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10 de dezembro de 2015

Subculturas e o conceito de individualidade (parte 1) - A liberdade de escolha!

O individualismo, que era a coisa mais legal que as subculturas tinham, se tornou, com o passar das décadas - com a ajuda do capitalismo - uma faca de dois gumes, que muitas vezes pode ser responsável pela intolerância ao próximo, pelo egoísmo, pela "minha opinião vale mais que a sua", porque perdemos o hábito de em grupos, dividir tudo e saber lidar pessoalmente com opiniões divergentes. Por que nos isolamos em frente do computador e reclamamos da falta de amizade e solidão? Enquanto que no passado, tudo que o jovem queria era sair pra rua encontrar as amizades pra dividir e debater, cara a cara, as opiniões divergentes e praticar a diplomacia. Largamos nosso interesse pela comunidade em troca de prazeres individuais tendo a moda como reflexo de tudo isso.

garota punk, meados da década de 1980.

Vamos para 60 anos atrás. Esqueçam o hoje.

Imagine uma jovem mulher na década de 1950.
De repente, se anunciava: a moda primaveril é um vestido verde com um laço nas costas. Todas as mulheres precisavam ter um vestido verde com um laço nas costas. A moda ditava: "tem que usar" cor de rosa nesse verão. E todas as mulheres precisavam ter um vestido cor de rosa para o verão! E se não usassem? Seriam vistas como deselegantes e fora de moda. Os julgamentos sociais eram fortes e levados em consideração.
Mas... e se elas não gostassem de rosa, de verde ou de laço? E se elas não gostassem do penteado ou da maquiagem da moda? Não tinham escolha. Elas TINHAM QUE usar para serem respeitadas. Haviam linhas  seguir, silhuetas a corretas a se vestir...
Embora o conceito de indivíduo como conhecemos hoje tenha surgido no século XIX, a falta de individualidade ainda era bem presente na década de 1950.

É relativamente fácil estudar história da moda até a década de 1950, pois tudo era meio que padronizado. Homens e mulheres usavam as mesmas roupas e estas se diferenciavam pelas classes sociais. As pessoas mais simples usavam a silhueta da moda com tecido de menor qualidade e apenas os pobres "tinham o direito" de não seguir moda. As classes sociais eram muito divididas através das roupas. Quem sabia costurar imitava a roupa dos ricos depois de economizar meses pra comprar um bom tecido.
O pai mandava, filho obedecia.
Na real: não havia uma ALTERNATIVA

Mas daí... veio por exemplo, o Rock n Roll.
O rock dizia "eu quero escolher minha vida, quero ser diferente dos meus pais, quero ter liberdade de escolha".

Rockers

E foi lá, na década de 1950 que surgem jovens que contrariavam essa obrigação de ser igual. Jovens rockabillies que usavam jeans (calças usadas por trabalhadores), camiseta (peça que era considerada underwear) e jaqueta de couro chocavam a sociedade. E tão cruel era a sociedade da época, que os pais destes jovens sofriam preconceito da vizinhança. O que acontecia com os jovens? Eram expulsos de casa por serem a vergonha da família, mães choravam porque seus filhos eram párias e as envergonhavam socialmente. Tudo isso porque estes jovens estavam expressando sua individualidade. Estavam expressando que não queriam mais viver a vida como seus pais queriam escolher seus próprios caminhos.

Rockabillies

Por isso até hoje, jovens encontram nos segmentos musicais do Rock uma identificação tanto estética quanto comportamental. Porque o rock tem um viés questionador, contestador e socialmente desafiador.

Na década de 1960, por causa da minissaia, a bainha feminina diminui. Desta vez, as mulheres tinham que encurtar suas saias mesmo que elas não gostassem de mostrar as pernas. Os jovens ousavam expressar sua individualidade e foi nessa época que eles passaram a ditar a moda na sociedade, nesta década também, surgem as múltiplas escolhas de moda. Por causa dessa revolução juvenil, chocavam muito a sociedade, vide a Swinging London e os hippies.

Jovens mods na década 1960, eles quebravam com a estética "careta" de seus pais.
 


Até que no fim da década de 1970, surge a estética Punk e aquilo foi um choque social tremendo! Imaginem o absurdo: jovens usando o que quisessem, desconstruindo tudo e expressando suas individualidades ao máximo em visuais nunca antes vistos?? Inaceitável né? (#ironia).
Esses jovens eram da geração chamada Baby Boomer. Jovens que expandiram o conceito de individualidade estética.

