Destaques

23 de dezembro de 2017

Subcultura Pachuco: rebeldia, feminismo e resiliência da cultura chicana na América.

Os Pachucos formaram um grupo marginalizado na sociedade americana durante aproximadamente 1939 a 1945 no sudoeste dos Estados Unidos. Usavam roupas distintas e falavam dialeto de origem espanhol-mexicano. Para as mulheres, o estilo Pachuca envolvia um feminismo popular e se tornaria o precursor da estética chola* que apareceria na América nas próximas décadas. As roupas serviam como resistência simbólica contra segregação e discriminação vindos do sistema de opressão da cultura branca americana. 

Adeptos da cultura Pachuca nos EUA.
subcultura-pachuco
Fonte
A origem
Uma teoria diz que o termo vem de El Paso, no Texas, cidade de trabalhadores migrantes chamada pejorativamente de “cidade de Chuco”. Outra, alega que a palavra deriva de pocho, termo depreciativo para um mexicano nascido nos Estados Unidos que perdera contato com a cultura de origem.

Repatriação mexicana, segunda guerra e conflitos sociais
No início do século 20, mexicanos imigraram para trabalhar em estados como o Texas, Arizona e Califórnia, à medida que as cidades se desenvolviam, os imigrantes aglomeravam-se em áreas de habitação mais antiga e degradada, trabalhando por salários abaixo da pobreza. No começo da década de 1930 cerca de 3 milhões de mexico-americanos residiam nos Estados Unidos.
A cidade de Los Angeles chegou a ter a maior concentração de mexicanos étnicos fora do México no período que coincidiu com a grande depressão americana, e para tentar reduzir o problema de falta de recursos econômicos, entre 1929 a 1944, num incidente conhecido como Repatriação Mexicana, o governo dos EUA deportou para o México entre 500 mil e 2 milhões de pessoas com ascendência mexicana (incluindo 1,2 milhão de mexicanos-americanos) numa campanha que se alastrou ao longo do século numa opressão sistemática e de discriminação étnica que gerou consequências que se estenderam por um longo período.


Um dos casos mais emblemáticos foi o caso da ravina Chávez, que em 1950 era uma vila próspera predominantemente mexicana e mexicano-americana onde habitavam mais de 5.000 pessoas. Desapropriada para um projeto de habitação pública federal nunca realizado, a terra retornou à Cidade de Los Angeles sendo vendida para Walter O´Malley que construiu o Dodger Stadium, aberto em abril de 1962 para a equipe de baseball Brooklyn Dodgers.


No topo, as habitações mexicanas-americanas;
abaixo o estádio de baseball.


Vestuário, Estilo e preconceito
Neste cenário se desenvolveu a primeira geração de americanos de origem mexicana, os Chicanos, na costa oeste americana mais expressivamente em Los Angeles, que criaram a subcultura Pachuco durante os anos 1930 e 40. Tinham uma gíria própria derivada da língua cigana de Caló de El Paso e se vestiam com versões dos famosos ternos zoot criados por Mickey Garcia, cuja modelagem exibia jaquetas longas acinturadas com imensas ombreiras, calças balão de cintura alta com tornozelos ajustados em barra italiana, em alguns casos pesada corrente de bolso de ouro, tudo em cores vibrantes e sapatos bicolores. Este traje era originalmente associado à outra subcultura: o Jazz dos Afro-americanos, cultura abraçada pelos chicanos como alternativa à cultura branca que lhes era negada. Esta indumentária colaborou para que a sociedade os apontasse como traidores e antipatriotas, uma vez que era necessária uma quantidade extra de tecidos para a confecção dos ternos e a época era de racionamento de tecidos em função da guerra.

Discriminados pela cultura branca americana,
os mexicanos encontraram abrigo na cultura afro-americana.
À direita, o cantor Cab Calloway pioneiro do terno Zoot. 

O traje Zoot Suit (terno Zoot) usado pelos afro americanos do Jazz...

... foram adotados pelo mexicanos - americanos.
pachucos-1940s


As pachucas usavam saias ajustadas acima do joelho (curtas para a época), suéteres justos, as jaquetas e a corrente de relógio como os rapazes, meia arrastão e sandálias huarache (salto baixo). Cabelos desfiados e armados em exagerados pompadours fixados com goma de cabelo e maquiagem com batom vermelho. Algumas usavam versão masculina do terno zoot com modificações para se adaptar as formas femininas. Ao exibirem seu próprio estilo de roupa não conformista, se tornavam subversivas devido aos papéis de gênero de longa data que ditavam como uma boa mulher deve se vestir, contrariando  os ideais da beleza vigentes, desafiando as normas por vestirem calças, as pachucas foram acusadas de radicais e não americanas.

