Destaques

9 de setembro de 2010

New Renaissance

Uma versão moderna da estética renascentista na Vogue China de janeiro de 2007.


Gareth Pugh - Fall 2009

É de um ano atrás, mas faço questão de deixar aqui registrado uma das melhoes coleções de Gareth Pugh

6 de setembro de 2010

Louis Vuitton x Demonia

O blog sempre mostra como a moda de subculturas inspira grandes grifes internacionais. Produzindo, muitas vezes peças interessantíssimas, provando que nem sempre grifes só produzem roupas feias.

Mas de vez em quando acontece o oposto: marcas alternativas que se inspiram em grifes.

E esse é o caso do sapato da marca Louis Vuitton com pregas de cetim e um lacinho preto. A cópia foi feita por uma das maiores marcas de sapatos alternativos, a Demonia
No ano que o Louis Vuitton foi lançado (2005/06), estava começando a onda burlesca, e a marca Demonia, esperta, percebeu esse nicho no mercado alternativo e fez logo sua versão do sapato de cetim da Vuitton. E esse é, ainda hoje, um dos sapatos mais vistos em editoriais alternativos. Enquanto que o original Louis Vuitton já saiu de circulação há tempos.

Essa é o que considero outra grande vantagem da moda alternativa: as peças perduram por anos, enquanto que as peças da moda mainstream são trocadas/descartadas a cada 6 meses.

Há muitas roupas e calçados feitos por marcas mainstream que podem ser adaptadas ao mercado alternativo como a Demonia fez. Reparem que o Vuitton tem pregas no tecido enquanto que o Demonia tem franzidos no tecido.
Sempre demora um pouco pra uma marca alternativa apresentar sua versão porque as marcas alternativas precisam "aprender" como tal peça foi feita. Os studded shoes são outro exemplo, estouraram na moda mainstream entre 2008 e 2009, mas só do ano passado pra cá, as marcas alternativas estão aos poucos apresentando seus próprios studdeds. 

Cada vez mais se nota a profissionalização das marcas alternativas estrangeiras, mostrando que elas estão investindo em  profissionais atualizados e que percebem as novas "ondas" da moda. E muitas dessas marcas alternativas estão se tornando mais valorizadas por conta desse profissionalismo.

Louis Vuitton de cetim com pregas e laço: 


Versões da Demonia: em tecido, risca de giz e uma versão mais "agressiva" toda em couro:

 

1 de setembro de 2010

Homens de Saia

Hoje em dia ver um homem de saia pode ser exótico, mas a saia sempre foi parte do vestuário masculino. Os homens ocidentais abandonaram completamente as saias há pouco mais de dois séculos. Atualmente 3/4 dos homens do mundo ainda as usam, a grande maioria deles mora no oriente. Outro fato histórico interessante é que as mulheres usam calças há pouco mais de 100 anos, com o surgimento das primeiras feministas e da necessidade da mulher entrar no mercado de trabalho, na época, uma mulher de calças chocava a sociedade.

Os homens usam saias desde tempos imemoriais, há mais de 3.000 anos os sumérios já usavam um tecido para cobrir as partes baixas; os antigos gregos usavam a toga e seus gladiadores usavam saias; para um Romano as calças eram um insulto, pois ocultavam suas pernas musculosas que eram consideradas os pilares da força e da virilidade; os antigos egípcios usavam uma saia semelhante ao sarongue, presa com amarrações. A saia era uma peça do vestuário que não delimitava território masculino ou feminino.


Durante muito tempo homens e mulheres se enrolaram em túnicas e ainda hoje podemos testemunhar no oriente a utilização desta vestimenta nos países do sudeste asiático onde temos o sarongue, o dhoti, o lungi e os pareôs na Polinésia. No oriente médio há o caftan e nos países africanos o djelabas é vestimenta tradicional. No Japão há o hakama e o próprio Jesus em sua época provavelmente usou saias pois em seu tempo, o que dividia os gêneros era o decote: as mulheres cobriam os seios.
É possível hoje, imaginar líderes eclesiásticos sem suas saias? Até mesmo o Papa e os mulás as usam. Na Escócia, o kilt indicava através da cor de sua padronagem xadrez, o clã (família) que a pessoa fazia parte. O kilt é uma criação celta, povo antecessor dos escoceses, assim como dos irlandeses, que também os usam. Hoje, o kilt é considerado uma vestimenta folclórica. Na idade média os anglo-saxões e os normandos também usavam saias.