Hoje idosos, a geração Baby Boomer revolucionou o conceito de juventude.

Quando no post "Subculturas e o conceito de liberdade" escrevi que subculturas não aprisionam e quem tende a fazer isso é o mainstream, era sobre isso escrito à cima que eu me referia. Sobre o contexto histórico em que elas estão inseridas. Vocês conseguem perceber como as subculturas "libertaram" os jovens de padrões comportamentais e estéticos permitindo que eles expressassem suas individualidades através da livre escolha de moda?

Os programas de TV desde sempre eternizando a ideia de que alternativos são "errados" e precisam ser "consertados". Neste anúncio do começo de 80s, o canal ABC pergunta: "O que fazer quando seu brilhante, amável e talentoso filho vira punk da noite para o dia?" Na imagem, o ator tem atitude agressiva e desafiadora perante a família, já passando a ideia de que o problemático é ele (e não a sociedade preconceituosa).
 

Hoje, ao invés da autoridade na moda, há a pluralidade. Hoje, existem várias alternativas. Hoje, o termo "tem que usar" nunca esteve tão fora de moda. E foram os jovens, foram as subculturas que impulsionaram isso. Impulsionaram estas mudanças sociais. Por isso não tem como negar que eles foram e ainda são extremamente importantes na nossa história. Querer fechar os olhos pra cultura alternativa, querer não respeitar o direito dela existir, ou não levar os jovens à sério em qualquer época que seja, é um grande atraso seja na questão da moda, seja no entendimento do que nossa sociedade é hoje. Porque o jovem empoderado de si mesmo tem poder de mudança social!

Podemos conviver pacificamente e tolerantes com todas as idades e com todas as diferenças, basta estar de mente aberta, ter empatia e julgar menos quem é diferente de você nas ideias e no visual. O julgamento e o desejo de mudança do estilo do outro alimentam o preconceito.
 

Vou continuar falando de individualismo da década de 1980 até chegar aos dias de hoje pra continuar esse questionamento amplo sobre solidão, infelicidade, subculturas, individualismo, egoísmo e quanto o mundo pós moderno pode ter sua responsabilidade sobre isso. E a Moda no meio disso tudo, claro! No próximo post! ;)



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Artigo das autoras do Moda de Subculturas. Para usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, linke o artigo do blog como respeito ao direito autoral do nosso trabalho (lei nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998). Tentamos trazer o máximo de informações para os leitores até a presente data da publicação. 
 

4 de abril de 2015

Breve história das Hot Pants: sua presença no Rock e na moda alternativa

Nós já havíamos falado aqui no blog sobre a estilista Mary Quant e sua criação, a minissaia! Mas essa jovem criadora de moda, também leva os créditos pela criação de uma pequena peça com a cintura no lugar e que deixa a maior parte das pernas de fora: as hot pants.



Na Swinging London de espírito libertário, as mulheres revelavam mais os seus corpos como um sinal de rebeldia e emancipação. A década de 1960 foi a época da contracultura e redefiniu muitos conceitos sociais e culturais, uma nova maneira de olhar o mundo. 
 
A estilista Mary Quant

Quant foi responsável pelo look lolita, o vestido camisola/de alcinha, capas de chuva de PVC, olhos esfumados, cabelos num corte bob curtíssimo. Ela encorajava jovens a se vestir pra si mesmos e usar a moda como uma brincadeira.

A estilista costumava lançar coleções ousadas, avant-garde e em materiais diferenciados e em 1969 lança este short super curto. Se uma minissaia precisa ter 30cm pra ser considerada minissaia, as hot pants precisam ter no máximo 5,28 cm de "pernas", e eram elas mesmas, as pernas e as nádegas as partes a serem enfatizadas.


A inspiração? 
Os trajes de banho das décadas de 1940 e 1950!



A hot pant ficou na moda até o começo da década de 1970, que favoreceu muito a peça devido à nova tecnologia de tecidos, em especial o poliéster. Mas no fim da década a  ousadia das meninas do Rock resgataram e deram ares rebeldes às "calças quentes". 