As pachucas criavam a versão feminina dos ternos masculinos.

Pachucas com saias "curtas", sandáias hurache e grandes pompadours.

Pachucos e pachucas dançando: elas, 
com saias mais curtas que o habitual da época.
dancing-pachucos-pachucas

Quando a estética aceitável era predominantemente branca, patriarcal e perfeita, os pachucos resistiram a ser incorporados ao espírito hiper patriótico da Segunda Guerra Mundial, criando uma alternativa não branca, matricentrada e latina que desafiaria a ideia de uma nação unificada, algo que os EUA tentavam desesperadamente retratar durante a guerra. 

Pachucos: jovens mexicanos-americanos

O fato da vestimenta e dos pachucos não se encaixarem no conformismo americano acabou desenrolando um grande conflito racial, protagonizado por marinheiros versus pachucos conhecido como Motim Zoot Suit que ocorreu principalmente no sul da Califórnia a partir de 1943. Os marinheiros americanos munidos de tacos batiam em todos que vestiam ternos Zoot, para os americanos brancos, eles eram marginais.


Os jovens que usavam terno Zoot era perseguidos pelos marinheiros...

...espancados e/ou presos, eram obrigados a tirar a vestimenta considerada anti-americana.

Jovens vestindo terno Zoot são analisados pela polícia.

Para manterem seus estilos os pachucos faziam os ternos clandestinamente devido à proibição de serem comercializados.

As mulheres também eram presas.

Pachucas na prisão: presas por subverter as regras de comportamento. Era comum a formação de gangues e para se defender elas carregavam pequenos canivetes escondidos nos topetes dos cabelos.

pachucas-in-prision

Pachucas presas: detalhe para a maquiagem


O estilo Pachuca desafiou a percepção dominante da feminilidade durante esse período, já que seu estilo foi contra a moda feminina da época.


Feminismo
Seguindo a linha do Movimento dos Direitos Civis Mexicanos dos anos 1940, as Pachucas desafiaram as noções convencionais do que era considerado decoro feminino adequado. Ser uma pachuca era um tipo de "feminismo popular", que não vinha de uma consciência acadêmica, mas de uma crítica à cultura patriarcal incorporada à comunidade chicana. Segundo a pesquisadora de estudos chicanos Dra. Rosa-Linda Fregoso, autora do artigo de 1995 "Pachucas, Cholas and Homegirls in Cinema" que faz uma análise de como as mulheres latino-americanas são retratadas nos filmes, as pachucas encarnavam a rebelião contra a domesticidade e desafiavam a ideia do "comportamento feminino apropriado". O estilo Pachuca se tornaria o precursor da estética da Chola* que apareceria décadas depois. As mexicano-americanas queriam estabelecer suas "identidades sociais, culturais e políticas na América" sem terem que desistir de suas particularidades culturais latinas. 

"Elas estavam, nos anos 40, usando calça e andando com os caras. Elas usavam saias curtas, iam a festas, entravam em brigas, protegiam seu homem. E ainda não desistiam das responsabilidades que caem sobre você pelo simples fato de ser mulher." Rosa-Linda Fregoso.


Pachuca com versão feminina de blazer, saia "curta" e calças compridas.


O caso Sleep Lagoon e as acusações
A subcultura foi relativamente desconhecida do público americano até o caso do “Assassinato da Lagoa Sleepy” quando em agosto de 1942 um confronto entre gangues rivais ocasionou a morte de José Díaz, um jovem de 22 anos. Os suspeitos imediatos foram membros da gangue da 38ª Street, isto colocou os pachucos na cena pública criando uma imagem negativa em torno da juventude mexicano-americana. A investigação policial prendeu quase 600 jovens latinos e focou em condenar dez jovens mexicanas com o jornal Los Angeles Evening Herald & Express relatando suposta delinquência delas. Embora nunca tenham sido declaradas culpadas no caso, a maioria das garotas foi condenada à Ventura School for Girls, uma instituição correcional da Califórnia que abrigava jovens infratores.


Jovens latinos presos devido ao crime da lagoa Sleepy.


