Destaques

27 de maio de 2017

O estilo da cantora Siouxsie Sioux

No dia 27 de Maio de 1957, nascia Siouxsie Sioux! Ou melhor, Susan Janet Ballion, em pleno subúrbio inglês, local que influenciaria a formação da artista que conhecemos. "Nascer no subúrbio te faz ser diferente. É claro que eu fui um pouquinho mais", diria a cantora.




Sioux nunca pensou em seguir a carreira musical. São aqueles acasos que dão certo. Na verdade, ela era só mais uma jovem inglesa sem futuro que seria acolhida pelo Punk. Ao se mudar para Londres, integraria ao Bromley Contingent, um grupo de garotos que se reunia para curtir a vida e os Sex Pistols. Na capital, a vida mudaria por completo. A conexão com Malcolm McLaren, empresário de Pistols, a desafiaria a montar uma banda para o festival que Malcolm organizava. Foi sem experiência alguma, que no dia 20 de Setembro de 1976, estrearia no 100 Club o Siouxsie and the Banshees, com Sid Vicious na bateria, Marco Pieroni na guitarra, Steven Severin no baixo e Siouxsie no vocal. Era sua primeira apresentação como cantora em público. O nome da banda veio de um filme do Vincent Price (Cry of the Banshees, 1970) e eles trouxeram elementos de terror nas letras e sons, inspirados também pelo filme Psicose (1961).

Igual ao Punk, a banda completara 40 anos em 2016. Ao ser perguntada anos atrás se o Punk ainda existia, respondeu acreditando que o espírito ainda exista sim. "A atitude punk era maravilhosa, antes de ser distorcida pela mídia", diria.

Em sua época punk e com Steven Severin na loja SEX.

"Eu sempre me senti na contra mão"

"Eu era muito sozinha, na verdade. Os poucos amigos que tinha eram ciganos. Quando tinha oito anos, tentei cometer suicídio para ser notada pelos meus pais. Eu costumava fazer coisas como me jogar escada abaixo para que pensassem que eu caí. (...) Eu realmente, sempre me senti outsider", revelaria em entrevista para NME de 1978.

A infância solitária de Sioux mostra como a música, ou o Rock, foi uma válvula de escape para suas frustrações. Seu pai, um emigrante alcoólatra, faleceria em decorrência da doença ainda quando a cantora era adolescente, colocando sua mãe como provedora da casa e de seus irmãos. A força que ela teve que adquirir para sustentar a família, acabou influenciando Sioux perante a vida, e, consequentemente, a carreira. "Foi a primeira vez que garotas pegavam em instrumentos e não ficavam nos bastidores", diria sobre o Punk. Já ficava claro para Siouxsie a diferença de comportamento que a sociedade impunha para homens e mulheres, e que para quebrar barreiras, era necessário ser forte, assim como sua mãe.


Robert Smith, do The Cure, se inspirou em Siouxsie para criar seu visual.
Um raro caso de homens que se inspiram em mulheres.


Nem Punk, nem Gótico

"Nós realmente não gostamos de ser tachados de alguma coisa, mas é inevitável que as pessoas rotulem de algo para compreender". Tanto Siouxsie quanto a banda, não gostavam de ser definidos, nem como músicos. "Não nos enxergamos no mesmo contexto dos outros grupos de rock. Estamos num limbo", diria. Essa abordagem vinha devido a liberdade que queriam ter em suas criações, da qual havia diversas referências. Se algo era concreto, é que eles não queriam fazer o que já existia. "As coisas devem continuar. Estamos tentando mostrar que não precisa ser pop punk o próximo, e não precisa ser os mesmos riffs antigos do rock. A gente não curte tendências. Nos formamos inicialmente porque sentíamos que tínhamos algo para dizer. O que ocorreu foi que em decorrência de certos aspectos, é necessário um diferente ponto de vista, um variante de contras, mas com o mesmo ataque/impacto".


Seus estilo autêntico virou referência para suas fãs.