Foi a evolução da alfaiataria, a partir do século 19, que impulsionou a especialização das vestimentas. No século 15, a túnica do homem foi ficando mais curta e apertada, enquanto aumentava o número de homens usando uma espécie de meia-calça. Uma maior renúncia masculina à saia começou no século 17, que reduziu a variedade de modelos de roupas disponíveis para os homens. Mas foi no início da Era Vitoriana que praticamente o homem perdeu o direito de usar saias e passou a usar apenas calças.
E é essa mentalidade que carregamos até hoje. Por que não aceitamos que os homens não podem usar as duas peças (calças e saias) e a mulher pode? Historicamente as saias pertencem à ambos os sexos. Só as calças são uma questão de gênero (masc/fem).

Algumas saias ao estilo Kilt:

Desde os anos 1960, época da contracultura, vários estilistas tentaram reintroduzir a saia masculina na moda, pegando emprestado ideias de culturas e eras diversas, alguns designers reinventaram a saia para homem. Em 1980, algumas celebridades e estilistas como Jean-Paul Gaultier, Giorgio Armani, John Galliano, Kenzo, Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto tentaram promover a ideia de homens usando saias, sem a intenção de popularizá-la. E desde meados da década de 90 várias empresas foram criadas para vender saias projetadas exclusivamente para os homens.

Na França atual, há uma associação chamada "Hommes en Jupe" (Homens de Saia), fundada em junho de 2007. Moreau, Presidente da associação, diz que os homens querem o direito de voltar à usar saias na França, já que a peça de vestuário tem um signo, símbolo e significado na cultura.

Reivindicamos o uso de saia pelos homens em um estilo masculino e não andrógino. As mulheres provaram que podem usar calças compridas, nós queremos provar que um homem pode continuar sendo homem, de saia". "Não somos animais de circo nem exibicionistas e nosso movimento não tem nada de folclórico. Os homens têm o direito de lutar para usar saias, assim como as mulheres lutaram no passado para vestir calças compridas."
Eles reivindicam o “direito de dispor plenamente do próprio corpo... afinal as saias são mais confortáveis, mais amplas, não restringem as partes íntimas, e por isso são mais adequadas à fisionomia masculina". A ideia não é converter todos os homens a usarem saia, mas dar o direito de cada um vestir o que quer. O uso desse traje por homens ainda é algo que faz as pessoas rirem, olharem torto ou com ironia. Os associados da "Hommes en Jupe" consideram a saia confortável e não querem passar o resto da vida limitados ao uso de calças alegando que a moda masculina hoje é "pobre" e sem imaginação. Por enquanto, as saias não abrangem o vestuário em situações profissionais. Nenhum dos membros dessa associação utiliza saias para ir ao trabalho. "Ainda estamos muito longe do momento em que os homens poderiam vestir saias no trabalho. Não há como fazer isso hoje". "Esse é um dos grandes problemas enfrentados por membros da associação. Muitas vezes é difícil que a própria família aceite isso. E o fato de usarmos saias pode ser utilizado contra nós na justiça em processos de divórcio e guarda dos filhos".

Não é curioso nos dias de hoje, o homem não ter a liberdade de vestir o que quiser e ser julgado por isso? É o machismo se virando contra os próprios homens. Acho que as mulheres há tempos estão acostumadas a serem julgadas pelas vestimentas. As mulheres durante os últimos dois séculos se tornaram mais agressivas usando peças do guarda-roupa masculino (calças, camisas) em busca de um estilo que as desse poder equiparado aos homens. E os homens mantiveram-se conservadores e imutáveis em suas vestimentas por dois séculos, o que explica a "pobreza" na variedade de roupas masculinas atualmente.

Na Suécia, de uns tempos para cá, os operários da construção civil usam saias azuis em jeans até os joelhos com grandes bolsos exteriores para as ferramentas e um bolso interno para objetos pessoais. Esta saia para homens recebeu um prêmio de Moda e está sendo lançada pela Blåkläder, uma empresa que desde 1959, fabrica uniformes para várias profissões (foto abaixo).  



