Destaques

21 de janeiro de 2015

Passaportes do Rock

Diante de todo o espetáculo armado em cima dos Rockstars, é interessante encontrar imagens que os tiram desse pedestal e quase os transformam em reles mortais. Sim, sabemos que são seres humanos iguais a nós, maaass não há como se negar que devido a toda aura de genialidade artística, não seja surpreendente observá-los em momentos tão banais e semelhantes ao nosso.


Doro Pesch

Janis Joplin

Alice Cooper

David Bowie

George Harrison 

John Lennon 

Johnny Cash 

Marc Bolan 

Michael Hutchence 

Roy Orbison 

Bob Dylan

Tá vendo? Tudo gente como a gente. :P

19 de janeiro de 2015

Real Gothic Brasil - um time de futebol nada convencional

O futebol é uma grande paixão nacional. Seria uma frase totalmente clichê senão fosse a existência do Real Gothic Brasil, time brasileiro formado por jogadores góticos. Criado em 2012, ele é um exemplo de vários estereótipos quebrados, incluindo a de que subculturas não se misturam com esportes que atraem o público de massa.


Tudo começou há mais de 10 anos na Inglaterra, onde foi fundado o Real Gothic FCo primeiro time de futebol do mundo nessa categoria. Apesar de ser pequena, a equipe inglesa já possui uma certa estrutura, se reunindo para campeonatos, participando de festivais de música e apoiando instituições beneficentes, como a Sophie Lancaster Foundation, em memória a jovem inglesa brutalmente assassinada por seu visual gótico.


Versão feminina; Sisters of Real:

Assim como a matriz britânica, ambos têm o intuito de unir alternativos pelo esporte, promovendo a confraternização na subcultura e sendo uma nova opção de evento perante os tradicionais conhecidos.

Ainda pouco conhecidos no país, entrevistamos o Guilherme Freon Heart, integrante da equipe brasileira, e que contou para o blog detalhes dessa recente modalidade. Lembrando que o Real Gothic Brasil tem face e blog (inclusive, há uma bela matéria com o John "Pablo" Thompson), onde os leitores poderão acompanhar todo o seu percurso e participarem caso tenham interesse.


Como e por que resolveram fazer um Real Gothic versão brasileira?
Antes mesmo de conhecermos o Real Gothic já havíamos tentado criar um time de góticos por aqui. Em 2009, conseguimos organizar uma partida entre GÓTICOS x DEATHROCKERS. O evento, organizado através da maior comunidade virtual de góticos na época (a comunidade Góticos no Brasil, no orkut), teve uma certa repercussão e foi realizado com sucesso, mas não teve continuidade. Em 2012, conhecemos o Real Gothic inglês, entramos em contato, eles nos deram o impulso de ânimo que faltava e assim foi criado o Real Gothic Brasil. Nosso intuito é simples, reunir góticos que gostam de futebol e outros esportes para fazerem isso juntos.

Quais informações pode oferecer para que outros estados montem seus times?
Seria bom mais góticos se interessarem em jogar. Mas queríamos eles em nosso time, não criando outros rsrsrs. Estamos sempre precisando de jogadores. Mas, basicamente, basta reunir góticos interessados em jogar e não desistir.


Pretendem formar no futuro ligas e campeonatos? Aliás, só existe o Real Gothic em São Paulo?
O Real Gothic Brasil tem sua sede em São Paulo, mas pretendemos ser um time nacional, isto é, reunir góticos de outros Estados também. Geralmente só disputamos amistosos, jogos simples e sem compromisso. Nossos adversários quase sempre são outros times alternativos. Já jogamos contra times de punks, metaleiros... No ano passado disputamos nosso primeiro campeonato, foi a Copa Rebelde - um torneio organizado por movimentos sociais pra questionar os abusos da Copa do Mundo no Brasil. Então, basicamente, o torneio foi disputado por times anarquistas, punks, feministas, movimentos sociais.... e o Real Gothic haha. Foi uma experiência bem legal.

Observamos que homens e mulheres já jogaram no mesmo time. Vocês não se importam com essa interação de gêneros, as meninas entram no time por falta de jogadores ou não tem mais meninas interessadas?
Sim, nosso time reúne meninos e meninas, sem distinção. A Taís é uma das nossas jogadoras mais dedicadas. Outras meninas já passaram pelo time também, mas não deram continuidade. Ainda sofremos um pouco com a falta de jogadores - sejam meninos ou meninas. Muitos góticos que gostam de esporte ainda não conhecem o Real Gothic, por isso nosso primeiro objetivo é alcançar essas pessoas e nos fazermos conhecidos.


