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27 de dezembro de 2016

A história do Bullet Bra: das Sweater Girls à Madonna [Parte 1]

O cone bra (sutiã em cone) e o bullet bra (sutiã em bala) tem sido usados por adeptas de subculturas como a rockabilly, burlesco e entusiastas das décadas de 1940 e 1950. Mas a pessoa que reviveu e tornou a peça famosa mundialmente para toda uma nova geração foi Madonna, que usou um modelito criado por Jean Paul Gaultier no figurino que se tornou icônico em sua turnê Blond Ambition de 1990.

bullet bra

Na virada do século XX,  o espartilho deixou de ser usado e foi necessário a criação de novas peças para suporte do busto feminino. O sutiã como conhecemos hoje aparece por volta de 1906, embora em 1889, Herminie Caddole já havia criado seu “corpete para seios” com alças nos ombros. Vários motivos incentivaram a "queda" do espartilho e o surgimento do sutiã, um deles foi um novo estilo de vida feminino: a mulher ativa, que precisava de roupas que facilitassem seus movimentos na medida em que iam se inserindo no mercado de trabalho.

Em meados da década de 1930 surgem os sutiãs com bojo e em 1939 aparece o modelo em formato de cone que dominaria a underwear da década de 1940. Devido ao início da II Guerra Mundial, o governo americano introduziu o Utility Clothing Scheme [aqui], que racionava tecidos e obrigava que as roupas, incluindo as de baixo, fossem construídas para durar.

Modelos de Cone Bra (Sutiã de cone)
1940s 1950s decade

"Pasties" de cone e como nem toda mulher era dotada de seios fartos, os enchimentos surgiam como opção para cobrir o espaço vazio e ajudava a empinar ainda mais os seios. 

Em 1941 a marca Hickory lança seu modelo Perma-lift, um sutiã cone em forma de bala (bullet). Enquanto o formato de cone imperou na década de 1940, na década de 1950 o bullet bra viveu seu auge, promovendo seios separados, erguidos e pontudos. 

bullet bra


Bullet Bra
O bullet bra é um sutiã em formato de cone que cobre todo o busto. Era tradicionalmente feito de nylon ou cetim, sendo também chamado de "torpedo". A peça não tem arame mas é estruturado devido à costura e tamanho acurado, que se adaptava ao corpo separando e levantando os seios. O modelo típico tem costuras em círculos concêntricos ou espirais terminando na ponta do bojo, sendo suas possíveis referências e influência as balas e torpedos usados na II Guerra Mundial: cada seio era como um "projétil".

Com bojos generosos que podiam ser preenchidos com enchimentos inseridos dentro, o bullet bra da década de 1950 era mais extremo que os cone bras (sutiãs cônicos) da década de 1940. 
 
1950s bullet bra

Uma das mais conhecidas fabricantes do modelo foi a Maidenform, que desenhou seu modelo Chansonnette em 1949, com a assinatura da costura circular. Foi um modelo popular por mais de 30 anos. A campanha "I dreamed" dominou a década e ajudou a disseminar a marca. Mostrava mulheres em diversas situações e com atitude confiante usando apenas o sutiã na parte de cima do corpo.

bullet bra


As atrizes Lizabeth Scott, Martha Hayer, Jayne Mansfied,
Mamie von Doren ajudavam a disseminar a moda.
Lizabeth Scott, Martha Hayer, Jane Mansfied, Mamie von Doren.


As "Sweater Girls"
O termo Sweater Girl foi usado nas décadas de 1940 e 1950 para descrever atrizes como Lana Turner, Jayne Mansfield, Mamie von Doren, Agnes Moorehead, Marilyn Monroe e Jane Russell que usavam o bullet bra com suéteres justos. Os suéteres eram propositalmente juntos ao corpo para exibir a nova tecnologia dos sutiãs que separavam e empinavam o busto. A aparição de Lana Turner no filme They Won't Forget (1937) é considerado o primeiro caso de uma "sweater girl", um termo criado por publicitários de Hollywood para descrever o impacto da vestimenta.

