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3 de junho de 2016

Adultos em Idade Produtiva: Criatividade tem limite de idade?

Quando Ari Seth Cohen criou o site Advanced Style (que por sinal, nós amamos!), conseguiu mudar a visão e fortificar um segmento que a indústria não prestava atenção. Aqueles são idosos da Geração Silenciosa e da Geração Baby Boomer, que vieram ao mundo para transgredir, seja quando jovens das décadas de 1940 a 1970 ou idosos nos anos 2010. Percebendo aí um público importante, o comércio que não é bobo, aproveitou para investir nesse mercado que tende cada vez mais crescimento, apesar de alguns editores de moda afirmarem ser algo passageiro. De lá para cá, começou a se falar sobre a "juventude sem idade", da qual deu ênfase a esse consumidor que acabou virando o rosto de várias marcas estrangeiras em 2015.

Recentemente circularam no Facebook, links de sites variados que celebravam mulheres acima de 60 anos com cabelos coloridos, foi ocultado que algumas delas são modelos ou trabalhavam com arte/design. O ponto observado por nós ao visitar esses links foi: ter cabelo colorido acima dos 60 anos está fácil de ser aceito pela sociedade, pois aposentados podem fazer o que quiserem de suas estéticas. Os anos de cobranças sociais já passaram. Eles não devem nada pra ninguém, já cumpriram as obrigações exigidas de um cidadão que é trabalhar e dar dinheiro ao Estado.   

idosas com cabelo colorido

Quais as diferenças entre ser ousado na adolescência e quando idoso? Como é ser ousado na idade produtiva?
Nos primeiro caso, é uma fase de experimentações e descobertas. O segundo cumpriu os deveres como cidadão e contribuiu para o progresso da sociedade. O que já não ocorre com quem está na idade produtiva, especialmente entre os 22 e 60 anos, fase em que não há desculpa para cometer imaturidades, as responsabilidades são cobradas, você tem que trabalhar para sobreviver e por causa disso é obrigado a se submeter a situações que a adolescência ou a velhice dariam a liberdade de escapar. Como ser transgressor nessa faixa etária? Como desconstruir as regras sociais? 

Quando a moda se aliou ao marketing para vender juventude, venderam para os Baby Boomers e as gerações seguintes (incluindo as nossas!) que ser criativo é ser jovem, que se nos mantermos criativos quando adultos, não envelheceríamos nunca. O problema é que automaticamente nos transformamos em "adultos crianças", ou seja, pessoas infantilizadas, desesperadas para chamar a atenção, com medo de envelhecer, "nostálgicos", sendo comum se enturmar com os jovens para não perder a criatividade. É uma linha tênue.
Só que pais ou mães que "se enturmam com os jovens" são constantemente mal vistos e criticados. Ser transgressor em idade madura, incomoda tanto assim? Quem nos ensinou que isso é ruim? Por quê?


Criatividade e liberdade não tem idade!
Lembre-se que muitos eventos e publicações alternativas são geridas por adultos - como esse blog. Nossa fase adolescente já passou faz tempo. Parte do preconceito que sofremos é pensarem que somos imaturos porque insistimos em sermos alternativos aos 30 anos. Todos querem mudar nosso jeito e estilo. E esse é um preconceito pesado, algo que ninguém se importa de reproduzir, afinal, estamos em idade produtiva e precisamos cumprir nossas obrigações de cidadãs trabalhando e pagando os impostos pra sustentar o sistema. Devemos esperar atingirmos 60 anos pra voltarmos a sermos ousadas como as senhoras ilustradas acima?? E só daí nos celebrarão como cools?

Gwen Stefani aos 30 anos de idade: "Fiz 30 e quero ser adolescente de novo", diz ela. Na época Gwen pode não ter se ligado, mas ela inconscientemente também associou irreverência e criatividade com juventude.


A "idade produtiva" não é cool o suficiente para a sociedade?
Como exemplificado no post anterior, é um mito colocar que só pessoas muito jovens possuem ânsia de mudanças, são mais criativas, se manifestam e o que mais de adjetivos forem ligados a juventude. Ter o espírito transgressor não possui idade. Ao contrário. A maturidade e o conhecimento adquirido pelos anos de vida nos fazem ser mais assertivos com nossas escolhas. Ou seja, se quisermos mudar algo, vamos ter muito mais chances de acerto devido a experiência e a cautela de observar um problema por todos os ângulos. 