Debbie Harry, Marie & Cherie Currie e The Runaways

Na década de 1980, a peça ganhou tons pastel ou versão em jeans. E na década de 1990,  a perna ficou um pouco maior, como vemos nas fotos da Phantom Blue e da Doro Pesch...


... e Liv Tyler

Na década de 2010 foi resgatada no revival da moda dos anos 90, como é uma peça de roupa ousada, é mais comum vê-las vestidas em adolescentes ou jovens.
Mas a Moda Alternativa adora uma ousadia e encontramos versões pra todos os gostos na web. Desde as peças com pegada mais rock, passando por punk, horrorpunk e até mesmo em versões pastel e metalizadas.


As peças em latex também são um espetáculo à parte!
E você, o que acha das Hot Pants?
Usa, tem vontade ou não é seu estilo?
 


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21 de julho de 2014

Minissaia: a peça mais revolucionária da moda completa 50 anos!

Por alguns ela (ainda) é considerada vulgar, indecente e deselegante. Mas o fato é que ela já se tornou um clássico da Moda. Uma peça de roupa que incomoda tanto só poderia mesmo ter nascido e se firmado entre os rebeldes: a mini saia! Nós, que já nascemos acostumadas à elas, talvez não imaginemos o quanto as minis foram revolucionárias.

Uma breve história
Após a segunda guerra mundial, a chamada geração Baby Boomer vivia numa Londres de efervescência cultural e de mudanças de costumes. O rock n' roll, a psicodelia, a pop art e os hippies eram alguns dos movimentos que surgiam. A jovem inglesa Mary Quant (que completou 80 anos em 2014) é considerada a criadora* da mini saia. Mary era fã do carro "Mini" e por isso a saia recebeu este nome. Desde os anos 1960, devido à Swinging London, Londres é considerada a capital da cultura pop e da moda para o mundo todo!
* o francês André Courrèges, inventor do vestido trapézio, também é considerado o criador da mini saia. Em 1965 ele lançou a "Mod Collection". Yves Saint Laurent e Pierre Cardin também fizeram coleções com a mini na mesma época.

Mary Quant diz que foram as próprias garotas de King's Road que inventaram a peça, que era fácil de vestir, simples e juvenil. Você poderia se mover livremente, pular e correr atrás do ônibus. Mary diz que apenas começou a fazer a barra na altura que as garotas queriam: bem curtas!

Mary Quant nos anos 60 e atualmente

Naquela época, havia todo este espírito libertário no ar, as mulheres revelaram seus joelhos e coxas pela primeira vez, o que foi visto como um sinal de rebeldia e emancipação.

Twiggy, modelo símbolo da Swinging London, viva com minis! O corpo magro entrou em voga para as mulheres da época para contrastar com os corpos rechonchudos de suas mães e avós. Um rompimento com as gerações anteriores consideradas antiquadas. Uma nova geração, novos hábitos, novo corpo!



Coco Chanel, uma mulher que em sua juventude foi à frente de seu tempo, quem diria, não aprovava as minis! Atualmente, a marca Chanel tem Karl Lagerfeld como diretor artístico desde 1983, e ele é um especialista em saias curtas. Karl cutuca, dizendo que Chanel, aos 80 anos, estava fora de moda e não entendia os anseios da nova geração! Outros dizem que ela não gostava de ver jovens no comando da Moda da época...

A Revolução
Antes da mini saia, a roupa era usada para esconder as mulheres de "apetites" masculinos, só que tais roupas não eram práticas e dificultavam os movimentos. A mini vinha como uma opção rápida e prática de se vestir, tornando a moda  mais divertida e decretando a morte da austeridade convencional.
Símbolo do feminismo da época, a mini saia, era uma forma de se rebelar, de reivindicar a sensualidade e a sexualidade. Isso, é claro, desagradava os pais das garotas que as proibiam de usá-la. Mas não tinha jeito, elas simplesmente pegavam seus vestidos e os cortavam!
A mini era algo tão novo que quando a peça  chegou aos Estados Unidos não havia um mercado pronto para recebe-la, mesmo assim, a juventude americana estava igualmente fascinada e ansiosa pela liberdade, buscando roupas menos rigorosas e uma elegância ousada.