Lana Turner no filme They Won't Forget (1937)

A exibição das curvas e o formato em ponta de bala dos seios, quando usados pelas jovens, chocavam a moral da época. O efeito era ainda maior se fossem usados com saias justas pelas mulheres adultas e com jeans, pelas mais novas.
The Wild One Britches
A personagem Britches interpretada por Yvonne Doughty no filme "The Wild One" (O Selvagem) de 1953,
também era uma Sweater Girl (foto embaixo, na ponta direita).

Na década de 1960, a peça entra em declínio devido a ascensão do desejo feminino por um look mais natural. Já no fim do século passado, em 1999, a marca de lingerie alternativa What Katie Did lança seu próprio bullet bra para um pequeno nicho de fãs de moda retrô. Atualmente, a peça já é mainstream como podemos observar em diversas artistas e editoriais de moda.

Cone Bra e Bullet Bra da marca What Katie Did.
Bettie Page e Dita Von Teese usando a peça.
Modelos alternativas posando com bullet bra

Sutiã meia taça estilizado com bojo bullet da marca Trashy Lingerie


O Bullet Bra de Madonna
O interesse no bullet bra foi retomado no fim do século passado após Madonna usar uma peça criada por Jean Paul Gaultier como figurino de sua turnê Blond Ambition de 1990. A versão do francês foi inspirada nos modelos da marca Perma-Lift da década de 1940. O estilista revelou que a primeira tentativa de confecção foi feita na infância em sua ursinha Nana, conforme pode ser visto [aqui] em entrevista a Lilian Pacce. Porém antes da famosa parceria, a pop star havia utilizado uma criação da marca Trashy Lingerie no clipe "Open Your Heart" e seguiria com a mesma na turnê "Who's That Girl" de 1987. A encomenda teria sido feita pela figurinista Marlene Stewart que trabalhava com ela na época. Talvez a diferença de reconhecimento do modelo de Gaultier para o da Trashy tenha sido o impacto causado pelas coreografias polêmicas do Blond Ambition, fazendo com que Madonna elevasse o efeito erótico e provocativo da peça. Até hoje, diversas pessoas chamam o bullet bra de "sutiã da Madonna". 


No clipe, a cantora usa um modelo preto com detalhes em dourado. O bico de lantejoulas cria o efeito de um tassel pastie, acessório muito utilizado no burlesco.

Na década de 1990, com a versão de JPG, o mais famoso:

Mais recente, com outro estilizado por Gaultier:

E vocês, gostam do cone e do bullet bra? Usariam?
Aproveito e convido vocês pra continuarem acompanhando, pois a seguir vem a Parte 2 deste artigo! Até lá! 


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26 de agosto de 2012

História da Moda: Visuais que Chocaram Épocas

Por séculos as roupas distinguiram as classes sociais e era praticamente impossível usar algo diferente do pré-estabelecido. As "bizarrices" da moda atual são leves comparadas com alguns dos estilos mais chocantes do passado - tendências que causaram clamor público, foram consideradas indecentes, decadentes e até mesmo antipatrióticas.
A moda algumas vezes se choca com a moral social prevalecente. Atualmente as mudanças de estilo acontecem tão rapidamente em nosso mundo moderno, que não paramos pra pensar duas vezes sobre elas. Assim, uma tendência de moda nova e radical atual, provavelmente não tem o mesmo valor de choque que teria tido há 100 anos atrás.

Macaronis
Eles ririam da cara do metrossexual atual e o que eles consideram cuidar da aparência. Um grupo de jovens aristocratas britânicos liderou o estilo em meados de 1700. Os Macaronis chocaram e escandalizaram - e se divertiam com isso.

Macaroni: Caricarura
Tudo começou com um grupo de jovens ricos que fizeram a Grand Tour pela Europa depois de terminarem a educação formal. Eles adotaram estilos extravagantes dos franceses e italianos, mas levando todos os detalhes para o extremo. Supostamente, o nome Macaroni surgiu porque eles tomaram gosto pelo macarrão, uma comida italiana pouco conhecido na Inglaterra até então, e eles diziam pertencer ao "Macaroni Club".