 
"Everything looks good tonight", The Passenger

De origem pobre e vinda do subúrbio, Siouxsie sempre se sentiu diferente da sociedade. Ao contrário de alguns, em vez de tentar adaptar-se a padrões, assumiu sua singularidade, sem imaginar que isso seria o perfeito encaixe com o Punk. Desde cedo, ela já sabia que jamais estaria numa capa de revista de moda mainstream. "A maioria das meninas queria ser igual a alguém, eu queria ser a minha própria pessoa". A atitude contestatória de Sioux pode não a ter levado às maiores capas de revistas de moda do mundo, mas indiretamente, sua influência estética chega até elas pelas criações de estilistas admiradores de seu trabalho, vide a beleza do desfile Saint Laurent de 2015, que teve como referência a cantora, já que o antigo designer da marca, Hedi Slimane, é seu fã. Antes mesmo da fama, faria pontas como modelo para a grife Sex, loja de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren.


simon-barker
@Simon Barker

Desfile Saint Laurent fall/2015, inspirado na cantora.

Quando olhamos sua estética chamativa, muitos nem devem saber que no início sentia um grande nervosismo ao entrar no palco. Encarnar um personagem para certos artistas é um jeito de enfrentar suas inseguranças e timidez. Apelidada de 'Android' pelo grupo, o visual de Sioux foi evoluindo durante a carreira. Talvez fosse uma forma de continuar se diferenciando já que seu estilo foi logo copiado.

"Estilo deveria ser uma acentuação de seu caráter.
Não tem nada a ver com o que você está vestindo, mas sim em como você veste."

No começo ainda Punk, Siouxsie andava como as outras meninas, usando cabelo curtíssimo, com minissaia e meia arrastão e escarpins nos pés. Também como outros, seria mal interpretada pelo uso da suástica. Como descrito no post sobre punk, quando punks utilizam o símbolo, de forma alguma havia adoração, pelo contrário. O punk era subversivo, usar tal imagem era esfregar na cara da sociedade o lado sujo dela, ainda que fosse um jeito controverso de se criticar. Interessante é que anos depois, em 1980, a banda faria uma música chamada "Israel", da qual a cantora se apresentaria usando uma estampa de estrela de Davi.


Da era Punk para o Post-Punk, Siouxsie permanece com o visual fetichista em suas roupas, tachas, arrastão, tela, botas acima do joelho, chokers, minissaia de vinil, amarrações. Havia influência da moda cigana nos acessórios, muitos lenços, as peças possuíam franjas e eram esvoaçantes. O romantismo surgia com as rendas, o uso de cores como preto, roxo, vermelho e verde esmeralda.

Visual fetichista

Influência cigana e romantismo.

A maquiagem Vamp teve como influência a personagem Cleópatra de Theda Bara. Siouxsie deu sorte pois seu formato de rosto se encaixou muito bem com a beleza egípcia. Unido ao famoso cabelo preto, se tornaram a marca registrada da inglesa, passando por alterações em diferentes fases.


O visual típico de Siouxsie que vem a mente foi sendo construído ao longo do tempo. No início o fio era curto e o rosto pintado com cores fortes, como rosa shocking, ou com um desenho surrealista em volta do olho direito. No fatídico encontro com o apresentador Bill Grundy, no programa Today Show, uma Siouxsie debochada, de fios platinados e com estilo tomboy era visível. De 1978 em diante, a maquiagem Vamp e o cabelo preto médio espetado ao estilo backcombing passa a ser sua marca. Clipes como 'Hong Kong Garden', 'Spellbound', 'Dear Prudence', 'Cities in the Dust', 'Candyman', de diferentes datas, mostram bem essa beleza. Detalhe para 'Dear Prudence', quando Siouxsie estica os braços em movimentos de dança, aparecem os pelos em suas axilas, é por isso que no post das Riot Grrrls, foi lembrado das punks setentistas pois estas fizeram o que veríamos em evidência no motim dos anos 1990.

look
O visual típico de Siouxsie
Tomboy platinada e cores nos olhos.

Mas Siouxsie é também uma camaleoa. É visto novamente cabelos bem curtos nos clipes 'Happy House', que traz um quê de Ziggy Stardust, adicionado blush rosa bem marcado, típico dos anos 1980. Em 'The Passenger', o corte é muito parecido com o que Mary Quant usava na década de 1960, e a maquiagem começa a mudar: a base do desenho continua Vamp, mas o olho é menos carregado de preto e o blush já não é mais o rosa oitentista. Em 1988, Sioux aparece com os cabelos a la Louise Brooks, em 1990 ele aparece mais comprido e a make ganhando novas cores. Nessa época, muitas de suas aparições públicas estaria vestida pela sua grande amiga Pam Hogg.

