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22 de março de 2019

Como é ser alternativo na Sérvia?

Tem uma sessão aqui no blog onde nossos leitores ao redor do mundo mandam relatos sobre como é ser alternativo no país em que vivem. São histórias baseadas em experiências pessoais e algumas vezes generalizações, mas vale pra perceber as semelhanças e diferenças do estilo de vida entre lá e aqui. Hoje publico o relato da Natasa Radakovic (Eleanore Dystopia @eleanoredystopia) que me mandou um e-mail e aproveitei para convidá-la a contribuir com a sessão. 

Natasa mora na cidade de Pancevo na República da Sérvia, que é um país europeu com mais de sete milhões de habitantes e que faz fronteira com países como a Hungria, Romênia, Bulgária e Croácia.

Pra quem não reparou, tem um gadget tradutor do Google aqui do ladinho que permite que estrangeiros possam de alguma forma tentar compreender o conteúdo do blog. Se você é brasileirx e mora no exterior, ou se você é estrangeiro e entende do que se trata esse blog (rs) manda relato pra gente! Confira quem já participou:



Segue relato de Eleanore com algumas perguntas que fiz à ela:

Sou Eleanore Dystopia, declaro meu estilo como hippy-goth. Sou um espírito livre, de mente aberta. Amante do macabro. Sou o tipo de pessoa que constantemente vê o lado bom das coisas, que é quase sempre o lado dos fracos, incomuns, das minorias. E aí está a combinação das trevas e da luz, porque o mundo não pode operar sem os dois. Como yin e yang, como a escuridão em um túnel e a luz no fim dela. Vou me concentrar em Belgrado e na minha cidade natal Pancevo, na sua proximidade, porque moro e estudo lá e tenho informações confiáveis.

Eleanore Dystopia em Belgrado, onde faz faculdade.

Alternativos na Sérvia, bem, pelo menos em Belgrado (a capital) e em Pancevo não sofrem preconceito. As pessoas comuns têm estereótipos sobre nós (que usamos drogas, não rimos, odiamos o sol e amamos a chuva, só usamos preto, temos tatuagens e piercings, adoramos Satanás, praticamos BDSM), mas na maioria dos casos somos apenas evitados. Eu estava em um ônibus e as pessoas não queriam se sentar perto de mim porque eu parecia estranha. Alguns comentaram em voz alta que eu estava pálida como um fantasma. Mas na maioria das vezes recebo elogios das pessoas, geralmente crianças, adolescentes e idosos. As crianças provavelmente gostam da minha aparência, porque assistem Monster High, Bratzillaz e shows similares, os adolescentes dizem que eu os lembro de vampiros e os idosos gostam das minhas roupas vintage.

MdS: A sociedade respeita seu visual, seu estilo de vida?

Eles não entendem isso e nem o ignoram ou falam pelas suas costas, se eles não gostam de seu estilo. As gerações mais jovens são mais receptivas.

Colocando em prática o lado Hippie que ela tanto adora!

MdS: As pessoas respeitam ou atacam os alternativos?

Algumas pessoas foram espancadas porque usavam camisetas ou dreadlocks. Eu pessoalmente tive problemas com pessoas que criam problemas com quem parece diferente. Com os hooligans, as garotas são ameaçadas mas quando se afastam nada acontece, caras não têm tanta sorte, podem apanhar. A solução mais rápida é evitar locais.

MdS: Que lugares vocês vão pra se divertir, encontrar os amigos, comprar roupas alternativas?

Na capital, existem alguns clubes alternativos. A maioria deles é pequena. Alternativos também se encontram em um parque estudantil no centro de Belgrado. Em Pancevo, no parque do centro, também. Parques de skate são mais populares com os alternativos mais jovens.

As roupas são geralmente (personalizadas) feitas por designers nacionais ou costureiras, compradas on-line e, desde 2015, na Victoria Poison Shop e em lojas de skate, é claro. No entanto, você sempre pode comprar roupas em lojas convencionais e torná-las alternativas. Importa mais quem está vestindo as roupas e com que atitude.

No verão da Sérvia, Eleanore opta por roupas frescas.


English Version


There is a session on the blog where our readers around the world send us reports about what it is like to be alternative in the country where they live. The stories are based on personal experiences and sometimes generalizations, but it interesting to realize the similarities and differences of the lifestyle between here and there. Today I am publishing the text of Natasa Radakovic (Eleanore Dystopia @eleanoredystopia) who sent me an email and I invited her to contribute to this session.