O caso Sleepy Lagoon, com ajuda da mídia, estigmatizou os pachucos em uma imagem violenta e promíscua, estereotipando as jovens como "degeneradas e hiper-sexualizadas" e logo jornais de língua espanhola, como La Opinión, também relacionavam pachucas como prostitutas e pachucos como seus cafetões. As comunidades mexicanas de Los Angeles também criticaram e denunciaram a nova subcultura, pais acreditavam que os filhos estavam destruindo costumes e tradições mexicanas. Os editores do jornal La Opinión descreveram a pachuca “[...]as jovens traíram o comportamento feminino adequado e causaram vergonha ao povo mexicano". O "problema mexicano" deverá ser resolvido, disseram autoridades americanas, e assim se iniciou uma grande campanha de racismo e desapropriação cultural tornando esses jovens estigmatizados pelos americanos e suas próprias comunidades. 


O legado da subcultura
A subcultura entra em declínio em 1945, mas a cultura chicana se manteve viva preservando elementos pachucos como gírias e causas políticas. Enquanto as pachucas sofriam perseguições públicas, continuavam mudanças relativas à gênero e um aumento de poder às mulheres que evoluiu e produziu impacto mesmo após a Segunda Guerra Mundial. As mulheres começaram a desempenhar um papel mais público no movimento chicano, como Dolores Huerta, que ajudou a formar a organização United Farm Workers em 1962 com César Chávez. "O feminismo chicano, paralelamente ao movimento chicano, ajudou a Chicana a se tornar reconhecida como um bem valioso em sua comunidade". 


 Passeatas da cultura chicana em épocas diferentes.
 
Na década de 1970 e 80, os chicanos, já orgulhosos de suas origens mexicanas e indígenas, participam das passeatas pelos direitos civis americanos, no entanto mudam seu visual para uma versão de cabeças raspadas, calças cáqui e camisetas brancas - de origem incerta, uns dizem ser relacionado ao uniforme das cadeias, outros dos soldados americanos -  e o terno zoot pachuco se torna traje formal nos bairros étnicos.

Cabeças raspadas e calças cáqui se tornaram o traje de resiliência e
 empoderamento da cultura mexicana na América.
chicanos-chicanas

Casais chicanos.
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A Cultura Low Rider
Os chicanos se aperfeiçoam na personalização de carros através da cultura Low Rider, que embora tenha se popularizado na década de 1970, já era praticada pelos pachucos em 1940. Esta cultura é forte ainda hoje no sul da Califórnia sendo um símbolo de resistência.



Cultura Low Rider na década de 1980.

A Cultura Pachuca / Chicana hoje
Na medida que novas subculturas surgiram, elas foram abraçadas pela cultura chicana, o rock n´ roll através do rockabilly e dos greasers; punk, gótico, raver, grunge, emo, rap, hip hop... um dos artistas mais adorados pelos pachucos é Morrissey, que possui grande fan base em LA possuindo até banda tributo (Mariachi Manchester) e festival em homenagem (Mexrrisey). 

O estilo das Pachucas contemporâneas.
pachucas-style

Reverse Pompadour, penteado das pachucas.



Penteado tradicional das Pachucas


Este vídeo mostra os estilos mais icônicos da subcultura.




O estilo dos ternos Zoot usado pelos pachucos na década de 1940, são usados ainda hoje em versões modernizadas. O traje é um símbolo de empoderamento e também usado em ocasiões formais da cultura chicana.

"É muito importante para os latinos que conheçam os Pachucos e o que aconteceu com eles, a injustiça, o racismo, nós descendemos de pessoas muito fortes."

 

A cultura chicana é muito diversa. Um exemplo é Xela von X, fã de musica punk e criadora da brigada ciclista Ovarian Psycos que pedala em bicicletas moonlit nas noites de lua cheia, reunindo mulheres que sofreram assédio e violência e promovendo atividades de empoderamento. Xela também é ativista contra a normatização do ódio étnico.





Os chicanos incorporam as subculturas à identidade latina, mantendo o engajamento na luta contra preconceito étnico e mantendo vivo o espírito contestador dos antepassados Pachucos.



*Chola: garota chicana. Tema do post a seguir.


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Autoria: Texto, acréscimos, edição e finalização de Sana Mendonça em cima de pesquisa inicial de texto e imagens feita por Letícia Hammes (Instagram / Facebook).

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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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19 de dezembro de 2017

Pós Punk, Goth e Deathrock: Como é ser Alternativo no país africano de Angola?