Cantando The Passenger na Hungria em 1987.


Cabelos à la Louise Brooks
@Ebet Roberts

Camaleoa. O terninho tem uma sainha de renda e metais dominam o look à direita.

Desfilando para Pam Hogg e com a estilista.
Usando macacão com saia crinolina no palco.

Fotografada por David Lachapelle para a Details magazine em 1995.

Teoricamente, a banda Siouxsie and the Banshees encontra-se parada desde 2002. Nos 40 anos do Punk, em 2016, o grupo completaria a mesma idade! Além dele, Sioux tinha o projeto paralelo The Creatures com seu marido e colega de banda, Budgie. Seu último trabalho foi solo, com o álbum Mantaray, de 2007. Apesar do "no future" do punk, Siouxsie and the Banshees foi a banda que mais durou dessa época. Conseguiram resistir conquistando uma legião de fãs que não se limita a uma só subcultura.


Siouxsie nunca quis representar ninguém, simplesmente queria ser dona de sua própria voz, mas sem querer acabou representando muitas meninas e mulheres ao redor do mundo que se sentem deslocadas. "Ela era uma rebelde e me identifico muito com isso. Eu era uma criança de 13 anos, de cabelo ruivo, que sofria bullying todo dia, me sentia completamente desamparada e quando ia para casa e ouvia os discos da Siouxsie, sentia que pudesse dominar o mundo", revela Shirley Manson.

 

É estranho pensar que em pleno 2017, Siouxsie Sioux seja uma figura transgressora, incluindo no cenário do Rock. Num mundo que tenta a todo custo se encaixar em padrões, a existência da artista é um respiro a quem ainda mantém o espírito punk dentro de si, mesmo que esteja escondido lá no fundo. A imagem e a música que trouxe voz ao lado obscuro da vida se faz mais necessária do que nunca. Vida longa a Siouxsie!


- Este artigo contém análises autorais assim como informações de domínio público.





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24 de maio de 2017

40 anos do Estilo Gótico: quais modelos de calçados foram usados?


Pikes, plataformas, coturnos, creepers e saltos altíssimos foram alguns dos calçados usados pelos góticos nos 40 anos de existência da subcultura. Chegou a vez de analisar mais um video de Liisa Ladouceur sobre a evolução da vestimenta gótica feminina!


Liisa Ladouceur é autora de livros como Encyclopedia Gothica e How to Kill a Vampire, além de escrever sobre cultura para revistas e jornais e prestar consultoria sobre música. Reside em Toronto no Canadá, é gótica na vida real e está fazendo uma série de documentários sobre os "40 anos do estilo gótico" que você pode ver o vídeo sobre a moda gótica feminina aqui e o da moda masculina aqui.
 
Segue o novo vídeo sobre calçados femininos:




Diferente dos outros vídeos, neste, Ladouceur colocou a data gigante na tela, isso porque especialmente no primeiro vídeo (de moda feminina) muitas pessoas não notaram a data no canto da tela e julgaram o trabalho dela de uma forma absurda não observando uma linha do tempo. 
Na descrição do vídeo, a autora colocou a lista de calçados. É importante dizer que assim como com as roupas, a autora fez uma pesquisa histórica antes e tentou achar os calçados originais da época (em brechós) ou modelos atuais retrôs ou muito semelhantes, num comentário ela diz que não encontrou um modelo com a personagem Emily Strange, muito comum no começo da década de 2000, portanto mesmo muito comum na época, a peça não aparece no vídeo. Vamos à eles: 

1980s
1. Patent skull winklepicker boots by http://goth-pikes.com/
2. Vintage 8-hole Doc Martens style 1460
3. Vintage suede granny boots, brand unknown
4. Red creepers by John Fluevog
5. Vintage patent '80s heels
6. Classic winklepickers by the Gothic Shoe Company

O uso de scarpin pelas góticas não é tão comum hoje em dia nem pra quem adota um visual gótico retrô, assim como as meias calças coloridas. Outro ponto é a adoção de botinhas de inspiração vitoriana e claro, os coturnos super gastos de tanto usar no dia a dia. Os classic winklepickers  da Gothic Shoe Company, vocês podem conferir neste post que fizemos da marca.