A saia chegou a ser proibida em países como a Holanda, houveram protestos contra ela na França. Mas também houve protestos de mulheres exigindo o direito de usá-las! Uma peça que ganhou comoção popular porque mostrava um pouco mais do corpo feminino, sempre considerado um "objeto" a ser resguardado, já que os velhos hábitos diziam para as mulheres se vestirem de modo "decente", afinal elas passavam de ser propriedade dos pais para logo a seguir serem dos maridos. Demorou uns bons anos pros tabus caírem, a revolução de maio de 1968 ajudou nesse processo.



A Mini Saia hoje
Pelo fato de ser curta, muitos a associam à vulgaridade, o que de certa forma não é certo. A vulgaridade (assim como a elegância) é muito mais ligada à gestos e atitudes do que à uma peça de roupa específica.
Se nos anos 60, os corpos magros rompiam a geração baby boomer com a de seus pais, atualmente já está mais do que provado que todos os tipos de corpo podem usar a peça, mesmo as mais gordinhas [como mostramos aqui, aqui e aqui].
Usada com leggings ou meias calças, torna-se uma peça menos sexy e ousada, ao mesmo tempo que simboliza uma ambiguidade: liberdade + repressão.

Embora tenha sido um símbolo do feminismo e logo a seguir uma vítima do machismo - é comum dizerem que mulheres não devem usar mini saias porque elas não são peças "corretas" ou "são vulgares" ou ainda que "facilitam o estupro" e mais "n" motivos (todos ruins!) - nos dias de hoje, por ter se tornado uma peça clássica, ela já perdeu muito de suas conotações originais, se tornou uma peça ambivalente e até mesmo de militância, já que o feminismo atual luta pra que mulheres tenham direito de usar a roupa que quiserem sem serem julgadas ou atacadas. 

A Mini Saia nas Subculturas
Ao longo das últimas 3 décadas, a mini saia e as subculturas mantém uma relação estreitíssima! Se na década de 1960, a mini tinha fama de revelar e libertar os movimentos das mulheres e ser parte da cena Mod, na década de 1970 ela saiu um pouco de voga pra dar lugar às saias longas e esvoaçantes.

Mas em fins dos anos 70 e começo da década de 1980, elas retornam ligadas à cena punk e hard rock.

Garotas Punks: Mini saia e meia arrastão.
garotas punks


Catwoman, Poly Styrene e Ari Up: nas garotas punks a saia curta é desconstruída, 
tem influência fetichista e ganha ares agressivos.


Na cena hard rock oitentista, as mulheres assumiam sua sensualidade!

Logo a seguir, nos anos 90, reaparece na moda grunge, com seus vestidos camisola e no estilo Kinderwhore (com referências à moda dos anos 60). A saia curta da época misturava inocência e agressividade...


... no fim da década ganha status de sofisticação, muito bem ilustrada no filme "Clueless - Patricinhas de Beverly Hills". Poder, autoridade e segurança também foram associados à uma super mulher de sexualidade agressiva, popularizada pelo Girl Power das Spice Girls.


Na cena rock mais pesada: Kittie no fim dos anos 90 e no começo dos anos 2000, Amy Lee:


PJ Harvey ousa com uma mini saia de vinil!

Desde a década de 90, Shirley Manson é conhecida por usar saias e mini vestidos no palco.

A punk Broody Dalle, costuma usar calças, mas quando resolve mostrar as pernas usa vestidos de barras bem curtas!



Elas também são muito populares na cena punk atual. Nina Hagen é fã da peça!
 

Algumas mini saias de lojas góticas. Uma mini fica normalmente na altura da metade das coxas, seja ela com cós alto, médio ou baixo. Outra coisa que a caracteriza - especialmente nas saias de cós baixo - é ter entre 10 e 30cm de comprimento.




 Cyber Goth!


Em tempos atuais de retorno à feminilidade, a mini saia nunca esteve tão presente, mesmo na masculinista cena heavy metal já vemos diversas mulheres quebrando as barreiras estéticas da subcultura. Quando as cantoras começam a usar determinada peça de roupa, pouco depois as fãs tendem a imitar o estilo.

Cristina Scabbia, Liv Kristine, Sabina Classen, Sharon den Adel; Angela Gossow (saia curtíssima!), Grog, Liv Jagrell, Lzzy Halle.

E você? Também acha que as mini saias revolucionaram? Gosta/usa a peça?

*Texto feito baseado em pesquisa das autoras do blog. Se forem usar trechos ou como referência, citem o link como fonte pra não ter problemas com os direitos autorais ;)

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