If you are a reader/visitor of this blog you can send us your text about "how is  to be alternative person on [your country]"! Check out who has participated (use google translation to read the posts):


There follows Eleanore's opinion with some questions I asked her:
I am Eleanore Dystopia, a hippy-goth. free spirit, an open mind. Macabre lover. I'm the kind of person who usually sees bright side of things, who is almost always on the side of the weak ones, unusual ones, the ones who are in minority. And there you have it, the combination of the darkness and the light, because the world cannot operate without the two. Like yin and yang, like darkness in a tunnel and light at the end of it.

I will focus on Belgrade and my hometown Pancevo in its proximity, because I live and study there and I have reliable information.

Alternatives in Serbia, well, at least in Belgrade (the capital city) and in Pancevo do not suffer from prejudice. Mainstream people do have stereotypes about us (that we do drugs, do not laugh, hate the sun and love the rain, wear only black, must have tattoos and piercings and worship Satan, practice BDSM), but in most cases we are just avoided. I happened to be on a bus and people didn't want to sit next to me, because I looked eerie. Some commented loudly that I was as pale as a ghost. But I mostly get compliments from people, usually kids, teenagers and the elderly. The kids probably like my appearance, because they watch Monster High, Bratzillaz and similar shows, the teens say I remind them of vampires and the seniors enjoy my vintage garments. 

MdS: Does society respect your look, your lifestyle?
They do not understand it and either  ignore it or talk behind your back, if they don't like it. Younger generations are more accepting.

MdS: Do people respect or attack alternatives?
Some people were beaten up because they were wearing band T-shirts or dreadlocks. I personally had trouble with people who make trouble to anyone who looks different. Girls are only threatened if they back up from the quart they took over, guys are not that lucky. The quickest solution is to avoid those passages.  

MdS: Is there places to go to have fun, meet your friends, buy alternative clothes?
In the capital, there are a few alternative clubs. Most of them are small. Alternatives also meet in a Student park in the centre of Belgrade. In Pancevo, in the centres's park, as well. Skate parks are more popular with the younger alternatives.

Clothes are usually (custom) made by designers or simstresses, bought online and since 2015 in Victoria Poison Shop and skate shops, of course. Though, you can always buy clothes in mainstream shops and make them alternative. It matters more who is wearing the clothes and with which attitude.



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19 de dezembro de 2017

Pós Punk, Goth e Deathrock: Como é ser Alternativo no país africano de Angola?

Apesar da relação histórica entre Brasil e países africanos de língua portuguesa, pouco nos chega de informações sobre os mesmos, principalmente se a questão for cultura alternativa. Será que existem alternativos nos países daquele imenso continente? Que subculturas existem por lá? Como elas são? Seriam muito diferentes de nós ou temos mais em comum do que imaginamos? Nesta postagem, que faz parte de uma série em que mostramos como é ser alternativo ao redor do mundo, contamos um pouco sobre como é ser alternativo em Angola, país da costa ocidental da África. 

Matthew Cardoso é leitor do blogue e se identifica com subculturas. Foi com este morador da cidade de Luanda que troquei uma ideia sobre a cena alternativa local. 

Matthew Cardoso, à esquerda da foto.
 Foto: Kenned Flautas Negra

Moda de Subculturas: Como é ser alternativo em Angola, existe preconceito? Como é a questão musical?
Matthew Cardoso: Ser alternativo em Angola-Luanda não é nada pois é um país que se você não gosta de semba, kizomba, kuduro e nem de repper nem és gente. Principalmente quando tem rolê em locais públicos as pessoas sentem medo de chegar e obter informação, saber porque você é assim ou está assim. Muito amigos/as de infância foram se afastando porque não tenho os mesmos gostos que eles.
Existe sim preconceito, como qualquer um outro país, mas graças a nós dentro da nossa cena não. 
Infelizmente não temos festivais, por até o momento só temos um banda e que não é de Luanda (Piratas das Almas), banda de Darkwave, temos feito em cada dois ou três meses um evento para reunir o pessoal ao som das bandas, e nos primeiros sábados do mês e no último sábado temos os nossos rolês.

Créditos: Kenned Flautas Negra

MdS: Você considera então que os alternativos num geral são marginalizados em Angola?
MC: Sim de um modo são sim, muitos deles dizem que a sociedade angolana não está preparada para aceitar numa boa os alternativos. 