1990s
1. New Rock motorcycle boots
2. New Rock heel boots
3. Patent Munster-style knock-offs
4. Demonia platform Mary Janes
5. 14-hole vegan Doc Martens in Oxblood
6. 8-hole Blue velvet Doc Martens
7. Tank Girl combat boots
8. Silver heel patent platforms
9. Stretch velvet knee-high boots
10. The glorious "Grand National" boot by John Fluevog

Na década de 1990 é observável a popularização das plataformas e das botas de cano longo e saltos altos assim como a adoção de marcas como Demonia e New Rock. Todas estas peças bastante adornadas, seja com amarrações, fivelas ou detalhes em metal. Entra aqui uma peça que adoramos: o sapato boneca. Os coturnos em diversos formatos nunca saem de cena. Repararam nas meias listradas e franzidas em cima das botinas?

2000s
1. Demonia Platform Boots with Straps
2. Transmuter Boots (with and without funfur)
3. Swear shoes
4. Mary Janes
5. "Rocking Horse" shoes by Vivienne Westwood
6. "Kitty Face" Mary Janes by Anarchy by T.U.K.
7. "X-Ray" skeleton ballerina flats by Funtasma
8. "Iris" platform ankle strap sandals by Ellie Shoes
9. "Teaze" red cheetah print platform heels by Bordello
10. "Stack" platform boots by Demonia
11. Strappy Wedges by Y.U.K.

Na virada para os anos 2000, o salto anabela faz uma aparição já nos chamando a atenção nesta década para a variedade de modelos adotados. O tamanho das plataformas aumenta imensamente e ganha adornos; os canos das botas também se diversificam apresentando pêlos e texturas. O sapato boneca ganha influência da estética Lolita junto com a sandália Rocking Horse de Vivienne Westwood. Entram em cena também o sapato boneca sem salto com estampa de gatinho e a sapatilha; ao mesmo tempo que os saltos fetichistas e os pumps retrôs (muito usados pelas pinups) também são adotados pelas góticas.

2010s
1. "Lita" spiked boots by Jeffrey Campbell
2. "Zombie Stomer" platform heels by Iron Fist
3. "Swing 185" knee-high boots by Demonia
4. "Nightwalk" suede heels by Jeffrey Campbell
5. "Anglomania Lady Dragon Skull" slingbacks by Vivienne Westwood for Melissa
6. "Rockefeller" bootie by United Nude
7. "Stetchen" vegan buckle boot by Hades
8. "Kera-21" vegan pink ankle boot by Demonia
9. Velvet wedge creepers by T.U.K.
10. "Poison 25-2" hologram caged bootie by Demonia
11. "Night Stalker" bat heels by Iron Fist

Na década de 2010 a diversidade calçadista permanece embora marcas tradicionais como Demonia continuem presentes. É observável a adoção de grifes como Jeffrey Campbell e sua Lita Boots que veio das Hipsters, Hades e Melissa (me surpreendi de ver o modelo Lady Dragon Skull ali). A Iron Fist entra com as cores de seu clássico Zombie Stomper  e os calçados sem salto ou com saltos diferenciados dividem espaço com o pastel goth cor de rosa e o holográfico que é a moda do momento. E claro, como não lembrar dos Bat Shoes?

Agora é aguardar os blogueiros e youtubers góticos fazerem suas análises. Acredito que não será tão criticada quanto nos vídeos anteriores pois agora todos já devem ter compreendido a abordagem ampla que Liisa Ladouceur faz sobre moda.
Ah gente, muito importante: a Liisa pede que não façam download do vídeo e upem  suas páginas e sim, que compartilhem o link original. Assim como nós, ela produz o conteúdo de forma independente e nada mais do que justo respeitar o direito autoral dos vídeos dela, certo? ;)

Digam o que acharam do vídeo e da escolha dos calçados! :D



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21 de maio de 2017

Resenha: GOTHIC STATION a primeira revista gótica do Brasil + saiba onde comprá-la

Estou muito feliz com o lançamento da GOTHIC STATION a primeira revista feita por góticos brasileiros e dedicada inteiramente a falar da subcultura no Brasil!


