídeo para a música "Nothing To Worry About", de Peter Bjorn registra os Roller-Zoku dançando no parque Yoyogi.


Veja também o post da exposição fotográfica Japanarchy, sobre a cena punk underground do Japão e o artigo sobre a decadência dos estilos alternativos em Harajuku culminando no fim da revista FRUiTS.




Fontes consultadas: 



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12 de fevereiro de 2017

Street Style: O fim da revista japonesa FRUiTS


"Não existem mais jovens estilosos para fotografar"
- Shoichi Aoki editor da revista FRUiTS


Fundada em 1997, a revista FRUiTS foi a mais influente publicação sobre Street Style japonês. Com foco no bairro de Harajuku, ajudou a levar fama mundial às subculturas que frequentavam o local, como as Gothic Lolitas, Gyarus, Decoras, Cyberpunks, o kawaii... e refletia um registro histórico confiável de toda uma geração que não seguia regras e nem rótulos ao vestir, comportamento tipico da geração X e dos primeiros millennials. O grande lance da FRUiTS era fotografar pessoas reais e autênticas, não modelos que estavam vendendo moda em páginas de revista.

ultima edição da revista FRUiTS
A última edição da FRUiTS

Shoichi Aoki começou a fotografar quando notou que os jovens japoneses estavam se vestindo de forma diferente ao invés de estarem seguindo tendências americanas e europeias. Estes jovens estavam customizando elementos da vestimenta tradicional japonesa (kimono, obi e sandálias geta) e combinando-os com  peças artesanais, de brechó e de moda alternativa, assim ele lança a publicação mensal FRUiTS, que se torna um fanzine cult com seguidores internacionais. Com o sucesso da publicação, jovens estilosos se direcionavam ao bairro para serem fotografados em referências estéticas que seriam imitadas no mundo todo. 



É impossível falar da moda dos últimos 20 anos sem citar a importância do Street Style. Até meados da década de 1990 quem ditava o que vestir eram as grandes grifes aliadas às modelos (Top Models) e revistas de moda. Quando a fotografia de Street Style aparece, todos os olhos da moda se viram às subculturas e aos jovens que não seguem tendências. A partir disso, os grandes estilistas passam a cooptar a moda de rua que vira um "boom" no mundo inteiro. Aoki relata que observou uma queda de "cool kids" que se encaixariam no padrão da revista e que isso se intensificou nos últimos anos. Mas quais os motivos disso acontecer?


O alternativo foi substituído pela gentrificação
De Gwen Stefani à embaixadora Kyary Pamyu Pamyu, o bairro de Harajuku se tornou um dos mais conhecidos do mundo nas últimas décadas, virando um local turístico saturado. Uma das características do consumidor japonês é a preferência por qualidade e não quantidade, a partir do momento em que ocorre a gentrificação de Harajuku devido ao investimento estrangeiro na região, os preços subiram e jovens designers alternativos não puderam mais manter suas lojas lá. Visando os turistas e seu poder de compra, houve no bairro uma inclusão de redes fast fashion como Uniqlo, H&M e Forever 21 (peças de baixa qualidade para o padrão japonês), assim os turistas preferem o status de comprar nelas (marcas conhecidas) do que nas lojas menores que tinham o espirito autêntico de Harajuku. Jovens também alegam que esse processo de estrangeirismo acabou com os espaços onde eles costumavam sentar e relaxar (e serem vistos e fotografados).


O Futuro do Street Style Japonês
Após 233 edições documentando subculturas e tribos de estilo em Harajuku, o fechamento da FRUiTS é mais um reflexo do que há anos falamos no blog: o esvaziamento de um conceito quando o capitalismo o abraça. A cooptação estética das subculturas pode parecer democrática, mas lá no fundo destrói as culturas alternativas independentes.
Esse caso também levanta o questionamento sobre o retorno do domínio europeu e americano na estética alternativa. Dos estilos Lolita ao Decora, passando pelas nail arts, a popularização dos cílios postiços e até a bolsa carregada no antebraço, tudo isso passou pelo universo alternativo de Harajuku, e hoje, quando pensamos em moda alternativa nos vem à mente que as maiores influências não são pessoas e sim marcas como Killstar, Dolls Kill e Iron Fist. Ao redor do mundo alternativos estão usando as mesmas marcas e as mesmas roupas que se massificaram, tornando as estéticas menos autênticas e individuais como no passado. Roupas massificadas contribuem para que estilos individuais entrem em decadência. Os jovens fotografados na FRUiTS não seguiam tendências, consumiam peças que tinham a ver com sua personalidade e praticavam DIY. Se analisarmos, mesmo no ocidente está se tornando mais difícil encontrar alternativos com estilos únicos.


