Destaques

29 de dezembro de 2020

5º edição da revista Gothic Station- Moda Fetichista, Arqueologia do Pós-Punk, Monica Richards, Two Witches, Simon Reynolds, Clássicos Góticos Literários, teorias e pesquisas subculturais

Após uma pausa de dois anos, a revista GOTHIC STATION retornou em sua edição de número 5. Para quem não conhece, a revista foi fundada por Henrique Kipper em 2017. Kipper é um dos mais antigos produtores de conteúdo sobre a subcultura gótica no país, publicando artigos no site Gothic Station. Ele é autor também de dois livros sobre a subcultura, ambos disponíveis no site. 



Se você se interessa por adquirir a revista, entre em contato por uma destas formas.


Desde dezembro de 2018, a GOTHIC STATION estava pausada, dentre os vários motivos podemos citar esse que escrevi no post "Projetos alternativos de financiamento, porquê não recebem tanto engajamento quanto deveriam?", é realmente difícil o apoio do público alternativo à projetos de financiamento também alternativos. 


Não foi apenas a cultura da internet que diminuiu o interesse das pessoas por material físico de leitura, quando Amazon criou o Kindle e os e-books a coisa veio toda abaixo. Hoje encontramos todo tipo de publicação para download, o que orientou muitas mentes a pensarem que o que está na internet deve ser 'de graça', sem considerar que existem pessoas por trás dedicando horas de trabalho - muitas vezes não remunerado ou mal remunerado - para comunicar aqueles conhecimentos. É um reflexo de uma sociedade alienada sobre os processos produtivos de trabalho, orientada ao imediato, efêmero e individual. 


Certos tipos de conteúdo ficam bem melhores em impressos e o motivo não é apenas porque é melhor ler no papel do que olhando para uma tela, mas também porque na internet não temos segurança de nada, tudo pode ser perdido se um provedor ou uma grande empresa sofrer uma pane tecnológica ou um ataque hacker. Algo que faço a analogia com a queima de livros que ainda hoje acontecem: os conhecimentos presentes apenas na web se perderiam para sempre. 


Dada a reflexão, apresento uma breve resenha da edição 5 da GOTHIC STATION em que desta vez eu trouxe uma matéria sobre a moda fetichista. Eu não quero soar arrogante mas sim, sincera: essa é a mais completa matéria sobre o tema - relacionada à moda alternativa - que vocês vão encontrar. O fetichismo na moda é um tema muito complexo, de difícil abordagem e polêmico. Mas acho que consegui fazer uma boa síntese embora muita coisa tenha ficado de fora. Busquei focar na questão 'moda' e acho que tive sucesso, as informações que vocês encontrarão no quadro da página 11 são difíceis e encontrar em português. E sim, é beeeem mais completa que a matéria de moda fetichista que saiu na revista Moda de Subculturas. Na verdade são matérias diferentes embora com pontos históricos em comum.



A seguir a revista trás seis páginas de destaques musicais, trazendo breves resenhas de Helalyn Flowers, Clan of Xymox, Sopor Aeternus, Glória de Oliveira, Corlix, Faun, Dandelion Wine, Rain Children entre outros.


Os lançamentos musicais nacionais também ganham quatro páginas só deles, com foco nos newcomers, ou seja, os novatos com lançamentos de ótima qualidade, como Misfortune Deep de Manaus, os cearenses Maldigo, Dark Hertz Transmission e Anum Preto. Também incluem-se na matéria Lunar Dream, Quântico Romance, Tomb of Love... e outros. Aliás que ótimo ler e saber de bandas que vem de fora do eixo Rio-SP, e mesmo as que são desta região, pois mostra que há de se conhecer a valorizar as produções nacionais.


Uma matéria sobre os selos Deeepland Records, Wave Records, Paranoia Music e Plainsong, relata a importância destas gravadoras para as bandas nacionais, seja via streaming ou por mídias físicas. A área musical se estente por mais algumas páginas através de resenhas de lançamentos sob a crítica de Bruno Rocha, editor-chefe do blog The Atmosphere.