A revista é de autoria de Henrique Kipper, autoridade sobre subcultura gótica no Brasil, na cena há mais de duas décadas, divide seus conhecimentos no site Gothic Station.

Se você gosta dos artigos aqui do Moda de Subculturas, talvez aprecie saber que sou colunista de Moda da revista e nesta primeira edição, fiz uma matéria sobre a influência da Era Vitoriana na estética gótica. É um artigo exclusivo pra revista e não tem nada semelhante aqui no blog. A matéria tem seis páginas com imagens maravilhosas selecionadíssimas por mim e pelo Kipper. Na matéria, conto um pouco sobre quais características da moda vitoriana foram adotada pelos góticos e como eles adaptaram a estética.


Vocês lembram de dois artigos que publiquei, um chamado "Adultos em Idade Produtiva: Criatividade tem limite de idade?" e o outro  "Subculturas não tem idade: Adultos que adentram no mundo alternativo"? Nestes artigos falo sobre como subculturas são associadas à juventude, só que  tá cheio de adultos dentro delas e nem por isso eles são "infantilizados" ou "não querem crescer", pelo contrário, são pessoas responsáveis e criativas. Na revista vocês vão encontrar uma matéria com o sociólogo britânico Paul Hodkinson falando um pouco sobre isso, o processo de envelhecimento dos participantes de subculturas. Também vão encontrar uma matéria introdutória sobre Cybercultura da Adri Amaral que, caso vocês não conheçam o trabalho dela, recomendo muito!


 

Tem entrevistas com bandas como Clan of Xymox, Lacrimosa, Das Projekt, Alex Twin do selo Wave Records, além dicas de lançamentos musicais, vocês vão encontrar também os artigos sobre Famílias Góticas (matéria de capa), as gerações de música gótica (que ficou muuuito legal!), filmes que influenciaram a subcultura e uma matéria sobre o romance gótico.

Lembrando que essa é apenas a primeira edição da revista e todos os assuntos serão mais e mais detalhados a cada futura edição! Eu tenho um montão de coisa que quero escrever sobre moda gótica!

Clique na imagem para aumentar. 

É muito importante que vocês comprem e divulguem a revista, pois este é um projeto independente e precisa de apoio para continuar ativo, portanto, vou deixar aqui o link para compra. A revista tem 48 páginas e custa R$34,00 já com o frete incluído para todo o Brasil! 
Se você quer revender, na loja existe a opção de compra de várias edições. Se você conhece alguma banca de revista de sua cidade que possa ser interessada na venda, que tal avisar o proprietário sobre a existência da revista dando o link para ele?






Se lamentamos pela falta de cultura alternativa disponível no país, agora podemos apoiar quem está dando um passo à frente e ampliando as opções de lazer e conhecimento sobre as subculturas. 
Contem se gostaram de meu artigo (e dos outros) e nos vemos na próxima edição! ;D


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18 de maio de 2017

KILLSTAR: Cupom de Desconto // KILLSTAR discount Code

Imaginem a minha felicidade quando a KILLSTAR oferece um CUPOM DE DESCONTO pros leitores do Moda de Subculturas? ♥

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É ótimo poder retribuir de alguma forma todo o respeito e consideração que vocês tem com o blog! Sei que muitos não compram em lojas estrangeiras pelo preço, então por isso mesmo um descontinho é sempre bem vindo, é um presente! É uma forma de tentar tornar as marcas alternativas mais incríveis da atualidade mais perto do alcance de todos.


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 Cupom de Desconto / Discount Coupon:
SUBCULTURAS 


KILLSTAR é uma marca britânica, mais especificamente de Glasgow, Escócia (isso mesmo!) relativamente nova, fundada em 2010, inicialmente com o nome de "To KIll a Star" sendo uma das pioneiras a trazer a temática do ocultismo para a moda alternativa atual.


