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13 de maio de 2019

Moda e Museu: MET Gala | Camp: Notes On Fashion

A museologia da moda é minha atual área de estudo, por isso me senti à vontade pra trazer aqui uma postagem sobre o MET Gala que ocorre anualmente sempre na primeira segunda-feira de maio. Mesmo a festa tendo acontecido há uma semana, vale trazer aqui informações sobre o tema e exposição.

Violet Chachki de Moschino

O baile MET é daqueles eventos que no dia seguinte ainda está todo mundo comentando sobre os looks, o que reforça o senso comum de que a moda está sempre envolta a um grande evento tapete vermelho e celebridades. Mas por que um evento tão conceitual acontece num museu?

Lupita Nyong'o de Versace e Ru Paul (que não foi montado de drag!).

A justificativa é ser um baile de gala que visa encorajar doações da alta sociedade ao museu, promovido pelo departamento de moda do Metropolitan Museum of Art para o seu Costume Institute - a parte museológica que cuida da indumentária. Atualmente o local recebe o nome de The Anna Wintour Costume Center, em homenagem a editora chefe da Vogue americana que tem uma cadeira no museu desde 1995. A ideia de arrecadar fundos para o departamento foi de Eleanor Lambert em 1948, desde então, o evento acontece.

Laverne Cox de Christian Siriano; Aquaria de Maison Margiela.

O grandioso desfile temático de celebridades é uma forma de chamar a atenção para o museu. Logo depois, ocorre um cocktail e um jantar de gala. Na verdade, todas as celebridades que passam pelo tapete de entrada pagaram alguns milhares de dólares para participar do jantar, este ano com apoio financeiro principalmente da Gucci e da Condé Nast. Dinheiro esse que será investido no próprio local. 

estampa de fogo de Sophie Von Haselberg e Bete Midler.
Ambas de Michael Kors.

O evento também abre a exposição anual de moda por isso todos os convidados precisam se vestir de acordo com o tema, eles verão em primeira mão a exposição, antes que esta se abra ao público. 

Jared Leto e Saiorse Ronan, ambos de Gucci.

 "Pense em exagero. Pense em extravagância." - MET

Camp: Notes On Fashion
Afinal, o que significa esse tema? É bem verdade que o Camp é um tema complexo, tanto que muitos que passaram pelo tapete vermelho não pareciam ter compreendido o conceito, como por exemplo Katy Perry que na verdade usou uma fantasia (de candelabro) e Gisele Bündchen e seu vestido elegante porém nada extravagante.

Camp ou fantasia? Katy Perry de Moschino; Lily Collins (vestida de Priscilla Presley) de Salvatore Ferragamo; Kacey Musgraves de Moschino.

O uso do termo 'Camp' surge no século 17, na peça "Les fourberies de Scapin" (Artimanhas de Scapino) do autor francês Molière. A partir daí, o Camp se revela na corte de Versailles e posteriormente na subcultura queer até chegar aos nossos dias.

Janelle Monàe de Christian Siriano


O Camp é político.
Andrew Bolton, curador-chefe do Instituto do Traje do MET, diz que a escolha do tema foi por perceber um retorno do Camp na cultura geral e que o estilo tende a ganhar força “em momentos de instabilidade social e política, quando nossa sociedade está profundamente polarizada”. Já o diretor criativo da Gucci, Alessandro Michele, diz que o Camp é se expressar através de nossas roupas e, do ponto de vista político, ser quem você quer ser, independente do que os outros pensem.

Kim Kardashian de Thierry Mugler; Julia Garner de Zac Posen.

É nesse ponto que o Camp se liga com a cultura Queer: o Camp questiona gênero. Em história da moda é importante lembrar que o conceito de visual masculino que temos hoje em dia é muito recente. Por muitos séculos, os homens se adornaram tanto ou mais que as mulheres, usaram saltos altos, perucas, maquiagem e padronagens elaboradas.

Os que mais gostei de acordo com o tema: 
Harry Styles de Gucci e Dua Lipa de Versace.


O Camp na definição de Sontag
O MET usou como base o artigo de Susan Sontag publicado em 1964, o primeiro texto sério sobre o tema, que contribuiu em teoria e ajudou elaborar o conceito através de 58 definições. Para Sontag, o Camp explora o exagero, o divertimento, a ironia, a teatralidade, o pastiche... "uma maneira de ver o mundo como um fenômeno estético", "não é em termos de beleza, mas em termos do grau de artifício, de estilização”. Camp é também o estilo antes do conteúdo.