MdS: Além dos góticos e metalheads, saberia me dizer se também tem punks por aí?
MC: Punks somos nós rs, brincadeira minha. Não existem punks aqui não, não, não. Uns jovem que curtem do som mas só mesmo do som e param por aí.

MdS: E garotas, você conhece góticas ou meninas de outras subculturas?
MC: Nos anos atrás tinha muitas garotas na cena, mas muitas delas ficaram pelo caminho. 

Foto: Kenned Flautas Negra

MdS: A cena pós-punk/gótica que vocês fazem parte é grande ou pequena?
MC: Não é um número tão grande assim, mas pode a chegar a uns 15 para cima acho, mas a cena cá já teve mais aderência.

MdS: Como é a questão do preconceito estético, xingam ou mexem com vocês? Ou apenas olham torto e não falam nada? 
MC: Xingam, mas não chegam perto, somos demônios rs, falam, falam... Até os religiosos olham torto e xingam, mas nunca houve contato físico...

Os rapazes criam e customizam as próprias roupas para criar um estilo alternativo.
Foto: Kenned Flautas Negra

MdS: E as roupas, são vocês mesmos que fazem?
MC: São feitas por nós mesmos. Algumas vezes são desenhadas ou não... porque tem bandas que o logotipo é muito complicado, então tiramos cópias e recortamos, noutras vezes são desenhadas mesmo.

MdS: Usam estilo mesmo com o calor?
MC: Eu creio que o clima de Angola não é tão diferente assim de Portugal. Aqui é um país muito quente, muito sol do krl... e sim quando à rolê temos de andar assim mesmo, tudo pela cena!

MdS: Sobre a cena, são envolvidos com política ou os encontros é só para reunirem e ouvir música? 
MC: Nos nossos encontros/rolê a gente fala mais de cena, partilhamos bandas novas, falamos com o pessoal novo sobre a cena, partilhamos zines feitas com cada um.

Créditos: Kenned Flautas Negra

Foi muito legal conversar com Matthew e conhecer um pouco mais sobre a cultura alternativa num país tão pouco conhecido por nós. A impressão que tenho é que somos muito parecidos, independente das diferenças culturais de cada nação. A cultura alternativa une os semelhantes não importa qual local do mundo se viva!

Ah e se você é um leitor que mora no exterior, nos envie em relato sobre como é ser alternativo no país em que está ;) 


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10 de novembro de 2017

Como é ser gótico e alternativo em Portugal?

A leitora portuguesa Oriana Bats do blog "Bats on the East Tower" nos enviou esse relato sobre como é ser gótico ou alternativo em Portugal. Se você é nosso leitor e mora no exterior, fica o convite para nos mandar suas observações sobre a cena alternativa no país em que reside, basta enviar o texto para este e-mail. Confira também a postagem escrita pela colaboradora Cha Trinsi sobre Como é ser alternativo na Suécia.


Festival Entremuralhas - Fonte

A existência de diferentes culturas é um fenómeno mundial. Nascem e crescem. Espalham-se e alteram-se (não necessariamente por essa ordem). Mas existem, regra geral, em todo o lado. O meu país, Portugal, não é excepção.
Portugal é um país de dicotomias: tanto existem as chamadas “cidades grandes”, como terreolas no meio de nenhures onde, depois do fenómeno da TDT (Televisão Digital Terrestre), há quem não consiga ver o Telejornal. 

Sinto que o mesmo se passa com as culturas consideradas mais alternativas/diferenciadas: nuns lados são bem aceites. Noutros, bem… são menos. Foi graças a essas dicotomias que resolvi pedir ajuda a alguns amigos para escrever este post. Pensei que, dar apenas a minha opinião (sendo eu uma pessoa que vive numa zona mais rural) seria pouco para abordar o tema. Falemos então primeiro das minhas vivências, antes de passarmos às dos meus amigos. 

A localidade onde vivo, apesar de apenas distar 50km da capital, já é considerada zona rural. A zona tem imensos cafés, cabeleireiros e alguns locais abertos à noite onde se pode ouvir música e beber algum copito. No entanto, esses locais apelam mais para música considerada “mainstream”, o que por aqui significa kizomba e grupos/cantores mais conhecidos. 