A marca surge para suprir um nicho que até então era inexplorado: as fãs de bruxaria, misticismo e ocultismo. Tanto que até hoje, a lua, a tábua ouija e símbolos do oculto não saem de catálogo devido ao sucesso. Peças de destaque são os vestidos inspirados na personagem Wandinha Addams (que se fosse um pessoa real, com certeza usaria a marca). No último Halloween, teve até parceria com Marilyn Manson! E como recentemente anunciamos no nosso Instagram, agora a loja tem peças em tamanho plus size.


A KILLSTAR foi uma das que fizeram parte de toda uma mudança estética ocorrida nos últimos anos em relação à moda gótica. Liisa Ladouceur mostra isso em seu vídeo sobre os 40 anos do estilo gótico, dizendo que ser gótica hoje é usar roupas confortáveis: sem corsets, sem peças que apertam, e sim roupas que são urbanas, permitem movimentos sem deixar de lado a obscuridade.

As bolsas conceituais da marca.

Como várias outras marcas alternativas, a inspiração vai além de uma só subcultura, Punk, Heavy Metal e rebeldia estão entre os temas que inspiram os designers. E pensar que a marca nasceu fazendo somente camisetas e suéteres e hoje já vende calçados, diversos acessórios e até velas, afinal, ocultista que é ocultista não fica sem velas, né? Haha :D


Então sempre que fizerem compras na KILLSTAR, usem o cupom! E se você tem amigo/as que curte a marca compartilhe a novidade!


 

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15 de maio de 2017

Dica de Loja: Spookies

Hoje a dica é de mais uma loja alternativa nacional, a Spookies!
A primeira coisa que me chamou a atenção foi o nome, que adorei! "Spookies" seria algo como "assustadores" (tem inclusive filme de terror com esse nome). Vamos conhecer um pouco do conceito da marca, MAS antes anota aí nosso cupom de 10% de desconto na loja: SUBCULTURAS


Com sede em São Paulo,a Spookies visa quem ama se vestir de forma diferente ou seja, o público alternativo. A marca trabalha com dois tipos de produtos: os criados por eles e os importados.
As peças importadas são selecionados de acordo com o perfil da empresa. Já as criações autorais passam por um processo de escolha ou desenvolvimento de estampas exclusivas, amostragem, confecção e produção em pequena escala. São poucas peças disponíveis de cada modelo, então ao mesmo tempo que a loja apresenta peças em formato de semi exclusividade (os produtos que acabam não são repostos), quem gostou tem que comprar logo senão fica sem! Eu pude comprovar isso, nas últimas duas semanas acessei o site algumas vezes e algumas peças que eu havia gostado (vestido Ouija e bolsa conceitual) já se esgotaram.


 

Minhas dicas: blusa de tela, ótima pra compor looks punks, deathrock ou gótico! E o vestidinho preto com mãozinhas de esqueleto, sem mangas, de decote fechado e comprimento nos joelhos. Quem mora em cidade com pouco frio é só vestir um casaco e meia calça e tá pronto pro outono.


Para quem gosta de estilo retrô, a blusa de manga longa e ombros de fora é uma boa opção pra usar com saias godês de cintura alta. E pra quem quer fazer o estilo Divas do Terror, seja Vampira ou Elvira e mostrar as pernocas numa fenda, que tal a saia longa em veludo?


Para as sereias e fãs de unicórnios: tem moda alternativa irreverente!

É sempre muito bom ter este espaço no blog, afinal super justo a gente ser um intermediário entre as lojas alternativas e os leitores que podem se tornar consumidores! Não deixem de acompanhar o Instagram da loja, que está cheio de dicas de looks! Link aí embaixo! ;)

Instagram: https://www.instagram.com/spookiesbr/


Esta é uma postagem publicitária. Significa que a loja apoia o trabalho do blog Moda de Subculturas contribuindo financeiramente para a manutenção do site e a criação de novas postagens. Patrocine uma postagem também!


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11 de maio de 2017

Boots and Braces: A História da Subcultura Skinhead

A subcultura Skinhead é uma das mais mal interpretadas graças à informações difundidas de forma generalizada, associando todo o grupo com o nazismo, sendo que apenas uma parte seguiu esse caminho. Neste artigo, conto um pouco sobre sua origem e porque é tão associada com violência.