Góticos se confraternizarem por meio de um esporte é algo que a gente não costuma ouvir falar. As pessoas não conhecem esse lado de vocês?
De fato, é uma surpresa pra muita gente ver góticos jogando futebol ou praticando outro esporte. Na verdade já fomos alvos de olhares desconfiados mais por parte de pessoas da cena do que por parte de "outsiders". Um gótico uma vez nos disse que não deveríamos jogar futebol e sim xadrez, que talvez tivesse mais a ver com a identidade de um gótico. É o mesmo olhar torto que uma banda brasileira como o Clube da Miragem, que mescla post punk com samba, sofre. Alguns góticos se prendem a alguns falsos padrões. O Real Gothic inglês joga durante um dos maiores festivais do gênero na Inglaterra, o jogo deles é praticamente uma atração do evento. São góticos jogando futebol, simples. Isso não muda nossa identidade, pelo contrário, só reafirma. Mas esse tipo de visão é minoritária. No geral, temos sido bem recebidos pela cena, com muito incentivo.

Como faz para ser parte do Real Gothic Brasil?
Nos escreva, entre em contato. Pode ser através da nossa página no facebook ou pelo email: realgothic_brasil@hotmail.com
Ah, estamos aceitando pessoas da cena metal, rockers... temos um sistema de cotas pra isso! haha!

Não esqueçam de acompanhar o face e o blog do
Real Gothic Brasil!


Acompanhe nossas mídias sociais: 
Direitos autorais:
Artigo das autoras do Moda de Subculturas.
É permitido usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, para isso precisa obrigatoriamente linkar o artigo do blog como fonte. Compartilhar e linkar é permitido, sendo formas justas de reconhecer nosso trabalho. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É proibido também a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.

 

16 de janeiro de 2015

Health Goth: o Gótico Saudável

Indo no embalo do Fitness, aproveitamos para comentar sobre uma nova "tendência" de streetwear - que dizem substituir o Normcore e Seapunk - denominada de Health Goth, ou seja, "Gótico Saudável". Isso mesmo que você leu!


De uns tempos para cá, tem sido muito comentado na cultura mainstream assuntos sobre saúde. As musas fitness que vem ganhando popularidade no Brasil, nada mais são do que um reflexo desse comportamento. Além delas, no campo da moda, vem se observando o crescimento das roupas esportivas invadindo as passarelas, que reflete nas coleções apresentadas nas lojas. A cada dia que passa, encontraremos peças com estilo mais esporte, que poderão ser usadas tanto para exercício quanto no dia a dia.

Pode ser que essa vibe tenha ajudado a dar o impulso nesse tal de Health Goth. Ou não. O que se sabe é que o novo modismo ganhou nome pelos músicos americanos Mike Grabarek e Jeremy Scott em 2013, ao captarem o espírito que circulava nos clubes de Portland (cidade dos EUA). Juntos então criaram um facebook para compilar imagens que tentam traduzir o movimento, pois ele ainda se desenvolve.


Algumas imagens da página Health Goth

Fomos olhar essas fotos para análises e vimos uma mistureba de coisas. Deu para perceber que o Goth surge num tom de brincadeira por causa dos produtos serem em grande maioria na cor preta, mas também há o branco, tons neons e metalizados. O Health é devido aos produtos esportivos, principalmente aos que contém alta tecnologia, com muita lycra, látex, telas nos detalhes em recortes e outros materiais de ginástica. São peças com visual futurístico, robótica, biônica, alguns ligaram até ao cyberpunk. Não tem uma marca específica, mas boa parte são da Nike e outras como Adidas, Y3, Alexander Wang e Rick Owens.

Ou seja, pelo que vimos das descrições, é uma moda de rua com elementos de esportes de alta performance chamada ironicamente de Health Goth (Gótico Saudável), e que possui muitas roupas pretas. Há de se observar que existe também um toque de rap/hip hop, já que essas subculturas adoram utilizar peças esportivas. E pitadas de cyberpunk que oferece um ar futurista.

A coleção da Nike criada em parceria com Pedro Lourenço apresenta peças quem remetem ao Health Goth. Interessante que a sede da empresa também fica em Portland. Seria essa a ligação?


Pode ser tudo uma besteira? Talvez. Porém algumas coisas nos chamaram a atenção. Na entrevista dos músicos à Complex, é relembrado uma importante mudança atual ao destacarem não ser mais necessário um novo tipo de música para se criar subculturas, basta a estética. Algo de extrema influência da geração Millenials. Outra coisa também é que essa sensação foi captada em Portland, cidade americana que abraça com força a cena alternativa, igual São Francisco e Nova Iorque.