Apesar da relação histórica entre Brasil e países africanos de língua portuguesa, pouco nos chega de informações sobre os mesmos, principalmente se a questão for cultura alternativa. Será que existem alternativos nos países daquele imenso continente? Que subculturas existem por lá? Como elas são? Seriam muito diferentes de nós ou temos mais em comum do que imaginamos? Nesta postagem, que faz parte de uma série em que mostramos como é ser alternativo ao redor do mundo, contamos um pouco sobre como é ser alternativo em Angola, país da costa ocidental da África. 

Matthew Cardoso é leitor do blogue e se identifica com subculturas. Foi com este morador da cidade de Luanda que troquei uma ideia sobre a cena alternativa local. 

Matthew Cardoso, à esquerda da foto.
 Foto: Kenned Flautas Negra

Moda de Subculturas: Como é ser alternativo em Angola, existe preconceito? Como é a questão musical?
Matthew Cardoso: Ser alternativo em Angola-Luanda não é nada pois é um país que se você não gosta de semba, kizomba, kuduro e nem de repper nem és gente. Principalmente quando tem rolê em locais públicos as pessoas sentem medo de chegar e obter informação, saber porque você é assim ou está assim. Muito amigos/as de infância foram se afastando porque não tenho os mesmos gostos que eles.
Existe sim preconceito, como qualquer um outro país, mas graças a nós dentro da nossa cena não. 
Infelizmente não temos festivais, por até o momento só temos um banda e que não é de Luanda (Piratas das Almas), banda de Darkwave, temos feito em cada dois ou três meses um evento para reunir o pessoal ao som das bandas, e nos primeiros sábados do mês e no último sábado temos os nossos rolês.

Créditos: Kenned Flautas Negra

MdS: Você considera então que os alternativos num geral são marginalizados em Angola?
MC: Sim de um modo são sim, muitos deles dizem que a sociedade angolana não está preparada para aceitar numa boa os alternativos. 

MdS: Além dos góticos e metalheads, saberia me dizer se também tem punks por aí?
MC: Punks somos nós rs, brincadeira minha. Não existem punks aqui não, não, não. Uns jovem que curtem do som mas só mesmo do som e param por aí.

MdS: E garotas, você conhece góticas ou meninas de outras subculturas?
MC: Nos anos atrás tinha muitas garotas na cena, mas muitas delas ficaram pelo caminho. 

Foto: Kenned Flautas Negra

MdS: A cena pós-punk/gótica que vocês fazem parte é grande ou pequena?
MC: Não é um número tão grande assim, mas pode a chegar a uns 15 para cima acho, mas a cena cá já teve mais aderência.

MdS: Como é a questão do preconceito estético, xingam ou mexem com vocês? Ou apenas olham torto e não falam nada? 
MC: Xingam, mas não chegam perto, somos demônios rs, falam, falam... Até os religiosos olham torto e xingam, mas nunca houve contato físico...

Os rapazes criam e customizam as próprias roupas para criar um estilo alternativo.
Foto: Kenned Flautas Negra

MdS: E as roupas, são vocês mesmos que fazem?
MC: São feitas por nós mesmos. Algumas vezes são desenhadas ou não... porque tem bandas que o logotipo é muito complicado, então tiramos cópias e recortamos, noutras vezes são desenhadas mesmo.

MdS: Usam estilo mesmo com o calor?
MC: Eu creio que o clima de Angola não é tão diferente assim de Portugal. Aqui é um país muito quente, muito sol do krl... e sim quando à rolê temos de andar assim mesmo, tudo pela cena!

MdS: Sobre a cena, são envolvidos com política ou os encontros é só para reunirem e ouvir música? 
MC: Nos nossos encontros/rolê a gente fala mais de cena, partilhamos bandas novas, falamos com o pessoal novo sobre a cena, partilhamos zines feitas com cada um.

Créditos: Kenned Flautas Negra

Foi muito legal conversar com Matthew e conhecer um pouco mais sobre a cultura alternativa num país tão pouco conhecido por nós. A impressão que tenho é que somos muito parecidos, independente das diferenças culturais de cada nação. A cultura alternativa une os semelhantes não importa qual local do mundo se viva!

Ah e se você é um leitor que mora no exterior, nos envie em relato sobre como é ser alternativo no país em que está ;) 


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4 de dezembro de 2017

Cherry Taketani: o estilo e o legado da ex-guitarrista da banda NervoChaos

Neste fim de semana faleceu de câncer a vocalista e instrumentista Cherry Taketani,  (Cherry Sickbeat) uma das referências nas cenas punk e metal nacional. Pequena e de voz delicada, Cherry impressionava pela atitude e presença marcante, além de ser das poucas mulheres japonesas a se destacar neste meio musical. 