Jovens coloridos como as cores das frutas. O fotógrafo Shoichi Aoki  pensa em doar seus arquivos fotográficos a institutos de moda ao redor do mundo.
 
A era FRUiTS chegou ao fim, a moda de rua no Japão agora vive nova fase.

Referências da pesquisa:
Spoon Tamago //  Tokyo Fashion Diaries // NYMag  // UNRTD // ID Vice



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11 de agosto de 2016

Exposição "Japanarchy" reúne fotos da cena punk underground de Tóquio

O fotógrafo Chris Low passou cinco anos imerso no underground de Tóquio acompanhando a cena punk local. O resultado é uma exposição de 40 fotos chamada "Japanarchy". 


Desde os 10 anos Chris Low tem interesse em subculturas e suas manifestações, nesta idade, em 1979 ele foi em seu primeiro show punk. Aos 12 anos começou um fanzine e posteriormente uma banda anarcopunk. Hoje, além de tocar bateria em diversas bandas, ele escreve para o site Vice e contribui para diversos livros sobre punk.
Chris foi bem recebido no underground de Tóquio e diz que a cena japonesa é mais ativa e vibrante do que qualquer outra que ele já frequentou no ocidente. É uma subcultura que existe e floresce em face da tradicionalmente conservadora sociedade japonesa. Punks no Japão são outsiders não apenas pela aparência mas por oposição anarquista à autoridade do Estado. Protestam contra a ascensão da extrema direita nacionalista de Tóquio, fazem oposição ao comércio excessivo da sociedade mainstream, fazem protestos antinucleares, especialmente relacionados à Usina de Fukushima. Segundo Low, a história do underground punk japonês é fortemente influenciado por bandas como Discharge e Disorder. Assim como no ocidente, o punk é um estilo de vida com suas próprias crenças e gostos musicais e continua uma subcultura desafiante como sempre foi.



Uma das coisas que o surpreendeu em suas visitas ao Japão foi a infraestrutura de shows, festas, lojas e bares que emergiram para acompanhar a cena underground mantendo, inclusive, o ethos punk do Do it Yourself: feito de punks, para punks.
Chris diz que vê fotos de punks de Tóquio em revistas de Moda mas que eles parecem "sem vida", segundo ele, existe uma fetichização do ocidente à respeito de grande parte da cultura japonesa, e ele queria mostrar como realmente é a cena, onde existem até restaurantes punks! 


Low diz que não existem os elementos da hierarquia e do "ego" no underground punk de Tóquio. É comum chegar e encontrar um nome famoso ou conhecido interagindo e cooperando com anônimos. 

A estética da subcultura japonesa é visivelmente inspirada pela do punk britânico, como as jaquetas de couro, cabelos espigados, moicanos e peças rasgadas, spikes e o visual utilitário dos anarcopunks.

Punk é uma subcultura que engloba todas as idades


Atualmente Chris Low está trabalhando com Nicholas Bullen (ex-Napalm Death) num livro sobre a apresentação gráfica e visual da cena anarcopunk de 1980 a 1984. E ele continua fotografando todos os punks que encontra. :)

A exposição é no The Red Gallery em Londres 12 a 28 de agosto, depois a expo partirá pra Los Angeles e Nova Iorque. Quem mora ou vai estar lá por esse época, fica a dica!

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8 de abril de 2016

O mangá Nana (de Ai Yazawa), Vivienne Westwood e o Punk

O post de hoje pode ser direcionado às Otomes (meninas que curtem mangás), assim como aos admiradores da Vivienne Westwood e do punk. Mas como a estilista se interliga de forma tão importante aos seguidores de Harajaku, dos mangás e do conteúdo asiático? E o que uma quadrinista de mangá pode nos oferecer de tão grandioso?
*Guest Post de Malú Mairy
 
NANA manga


A japonesa Ai Yazawa é uma Mangaká (quadrinista de mangás) e amante da subcultura punk. Isso é tão nítido, que posso citar várias obras dela que sem dúvida vão abordar elementos de moda alternativa. O mangá ParaKiss (Paradase Kiss) por exemplo, desenvolve-se num ambiente completamente exposto de moda, onde mostra tanto o cenário punk, o gothic lolita, quanto o mundo das Drag Queens que, curiosamente, se passa em uma escola de moda! O enredo é desenvolvido em cima de personagens que precisam de uma modelo para protagonizar uma campanha com fortes inspirações no punk (uma coleção de ateliê que necessita ser apresentada no TCC da escola de moda).



Além dele, em seu mais recente trabalho, Yazawa fez parceria com a fabulosa Courtney Love. O roteiro não é dela (Yazawa), mas podemos desfrutar de seu design nos personagens da obra. Temos um mangá maravilhoso com todos os seus traços, da qual a publicação leva o nome de "Princess Ai" e foi lançado entre 2004-2006 contando a história de uma princesa que veio de outro mundo e acabou parando na Terra, mais especificamente no Japão. O mangá contém 3 volumes e é de co-autoria de Courtney Love, Ai Yazawa, Misaho Kujiradou e Stu Levy.