Um terceiro fator interessante que pode surgir daí é a diminuição desse estigma junkie que as subculturas possuem. Há uma pluralidade de indivíduos no meio, inclusive pessoas que acordam cedo para malhar, trabalham em locais tradicionais, não bebem e nem fumam. Quem sabe isso ajude a desmistificar que não há só um tipo de alternativo e parem de rotular os demais?


Acompanhe nossas mídias sociais: 

Pedimos que leiam e fiquem cientes dos direitos autorais abaixo:
Artigo das autoras do Moda de Subculturas.
É permitido usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, para isso precisa obrigatoriamente linkar o artigo do blog como fonte. Compartilhar e linkar é permitido, sendo formas justas de reconhecer nosso trabalho. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É proibido também a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.

14 de janeiro de 2015

Como manter o estilo alternativo na hora de se exercitar?

Por incrível que pareça, não há muito mistério na resposta. A vestimenta para se exercitar não difere da tradicional pois a funcionalidade da roupa é mais importante do que a estética. Porém, isso não impede que você dê o seu toque pessoal, ainda mais sendo de alguma subcultura, onde geralmente se procura por diferenciação.
Infelizmente, não temos no Brasil marca alternativa só de moda fitness. Portanto, o negócio é saber qual a sua preferência e assim adaptar ao que existe por aí. Não é algo tão complicado. 

Imagem de Kat Von D

Por exemplo, quando eu ia à academia, usava muito preto, cinza e roxo. Procurava peças de ginástica com estas cores nas lojas mainstream. O meu toque pessoal era que eu não curtia usar legging no verão, então usava shortinho - eles ainda não estavam na moda nas academias (exceto pra quem corria), então às vezes comprava modelinhos de verão/praia com cores específicas. Outro toque pessoal meu eram as polainas - que também ainda não estavam na moda nas academias - o que acabava me diferenciando não pela roupa em si, mas pelos detalhes e modos de uso.

Lembramos que certas indicações abaixo estão montadas em looks elaborados, ou seja, as peças precisam ser olhadas de forma isolada para que se enxergue o tema proposto. Inclusive alguns modelos de legging necessitam de adaptações de tecido, o que é possível encomendar pelas marcas Black Frost e Dark Fashion. Opte por tecidos como malha de algodão, poliamida e viscolycra. E claro, não há nenhuma regra imposta, tudo o que está sendo demonstrado pode ser misturado de acordo com o que lhe interessar. Então simbora!

Se você tem o gosto mais clássico, será atraída por peças mais básicas. Como muitos curtem preto, existem modelos comuns mas que possuem pequenos detalhes que irão deixar a roupa menos simplória. Exemplos:

Blusa Dark Fashion 1502 (mais larguinha) e 2037

As blusas de banda são ótimas para o momento. Regatas Wear Ever; Nirvana, Ramones, Guns e Aerosmith

Legging Fitness Black Milk (estrangeira); modelo Hurricane e BM-Pro

Legging Dark Fashion 4008 que cobre o bumbum, caso queira usar uma blusa mais curta

Se prefirir por uma peça menos justa, calça Jogger Wear Ever 

Legging Black Frost 706. Opção na cor roxa, tonalidade escura e que pode substituir o preto 

Se o seu estilo é mais para o sexy, provavelmente terá interesse em peças superjustas, com vários recortes que revelam o corpo. Algumas gostam de usar cores mais sóbrias e outras bem coloridas. Exemplos:
 Regata Dark Fashion 2005

Regatas cavadas da Wear Ever; Pink Floyd e Metallica 

Blusa Black Frost 109

Blusa Dark Fashion 1504 

Short Dark Fashion 4505

Legging Black Frost 701 e Dark Fashion 4007

Leggings La Bella Mafia Wild Skull e Yellow Heads

Por fim, há o estilo irreverente, que são os que gostam de roupas vibrantes. É só escolher peças com a modelagem que mais lhe agrada, adicionando cores e estampas. Exemplos:

Regatas Wear Ever com estampas irreverentes; Pin Up, CatCorn, Tartarugas Ninjas e Rugrats

Shorts La Bella Mafia American Indian e Jaw Skull

É mais ou menos isso, sem muitos segredos. Há outras adições, tipo polainas, mas vai depender do gosto de cada um. O que importa mesmo é que a roupa lhe ofereça conforto, ainda mais para tal finalidade.

*sugestão de post da leitora Rebeca Alves Atadani, esperamos que tenha lhe ajudado!