Em 2002, uma exposição intitulada "Bravehearts: Men In Skirts", no Victoria and Albert Museum em Londres, focou na reação que as pessoas têm diante de um homem comum usando saia em lugares públicos e as reações provocadas por esse ato. Muitos riam, outros manifestavam agressividade através do preconceito e críticas moralistas, julgando tal atitude como exibicionista. O intuito da exposição foi o de explorar o modo  como diferentes grupos e indivíduos (de estrelas da música à designers de moda), têm promovido a ideia de homens vestindo saias como "o futuro da moda masculina", exibindo saias em manequins, como se estivessem na vitrine de uma loja de departamentos. A exposição salientava que os designers de moda masculina e os usuários de saia empregam seu uso com três finalidades: de transgredir códigos morais convencionais e sociais, redefinir o ideal de masculinidade e para injetar novidade na moda masculina. A exposição também associou o uso de saias masculinas em movimentos de juventude e movimentos subculturais anárquicos, como punk, grunge, gótico e glam rock. Na exposição o visitante também pôde ver saias usadas por Kurt Cobain e criações de diversos estilistas como Vivienne Westwood e Paul Smith.

O estilista Marc Jacobs

A novidade agora é que desde 2009 há uma certa tendência na moda mundial de tentar fazer os homens ocidentais voltarem a usar saias, através do trabalho dos designers contemporâneos. "A roupa masculina deveria se inspirar na roupa feminina e não somente o inverso”, revelou a estilista da grife Prada. A tendência dos homens usarem saias ou kilts, a tradicional saia masculina escocesa, está aumentando. O estilista Rifat Ozbek acha que os homens têm medo de que a saia vá alterar sua sexualidade: "Os homens só aceitam usar saia se ela for revestida de um peso histórico, como a saia escocesa ou ainda se for uma peça assinada por um estilista famoso, pois isto não vai fazer com que um homem se sinta menos homem", opina. 

Recentemente a empresa Utilikilts, localizada em Seattle, EUA, afirmou que vende mais de 12.000 saias masculinas por ano. E suas saias se tornaram uma visão comum na cidade, especialmente em eventos culturais alternativos. Sendo as saias usadas com botas ou coturnos pretos. Ele diz: "Eu realmente vejo mais pessoas vestindo kilts em Seattle que eu fiz quando vivia na Escócia".

Desfiles de Rick Owens e Gareth Pugh
 
A saia está sendo usada como uma forma de mostrar que um homem pode estar na moda. Com exceção da saia escocesa, o kilt, os homens continuam muito receosos na hora de vestir qualquer tipo de saia. O kilt, na altura do joelho é um saiote masculino, pregueado na parte de trás, cujo comprimento vai da cintura aos joelhos. O que o define como kilt (o tecido é chamado tartan) é a forma como foi confeccionado: de acordo com as cores utilizadas e o padrão que formam, representam as famílias (ou clãs) escocesas. Os kilts irlandeses são de cores sólidas: preto, azul-marinho, verde, vermelho, laranja, marrom...
Encontrar saias masculinas em lojas alternativas é bem comum, até mesmo no Brasil. Embora muitas delas chamem as saias masculinas de kilt, só é kilt as saias com as características citadas acima, se não forem assim, não são kilts, são simplesmente "saias masculinas" mesmo.

Muitos estilistas têm apresentado saias em seus desfiles masculinos: Jean Paul Gaultier, Alexandre Herchcovitch, Vivienne Westwood, Agnès B., John Galliano, Etro, Comme des Garcons, Yves Saint Laurent, Alexander McQueen, Rick Owens. Dentre todos estes estilistas, Marc Jacobs é o único que usa saia com frequência no seu dia a dia.

Desfiles de:  Jean Paul Gaultier, Alexandre Herchcovitch, Comme des Garçons, Givenchy.

 



O homem também tem direito de usar saia?  Por que neste momento histórico o retorno à saia pode ser importante na moda masculina?  Quem são os homens que querem usar saia e por quê?  


Dicas aos homens que querem usar saias: 
As saias masculinas podem ser longas ou curtas (abaixo dos joelhos). Cores discretas, como cinza, marrom, preto ou caqui. Na parte de cima, camisetas ou camisas sociais. No inverno: camisas fechadas, golas altas, blusas de lã, cacharrel, que podem ser complementadas com blazer ou paletó. Nas pernas use leggings pretas e se tiver coragem: meias calças fio 80 ou fios acima de 100. Há uma empresa francesa, a Gerbe e uma alemã, a Collanto, que são especializadas em meias calças para homens (a Europa, por ter um inverno rigoroso, é comum o uso de meias calças masculinas). No Brasil, ainda não conheço nenhuma marca específica de meias calças para homens. Nos pés use: no verão: tênis, sandálias semi-abertas ou mesmo chinelos. No inverno, botas de cano curto ou longo. 

Saias  nas subculturas:


+ Links:
Kiltmen

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