Cardi B de Thom Browne

Moda, arte e história se entrelaçam e através do visual podemos ver como o tema foi interpretado pelas celebridades e imaginar se também poderiam ser parte da exposição no museu. Todos nós amamos ou odiamos alguns looks e você pode dizer nos comentários quais considerou os mais Camps!


Ezra Miller de Burberry 


A Exposição
Embora poucas imagens estejam oficialmente disponíveis no site do MET sobre as centenas de objetos expostos (há muitas imagens em redes sociais), pelo pouco divulgado já é possível compreender o que a curadoria entende por Camp e por moda digna de museu. 

A exposição: sala onde os looks estão em "caixas" com fundos coloridos, com destaque para o headress de flamingo em primeiro plano.

E é nesse momento que várias peças acabam sendo reconhecidas por nós, como o icônico vestido de cisne da cantora Björk, o vestido de carne de Lady Gaga (em versão carne falsa), o sapato de plataforma arco-íris de Salvatore Ferragamo para Judy Garland, além de peças de John Galliano, Jean Paul Gaultier, Marc Jacobs, Karl Lagerfeld, Franco Moschino, Yves Saint Laurent, Anna Sui, Gianni Versace e Vivienne Westwood compartilhando o espaço com obras de arte como um retrato de Louis XIV, uma fotografia de Robert Mapplethorpe, além acessórios fantásticos.

             Marjan Pejoski 2000/2001; House of Schiaparelli 2018-19

                            Jeremy Scott, 2017; Moschino, 1989

Jun Takahashi 2017-18; Jeremy Scott 2018

Virgil Abloh, 2018; Gucci, 2016–17


O Camp é o amor pelo exagero, como Luis XIV, Maria Antonieta, os Macaronis e eu acrescentaria Drags (Kings e Queens) e várias outras estéticas alternativas - como os Clubbers, no conceito. Já são mais de 300 anos de cultura Camp e vem muito mais por aí!

E se você gosta da temática Moda e Museu, confere esses posts que já publiquei em anos anteriores: "Uma breve história dos Corsets", "A moda vitoriana e Belle Époque - Expressionismo e Modernidade" e "Gothic: Dark Glamour".



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27 de novembro de 2017

Levando o Punk para as massas: icônica exposição dedicada à banda Nirvana está em cartaz em São Paulo.

Está em cartaz desde o dia 12 de setembro deste ano a exposição “Nirvana: taking punk to the masses” no Lounge Bienal, dentro do parque do Ibirapuera, em São Paulo. A exposição passou antes pelo Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Visitei a exposição no dia 03 de novembro e trago aqui um pouco das minhas impressões sobre o evento.



O foco da exposição era mostrar como o Nirvana levou o punk às massas, ou seja, como fez com que um estilo musical pós-contracultural se tornasse popular. Isso não é muita novidade pra quem é fã da banda, mas de qualquer forma vale a pena visitar a exposição pelos itens que citarei a seguir.

© Nandi Diadorim

Pra quem já leu os livros do Charles Cross sobre o Kurt Cobain – o mais famoso é o Heavier than Heaven (Mais pesado que o céu, no Brasil) – vai reconhecer muita coisa por lá. As primeiras fitas K7 da banda, os encartes dos primeiros shows, as artes gráficas feitas pelo próprio Kurt – para a banda ou não – fotos raras, primeiros setlists, letras de músicas escritas a mão; isso tudo você já viu nestes livros. Mas ver ao vivo é bem diferente, um pouco emocionante até. Eu como fã inveterada da banda, sei que essa foi a oportunidade que eu tive de chegar mais perto deles.

© Nandi Diadorim

Existem algumas raridades na expo também: entrevistas em vídeo que nunca foram ao ar, fotos nunca antes publicadas, muito material de áudio e vídeo sobre a cena de Seattle (e não apenas do Nirvana), infelizmente muitos sem legendas. Muitas roupas usadas por Kurt e Krist também estão expostas.

© Nandi Diadorim
© Nandi Diadorim

Quanto a mim, as peças que mais me tocaram foram as guitarras (talvez por eu ser guitarrista também). Não quero soar tão espiritualista assim, mas as guitarras do Kurt guardam muito da energia dele; é possível quase sentir isso, tantos anos depois. Fiquei arrepiada de ver elas lá!!