E chegamos à matéria de capa, a entrevista com Monica Richards, conhecida através do Faith and The Muse. A fada cantora conta suas histórias desde a década de 1980 e sua conexão com os ciclos da natureza, apontando a importância da conexão com a terra num período de desequilíbrio. Richards fala numa das questões sobre sua experiência como mulher  daquele 'elo perdido' entre o punk e o gótico inicial, boas informações pra quem pesquisa estes temas.


A seguir temos a entrevista com Two Witches. Jyrki Witch, Miss Blueberry e Marko Hautamäki contam sobre o rock gótico 'puro e desavergonhado' que produzem. Os fãs vão gostar das oito páginas cheias de informações. Num dado momento, Jyrki diz "sempre fui um gótico de verão. Eu realmente odeio o inverno finlandês." - acho ótimo ler isso de um artistas influente já que vários de nós, alternativos, romantizamos muito o clima europeu.




Uma das sessões que mais gosto, a de literatura, chega na página 42. Luciana Fatima nos comunica sobre a editora Clepsidra, que vem publicando os clássicos da literatura gótica em território nacional. E busca resgatar os que ainda não foram publicados aqui. Aquelas preciosidades clássicas que sofríamos pra encontrar até mesmo em sebos, podem agora estar ao alcance de nossas mãos. Segura esses títuolos: Coleção Lord Byron, Coleção Imaginário Gótico com "O Aparicionista", "O Necromante" e "O Vampiro". A matéria é empolgante se você é uma das pessoas que ama literatura gótica, porque a vontade é logo adquirir todos os títulos.


Uma outra entrevista que, pra quem gosta de estudar subculturas e cenas musicais, vale a muito a pena ler é com Simon Reynolds, jornalista e crítico musical inglês. Reynolds tem sua própria teoria crítica publicada em livros sobre a historia dos movimentos musicais. "Hoje em dia 'underground' realmente significa 'nicho de mercado' - é mais como uma boutique", diz ele. Tema bom pra debate, hein? E que tal essa: "é bem provável que Sioux e Severin nunca tivessem feito música sem o punk [... ] o punk abriu espaço para todos os tipos de pessoas se inspiraram para tentar fazer música [...] você tinha todos os tipos de vozes estranhas".


Ainda pra quem gosta de historia, critica, teoria e pesquisa de subculturas, um ensaio de Henrique Kipper sobre o livro Goth Culture da pesquisadora de estudos culturais, a alemã Dunja Brill, que trás questionamentos interessantes sobre sexualidade e estilo. Fiz uma resenha deste livro anos atrás, e que vocês podem conferir neste link. Porém, como estudiosa do feminismo, eu questionaria o pontos deste ensaio a respeito do termo contemporâneo de empoderamento. Já que não existe empoderamento se uma mulher continua sendo objetificada (ou se objetificando), ela neste caso, continua servindo ao patriarcado. Se uma mulher ou parte da sociedade enxerga isso como empoderamento está tendo uma visão liberal do feminismo, que não muda estruturas de opressão e serve ao capitalismo. E aí Kipper, será que um dia escrevo sobre feminismo para a GOTHIC STATION? #queria Sinceramente amei o Kipper trazer esse livro à tona, acho ele super válido de ser lido especialmente pelas góticas que se interessam por estudos feministas! 


E o Krautrock? Bom, ele também tem espaço nesta edição através das palavras de Alex Antunes da banda Akira e as Garotas que Erraram, fazendo parte dos textos sobre a 'arqueologia do post-punk'.


E a edição finaliza com as já tradicionais tirinhas de Kipper sobre a cena gótica. 


Se tenho algo a resumir sobre essa edição é que ela vai agradar muito que gosta de estudar subcultura gótica e moda. Embora seja uma publicação de linguagem acessível, sempre trás conteúdo embasado ou referenciado de acordo com as pesquisas dessa área. 


Não hesite em apoiar esta publicação alternativa nacional, vale muito a pena!




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