Outro ponto interessante foi desatar o nó que essa questão acaba gerando. É preciso lembrar que vivemos num mundo de diversos contextos sociais, e essa cobrança de "fazer tudo" antes dos 25 pode deixar gente frustrada por se achar ultrapassada para fazer algo que no fundo não tem prazo. Você vive com pais conservadores que não admitem piercing, tatuagem e cabelos coloridos? Seu emprego não permite tais adornos? Acalme-se! É perfeitamente normal esperar o tempo apropriado para poder fazer as coisas que curte, ninguém está velho para ter a primeira tatuagem ou pintar os fios de cores diferentes aos 40. 


A apresentadora Astrid Fontenelle pintou o cabelo de rosa 
pela primeira vez depois dos 50 anos.

Enquanto estereótipos de velhice tem caído por terra, os estereótipos da idade produtiva permanecem. Acredito que essa é a revolução social de quebra de comportamento mais desafiadora no momento!

Vocês acham que a mudança social mais importante se dará no dia em que pessoas em idade produtiva sejam tão celebradas quanto os idosas por terem cabelos coloridos e estéticas alternativas? 


 


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1 de junho de 2016

Subculturas não tem idade: Adultos que adentram no mundo alternativo

Dentro da Geração Silenciosa, encaixam-se os primeiros frequentadores de subculturas. Nascidos entre aproximadamente 1925 e 1942, deram origem à grupos como Teddy Boy/Girls, Rockers/Bikers, Beatniks, Hippies, a Swinging London e criaram  sonoridades como o Rock n Roll. Dessa geração podemos citar como exemplo Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Little Richard e pessoas que estão - ou estariam - hoje entre os 70 e os 90 anos de idade.

Mas o que contaremos agora são casos como o de Viva, ilustrado abaixo:
pessoas que adentram subculturas DEPOIS de adultas. 


Viva tem 82 anos e adentrou no punk rock quando estava com 45 anos. O punk a atraiu porque a fazia se sentir livre pela falta de regras. Ela não sabia cantar, mas na cena isso não importa, você é livre pra se expressar sabendo ou não tocar ou cantar. Se você tem o espírito e a energia punk é o que vale, diz ela no vídeo a seguir.


Além de Viva, nos lembramos de Vivienne Westwood que tinha 35 anos quando também se envolveu com a subcultura punk produzindo roupas ultrajantes e criando estilos usados até hoje pelas gerações seguintes.


Recentemente assistindo ao documentário Envelhescência, nos surpreendemos com o caso de Judith Caggiano. Hoje uma senhora toda tatuada que ouve punk rock, ela começou a se tatuar após os 70 anos e adentrou no estilo de vida do filho motociclista.


Temos também Isobel Varley, que fez sua primeira tatuagem aos 48 anos e morreu aos 77 sendo a mulher mais tatuada do mundo segundo o Guinness World Records.


Válido citar algumas musicistas que conseguiram sucesso na faixa entre 27 e 30 anos numa indústria que cria ídolos com idades cada vez mais jovens:

Wendy O. Williams tinha quase 29 anos quando criou a banda Plasmatics, que é considerada por alguns a primeira banda que mistura sonoridade e atitude punk com o metal.


Cindy Lauper explodiu nos anos 80 com 30 anos de idade.

Kim Gordon é outra que começou na banda Sonic Youth aos 28 anos.

Debbie Harry tinha 30 anos quando o álbum Blondie foi lançado.

Shirley Manson tinha 29 anos quando a banda Garbage estourou, ela conta que "se sentia velha" como contamos neste post dedicado ao estilo dela.



Estudos olham as subculturas apenas como cultura juvenil.
E de fato, em grande parte era, mas isso parece estar mudando
na medida em que o mundo passa a permitir uma maior liberdade de expressão da individualidade.