Apesar de, na maior parte do tempo, não ter quaisquer problemas, também por aqui podemos ver algumas reacções bem engraçadas. Lembro-me, por exemplo, de uma senhora que foi contra uma placa de um café (e a deitou ao chão), porque não fez outra coisa que não olhar para mim. No entanto, nem tudo são coisas divertidas. Uma vez fui seguida por 2 homens que distribuíam panfletos religiosos (sobre a família, e como só uma boa relação com Deus levaria a que a pessoa fosse feliz, etc). Enquanto vinham atrás de mim, diziam que tinha de deixar o Diabo, que Deus me ia perdoar… aparentemente cabelo azul e roupa preta dá em coisas destas.

Tal como já mencionei, pedi ajuda a alguns amigos de diferentes partes do país para compor este post. Recebi então alguns relatos, desde estereotipização, dificuldades em arranjar emprego/conseguir expressar-se (em termos visuais) um pouco mais no emprego onde está, passando por “purificações com água benta” e recordações constantes acerca da época do ano em que nos encontramos (o típico “Ainda não é Halloween/Carnaval” ou “O Halloween/Carnaval já passou”). Isto tudo entre outras situações.

No entanto, nem tudo são coisas más. Em 2010, surge o festival Entremuralhas. Com o lema “Há uma cultura que não se vende nas prateleiras do hipermercado”, o festival foi-se desenvolvendo em torno da música menos comercial (alguns dos nomes que já passaram por cá: Clan of Xymox, VNV Nation, Vive La Fête, Har Belex, Aesthetic Perfection, She Past Away e Parzival). A atenção dada por parte dos media a este evento (assim como o aparecimento de algumas reportagens mais sérias) contribuiu para esclarecer alguns mitos. No entanto, este não é o único festival dedicado a música mais diferenciada que existe em Portugal, sendo que outros bastante conhecidos são o SWR Barroselas, o Vagos Open Air e o Amplifest, entre outros. Temos também eventos mais pequenos como o Halloween Metal Fest, que se realizará pela primeira vez este ano. Existem ainda alguns eventos relacionados a modificação corporal, que também costumam ter algum destaque nos media. Todos, à sua maneira, contribuem para uma diferente visão das culturas alternativas/diferenciadas em território português.

Godvlad no Vagos Metal Fest - Fonte

Portugal tem ainda muito que mudar, começando pelos membros de culturas alternativas/diferenciadas em si. Aqui ainda existe muito quem diga que há pessoas que se “põem a jeito”*. Lembro-me de ver num fórum relacionado a música vários posts (já algo antigos) que criticavam outras culturas alternativas, por exemplo. Isto para além de comentários sobre as pessoas que se “punham a jeito”* (no sentido de receber comentários negativos ou preconceituosos) porque chamavam muito a atenção (seja por atitudes, roupas, etc) e depois queixavam-se, na opinião dos comentadores, sem qualquer razão. Sinceramente não vejo muita gente vestida “over the top” em Portugal, a não ser para eventos e acontecimentos do género. Mas, como passo pouco tempo em cidades, essa observação pode ser tendenciosa. No entanto, como tentar que haja mudança, se os próprios têm semelhantes pensamentos? 

Tenho plena consciência de que as coisas já estiveram piores. Basta ver uma reportagem, penso que dos anos 90, sobre Black Metal que começa assim: “A música de Satanás, uma década depois, os seguidores do Black Metal, anticristãos e satanistas, aumentaram consideravelmente nos últimos anos. Profanar cemitérios e incendiar igrejas são rituais satânicos cumpridos por muitos dos que fazem do Black Metal uma forma de estar na vida.”. Ou mesmo algum artigo sobre um crime que ocorreu em Ílhavo em 1999, que foi definido como tendo conotações satânicas, pois o autor tinha uma banda de Heavy-Metal e vestia-se a rigor. Claro que as coisas já estiveram piores e, nalguns lados, pouco mudaram. Como faço muita pesquisa relacionada ao tema, é fácil ter essa noção. No entanto ainda há muita coisa que precisa de ser alterada. Tanto no meu país como no resto do mundo.



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Artigo de Oriana Bats em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos.

30 de janeiro de 2017

Como é ser Alternativo na Suécia?

Geralmente ter um estilo alternativo chama a atenção de muitas pessoas e, muitas vezes, por causa do visual, surgem as clássicas frases de familiares e amigos: “Você não arrumará emprego assim!”, “Ninguém te levará a sério com esse cabelo verde!”; E a melhor: “Quando você ficar velho, como ficarão essas tatuagens?”. Essas são algumas das perguntas mais ouvidas pelas pessoas que têm um estilo diferente daquele que é ditado pela grande indústria da moda, ao menos essas eram as reações que eu recebia quando morava no Brasil. Atualmente, depois de muitos anos morando fora, já nem ligo se encontro alguém que tem esse tipo de reação quanto às aparências, porque isso acontece raramente na Suécia, país onde moro.

