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29 de janeiro de 2015

Seapunk: a história da microcultura musical e visual

O "estilo" Seapunk tem sido muito anunciado em sites e blogs de moda. Alguns dizem que é ligado com temas do mar, sereias, cabelo rosa pastel... mas será mesmo? Apesar de ter dado as caras em 2011, só recentemente o mainstream brasileiro passou a se interessar pelo fenômeno. Intrigada, fui atrás para saber se o Seapunk é a tal tendência alternativa que nunca existiu.

Futurebones, Ultrademon e Zombelle


O início: A gang Seapunk
Em junho de 2011, o produtor musical @LilInternet twittou:

SEAPUNK LEATHER JACKET WITH BARNACLES WHERE THE STUDS SHOULD BE?
algo como "seapunk jaqueta de couro com cracas no lugar dos rebites?"

depois desse tweet, @LilGovernment respondeu à @LilInternet 
LET‘S MAKE SANDCRASSLES #SEAPUNK
(não sei traduzir isso, mas pode ser que o "SANDCRASSLES" seja "sand castles". Traduzido então, ficaria "vamos fazer castelos de areia #seapunk".

Essa foi a primeira vez que a hashtag seapunk foi usada. A piada interna envolveu outros amigos de Lil Internet marcados na conversa, em particular os usuários @Ultrademon e @Zombelle - estes dois, considerados os "criadores" do Seapunk enquanto microcultura musical e visual.

A seta aponta para @Ultrademon e @Zombelle

Durante a pesquisa para este post, li dezenas de artigos na web e percebi informações desencontradas e com a visão que o mainstream faz sobre o tema. Resolvi então apostar em outra abordagem: escrever sobre o Seapunk na visão de seus criadores, no underground. O estilo é americano, de Chicago, curiosamente uma cidade que não tem mar.


Os criadores do Seapunk
Em seu tumblr, o DJ Ultrademon costumava postar cenas oceânicas misturadas com símbolos ocultistas, yin-yangs e símbolos da paz, assim como computação gráfica...

 Imagens Seapunk de computação gráfica do tumblr de Ultrademon
  
 

... ele também postava imagens de pessoas com cabelos verdes e roupas cujas estampas remetiam à temas marinhos. Assim, através de seus seguidores, a imagem de um "conceito Seapunk" se espalha pelo tumblr abrindo centenas de possibilidades de interpretações.
Sendo um DJ, ele cria em 2012 a gravadora Coral Records promovendo artistas eletrônicos como Teengirl Fantasy, Jerome LOL, Fire For Effect, Zombelle, Slava, Unicorn Kid e Splash Club 7. 
Tendo moda e música unidos, o Seapunk passa a ser considerado uma microcultura ou subcultura, por ter uma identidade musical e visual.

Lil Internet, criador da hashtag, descreve o Seapunk como “Venice Beach Acid Rave 1995” e cita sons do oceano, hip-hop dos anos 90, música eletrônica e dance como elementos fundamentais.
Para o  artista  Fire For Effect, "A praia simboliza para mim de onde nós viemos, já que eu penso que somos mamíferos aquáticos. Nós somos mais parecidos com golfinhos e baleias do que com macacos". 

Ao contrário do que muitos acham, Seapunk não tem envolvimento com RocknRoll nem com Punk, é música eletrônica. Clique [aqui] pra ouvir a música Yr So Wet 3, de Ultrademon e Dj Kiff.

Shan Beast (@Zombelle) e Albert Redwine (@ultrademon), auto intitulados criadores do Seapunk

Zombelle, a cantora/rapper de cabelos verdes, é considerada a primeira dama do Seapunk, nome que segundo ela, vem da substituição das letras S-E-A na palavra cyberpunk (não tem tanto a ver com "atitude punk", nem com o "faça você mesmo" ) – como a internet é uma vasto mar de informações, a melhor forma de explicar o estilo é dizer que é uma ideologia focada em positividade e criar seu próprio mundo fantástico através da internet. 


A estética
Na foto abaixo, Zombelle ostenta cabelo verde e óculos de lente refletiva. Segundo ela, nunca houve uma nostalgia pela moda noventista - isso veio de interpretações de outras pessoas sobre o estilo, assim como o cabelo cor de rosa, inexistente na ideia original. Gwen Stefani nos anos 90 com cabelo azul não é "a primeira" Seapunk, pois o Seapunk como subcultura só surgiu em 2011. Essa confusão acontece depois que se proliferam as imagens do tumblr de Ultrademon pela web, dando abertura a diversas interpretações sobre o tema, cada uma com seus "achismos".



Abaixo, reparem nas calças de surfista de Ultrademon...

A turma Seapunk criou em 2012 diversas estampas vendidas em parceira com a gravadora. A "verdadeira" moda Seapunk envolve principalmente estampas inspiradas em computação gráfica, temas de praia e mar, símbolos yin-yang, ocultistas, tie dye, óculos de lente refletiva e cabelos verdes ou azuis com roxo (em cores vibrantes e não pastel).


Zombelle e Ultrademon e algumas camisetas.


No Mainstream
Em março de 2012, o jornal New York Times anuncia o Seapunk como uma tendência de moda. No fim do mesmo ano, Rihanna se apresenta no SNL em frente a uma tela que mostrava desenhos de computação gráfica. Nesse período também, a cantora Azealia Banks lança um vídeo chamado Atlantis em que aparece como uma sereia dançando sobre figuras aquáticas e castelos de areia, fazendo a imagem Seapunk oficialmente mainstream. A partir daí, o estilo foi apropriado tanto pela moda dominante quanto por stylists de celebridades.