Os casos acima, entre outros, nos chamam a atenção por saírem fora do conceito de que é permitido somente aos jovens a rebelião, a contestação e o uso de estéticas alternativas. O próprio Marketing de massa explora a ideia de que adultos devem se comportar dentro da normalidade enquanto estão na idade produtiva.

Observando isso, também notamos um atraso significativo nos estudos de moda e comportamento relativos à esse tema, por exemplo: a moda mainstream só dá valor aos estudos de jovens até 24 anos ou após os 60, as idades entre estas são ignoradas. Enquanto que as subculturas estão à frente, quebrando as regras de todas as gerações. 

Nestes estudos mantém-se a ideia que o adulto não pode ousar nem ser criativo. Tem que ser um robô. Tem que passar pelo esquadrão da moda pra jogar a criatividade fora porque "já passou da idade". Criou-se essa coisa de que a criatividade, transgressão e rebeldia só pertence aos jovens. No nosso ponto de vista, isto não é verdade. Isso não tem idade.


Subculturas podem soar ultrapassadas na pós modernidade,
mas é impressionante como são relevantes em termos culturais. Ainda seduzem jovens e adultos que estão com disposição de quebrar as regras!



Enquanto muitos dizem que ser alternativo “não é só uma fase”, o que dizer de pessoas que estão se descobrindo parte de subculturas na idade produtiva: aos 30, 40 ou 50 anos? E aí, vamos podar essas pessoas? Vamos dizer que elas estão erradas, estão sendo imaturas ou com medo de envelhecer e pedir pra elas largarem de lado suas criatividades e novas descobertas?
É isso que vamos continuar analisando no próximo post.


 

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12 de dezembro de 2015

Subculturas e o conceito de individualidade (parte 2): A autenticidade é uma moeda poderosa.

Essa é a segunda parte de nossa análise sobre Subculturas e Individualismo. A primeira parte vocês podem ler clicando no link abaixo:





Quando estudamos subculturas precisamos de distanciamento pra compreender o contexto social de outras épocas sem levar em conta julgamentos pessoais. Essa neutralidade é fundamental pra estudar gerações do passado e seus grupos. E é impossível estudar subculturas sem estudar os jovens. Jovens costumam ser os seres que praticam mudanças sociais e por isso, temos que estudar um pouco de sociologia e antropologia também.

Muitos acadêmicos dizem que existe certo conformismo em ser parte de um grupo, MAS o individualismo que as subculturas pregaram não pode ser confundido com egoísmo e egocentrismo tão presentes na atualidade. Individualismo tem a ver com liberdade. Liberdade de escolher quem e como você quer ser como indivíduo.


Partindo do princípio que subculturas uniam jovens com interesses em comum, os interesses eram compartilhados. Dentro das subculturas (dentro de um grupo), cada pessoa exercia sua individualidade. Uma punk pode gostar de estampa de onça e ter cabelo verde; outra, cabelos loiros, jeans e camiseta rasgada. Uma roqueira, pode gostar de beber cerveja; outra é natureba. Uma gótica pode gostar de rendas e estética vitoriana; outra, prefere usar corset de vinil e mini saia. O que as une dentro da mesma subcultura, é a música, cultura, valores ou ideologias em comum. Existem leves diferenças de estilo, mas são as semelhanças que as unem. Assim, nas subculturas, o individualismo é sua expressão pessoal sobre um determinado assunto em comum com outras pessoas. E isso é talvez, um pouco complicado de entender pra quem nunca conviveu ou testemunhou.


Quando um punk cortava o cabelo moicano e pintava de verde, suas chances de arranjar um emprego diminuíam e o preconceito aumentava. Em solidariedade, outros punks tinham atitudes semelhantes pra um apoiar o outro e não se sentirem sozinhos. Neste sentido, o que me veio à mente foi: num mundo tão individualista como o de hoje, onde cada um quer exercer ao máximo sua liberdade individual, faz sentido esperar união na cena alternativa? No passado, pessoas diferentes se uniriam à subculturas pois o sistema tradicional não as abraçaria. Hoje que a sociedade não tem mais tanta resistência ao diferente e os jovens podem viver bem sem se unir a um grupo, será que essa possibilidade também os afasta da vivência em grupo nas subculturas? E onde estes jovens encontram apoio? Na esfera virtual? Será que não é exatamente essa ausência de convivência física com pessoas com ideias em comum que, aliado ao estilo de vida pós-moderno, estão deixando-os com uma sensação maior de solidão?