12 de janeiro de 2015

Exposição Castelo Rá-Tim-Bum

Em 2014, o programa educativo Castelo Rá-Tim-Bum completou 20 anos e em comemoração a data, ganhou exposição na capital paulistana, localizada no Museu de Imagem do Som. O evento que era para ter finalizado no ano passado, foi adiado até 25 de Janeiro devido ao enorme sucesso entre o público. Pena que não irá rodar o país. 

Aproveitando a prorrogada, não poderíamos deixar de registrar esse grande projeto que marcou a infância de muitos brasileiros, sendo um resquício da ótima programação infantil dos anos 80. E, principalmente, pela visão alternativa que a atração exibia com vários elementos que fugiam de clichês. 

Começa que a história se passa dentro de um castelo! Mas não esses de princesas da Disney, que estavam no auge da década. E sim uma residência de feiticeiros, composto pelo tio Victor, a tia Morgana e o personagem principal, o Nino. As ambientações misturavam temas surrealistas e psicodélicas. Era algo bem lúdico, circense, que em dados momentos até remete aos desenhos de Tim Burton, só que numa versão mais alegre e colorida.

Cenário central: o Castelo

Nino, o personagem principal. Ele usa um patins quad que voltou com força nos últimos anos:

Seus tios feiticeiros; Morgana e Victor

Um destaque à bruxa Morgana, pois ela foge dos esteriótipos de histórias infantis, onde as representam sempre como vilãs. Seu rico figurino tem um quê de Noiva de Frankenstein:

 Nino com as crianças; Biba, Zequinha e Pedro. Roupas intensamente coloridas, sem aquelas concepções comuns de roupa infantil:


Observem que a estampa da camiseta de Pedro nada mais é do que uma caveira estilizada:

Lembram do cabelo rosa??? Olha só a jornalista Penélope:

Eram também explorados diversos estilos musicais no programa. O conjunto Dedolândia tinha visual rocker e cantavam o estilo a la anos 50:

Além deles, o famoso Ratinho também utilizou do Rock para ensinar aos menores sobre higiene bucal:

Nossa...que nostalgia! Ficaríamos horas aqui puxando da memória os momentos do Castelo Rá Tim Bum que se interligam ao nosso universo. Que está rápida análise tenha sido uma boa lembrança aos que acompanharam ao programa e quem sabe, faça parte também das próximas gerações. Foi uma grata surpresa recordar esses instantes e observar mais a fundo as suas representações. o melhor de tudo é saber que essa foi uma produção brasileira reconhecida com prêmios no exterior. 

11 de janeiro de 2015

Editorial: Nadja

Faz teeeempo que não posto editoriais de revistas mainstream com temas relacionados à estéticas alternativas aqui no blog! E olha que foram justamente estes editoriais que fizeram o MdS ser o que é! Não que eu não queira mais postá-los (na verdade tenho uma lista deles super atrasada) mas é que os nossos estudos sobre Moda Alternativa acabam sendo mais fascinantes e preferimos dar mais espaço à eles :D

Esse editorial se chama Nadja, em homenagem à uma das maiores top models da década de 1990: Nadja Auermann. 
Ela já foi considerada a modelo com as pernas mais longas do mundo, o que lhe rendeu muitas sessões de fotos com temática mais fetichista. E justamente por causa desse detalhe físico fez vários trabalhos usando peças de Thierry Mugler, estilista que usa a estética fetichista diretão em suas criações!

O que me fez definitivamente optar por postar o editorial aqui, é que numa das fotos, Nadja usa um corset de metal da Maya Hansen, que é uma estilista espanhola de background alternativo. Curiosamente o corset lembra bastante as peças de Mugler dos anos 90. Outras marcas presentes no editorial são do próprio Thierry Mugler, Chanel, Miu Miu, The Blondes, Salvatore Ferragamo e Just Cavalli.


25 de dezembro de 2014

Looks do Dia Alternativos: reais, comerciais ou idealizados? O que quer o leitor?

Pessoas que apreciam estéticas alternativas, gostam de expressar sua individualidade através das roupas em looks únicos, autorais ou de acordo com as subculturas que são parte. 
Mas como os Looks do Dia (e as sugestões de compras da blogueira) podem funcionar pra esse público que, em sua origem, não gosta de imitar ninguém? 
E outra questão: o que o público alternativo quer ver nos looks de blogs alternativos? A realidade, o desejo ou o idealizado?