Altas, caras e de decoração elaborada, as perucas eram usadas com chapéus minúsculos empoleirados no topo que só podiam ser retirados com a ponta de uma espada. Casacos usados apertados e decorados com rendas, fitas e botões muito grandes. Coletes em estampas berrantes confrontavam meias brilhantemente coloridas. Sapatos estreitos e com exageradas fivelas decorativas. Os Macaronis desenvolveram sua própria forma de linguagem para impressionar, misturando estrangeirismos em francês, italiano, latim, inglês e usando uma pronúncia diferente para o horror de seus pais.
Eles eram um contraste com a moda masculina da época. A moda inglesa havia se suavizado desde o início do século XVIII, era uma alfaiataria simples que se desenvolveu a partir das roupas de campo. Casacos de seda pesadamente bordados e jóias não eram nada práticos para cuidar de uma propriedade rural.


Mas o que também escandalizou foi o fato de que os Macaronis eram obcecados pela moda em primeiro lugar. O século XVIII foi o período em que a moda se tornou de gênero e eles estavam destruindo esta regra. Por uma variedade de razões, naquela época, a palavra "Moda" se tornou um assunto de mulher. Um homem se envolver com tantos enfeites era visto como bobo e efeminado. Ao se envolver com  a alta moda, eles estavam tomando o lugar da mulher, o que foi muito escandaloso.
Mas foi uma moda passageira, a moda masculina rapidamente passou para estilos mais simples defendidas por Beau Brummell - o estilo dândi - que foi uma reação masculinizada ao excesso efeminado da moda Macaroni. Brummell acreditava que vestir-se bem vinha de detalhes impecáveis e da exibição sem ostentação. 


Chemise à la reine de Marie-Antoinette 
O retrato ao lado chocou uma nação. Maria Antonieta, a rainha da França, já havia indignado os franceses em 1783 com sua opulência; agora ela escandalizava a todos com uma abordagem de roupas mais simples. Tão simples que a nação achava que ela havia posado para o retrato em sua roupa de baixo. A rainha adotou um novo modelo de vestido para combinar com o estilo de vida que ela estava levando em seu retiro privado no campo. O Petit Trianon era situado num recinto do Palácio de Versalhes e lá, várias cerimônias elaboradas da corte francesa foi abandonadas, incluindo a moda.

Retrato Original


Maria Antonieta começou a usar um vestido leve, sem forma, chamado de gaulle. Ele era feito de camadas simples musselina, folgado e moldado por um cinto amarrado na cintura. Ele também não tinha os panniers habituais sob a saia, que eram muitas vezes tão extremos que os batentes das portas tiveram que ser ampliados para acomodar os vestidos. De tão leve, o vestido poderia se moldar em torno das pernas, o que era chocante no momento. Ele foi um contraste direto com a moda da corte, que era incrivelmente elaborada e exagerada de luxo. Quando Elisabeth Vigee Lebrun pintou a rainha em seu vestido novo e a obra foi exibida ao público, houve um grande escândalo. A simplicidade e leveza do vestido parecia muito com a chemise, que era uma peça básica usada por todos. Como resultado, o gaulle ganhou o apelido de "chemise à la reine".
Retrato refeito

Mesmo quando foi esclarecido que ela estava usando um novo estilo de se vestir, o furor público não diminuiu, a simplicidade da roupa era vista como um insulto à glória da monarquia, e rainhas francesas deveriam ser um reflexo da grandeza do rei. O retrato teve de ser refeito, desta vez sem o gaulle mas com um vestido azul. Ela também foi acusada de tentar boicotar os comerciantes de seda franceses. Na época, eles eram uma parte vital da economia do país e, usando tecido importado, a rainha foi acusada de apoiar uma indústria têxtil rival.
Mas, apesar de inicialmente ser acusado de indecente, lá por 1790 as mulheres francesas e britânicas começaram a adotar os vestidos chemise de musselina. Ele foi o precursor dos estilos de moda do início do século XIX, bem conhecidos através das personagens das obras literárias de Jane Austen. 