A cantora fez parte da banda Okoto na década de 1980, inicialmente com uma sonoridade mais eletrônica e posteriormente adquiriu uma pegada mais punk hardcore, assim como o seu visual que era mais "comum" e foi se tornando mais alternativo com o passar dos anos. Foi baterista da The Hats e Elektrobillys e vocalista da banda Hellsakura, de mistura sonora punk e metal que talvez seja a característica mais marcante também do estilo visual que a cantora adotou para si, incluindo nos cabelos coloridos. 

A cantora com um estilo mais punk hardcore.

Nas fotos abaixo, ostenta franja em V que virou uma de suas marcas, o estilo se torna uma mistura de referências alternativas, incluindo os cabelos coloridos. A meia calça usada nas fotos à esquerda (com uma cruz) é bem popular na moda gótica.


Cabeça toda raspada com cabelos só no topo que frequentemente ganhavam marias-chiquinhas.


Desde 2015 era guitarrista da banda de Death Metal NervoChaos, nessa fase incrível do metal nacional onde as bandas originalmente masculinas tem aberto espaço para colocar mulheres instrumentistas em suas formações, afinal não é o gênero que importa e sim a competência musical

 

Ao adentrar pra NervoChaos, seu visual perde um pouco da herança hardcore e ganha mais referências fetichistas, típicas da moda heavy metal, como vemos no corselet e nas peças que lembram couro. A cantora sempre usou shortinhos bem curtinhos, o que acabou virando sua marca registrada. 


Abaixo, na foto da esquerda ela adota um visual típico da cena Death, com colete e cinto de spikes, mas ao invés de calça rasgada, prefere manter o short e rasgar as meias. O cabelo permanece o mesmo corte há muitos anos, apenas mudando a cor da franja entre verde, rosa e amarelo. Ocorre  adoção das blusas "rasgadas/trançadas" semelhantes às que Alissa White-Gluz (Arch Enemy) usa.


Quebrando barreiras, Cherry usava as mesmas roupas que jovens alternativas usam, mostrando que a moda alternativa não tem idade.


Houve um tempo em que as garotas fãs de rock queriam ter banda pra expressar tudo que sentiam. Sejamos sinceros, se você era uma garota outsider você não tinha tantos caminhos a seguir, a sociedade não era tão aberta ao diferente como é hoje e mesmo que fosse, garotas punks ou headbangers não tem o tipo de comportamento padrão apreciado pela maioria das pessoas.


Nos dias de hoje ainda temos pouca representatividade de mulheres no rock, perder Cherry é perder também uma grande inspiração. Com ela se vai parte da história das mulheres do metal brasileiro, seu grande legado é que nós podemos sim ter bandas e fazermos tudo que quisermos, adotarmos um estilo alternativo e permanecer com ele não importa a idade.  Longa vida à memória de Cherry Taketani e  à todas as mulheres musicistas que estão na luta nas cenas punk, rock e metal e muitas outras: não desistam, precisamos de vocês! <3





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3 de dezembro de 2017

GOTHIC STATION: terceira edição da revista trás matéria de capa com a editora do Moda de Subculturas!

A GOTHIC STATION é a primeira revista brasileira impressa dedicada à subcultura gótica. Desde a primeira edição sou colunista de moda, cada edição tem um tema central: a primeira foi sobre Famílias Góticas, a segunda sobre Diversidade na Cena e a terceira tem Moda como tema. Foi com muita surpresa que recebi o convite do editor Henrique Kipper para ser capa. Portanto, gostaria de convidar a todos para conhecer o projeto de financiamento da terceira edição da Gothic Station!