Segundo Zygmunt Bauman, a vida pós moderna é fluida, nada é fixo, o hedonismo (prazer imediato) é o objetivo da existência, existem opções infinitas de possibilidades de tudo, mas todas as escolhas recaem sempre no circuito do consumo. Sempre. Essa é a característica da vida atual.

pézinhos punks

Quando partimos pra década de 1980, os jovens da chamada Geração X, já tinham uma liberdade de escolha bem maior que os Baby Boomers tiveram. Parte destes jovens adentraria subculturas, outra parte não. Essa geração aprendeu sobre subculturas pela mídia, ou seja, ela não necessariamente conviveu com hippies, punks e góticos originais, mas imitou o que viu na TV e revistas sobre eles e passou a se dizer parte destes grupos e formar suas turmas. Essa geração se identifica com tais subculturas um pouco pela ideologia, um pouco pela aparência e muito pela música. Existia uma palavra em voga nessa época: atitude. A pessoa precisava ter atitude pra poder sustentar um look ("atitude" seria uma mistura do que hoje a gente chama de "pró-atividade" aliado a questionamento, empoderamento, ousadia e personalidade forte). E essa geração, passará a misturar elementos das estéticas subculturais já existentes para criar o próprio estilo. A própria música grunge tem uma mistura de punk e metal. O Heavy Metal passa a incorporar o punk e o gótico. E a subcultura gótica, o eletrônico e o cyber. Surge também uma das subculturas mais individualistas que já existiu: os clubbers


Penso que uma das bandas que ilustra bem essa questão da mistura estética entre subculturas que rolava na década de 90, é a Kittie. Selecionei estas imagens que considero ótimas para análise: em sentido horário, na primeira foto, Mercedes Lander usa calça com "fogo" prateado (referência clubber) e plataformas góticas em roupa de couro (referência rock/metal). Já as outras meninas usam silhueta da moda mainstream da época misturado com elementos rock. Na pequena foto do meio, Talena e  Fallon Bowman estão com referência gótica em peças com vinil e no make dark anos 90. Na foto da ponta direita, a referência skate/streetwear é forte e na pequena foto abaixo, no meio, existe um mix que vai de gótico, punk até mainstream. E vale lembrar que elas eram consideradas uma banda de Heavy Metal. 

Clique na imagem para aumentá-la.

Como novos sons musicais são criados, novas vestimentas surgem pra refletir o tipo de som que eles ouvem. É possível que o vestuário destes jovens, especialmente de meados da década de 1990 pra frente, seja mutável. Assim, aos poucos, interesses ideológicos e musicais podiam ficar em segundo plano e isso explica-se assim:
Na década de 90, por vários fatores, o consumismo e consequentemente o capitalismo, aumentaram. Fazer dinheiro a todo custo tornou tudo vendável. Até a autenticidade. Então, a moda alternativa passa a ser sondada pelos cool hunters, profissionais que já foram apelidados de "parasitas", porque captam estilos de pessoas ou grupos e os transformam em produtos vendáveis na moda mainstream.
Quem nasceu ou foi adolescente de 1994 pra cá, recebeu da sociedade essa mensagem de que "moda alternativa é comprável em loja mainstream". Assim, como tudo que nos é ensinado, você se habitua, passa a achar aquilo "normal" e não questiona. Pelo fácil acesso, acaba misturando estilos pra criar "sua identidade" e expressar sua individualidade.

O grunge é conhecido como a última subcultura de rebeldia, depois dela, todas as outras já nasceram influenciadas pelo mainstream, pela mistura, cooptação e venda de estilos subculturais - e estes, se tornaram mais facilmente descartáveis.


Por que os cool hunters e o mainstream prestam tanta atenção nas subculturas e na moda alternativa?
Porque a autenticidade é uma moeda poderosa.
A moda vive do novo. Ou do "fingir" que vende algo novo: a calça boca de sino virou flaire, a alpargatas vira espadrille. Um novo nome pra moda não parecer velha. O jovem adora e consome o novo. O jovem é o foco da moda atual.
Vender autenticidade para as massas se tornou um hábito em uma sociedade pós-moderna disposta a comprar tudo que valoriza a diferenciação e a individualidade. 