Terno Bloomer
Ai de uma mulher que mostrasse o tornozelo em meados de 1800! Em boa parte do mundo as saias eram longas para proteger a modéstia de uma mulher, corsets eram apertados e restritivos e usar qualquer coisa remotamente masculina elevaria sobrancelha coletiva da nação - para dizer o mínimo. 
Daí a indignação causada pelo terno bloomer, mesmo que as estas calças compridas fossem amarradas no tornozelo e usadas sob saias longas. A menor aparicão dos bloomers sob a saia era suficiente para deixar as pessoas em um frenesi de desgosto. 
Desenhado por Elizabeth Smith Miller em Nova York em 1851 e defendido pela ativista dos direitos das mulheres Amelia Bloomer, o pequeno grupo de mulheres que os vestia o considerava uma alternativa saudável e racional para as pesadas saias da época. Os bloomers tornavam o andar de bicicleta e outras tarefas da vida diária muito mais fáceis.

Mas a sociedade não estava preparada para mulheres usando calças, mesmo que estas fossem quase totalmente escondidas sob uma saia. A peça se tornou uma declaração política e as usuárias foram atacadsas publicamente. "Bloomer" tornou-se um termo depreciativo, um nome lançado contra as que estavam envolvidas nos direitos das mulheres. As sátiras da época as desmoralizavam e ridicularizavam, caricaturas ilustravam mulheres usando calções e agindo como homens. A sociedade conservadora venceu e o terno bloomer voltou ao guarda roupa. Quando retornou décadas depois, não perdeu seu poder de escandalizar.
A maioria das pessoas ainda achava que estas calças roubavam das mulheres a feminilidade. No início de 1900, eles começaram a ser usados novamente, desta vez sem uma saia por cima. Foram adotadas pelas primeiras estudantes universitárias americanas, mas restrições ditavam onde e quando eles eram autorizados a serem vestidos: basicamente apenas no campo esportivo. 
Apenas na década de 1930 foi que as calças passaram e ser aceitas em outros lugares, mas ainda não eram aceitas na sociedade em geral. O impacto do bloomer foi um legado para que as mulheres pudessem usar roupas que melhor se adaptem às rotinas de sua vida sua diária.


Assim como com os Macaronis, a indefinição do estilo tradicional de gênero foi o que chocou as pessoas. Quando as mulheres adotaram uma peça mais masculina (os bloomers) elas eram vistas como querer ser como os homens, o que significava serem associadas com o gênero de mais poder. Quando os homens queriam se parecer mais com as mulheres - como os hippies da década de 1960 - as pessoas entenderam que eles estavam querendo descer na escala de poder. 


O New Look
Hoje em dia é usando pouca roupa que muitas vezes se cria um furor, mas não foi o que aconteceu com Christian Dior em 1947 quando ele apresentou sua primeira coleção após a 2º Guerra Mundial em Paris. Chocadas e indignadas, as pessoas o consideraram antipatriótico simplesmente por causa da quantidade abundante de tecido usado para fazer saias longas e volumosas.

 
New Look Dior
A guerra tinha acabado, mas vários países europeus ainda estavam passando por racionamentos. No Reino Unido, o governo fez uma ordem de restrição das roupas civis, proibindo o corte desnecessário de pano. Também definiu uma lista de restrições que alfaiates e costureiras tinham que trabalhar, ditando o número de botões, bolsos e da quantidade de guarnição que uma roupa poderia ter. Na época, a moda feminina havia se tornado muito estruturada e masculina, com ombros pontiagudos e influência de cortes militares, o que era um reflexo do trabalho que as mulheres vinham fazendo durante a guerra nas fábricas e nos campos na década de 1940.

