Destaques

18 de setembro de 2011

1947: O New Look Dior


Em 1947, o estilista Christian Dior cria uma das estéticas mais importantes da evolução da indumentária no século XX. Sua trajetória profissional, de apenas 10 anos, deixou um império poderoso até hoje.

Dior não gostava de sua época, era nostálgico dos anos de 1860 e da Belle Époque. A estética que ele criou exigia o retorno feminino aos valores tradicionais. A mulher  idealizada por Dior é propositalmente excluída das realidades práticas. Elitista, sua moda não é destinada às massas, e ainda assim conquistou donas de casa do mundo inteiro ávidas por seus modelos.

Christian Dior nasceu em 1905, era filho de burgueses e tinha talento para desenho, para criar fantasias e artes decorativas. Em 1938, se torna modelista de Robert Piguet e em seguida vai pra Maison de Lucien Lelong onde encontra o colega Pierre Balmain. Nessa época, ele já havia começado a realizar algumas transformações na silhueta feminina quando em 1946 é apresentado ao magnata dos tecidos Marcel Boussac, que, impressionado por sua determinação, decide financiar a maison com que sonha Christian Dior. A Maison vai ficar famosa em 1947, com a apresentação de sua primeira coleção.

Inspirado na estética de 1860, a primeira coleção de Dior tinha peças com cintura marcada, busto natural e saias rodadas longas. A editora de moda americana, Carmel Snow, ao ver a coleção, exclama a frase que dará nome ao estilo: "This is a new look!”.
No icônico “Bar Suit”, os seios eram naturais, ombros arredondados, a jaqueta justa acentuava a cintura de 45,5cm afinada com corset, a longa saia plissada em crepe de lã, acompanhava chapéu e saltos. Só no casaco foram usados  3,70 metros de seda shantung e na saia, 7,50 metros de tecido.


O New Look foi um sucesso, porém, como suas peças podiam usar de 10 a 25 metros de tecido numa época de recessão e racionamento pós guerra, diversos governos desaprovaram e desencorajavam o povo a usar roupas que desperdiçavam tecido. Mesmo assim, o New Look dominou o mundo por 10 anos, se tornando a característica padrão da moda dos vindouros anos 50.

Dior queria que as mulheres voltassem pra casa, que abandonassem o trabalho remunerado que tinham realizado durante a guerra. Sua moda exigia isso, já que as roupas de baixo eram firmes com uso de corsets, cintas, barbatanas, tule, anáguas e crinolinas. Havia estofamento extra sobre os quadris e busto para dar uma figura feminina suave e curvilínea, sapatos altos e pouco práticos e chapéus. 

Coleção de 1947:


As saias, volumosas deviam ser amplas e obrigatoriamente ser 40cm acima do chão. O daywear tinha vestidos formais para a tarde, vestidos cocktail, semi-noite e vestidos de noite curtos.  Os vestidos cocktail apareceram pela primeira vez nos anos 1920 e ganharam popularidade depois da guerra. Eles eram usados na início da noite ou em reuniões entre 18:00h e 20:00h, e podiam incluir crinolinas elaboradas que seriam esmagadas ao sentar.

Dior mede a altura da saia: 40cm acima do chão


Paralelamente, no fim de 1947, Dior inaugura uma filial de perfumes; logo depois abre em Nova York uma maison para vender o prét à porter de luxo que seriam versões de suas peças de alta costura. Na década de 40, o recém criado sistema de licenças revoluciona a estratégia econômica das marcas de prestígio e então, em 1948, o costureiro cria uma imensidão de produtos pra atingir o maior número de consumidoras. De meias à batons, passando por todos os acessórios de sua grife.

O vestido chamado de "Zémire” é um dos projetos históricos de Dior. Foi nomeado em homenagem a ópera de Grétry, realizada no palácio real de Fontainebleau em 1771.  Zémire fazia parte da coleção “Ligne H”. O modelo é de 1954.


Dior nomeou silhuetas de acordo com seus formatos: Y, H, A, trapézio e criou peças com volumes e assimetrias.
Abaixo, linha A, Y e H. Peça em linha trapézio da coleção de 1957 criada por Yves Saint Laurent.

 

Quando morre inesperadamente em 1957, Dior emprega mais de mil pessoas. Seu negócio ocupa cinco imóveis e somente a alta-costura tinha 28 ateliês. A mudança climática, social e ecomômica do fim dos anos 50, faz com que cada vez mais os ateliês sejam deixados de lados e as ruas se encham de lojas de roupas pret a porter (pronto pra vestir).

Fonte: A Roupa e a Moda; A Moda do Século XX.