© Symond Lawes Photography

A subcultura Skinhead surgiu da união de elementos de outras duas: os Mods e os Rude Boys. Em dado momento da década de 1960, a subcultura Mod se dividiu em grupos, uma parte se aproximaria dos Hippies e outra parte se tornou os "hard mods”, uma turma agressiva famosa pela rivalidade com os Rockers. A fama de brigões dos hard mods se espalhava por todo o Reino Unido. 
Fãs de Lambrettas, sua estética adotava roupas de marcas genuinamente britânicas como Fred Perry, Crombie e coturnos Dr. Martens simbolizando o orgulho da origem na classe trabalhadora. Adotaram cabelos bem curtos, várias vezes raspados. Naquela época cabelo raspado tinha um significado muito contracultural, apenas soldados e religiosos os usavam, se tornando assim um genuíno símbolo outsider.

Hard Mod e sua Lambretta

Outro grupo que influenciou os skinheads foi a cultura caribenha, especialmente as gangues jamaicanas, chamadas de Rude Boys. Eles ouviam rocksteady, reggae e um estilo chamado “Skinhead Reggae”, conhecido também como “Ska”. Usavam gravatas finas, chapéus trilby e porkpie influenciados pelos gângsters. O cantor jamaicano Desmond Dekker, considerado “O Rei do Ska” foi o responsável por adicionar os suspensórios segurando as calças jeans Levi´s que possuíam a barra dobrada revelando os Dr. Martens. Nesta época, já haviam muitos skinheads negros. Sendo fãs do estilo musical, os Hard Mods frequentavam as festas dos Rude Boys.

Desmond Dekker, “O Rei do Ska”
Laurel Aitken e o Skinhead Reggae ou Ska

Da união destas subculturas se formam os skinheads.
black-and-white-skinheads

skinhead-fashion-style
black-and-white-skinheads
black-and-white-skinheads

A estética que é a junção dos Hard Mods e dos Rude Boys, pouco mudou dos anos 1960 para cá: além das já citadas marcas acima, inclui-se as camisas Ben Sherman e calças Lee ou Wrangler desbotadas para ficarem com aparência de desgaste. Estas marcas na época, eram de valor muito acessível para a classe trabalhadora, não tinham o status cult que tem hoje. Os Skins, além de fãs da música, adotam o jeito de andar e as danças dos Rude Boys. Apesar do nome, não era obrigatório um skinhead ter cabeça raspada, cabelos curtos ou cortados nos estilos militares (raspado embaixo e/ou dos lados) eram usados também.

Nos pés, coturnos ou Dr Martens 
skinheads
Gavin Watson para Dr Martens

"Boots and Braces": coturnos e suspensórios são forte característica estética.
estilo-skinhead
estilo-skinhead-london-street
© Terence Spencer

Em 1966 a Inglaterra vence a copa do mundo e apesar do Holliganismo ser algo muito antigo, foi inevitável associar os skinheads (fãs de futebol e cerveja) aos hooligans. Já o ano de 1969 passa a ser considerado icônico para eles, pois depois deste período a subcultura se fragmentou em extremismo político. Os que rejeitavam o racismo em favor do estilo caribenho se denominavam Trojan Skinheads em homenagem à gravadora homônima. E os trojan começaram a denominar os skinheads com tendências nazistas de "bonehead". Também outro ramo surge, os “suedeheads”, com visual menos extremo: ternos, cabelos maiores e brogues nos lugar das botas. Essa época foi denominada posteriormente como Spirit of 69, ou Espírito de 1969


© Derek Ridgers

As garotas Skinhead usavam a estética sessentista, adotando saias ou minissaias com meia calça/arrastão e como os garotos, camisas, camiseta polo, suspensórios, meias acompanhadas de além dos Dr. Martens, botas curtas e sandálias também da marca. Os cabelos sempre curtos ou médios com o corte feathercut (ou chelseacut): franja e cabelos longos na lateral e embaixo, o que lhes dava os apelido de skinbirds. Quebravam assim as definições de beleza exigidas das mulheres como a de cabelos longos e não usavam sapatos de salto.

