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21 de julho de 2018

Vaporwave: conheça o micro estilo musical e artístico

Dentre as diversas subculturas musicais, o Vaporwave surge como um micro gênero em 2010, sendo considerado o primeiro registro musical que teve sua origem e disseminação na internet.


Capa do álbum Floral Shoppe de Macintosh Plus / Divulgação

Surgido em comunidades virtuais como Reddit, Tumblr, SoundCloud e 4chan, musicalmente é caracterizado pelo uso de samples e distorções eletrônicas referenciando músicas new wave, pop, dance e jazz, que dão ao estilo uma sonoridade que remete à música ambiente. A intenção varia dependendo do artista, tanto pode ser intencionado provocar sensações incômodas no ouvinte quanto uma aura etérea, "viajante", surreal. O que vale é provocar algum tipo de sentimento inexplicável ou confuso.

O nome é uma referencia à vaporware, softwares que eram anunciados e nunca lançados, unido a um termo marxista que descreve uma perpetua repetição de ideias que não são concretas nem significantes; "ondas de vapor", uma critica ao moderno capitalismo e à cultura do descarte.


Arte Vaporwave referenciando Karl Marx / Reprodução

O gênero musical é considerado por alguns como uma espécie de movimento punk da era digital, já que subverte o conceito de direito autoral criando músicas de autoria anônima. Num mundo onde não existe mais privacidade, os criadores de vaporwave conseguem a façanha de se manterem anônimos por trás de apelidos ou nomes falsos e praticarem o 'do it yourself' na criação e divulgação das músicas.

Uma música vaporwave caracteriza-se por ser cortada e remontada, o artista seleciona uma canção, seja ela pop, dance, funk, soul, new age da década de 1980 ou 90, a separa em trechos, diminui sua velocidade e tom e a monta na forma de repetições em looping, com isso, outra faixa completamente nova é criada.


Arte Vaporwave. Créditos: Lightchi, DeviantArt.


Histórico musical:


  •  Em 2010, o artista de música eletrônica experimental Daniel Lopatin, lança (também em fita K7) o álbum "Eccojams vol.1" sob o pseudônimo de Chuck Person (ele também é conhecido por outro pseudônimo: Oneohtrix Point Never), sendo composto de uma serie de hits oitentistas recortados e colados de forma repetitiva onde o mesmo refrão era parte da musica inteira. Virou sensação na internet.



  • O artista James Ferraro cria uma crítica à globalização e à internet em seu álbum Far Side Virtual. Pop oitentista + música eletrônica recortados e colados criando uma sonoridade desconfortável pra quem ouve. O artista é chamado de "O deus do Vaporwave".
  • Ramona Xavier, também conhecida como Vektroid lança músicas com o pseudônimo de Macintosh Plus. O álbum Floral Shoppe é considerado um clássico essencial do gênero, possuindo muito reconhecimento. A faixa "リサフランク420 / 現代のコンピュー" (Lisa Frank 420 / Modern Computing), escrita em japonês mesmo, se trata de uma musica de Diana Ross em versão lenta, cujo trecho é repetido por sete minutos ininterruptamente.

  • Surge um pequeno nicho de mercado para pessoas que se interessam por este estilo musical.
  • Em  2012, o produtor Internet Club lançou álbuns múltiplos usando antigos comerciais de TV nos vídeo clipes.
  • Em 2013, o artista Skeleton lançou versões mais assustadoras das músicas, o que inspirou novos lançamentos, como o de Blank Banshee que criou um remix de musicas new age em versões soturnas.
  • Echo Virtual lança em 2013 uma colagem de sons do canal do tempo.
  • Em 2014 o Vaporwave chega ao mainstream como uma piada da música em si. Neste mesmo ano o artista Hong Kong Express criou músicas que contavam uma narrativa.




Alguns subgêneros:

Future Funk: new disco e futurismo da música contemporânea misturado ao pop oitentista remixados, formando um som energético e dançante.

Oceangrunge: combinação de Seapunk e grunge, representado pelo artista Seadogs em 2014, é um mix de sons do oceano com bandas como Sonic Youth e My Bloddy Valentine.

MallSoft: inspirada nas musica de elevador de shoppings. O artista Hollogram Plaza popularizou o gênero.

Palma Mall: também inspirado em música ambiente de shopping mas com uma critica ao consumismo.

Vaporgoth: vaporwave em sonoridades extremamente obscuras e melancólicas.





A arte Vaporwave
A arte é parte fundamental para complementar as músicas, já que remonta ao retrô nostálgico dos anos 1980 e 90. Basicamente se utiliza de colagens de todas as possíveis imagens do Windows 95, vídeo games, esculturas neoclássicas em mármore, obras de arte asiáticas, paisagens tropicais, desenhos animados japoneses. Glitches (técnica de desordenamento de pixels da imagem digital que dá efeito de falhas), símbolos do capitalismo e do marxismo (em geral usados de forma irônica). Letras em caracteres japoneses ou em caps lock. Cores saturadas em tons de rosa e azul e também cores que remetem à arte gráfica dos anos 1980. Tudo isso pode ter um efeito hipnótico.







O vaporwave também tem seus memes:


vaporwave-statues-on-brazilian-money
"O dinheiro brasileiro é literalmente o melhor, o mais estético. Temos cores suaves pastel, animais e estátuas vaporwave"


Moda
Ao contrário de seu contemporâneo Seapunk, que também faz uso de arte gráfica retrô, o Vaporwave não tem um mercado significativo de moda, mesmo com seu potencial criativo em estamparia. Muitas peças são vistas aqui e ali em marcas diversas. Destacam-se as feitas sob demanda no coletivo Vapor95.


Vapor95 / Divulgação


É muito rico o universo das subculturas, por isso trazemos essa diversidade à tona aqui no blog. O Vaporwave continua se desenvolvendo em vários subestilos se adaptando aos temas contemporâneos. E você, o que acha da sonoridade? Conta aí nos comentários! ;)



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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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