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16 de setembro de 2011

3º Picnic Vitoriano do Rio de Janeiro

Divulgado o banner do 3º Picnic Vitoriano do Rio de Janeiro!
O picnic será no dia 29/10, às 10:00h na Quinta da Boa Vista no Templo de Apolo. Haverá sorteio de brinde.

Quanto ao trajes, devem ser inspirados na Era Vitoriana. São aceitas releituras e principalmente adaptações, quem não tiver traje também será bem vindo, mas seria educado ao menos tentar adaptar. Lolitas também etsão convidadas.


Anna Sui - Spring 2012

Desfile da semana de moda de NY.
Achei tudo tão usavel e com cara de moda alternativa...rendas, estilo anos 40, um flerte com a Belle Époque na última foto. E que tal os sapatos com meias? Repararam nas meinhas soquetes arrastão, tela, renda e tule bolinha?




Oscar de la Renta - Spring 2012

Já postei o recente desfile de Betsey Johnson na semana de moda de Nova York, agora vamos à Oscar de la Renta.
O que eu adorei? A diversas referência à épocas históricas, tudo misturado! Silhueta de uma época, estampa de outra. Formas que lembram a Renascentista, Rococó, Império, Romântica...

 
 
Toque anos 40 e 50:

As peças de formato moderno tão o tom da realidade:


15 de setembro de 2011

1945 - 1946: Le Théâtre de La Mode

Para complementar a leitura desta postagem, visite os posts:
Em 1939, haviam setenta casas de alta costura registradas em Paris. O crescimento dessa indústria foi interrompido pela ocupação alemã durante a 2º Guerra. Hitler queria tirar a alta costura de Paris e mudá-la para Berlim, mas Lucien Lelong, presidente da Chambre Syndicale de la Couture Parisien, se opôs dizendo: "É Paris ou nada". Isso fez com que diversos estilistas fechassem suas casas durante a guerra ou se exilassem.
Após o fim da Guerra, em 1945, os dias eram difíceis, cinco milhões pessoas estavam na miséria, racionamentos e sacrifícios eram exigidos dos cidadãos franceses, porém, existia uma "esperança de recuperar o paraíso perdido". Robert Ricci, filho da estilista Nina Ricci, o Governo e a Câmara Sindical da Costura Parisiense promovem um grande evento. A renda dos ingressos iria ajudar os necessitados e faria com que as profissões envolvidas com a moda demonstrassem que ainda estavam ativas.

Então, entre 1945 e 1946, a exposição organizada no Museu do Louvre foi chamada de “Le Théâtre de La Mode” (O Teatro da  Moda); teve grande repercussão e apontou o destino da costura parisiense após a Segunda Guerra Mundial. A exposição tinha o apoio dos principais estilistas franceses, como Balenciaga, Balmain, Dior, Givenchy, Jacques Fath e demonstrou o quanto eles e o governo estavam decididos a reestabelecer a indústria da alta costura no pós guerra. EUA e inglaterra já haviam começado a criar suas próprias industrias de moda cada vez mais independentes de Paris.

No “Le Théâtre de Ia Mode”, bonecas de 70cm de altura estavam vestidas com as mais recentes criações dos grandes nomes do luxo parisiense que trabalharam com um mínimo de tecido. 


Cada look tinha roupas de baixo e acessórios diversos. Quanto aos acabamentos, eram idênticos aos das encomendas das mais exigentes clientelas. Cada microscópico botão abotoava, minúsculos sapatos de couro levam a grife dos grandes bottiers, jóias acompanham os penteados.


Os artesãos e estilistas receberam total liberdade para criar os cenários e as roupas como quisessem. Os treze cenários variavam de: casa de ópera, baile, cenas de manhã, tarde ou noite; cada um deles funcionando como um espetaculo autônomo. A variedade de roupas podia ser mostrada no ambiente correspondente.
 

Haviam 237 bonecas. Cada casa de alta costura produziu de 1 a 5 looks que eram versões em miniatura da coleção de tamanho normal.  


Em 27 de março de 1945, a exposição deixa Paris inteira maravilhada. Mais de 200 mil pessoas visitaram o Théâtre. Uma grande soma de dinheiro foi arrecadada, reafirmando a existencia do luxo parisiense.
A esposição percorreu Barcelona, Copenhague, Estocolmo, Viena, Nova York. Em Londres, teve exibição privada para Sua Majestade a Rainha Elizabeth. As mulheres britânicas ainda estavam usando as típicas roupas roupas utilitárias e de aparência militar dos anos 40. O Teatro da Moda fez as casas de alta costura francesa prosperarem novamente.

No ano seguinte foi a vez do New Look de Christian Dior começar sua história de sucesso que influenciou toda uma geração.

Fonte: 
Texto: Livros: A Roupa e a Moda; A Moda do Século XX.
Imagens: Livro: Le Théâtre de la Mode.


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