Agora, a parceria de amor entre Ai Yazawa e a nossa mamãe punk Vivienne Westwood!
Em seu trabalho mais popular, NANA-mangá josei/shoujo (josei é um gênero adulto/shoujo é um gênero direcionado à meninas) lançado no ano de 2000, Vivienne é basicamente a inspiração principal na indumentária da Nana Osaki (protagonista da obra), porém, posso dizer que todos personagens do mangá tem um pouco dela.

Sinopse do anime/mangá NANA: 
Duas garotas chamadas Nana se encontram em um trem rumo a Tóquio por acaso. Depois de uma série de coincidências, elas acabam vivendo juntas em um apartamento de número 707 ("nana" significa "sete" em japonês). Apesar de terem personalidades e ideais diferentes, as duas acabam se tornando amigas "por obra do destino".

Figurino do desenho inspirado nas criações da estilista 


É impossível não notar referências da designer, é tão forte que um dos arcos importantes da história mostra claramente o símbolo da sua marca, que aparece no isqueiro de Shin (um dos personagens coadjuvantes que toca na banda punk da Osaki), e também surgindo várias vezes em seu arco com a Reira (vocalista de outra banda punk em que um de seus integrantes é o ex companheiro da Osaki, "ren").



Uma das melhores cenas do mangá é quando as "NANAS" se conhecem. A Nana Komatsu está indo para Tóquio atrás de seu amor que passou na faculdade de artes, e ao entrar no trem bala - praticamente lotado - avista um assento vazio em que uma mulher com aparência de um "ídolo do rock", de cílios longos, está sentada. Esse lugar vago é ao lado da outra Nana (Osaki), e ambas só descobrem seus nomes similares depois de muita conversa jogada fora, é então que a Komatsu nota o famoso anel da Vivienne e cria um diálogo superbacana em volta da estilista.

trem

A história pega tanta influencia na cultura alternativa que o casal mais famoso do mangá segue fortes inspirações em Sid e Nancy, onde ligeiramente criam-se cenas em que ambos citam o "amor louco" do polêmico casal. 
E por falar em "Nana e Ren" (Nana Osaki e Ren Honjo) - casal da foto acima - é impossível não citar a indumentária dele! A primeira coisa que podemos notar, além de seu cabelo punk "Sid Vicious", é seu colar cadeado. O acessório virou uma sensação entre os fãs do mangá na época. Tornou-se raro encontrá-lo e nem sempre seus preços são acessíveis. O cadeado é estampado com um R de ren (lótus em japonês), e foi-lhe dado como presente/laço de amor pela Osaki. É outro arco muito bacana entre os dois que vale a pena ser conferido tanto no mangá quanto no anime, e não só pela inspiração "Sid Vicious" mas pelo amor que se cria em volta dos personagens.

sid vicious

Sobre a linda parceria entre Vivienne + Yazawa, nada mais justo do que citarmos o famoso "Rocking Horse Ballerina". Pensou que era um ícone à toa para os japoneses? A famosa sandália assinada por Vivienne é um item ESSENCIAL para a vestimenta da Nana Osaki, ela usa em vários momentos e ele é sempre apresentado como um forte adereço em seus looks. O calçado é tão icônico da personagem, que quando a Melissa decidiu trazer para o Brasil em homenagem aos seus 30 anos, o público que mais comemorou foi justamente os fãs do mangá! (e eu, claro.)

rocking horse ballerina

Se interessou e ficou curioso pra conferir essa união mais a fundo? É possível encontrar os mangás em várias bancas/livrarias de todo o país, e ele está em seu 21° volume. O anime chegou a ser publicado até seu 47° episódio e encerrou-se por aí. É que para nossa infelicidade, tanto o anime quanto o mangá, foram paralisados por conta de problemas de saúde da Ai Yazawa. Enquanto exaltamos todo o seu legado e contribuição para o cenário punk mundial, ficaremos na torcida por sua recuperação! Mas a notícia boa é que temos essa maravilhosa parceria da Vivienne + Melissa trazendo a Rocking Horse Ballerina para nos aproximar um pouquinho das NANA's!
Com todo esse currículo, já podemos eleger a Ai Yazawa como a mangaká queridinha dos punks, não é?




Imagens: reprodução
Artigo Guest Post de Malú Mairy para o Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. Plágios serão notificados a serem retirados do ar. Para usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, linke o artigo do blog como respeito ao direito autoral do nosso trabalho (lei nº 9.610). Compartilhar e divulgar é permitido, sendo esta a forma mais justa de reconhecer e agradecer nosso trabalho.


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