© Nandi Diadorim


Entre guitarras lindas, impecáveis e bem cuidadas, como a famosa Fender Mustang, estão lá também as guitarras completamente destruídas nos shows; ou ao menos parte delas. Kurt destruía elas sem dó nem piedade. Dá quase pena de olhar pra elas, sobreviventes da história.

© Nandi Diadorim
Outra peça impressionante é a boneca do In Utero, usada nos shows dessa turnê, em duas versões diferentes, em tamanho real. Também estão lá um baixo do Krist Novoselic e um pedaço da bateria usada pelo Dave Grohl.


Além das peças, ambientes especiais também foram criados: uma sala imitando o cenário do Unplugged MTV, com cortinas e os candelabros usados no programa; e um espaço para fotos imitando a capa do Nevermind, onde você pode perseguir uma nota de dólar fictício (risos!).

© Nandi Diadorim

É claro que eu bati uma foto minha fazendo isso...
© Nandi Diadorim

Só não curti muito uma espécie de dark room (não entrei) que capturava sua imagem reagindo ao som da banda. Achei desnecessário, fora que você cedia seus direitos de imagem ao entrar na sala.
Em suma, uma exposição que vale muito a pena, você sendo um grande fã ou não. Se você não é um grande fã, você conhecerá a trajetória da banda. Se você é um grande fã, você vai pirar com os instrumentos e as raridades.



Pra quem quer dar uma olhada:
apressem-se, a exposição encerra dia 12 de dezembro!
Paz, amor e empatia!










Autora:
Nandi Diadorim.

Historiadora e professora na rede municipal de ensino no Rio Grande do Sul.
Guitarrista em uma banda de punk rock.
Cachorreira, gateira, vegetariana, feminista...em suma, a incomodação em pessoa.






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Artigo de Nandi Diadorim em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos. 

5 de maio de 2017

Roller-Zoku: Fotógrafo registra a subcultura japonesa que mistura Rock n´ Roll e Rockabilly

O fotógrafo Denny Renshaw cresceu na cidade americana de Jackson, berço do Rockabilly e recentemente lançou uma série de fotografias que retratam os Roller-Zoku, uma subcultura japonesa que tem como referências o Rock n´ Roll e do Rockabilly das décadas de 1950 e 1960.


Na década de 1970, as bandas Cools e Carol foram as pioneiras do Rockabilly no Japão liderando o revival musical do estilo: o neo rockabilly, que havia chegado ao país e foi aí que os Roller-Zoku tiveram início. Naquela época, as gravadoras japonesas não diferenciavam rock n´ roll e rockabilly, por isso a moda dos Roller-Zoku mistura características dos dois estilos. "Zoku" pode ser traduzido como "tribo" ou "clã".


Acadêmicos e o senso comum, enxergam subculturas como algo "para jovens" mas isso não ocorre com os  Roller-Zoku, nas gangs há a presença de membros de todas as idades.

 

A estética é uma mistura de rock n´ roll, rockabilly e motocicleta; tatuagens,correntes, spikes, jaquetas de couro e cabelos escuros com imensos pompadours são as características mais marcantes.


O grupo se reúne no Yoyogi Park, em Harajuku, distrito de Tóquio para dançar ao som de American Graffiti fazendo movimentos que incorporam rock n' roll e acrobacias que beiram o teatral, no local existe até uma estátua de bronze de Elvis Presley. Mas as gangs podem ser vistas por toda a cidade.


O fotógrafo relata que não foi fácil fotografá-los, eles não tem sites nem redes sociais sendo necessário um trabalho de busca que envolvia horas de caminhada pela cidade, visitando lojas de discos, shows e bares num processo que ocorreu em 5 semanas espalhadas ao longo dos anos de 2013 e 2015 que resultaram num set de fotografias em preto e branco que documentam os quase 40 anos de existencia da subcultura.


Lançado em 2009, o vídeo para a música "Nothing To Worry About", de Peter Bjorn registra os Roller-Zoku dançando no parque Yoyogi.


Veja também o post da exposição fotográfica Japanarchy, sobre a cena punk underground do Japão e o artigo sobre a decadência dos estilos alternativos em Harajuku culminando no fim da revista FRUiTS.




Fontes consultadas: 



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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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