O que diferencia a moda alternativa e a mainstream não é apenas o preço, é o contexto.
Enquanto os fashionistas vestem jaqueta de couro compradas pela etiqueta e vazias de ideologias, na moda alternativa veste-se um código iconográfico que transmite a ideia do que você/gosta é ou qual subcultura é sua referência. Aquela jaqueta de couro preta que fez jovens serem expulsos de casa na década de 1950, hoje é fashion e desejada, quem não a tem está "fora de moda", quem a usa, não mais será expulso de seu lar, mas sim admirado pelo estilo "cool". E outros desejarão comprá-la para se tornarem cool também. 

Jaqueta de couro com spikes, década de 1980.

A partir da década de 1990, toda a história e estética das subculturas viraram  mercadorias num  "supermercado de estilo" onde você poderia comprar cada dia uma peça diferente inspirada em várias subculturas, criando um estilo "sampleado". Assim, as subculturas mais significativas começam a declinar pela perda de adeptos. Para se ter a tal autenticidade, vale experimentar tudo.


A era de ouro das subculturas acabou?
Elas não vivem mais seu ápice criativo, mas mantém vivas o desejo de preservar a memória do passado. Mas não diria de forma alguma que acabaram.
Que vira adeptos de uma subcultura hoje acaba sendo ousado por optar a ter visuais fixos indo em oposição à uma moda alternativa super mutante. Podem ser uma cópia dos que foram originais no passado. Ser uma cópia, nesse sentido, não é todo ruim, existe até certo romantismo querer que todos sejamos iguais de novo, unidos por um ideal em comum, compartilhando vidas, opiniões e amizades. Uma espécie de nostalgia de uma época em que não viveram.

Usar arreio não é novidade (Peter Murphy).
Os alternativos atuais copiam o passado.

Penso também que há o lado positivo a ser celebrado na mistura de estilos subculturais: à nosso próprio modo, carregamos e espalhamos a herança dos punks. Porque de certa forma, foram os punks que inventaram a mistura de estilos quando diziam: vamos fazer por nós mesmos (do it yourself)! E foram eles os primeiros a usar uma moda eclética, desconstruída e reconstruída. Maquiagem caricata, cabelos malucos, acessórios inusitados... Peças tão diferentes usadas juntas resultando num visual único. Individualista. E cheio de atitude.


"Punks não morreram." (Nina Hagen)

Na terceira e última parte, a seguir, falo do começo do século 21!


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30 de agosto de 2015

Rebels Without A Pause: Idosos que ainda vivem suas subculturas

Estes dias esta matéria caiu sobre minhas vistas e estou tomando a liberdade de traduzi-la aqui pois tem tudo a ver com o blog! Para ver todos os participantes, clique aqui.

O fotógrafo britânico Muir Vidler decidiu fazer uma série de fotos chamadas Rebels Without A Pause, com renegados de "uma certa idade". A ideia veio quando estava trabalhando para uma revista e conheceu Adrian Delgoffe, um homem na faixa dos 60 anos que estava usando calças de couro e dançando sozinho em um clube, ao invés de estar em casa, em frente à TV como muitos de sua idade estariam. Vidler percebeu que poderia haver mais pessoas cuja idade não define quem eles são, como eles se vestem e nem como agem, desafiam os conceitos sociais. O fotógrafo passou a frequentar bares e clubes em torno de Londres procurando encontrar candidatos para as fotos.


Isobel Varley
Isobel está no Guinness World Record registrada como a mulher mais tatuada até sua morte, em maio deste ano aos 77 anos.
Eu tive minha primeira tatuagem aos 48 anos. Eu adorei e continuei fazendo. Eu também tenho piercings nas orelhas, nariz, mamilos, umbigo, clitóris e em todo lugar. Fiz algumas coisas loucas na minha vida mas não tenho arrependimentos. Amo minhas tattoos e sou feliz por tê-las feito.