Apesar de seguir a moda sessentista, o visual feminino tinha elementos em comum com o masculino como camisas de botão e polo, suspensório, jeans (em calças ou saias) e coturnos.
skinhead-girls-style

 A marca Lonsdale é popular entre os skinheads, uma herança dos Hard Mods.

Se os rapazes usam cabelos raspados, para as garotas, a franja, os cabelos laterais e os de baixo são mantidos. Um dos visuais alternativos mais únicos que existem!
Chelsea haircut
Ilustrações em referência aos cabelos femininos


O desenvolvimento da subcultura nos anos 1970 coincide com o lançamento do filme Laranja Mecânica, cuja violenta gangue do personagem Alex DeLarge, inspirada nos Skins, os torna cults. No fim daquela década medidas de austeridade econômica são impostas, havia alto índice de desemprego e o Reino Unido vivia uma onda de violência, ocorrendo o crescimento da direita racista. 

Assim, no começo da década de 1980, surge no underground punk o gênero musical Oi!, capitaneado por bandas como Sham69 e Cockney Rejects. Estas bandas cantavam sobre futebol, brigas de rua e pubs, com cabeça raspada ou moicanos coloridos mais a tradicional vestimenta skin como botas e suspensório e por vezes tatuagens faciais, os Oi! se diziam apolíticos, no entanto seus shows se tornaram violentos quando passaram a ser frequentados por skinheads de extrema direita.

Devido à repercussão destes shows, na década de 1980, a cena passa a ser associada com o nazismo, surge então um movimento de resgate às origens com um revival ska e um retorno ao estilo rude boy: o 2-Tone (ou two tone), tendo destaque a banda The Specials, a característica destas bandas era ter um vocalista negro e outro branco.

A banda “The Specials”
 2 Tone (ou Two Tone): Jovens brancos e negros dançando ska
O som dos Rude Boys é a trilha sonora Skinhead

Naquela década, surgem também os Skinheads Against Racial Prejudice (S.H.A.R.P.), pois havia chegado no ponto em que se um skinhead não verbalizava ser anti-nazi as pessoas os acusavam de ser nazi. 

Até hoje existem skinheads de todos os segmentos políticos: R.A.S.H. (comunistas e anarquistas), Redskin (de esquerda), Boneheads (White Power), Hammerskins (nazistas) e de todo tipo: negros, brancos, asiáticos e até gays, mas eles muitas vezes não são lidos como skinheads pelas outras pessoas, que criaram um imaginário que apenas os nazi-skins são os existentes.


Ilustrações relacionadas aos Trad Skins, parcela da subcultura
que rejeita a ligação com o nazismo e o racismo.
espírito-de-69-skinheads-trad-skins


Símbolos dos S.H.A.R.P (Skinheads contra o preconceito racial)


Garota Skinhead beija Muhammad Ali em Dublin (Irlanda) na década de 1980.


Muitas informações sobre as subculturas vem da mídia mainstream, é importante ficar alerta para as que podem vir distorcidas. Os Skinheads talvez sejam a subcultura que mais foi punida com informações difundidas de forma incorreta. A divulgação de imagem dos Skinheads costuma resultar em comentários generalizados de que "todos são neo-nazistas", sendo que uma parte da subcultura não é. É importante compartilhar informações para que uma subcultura inteira não seja julgada por uma parcela dela. Tentem divulgar artigos de mídia alternativa ou de quem conhece e/ou convive com os movimentos. Informação é a melhor arma contra a ignorância.

Sim, existem skinheads neo-nazistas e isto é um fato que não pode ser ignorado, é uma parcela da subcultura que se caracteriza por ações de ódio, racismo e preconceito. Para entender esta questão de uma forma aprofundada, sugiro o download e leitura dos manifestos anarco punk "porque somos contra a união de punks com skinheads" que pode ser acessado neste link, já que não será dado visibilidade aos neonazi aqui neste post.




Roddy Moreno, fundador do movimento S.H.A.R.P. britânico diz:

“Um verdadeiro skinhead não pode ser racista. Sem a cultura jamaicana skinheads não existiriam, foi a cultura deles misturada aos britânicos da classe trabalhadora que fizeram os skinheads serem o que são.”



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