Sereias não são Seapunk... mas golfinhos são.
Zombelle fala que "As sereias são harpias viciosas que atraem marinheiros para a morte" e afirma que estas não são parte da estética Seapunk original, dizendo que Azealia Banks usou sereias em seu clipe de modo propositalmente equivocado, como uma provocação.


O mainstream resume a imagem Seapunk focando na cor dos cabelos, como se apenas os fios nas cores verde ou azul já tornassem a pessoa adepta do estilo. Exemplos: Nicki Minaj, Katy Perry e Lady Gaga usando uma peruca azul neon. Zombelle complementa: “Tem pessoas que trabalham com Lady Gaga que estão no meu círculo de amigos” - insinuando que a cantora pode ter se inspirado no corte e cor de seus cabelos.


O salão londrino Bleach London, frequentado por celebridades, também entrou na onda e lançou uma coloração chamada "Seapunk Super Cool Colour" num tom verde claro.



Quando o Seapunk é cooptado pelo Mainstream, Ultrademon e Zombelle postam uma foto com a frase estampada na camiseta: "Misappropriated punks" - uma crítica à apropriação desonesta de uma ideia para se obter lucro.



Reinterpretações da moda Seapunk  
Sendo uma estética que teve a imagem propagada no Tumblr e má interpretada pelo mainstream, num dado momento, uma onda de garotas na faixa dos 20 e poucos anos, denominam seus estilos como Seapunk e criam releituras do que elas entendiam ser o visual.

Numa busca pela internet, todas as fotos abaixo foram encontradas como #seapunk. Em alguns looks, não são usados todos os elementos que caracterizam o estilo e sim parte deles. Os dois últimos looks deste quadro, me chamaram a atenção: embora tagueados como tal, não vejo quase nada de Seapunk neles. No look da esquerda, as camisetas com estampas gráficas não possuem temas marinhos e a moça da quarta foto, está mais para uma releitura raver noventista.


Norelle Rheingold ficou conhecida por ter tido uma "fase Seapunk". Dando uma geral nas fotos dela, a mais "fiel" ao estilo é esta primeira imagem, onde usa blusa tie-dye, óculos espelhados e cabelo verde embaixo de um aplique roxo. Já a garota da foto abaixo, apesar de usar uma blusa com símbolo yin-yang, seu look não tem elementos primordiais do estilo.

Para o mainstream, tudo que é azul, verde, holográfico ou tons neon, com referência da moda anos 90 ou mar, tornou-se Seapunk - mas como vimos, não é bem assim, o visual foi bem desvirtuado. A moda dos anos 90 não é fator determinante para definir o estilo, é apenas uma tendência que qualquer um pode fazer uso. 
A grande verdade é que cada um passou a interpretar o Seapunk à seu modo, com o que acreditam ser, afastando-o de seu conceito original. 

Uma observação mais detalhada revela que desde 2010 o mainstream tentava empurrar roupas em tons pastel como nova tendência, mas não estava surtindo efeito. Com a deixa do Seapunk, viu-se então uma ótima oportunidade de pegar a ideia do tema marinho e usá-la como trampolim temático para uma nova trend que poderia desencalhar antigos estoques, que acabou por ganhar o nome de "sereismo". 

Este é um exemplo de como uma estética de um pequeno grupo de amigos teve uma parcela de sua imagem e significados perdidos entre os compartilhamentos na web, sendo transformado praticamente em outra coisa. Que loucura!



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18 de outubro de 2014

Ethus: Coleção Mermaid Lindsay Woods

Há um tempinho atrás descobri a loja Ethus e o que me chamou a atenção foi a marca ser uma fast fashion direcionada ao público jovem e que oferece produtos diferenciados dentro de tendências não muito exploradas mas que tem o seu nicho de público. E tem uma meta interessante, que é oferecer peças a preços acessíveis (tem peça lá por R$29,90) além de ser fabricação própria e trabalhar com pronta entrega.


Eu entrei no site e fui dar uma olhada no lookbooks já feitos pela marca e gostei da pegada alternativa que existe desde a primeira coleção. Não é comum encontrar uma marca fast fashion alternativa ainda mais aqui, no Brasil, por isso é uma boa ideia apresentá-la aqui, pros leitores. A loja acabou de lançar uma coleção inspirada em Sereias com a Scene Queen e Barbie Humana brasileira Lindsay Woods. As cores são referência ao fundo do mar, mas a modelagem tem forte influência da moda da década de 90 nos cropped tops, tons neon, pastel e leggings por exemplo.  

Lookbook estrelado por Lindsay Woods


Nestas fotos notamos a forte influência noventista na modelagem dos cropped tops, na estampa holográfica brilhosa e no penteado com cabelos divididos ao meio e presos no alto enroladinhos. Do tema "Sereias" temos além da cor do cabelo e da maquiagem, tons de azul, verde e um leve brilho prateado. Interessante que até o background das fotos lembra imagens da década de 90.

 

Estampas florais também foram moda nos anos 90 mas aqui elas se revelam num design bem mais atual e claro, o que dizer das leggings, moletons e esportividade também super comuns na época?

 
 
 Brilho em tons neon e holográficos...

 Ethus Barbie Humana

A marca também tem uma linha masculina, separei umas peças:


Vale a pena fazer uma visita ao site e conhecer outras peças da marca, incluindo as coleções mais antigas. Muito bom saber que estamos tendo cada vez mais opção de roupas com referências alternativas no mercado nacional!

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