Sid Ellis:No meu tempo livre eu vou pra clubes de fetiche ou fazer tapeçaria. Eu gosto de tapeçarias medievais".



Adrian Delgoffe: este é o senhor que o fotógrafo viu dançando no clube em roupas de fetiche que o inspirou a criar as fotos. Ao encontrá-lo para tirar suas fotos em casa, Delgoffe, que também é skatista, o levou para uma pista de skate. 
Pra mim, é fantástico estar na companhia de pessoas mais novas. Acho meus contemporâneos terrivelmente chatos. Às vezes gritam comigo dizendo pra eu crescer, mas eu acho que eles tem é inveja.” 





Steve ‘Bell Boy’ Bell – The Odd Mod Squad:Todos os anos eles falam de um revival Mod. Isso não significa nada para nós. Nós nunca desaparecemos."
 



Frankie ‘Knuckles’ Lacy:Sou Ted desde 1958. O Rock and Roll entra nas suas veias e você não consegue simplesmente se livrar dele.



John G. Byrne:Sou um skinhead original de 1969, no entanto como a maioria dos skins gays eu ainda me vejo como jovem. Eu gosto de andar com pessoas jovens e me acostumar com as coisas novas."



Ray Cook e Steve Howard, Steve: “Eles me chamam de Mod Jurássico porque eu sou o mais velho do clube agora.”
  


Mick and Peggy Warner,  Mick: “Nós temos nosso cabelo e nosso visual mas nós estamos muito velhos pro bop (dança) agora, faz minhas costas doerem." 


Só senti falta de ver mais mulheres na matéria, mas não tenho dúvida que existem muitas.

E vocês, também serão "rebeldes sem pausa"?



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16 de abril de 2014

Baby Boomers: Como eles estão revolucionando o conceito de juventude

Como vimos no post anterior, a chamada geração Baby Boomer, tinha uma sede de mudança e de rompimento com padrões sociais. Eles queriam ser e viver completamente diferente de seus pais, assim saíam as ruas exigindo direitos e liberdade; deram origem à várias subculturas e mudanças estéticas e comportamentais. Esta geração, que está hoje entre os 50 e 70 anos continua mudando o mundo, mas desta vez, com relação aos limites de idade.


Particularmente, acho impossível não associar as grandes mudanças da década de 1960 com o feminismo. Durante muito tempo, em nossa sociedade (machista), quando a mulher entrava na menopausa não contava ao marido, pois era algo vergonhoso. O fim da capacidade de procriar significava o fim de seu sentido de existência. Há 10 mil anos atrás, quando o homem deixou de ser nômade, o machismo "nasceu". Com a moradia fixa e divisão de trabalho na agricultura, os filhos se tornaram força de trabalho, assim, as mulheres, geradoras filhos, viviam grávidas ou amamentando, nasce aí, o conceito de "mãe" e "sexo frágil", e neste contexto fazia sentido a mulher não trabalhar.
Depois de alguns mil anos, quando doutrinas monoteístas surgiram, a ligação da mulher com a natureza e pela capacidade de gerar a vida, incomodava, e aspectos negativos passam a ser associados à elas. A maternidade que ao mesmo tempo é uma dádiva é também o maior peso que as mulheres carregaram ao longo da história. Num determinado ponto, ser mãe era algo tão idolatrado, que nos tempos da renascença criou-se mentalidade que esta era a única forma da mulher se realizar na vida. A frase "uma mulher não está realizada se não vira mãe", vem desde essa época. Romper com pensamentos que nos são ensinados há 500, 10 mil anos não é nada fácil e coube aos Baby Boomers dar se não o primeiro, o mais forte passo em direção às mudanças.

Patti Smith, poetisa, punk, viveu um romance com o fotógrafo gay Robert Mapplethorpe, diz: "eu gosto de envelhecer". Ninguém representa mais o conceito "bitch" (termo comumente associado à mulheres de personalidade e que incomodam) que a amada/odiada Courtney Love. Doro Pesch rompe padrões e se mantém solteira, algo que na geração de seus pais, era negativo para uma mulher. "Swifties" é o termo que surgiu pra designar solteiras acima de 50 anos.