Em contraste com tudo isso, o New Look de Dior tinha barras longas e saias rodadas acinturadas. Ele criou a silhueta ampulheta perfeita. Os tecidos usados por ele eram caros demais: cetins, lãs finas e tafetá. Com muitas pessoas ainda lutando bravamente pra sobreviver, o estilo luxuoso era considerado um insulto. Mas o estilista  foi apoiado por fabricantes têxteis que viram o estilo como uma forma de aumentar seus lucros. O New Look foi também considerado um regresso à silhueta vitoriana, com a cintura fina e ombros suaves,  o que foi interpretado como o envio de uma mensagem para as mulheres: de "retorno ao lar", que muitos governos tentavam impor desde o fim da guerra, e aos poucos estas começaram a abraçar o novo estilo que influenciou a moda da década seguinte, como vocês puderam ler na postagem sobre a moda feminina de 1950



Estilistas atuais ainda citam o New Look Dior, como parte seminal da história da moda. E tanto na moda mainstream como na moda alternativa atual, o estilo retrô que imita o New Look está muito em voga, assim como o estilo de Moda Lolita carrega fortes referências do New Look também.


*Esta postagem foi baseada num artigo do site BBC News - Magazine, chamado "Fashion: History's shocking styles" escrito por Denise Winterman. Traduzi o texto e refomulei os parágrafos com alguns acréscimos escritos por mim.


30 de novembro de 2011

Anos 50 - Parte 4: Jovens e Rebeldes (Teddy Boys, Rockers/Bikers e Beatniks)

Na década de 1950, uma categoria social que até aquele momento o comércio não levara em conta passa a fazer toda a diferença: a adolescência. Passa a existir um mercado de moda específico para os jovens da geração baby-boom. Estes jovens tinham suas próprias músicas, suas próprias maneiras e aparências. Solteiros, com dinheiro do trabalho remunerado, tinham mais liberdade de consumo do que os seus pais.

As subculturas como conhecemos hoje, já davam as caras na década de 1950. Filmes como “Rebelde sem Causa” influenciaram a forma como os adolescentes se vestiam. Jack Kerouac e seu livro “On the Road” trouxe a cultura Beatnik. Couro, calças Levi´s, tênis Converse e o cenário do Rock n Roll ajudaram a criar o look rebelde da década.

Houve uma quebra da relação entre pais e filhos; os jovens começam a se afastar da rigidez da década de 1940 para dar início aos movimentos de juventude de 1960. Os adolescentes eram considerados agressivos, usavam de elementos sexuais, atitudes provocativas e fazem surgir conflitos nos pais, afinal, esses jovens tinham uma liberdade que seus pais jamais tiveram, o medo de envelhecer e o culto à juventude começam então a surgir no mundo adulto.
Estas subculturas não tinham uma ideologia, eram "rebeldes sem causa", apenas pelo prazer de serem diferentes de seus pais;  com as subculturas punk e hippie, jovens interessados em direitos civis e política, ideologia e subculturas andavam juntas.


Teddy Boys
Este estilo, usado por jovens ingleses desde o final dos anos 1940, não era uma releitura da Era Eduardiana, era literalmente uma cópia das peças da época. “Teddy” é apelido do nome “Edward”, e esses neo-eduardianos rejeitavam a norma tradicional de vestimenta; rebeldes, bad boys e elegantes, eles se reuniam em cafés e nas esquinas.

Casacos longos até os joelhos com gola e punhos enfeitados com veludo ou cetim e abotoamento simples, coletes de brocado, ombros naturais, corte ajustado, drape jacket, casacos de lã com vários bolsos, camisas brancas com gola alta; calças de cintura alta e estreitas;  lenços e chapéu coco eram o que vestiam. O acréscimo ficou com meias brilhantes e gravatas finas aos estilo cadarço (bootlace ou shoestring); sapatos de camurça ou creepers.
Cabelo penteados com brilhantina em estilo quiff, costeletas longas e “rabo de pato” (ducktail) onde o cabelo era penteado pra trás e no topo da cabeça era feito um rolo que formava um grande topete.
Porém, essa imagem de bad boy elegante era cara, as roupas deveriam ser feitas sob medida pelos alfaiates de Saville Row, que dominam a alfaiataria masculina britânica desde 1806.


As Teddy Girls usavam cabelos curtos, maquiagem, blusas pretas, camisas brancas, saias na panturrilha, calças justas com corte baixo. Estas moças poderiam usar um look mais andrógino ou masculino, mas isto era raro e arriscado, um penteado masculino em uma mulher poderia levá-la presa ou agredida por suposta homossexualidade, que era encarado como uma perversão. O estilo se enfraqueceu em 1956 e praticamente desapareceu em 1958. Ressurgiu na década de 1970 com  o glam rock e depois na década de 1990.