A campanha está ativa até o dia 10/01/2018
moda-de-subculturas


Mas o que estou fazendo lá?
Ser capa de revista é algo que eu me divertia imaginando quando nova, mas nunca levei à sério a ideia, sempre preferi a parte mais intelectual da moda e acreditava que certas coisas tinham ficado completamente para trás. Mas a vida dá aquelas surpresas né? Entendo o convite como resultado de meu trabalho no Moda de Subculturas, o que significa um baita reconhecimento do que apresento aqui!
Essa edição tem tema central sobre MODA!
Sou colunista e desta vez escrevi um artigo sobre a história dos popularmente conhecidos "New Romantics" onde revelo o que esta subcultura tem a ver com a subcultura gótica! Parece meio impossível não é? Mas nessa matéria exclusivíssima trago o elo perdido que liga os dois grupos, legal né? É uma informação que veio após pesquisa e dedicação e quem comprar a revista vai ter acesso à história desta subcultura.
Tem outras matérias envolvendo moda gótica, mas isso fica pra revelar quando a revista for lançada, não vou estragar a surpresa! E ainda tem as habituais matérias sobre comportamento, turismo, música (tá demais!) trazendo The Knutz, Blutengel, Opera Multi Steel em entrevistas exclusivas, além das sessões de literatura e cinema.

https://www.catarse.me/gothic_station_3


Precisa ser gótico pra comprar a revista? 
Não precisa ser gótico pra comprar a revista! Embora aborde temas desta subcultura alternativa, num geral as matérias são  cultura e informações sobre musica, literatura, turismo, arte, moda e etc, basta você ter interesse em alguns destes temas ou ter interesse em cultura alternativa. Se você é estudante e precisa de fontes de pesquisa na área, taí!

Apoie a cena alternativa
A revista é uma produção independente financiada pelos leitores, admiradores e interessados em subcultura e cultura alternativa, portanto é fundamental o apoio à publicação para que ela continue existindo. A revista não é de "uma cena gótica específica" já que é feita por pessoas espalhadas pelo Brasil que procuram oferecer conteúdo de qualidade à vocês.

Peço a quem não tiver interesse em comprar a edição ou quem não puder comprar, que compartilhe um dos links abaixo em suas redes sociais para que mais pessoas conheçam este projeto maravilhoso que precisa continuar existindo!

link direto catarse (clique para abrir):

 No face, pode compartilhar esse post do Henrique Kipper:

No insta, pode compartilhar qualquer uma das fotos deste post + o link:

goth-magazine


Um recado para lojas alternativas:
A edição tem destaque para Moda e a revista tem espaço para anúncios publicitários!
Se você tem loja e tem interesse em aparecer para possíveis consumidores de sua marca, anuncie na GOTHIC STATION! Existe a possibilidade de marketing nas páginas desta e de futuras edições. Para anunciar na Gothic Station basta contatar o Henrique Kipper para ter mais informações. Contatos do Kipper:
Perfil no Face: https://www.facebook.com/henrique.kipper
E-mail: henrique_kipper@yahoo.com
 

Sobre as metas
Estou torcendo pra meta da revista ser atingida! Mas não escondo o desejo de ela ser superada. Porque quanto mais a meta for superada, mais chances da publicação ganhar mais páginas e vir com um CD. E a gente quer isso né? É uma oportunidade de conhecer e apreciar bandas góticas.



 https://www.catarse.me/gothic_station_3


Dicas de pacotes!
São 50 Pacotes para vocês escolherem (acesse-os aqui), somente  a edição #3 custa R$29,00, mas se você está em dúvida, aqui vai umas dicas:

Se você é interessado na história da subcultura gótica:

O pacote 6 ou o 8.
Se você gosta ou quer conhecer música gótica:

Qualquer um dos pacotes dos números 22 ao 38, basta escolher a banda.
Se você gosta de comics:

O pacote 11.
Se você gosta de romance gótico ou HQ:

Qualquer um dos pacotes dos números 39 a 47. Minha dica pessoal é o pacote de número 46 ;)
Se você gosta de moda ou decoração:
Pacotes 48 a 50.

Sobre o valor
Você só paga o valor escolhido no pacote. 



Se você nunca viu a revista e quer ter ideia de como ela é, vou deixar aqui as postagens que fiz com fotos das edições anteriores:

- Revista GOTHIC STATION #1
- Revista GOTHIC STATION #2


Eu acredito que vocês imaginem a dificuldade que é criar uma revista numa época em que tudo está disponível na internet. Mas quem conheceu as duas primeiras edições, tenho certeza que conseguiu perceber a dedicação em fazer o melhor dentro das limitações. Há ainda muito a evoluir mas aos poucos vamos refinando o trabalho. Quem se interessar por subcultura gótica e sua cultura, assim como por cultura alternativa num geral, pode compartilhar os links como forma de apoio. E sim, a revista pode ser enviada aos que moram no exterior.

Não deixe de compartilhar e apoiar o projeto! <3



Atualizado: 08/12/2017

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