Quando começa a mudar? 
Quando as mulheres passam a ter força de trabalho, lá pela virada do século XIX para o XX e logo depois o direito ao voto. Mas a mudança definitiva foi a invenção da pílula anticoncepcional nos anos 60. Pela primeira vez, em 10 mil anos, a mulher pode escolher ou não ter filhos, não ficava mais refém de ficar a vida toda parindo sem poder trabalhar. E este grande passo, se deu na geração Baby Boomer.

Se este fato não tivesse ocorrido, talvez nossa idéia de subculturas e cultura alternativa fossem totalmente diferentes, já que com métodos contraceptivos e inseridas no mercado de trabalho, as mulheres ganharam um voz na sociedade e tinham poder de decisão sobre suas vidas. Sem isso, não haveriam garotas tão ativas nas subculturas, não haveriam as primeiras rockstars, a contracultura, a mini-saia, a era disco e nem as famosas groupies!

Cada um à seu modo, dentro de suas subculturas, os baby boomers Iggy Pop, Alice Cooper e Ed Vedder, influenciaram gerações com suas músicas.



Revolucionando o conceito de juventude
Tudo que pensamos sobre ser coisa jovem ou velho, está virando do avesso.
Hoje, aos no mínimo 50 anos, esta geração está colocando em pratica uma nova revolução: "seja quem você quiser após os 50 e tenha a idade que a cabeça mandar".
"Velho" não é de jeito nenhum a palavra adequada pra se referir à eles, que não lembram nada a imagem física e mental que temos de "avós", seja a plastificada Madonna ou a naturalíssima Jane Birkin.

 Para os baby boomers, a moda não é mais limitada pela idade.  advanced style

Quem tem 60 anos hoje, quer no minimo viver até os 80. A Google está criando uma empresa voltada a fazer estudos anti-envelhecimento e já há estudos para gerar medicamentos geroprotetores, que retardam o processo de envelhecimento. Uma das motivações para estas pesquisas não é somente "rejuvenescer" por causa da beleza, mas sim também porque se todos os boomers resolverem se aposentar ao mesmo tempo, os sistemas previdenciários de muitos países quebrariam, pois não haveria forma de sustentar tanta gente. Então pros governos, é interessante e importante que as pessoas mais velhas tenham e mantenham saúde, vitalidade e interesse em continuar trabalhando.

O Baby Boomers tem entre 50 e 70 anos, são pessoas ativas 
e não lembram em nada a antiga imagem de "avós".


Quebradores de regras por excelência
Como inventores da juventude, suas cabeças não reproduzem a decadência do corpo. As limitações que seus pais lhes impuseram foram rompidas uma a uma. A internet e as redes sociais ajudaram ainda mais a revolução, pois a web elimina idade, permitindo que as pessoas se identifiquem umas com as outras pelos interesses em comuns, assim, as faixas etárias deixam de ter divisões. No mundo de hoje, graças aos Baby Boomers, idade não é fronteira para nada.

"Se vestir de acordo com a idade" não significa nada para os Boomers,
que adoram romper com as regras impostas pela sociedade.

Para os que acompanham os artistas dessa geração, pouco importa a idade. Não faz diferença. Boa energia, vitalidade, criatividade, ousadia... e trabalhos que ainda influenciam o modo como pensamos.

Cabelos coloridos, minissaia, couro, botas de cano alto... 
as regras ditadas pela moda caindo uma a uma...


O Manifesto de Sue Kreitzman*
Sue Kreitzman é uma artista plástica e culinarista. É filha do primeiro ano de nascimento dos Baby Boomers. Ela tem uma casa incrível em Londres (como vocês podem ver no vídeo) e fez um manifesto, que transcrevo abaixo.

"Não use bege, ele pode te matar.
Ouse ser vulgar.
Evite minimalismo como uma praga.
Ignore os preceitos de "medonho" e "bom gosto".
viva e trabalhe "fora da caixa"
Ou - se você precisa viver dentro da caixa - decore-a com brilho, guirlandas com ornamentos vistosos e jogue tralhas e fascinantes inutilidades em todos os cantos.
Nós somos espalhafatosos.
Nos somos desprezíveis.