 A modelo sueca Adora Batbrat
Copyright @adora_batbrat

Aqui na Suécia as coisas são um pouco diferentes, claro que está longe de ser um lugar perfeito, mas, comparando com o Brasil, nota-se uma grande diferença no modo como as pessoas são tratadas por causa de suas aparências. Não posso afirmar que não exista certo preconceito e alguns olhares curiosos ao longo do caminho, mas, de forma geral, ser alternativo aqui não é motivo para tanto espanto, pois você pode trabalhar com o que quiser e onde quiser com um visual alternativo. Percebi isso quando a minha filha entrou para a primeira série. Como meu marido trabalhava na escola, era ele quem a levava, assim, não conhecia a professora da minha filha. Ao questioná-lo sobre como ela era, ele respondeu-me: “Ah! É uma baixinha, magrinha e com um diabão tatuado no peito!”, fazendo gestos e apontando para o colo. Eu comecei a rir da maneira como ele a descreveu. Claro que isso seria motivo de espanto para muitos e, provavelmente, motivo para protestos para que ela cobrisse as tatuagens ou fosse demitida do emprego, afinal “Onde já se viu uma professora de crianças tatuada? Isso é má influência!”. Reação típica de muitas pessoas no Brasil.

Bom, depois de um tempo, eu a conheci. Não era um diabão, mas muitas tatuagens em áreas visíveis do corpo, como colo, braços, mãos etc., e ela não usava roupas que as cobrissem para trabalhar. Ao ver outras professoras do local, notei que ela não era a única a adotar um estilo alternativo, pois outra professora do primeiro ano também tinha um estilo mais Rockabilly, e fui notando que não apenas as professoras, mas as pessoas que trabalham nos mercados, nos bancos e até mesmo nos hospitais; e aí vem a melhor das revelações: ser diferente na Suécia não é lá tão diferente, porque as pessoas te avaliam para empregos pelas suas qualificações profissionais, não pela sua aparência. Minha filha tem o cabelo com mechas coloridas e várias de suas amigas também. Todas são tratadas da mesma forma, são ensinadas a respeitar a individualidade de cada um desde pequenas. É muito bacana você ir a uma reunião de pais e ver que não é a única de cabelo colorido e que as pessoas não ficam te olhando com cara feia, como se a sua aparência fosse mudar algo nas suas responsabilidades como pai/mãe etc.


Adora Batbrat e seus filhos. 
Leia a entrevista que o blog fez com ela [neste link].

Pastelbat reside na mesma cidade que eu 
e anda com seus cabelos coloridos e roupas fofas.
Copyright @pastelbat

O estilo predominante por aqui é rockabilly. O pessoal faz festas e não são exatamente temáticas, as bandas locais tocam esse tipo de música, pois realmente gostam e vivem essa cultura. Nas quartas-feiras, eles se encontram em um clube de dança para dançar buggy. No verão, há um desfile de carros antigos, eles andam pelas ruas exibindo seus lindos carros com som alto e última tecnologia. Eu não sou a melhor pessoa para identificar marcas e modelos de veículos, mas é possível ver desde o Ford Tudor e Simca Chambord até aqueles famosos Mustangs antigos. Além disso, em um festival chamado Midsummer, eles fizeram um desfile só com esses carros antigos, tudo muito legal. 

©Cha Trinsi
©Cha Trinsi

Portanto, como disse antes, nem tudo é perfeito na Suécia e pode ser que a qualquer hora alguém sofra algum tipo de preconceito por isso, afinal, estamos lidando com humanos, e ninguém é perfeito neste mundo. No entanto, de forma geral, os suecos são pessoas super mente aberta e ensinam isso aos seus filhos desde a infância, o que torna cada geração menos preconceituosa e mais evoluída.



Revisão textual: Valéria O´Fern [biografia aqui] 



Autora: Cha Trinsi - Mãe, Fotógrafa, fã do bom e velho Rock N'Roll e do estilo Rockabilly. Não resisto a acessórios kawaii, apaixonada por artes, procuro reunir meus conhecimentos para passar uma mensagem de empoderamento feminino e materno nas mídias sociais. Site: www.chatrinsi.com



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