Rockers
O Rock n´ Roll, que começou a dar seus primeiros acordes em 1951, era o estilo musical dos adolescentes da década de 1950. Em 1954, o rockabilly de Elvis Presley domina as rádios junto com Bill Hayley, Jerry Lee Lewis, Little Richard, Chuck Berry e Buddy Holly. Estrelas de cinema como James Dean e Marlon Brando - que interpretou um motoqueiro vestido em couro no filme "O Selvagem" (1953), são considerados ícones culturais da juventude rocker. O rock and roll era visto como perigoso, subversivo e até mesmo obsceno já que rebelião e agressividade caracterizavam essa subcultura. Os rockers surgiram na Inglaterra, eram avessos ao uso de drogas, se reuniam em cafés ou na Chelsea Bridge Tea Stall em Londres e depois partiam para correr com suas motos. Essas reuniões em cafés deram origem à um tipo de motocicleta chamada de cafe racer. Os rockers posteriormente influenciaram o movimento punk nos anos 1970.

Rockers usavam camisetas brancas, jaquetas curtas de couro (jaqueta perfecto), jeans Levi´s, calças de couro e botas, como acessório: uma echarpe amarrada sobre a boca e pescoço (inspirados nos aviadores da 1º Guerra Mundial) e uma bela moto. O cabelo dos rockers era o mesmo dos Teddy Boys, pois os Teddies são considerados os antecessores dos rockers: cabelo com brilhantina ao estilo quiff, rabo de pato ou simplesmente bagunçados.

As meninas usavam camiseta e jeans com tênis ou bota ou uma versão mais jovial do new look: saia godê completa ou saias franzidas, apoiadas em anáguas; saias plissadas ou pregueadas também eram populares. Blusas gola colher,  cardigans, lenços amarrados no pescoço, luvas brancas ¾ e sapatilhas ou tênis baixo.  Mas para os passeios de moto, usavam uma versão das roupas masculinas: jaqueta, calças de couro justas e botas.

 
  


Beatniks
O movimento beatnik começou nos EUA entre os estudantes e foi a primeira subcultura a usar roupa preta como símbolo do luto pela sociedade e pelas guerras.
A palavra “beat” significa “beato” mas foi usada como sinônimo de "derrotados", "oprimidos". Românticos, existencialistas, subversivos, protestavam contra a opulência do pós guerra, o consumo, o progresso, bombas atômicas e contra o estilo de vida americano. Na Inglaterra os jovens de classe trabalhadora eram adeptos e em Paris eram cantores, artistas plásticos, intelectuais, filósofos, poetas, romancistas que freqüentavam cafés e casas de Jazz. Jean Cocteau, Jean Paul Sartre e Juliette Gréco estavam entre eles. Os beaniks eram pacifistas ideológicos, contra o controle governamental ao ser humano, às fronteiras geográficas e graças à eles, lutas contra o racismo, o imperialismo e contra a desigualdade, foram colocadas em prática. Foram personagens do livro “On the Road” de Jack Kerouac que foi transformado no filme “Sem Destino”. O estilo beatnik é atualmente vendido para a grande massa sob a estética de boemia intelecual.

O vestuário masculino, peças pretas, calças Levis 501, camisetas, blusas de gola rolê, camisas pra fora das calças. Cabelos bagunçados, barba e bigode, sandálias e uma bolsa para carregar os livros.

Na moda feminina, a silhueta era estreita, Audrey Hepburn era referência, roupas negras, calças justas e curtas, twin sets, blusas largas e longas usadas sobre saia lápis, sapatilhas de balé simbolizando a aversão ao salto alto e fino das burguesas adeptas do New Look e boinas. Pregavam a simplicidade nas vestimentas, numa era em que o desperdício de tecido na moda feminina imperava com o estilo New Look. O cabelo ou era ao estilo Hepburn, à lá Juliette Gréco ou mesmo um beehive.


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