Nós somos velhas selvagens e alguns poucos velhos selvagens
e estes são os mantras que vivemos"

Um pouco de sua casa artística e ela lendo o manifesto:





O Estilo na terceira idade
A Sue é uma das seis senhoras entre 73 e 91 (são parte da Geração Silenciosa) anos que fazem parte do documentário Fabulous Fashionistas. Notem que estas senhoras não nasceram dentro das datas consideradas geração Baby Boomer, nasceram até 20 anos antes, porém é preciso levar em conta que enquanto os Baby Boomers estavam entre os 15 e 25 anos, estas senhoras estavam na faixa dos 30/40, então elas viveram toda a revolução, talvez não tenham feito parte diretamente mas as conquistas dos Boomers as afetaram indiretamente pra toda vida. A ideia fundamental de Fabulous Fashionistas é deitar por terra estereótipos de velhice, não apenas no que diz respeito ao visual mas também à moda, há quem aponte o documentário como uma “semente da revolução”.
As participantes do documentário:
Sue Kreitzman, 73 anos; Jean Woods, 75 anos (falo dela a seguir), cabelos brancos, ama coturnos Dr. Martens e as lojas Topshop e Urban Outfitters - voltadas para os adolescentes; Gillian Lyne, 87 anos, ama mini-saias e trabalha sem parar desde os 40 como coreógrafa responsável pelo Cats e pelo Fantasma da Ópera; Daphne Selfe, 85 anos, é modelo, um tempo atrás umas fotos dela circularam no facebook. Ela foi redescoberta com 70 anos, e tem contrato com uma grande agência de modelos internacional. As outras duas participantes são Bridget Sojourner, 75 anos e Jean Barker ou Baronesa Trumpington de 91 anos. Vocês podem assistir o doc completo aqui (não consegui incorporar no post):http://tune.pk/video/973051/Fabulous-Fashionistas-2013


Blogs revolucionários:
Advanced Style - Um blog simples e direto, Advanced Style de Ari Seth Cohen, é focado em street style, mas não de jovens, de senhoras e senhores acima de 60 anos. É dele as fotos de rua que ilustraram o post. A revolução que o Advanced Style fez foi levantar a questão de moda na terceira idade. Como já falamos, antes, as pessoas mais velhas eram anuladas na sociedade e nem se pensava em falar de moda sobre elas. Em tempos atuais, estudos vem sendo feitos sobre esse nicho de mercado que tende a crescer, pois todos nós envelheceremos e como adoramos moda, precisamos ser representados por marcas no futuro.
Trailer do filme que Ari fez sobre as senhoras que aparecem em seu blog. Aproximadamente a partir dos 2:00min, elas dizem frases interessantes como: "gosto de estar mais bem vestida que o resto das pessoas"; "se as pessoas não gostam de como estou vestida, eu não dou a mínima"; "Porque as pessoas tem tanto medo de fazer o que as outras pessoas não estão fazendo?" (da incrível Iris Apfel); "Eu não quero me parecer com todo mundo"; "Por um lado todos se parecem com todos e por outro, todos pensam que são indivíduos...".




The Idiosyncratic Fashionistas
Jean e Valerie são donas do blog The Idiosyncratic Fashionistas. Vocês podem ver elas falarem sobre seus estilos no vídeo abaixo. Segundo elas, "envelhecer "graciosamente" é um conceito ultrapassado. Preferimos envelhecer com verve. Este blog documenta os nossos esforços para viver de acordo com esse lema, em fotos e ensaios."
No vídeo abaixo, é engraçado quando Valerie (a de azul) fala que antigamente shorts curtos se chamavam simplesmente "shorts curtos" e não "hot pants". E isso é verdade, a moda relê roupas do passado e muda os termos pra parecer que são peças novas. Mas no fundo, é a mesma coisa...



E aqui, um video do blog delas, ensinando a fazer um turbante com uma legging (de pés fechados). Estas senhoras não deixam nada a desejar em termos de criatividade!




* Trecho atualizado dia 18/04/2014
Fontes, Consultas: "Super 50´s" - Revista Elle, agosto 2013; e "Age Free", Elle, fevereiro 2014.
Fotos Google e Advanced Style.


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