Muitos blogs com ênfase em publicidade e lifestyle (incluindo Looks), criam uma relação de vouyerismo e poder com suas leitoras. A blogueira detém o poder da vida ou objeto desejado e as leitoras, vouyers, recebem um estímulo de consumo à curto e médio prazo. Porém, devido aos publiposts, nem sempre há garantia de que você conhece bem a autora, surgindo assim, uma linha tênue de "ser ela mesma" e uma espécie de "fashion victim" que vende um produto.

Há quem diga que blogs sem looks da blogueira são impessoais. Eu não concordo. Sempre há a opinião do autor nos artigos e estes  indicam que tipo de assunto o autor gosta/tem interesse em abordar, revelando assim, um gosto pessoal. 
Quando se trata de Looks em blogs alternativos, sinto uma espécie de faca de dois gumes, não apenas porque Moda e tendências mainstream nunca estiveram tão poderosamente influentes dentro da cena alternativa quanto ao tema abordado [neste post], a questão de manter a autenticidade em meio aos merchans.

Existe uma linha tênue entre indicar uma peça num look (como você usaria) e a relação curta e efêmera de um leitor que viu a peça no look, não curtiu o jeito que foi usado e fica achando que aquela peça não compensa ser comprada. Quando se trata de moda alternativa, eu acredito que não podemos limitar o olhar do outro. Precisamos dar opções e deixá-lo livre pra decidir como usar algo. Dar referências e inspirações e não necessariamente ideias prontas do tipo "use assim", "use com isso" ou "como usar..."

 

Como os Looks e as sugestões de compras da blogueira podem funcionar pra esse público que, na teoria, não gosta de imitar ninguém? 

Acredito que possam funcionar como dicas e não como regra a ser seguida.

Nós prezamos muito que cada um desenvolva seu próprio estilo dentro da subcultura que faz parte ou se identifica. É preciso que haja o toque pessoal que é o que vai te diferenciar de outra pessoa com a roupa igual à sua. 
O produto que indico aqui pode não servir para seu estilo pessoal, mas uma visita ao site da loja pode te fazer gostar de outra peça ou lembrar de outra pessoa e assim você indica a loja à outra, formando assim, uma corrente de divulgação alternativa.

Um look pronto mostra como eu usaria a peça. Mas cada um tem seu estilo particular e precisa desenvolver sua criatividade sem se prender aos looks prontos. Há quem sofra de insegurança, pensando que se não usar a peça “x” que tá na tendência e que a blogueira está indicando, não estarão por dentro...
Não é estranho quando um alternativo não consegue montar os próprios looks? Não é exatamente o alternativo que usa a roupa que quer, como quer, sem ligar se tá de acordo com as regras ou não? De repente, os blogs também tem essa influência negativa de deixar quem é mais inseguro refém de uma aparência ideal e “correta”. 


O perigo das alternativas não questionarem a cultura de massa 
e continuarem externalizando machismo e gordofobia.

Um dos desafios dos blogs alternativos de Moda e Looks é não questionarem a cultura de massa. Espaços alternativos precisam ser questionadores, senão, não podem ser considerados "alternativos". Não podemos transmitir aos leitores, as mesmas neuras de moda e estilo que blogs mainstream passam, ao contrário, precisamos incentivar as pessoas a assumirem ser elas mesmas, independentes das opiniões alheias, não serem mais uma ovelha seguindo o rebanho.

Somos brasileiras e temos corpos (e cores) diferentes das Americanas e Europeias. Em redes sociais como Lookbook.nu e Instagram, status e popularidade se fazem importantes através de hypes e likes. É comum garotas brancas, magras e com pernas longas no lookbook.nu (site que inspira muitas blogueiras). E é possível que brasileiras queiram imitar seus corpos na ilusão de que a roupa cairá melhor. Será que além de criarem o “melhor” look pra ter mais likes e hypes, ao mesmo tempo, induzem-nos a desejar corpos idealizados que não são nosso padrão??
Estilos pessoais e patrocinados de blogueiras chegam a nós e por hábito, tendemos a usá-los como referência. Mas até que ponto queremos ser como elas? Como essa loucura de imagens e informações de um mundo “hemisfério norte” altera nossa própria visão de estilo?

É muito chato que garotas "alternativas" desejam ter corpos idealizados pelo mainstream. É como se anos e anos que as subculturas pregaram o “seja você mesma” tenham se convertido em “seja como a mídia quer que você seja”. É uma cultura que insistimos em copiar. Precisamos parar de copiar estéticas machistas, sexistas, gordofóbicas de fora e do mainstream! Nosso corpo é diferente, podemos ser estilosas, nós temos capacidade, não precisamos imitar o corpo de ninguém. 


As europeias têm um ideal de beleza de pernas longas, por isso usam e abusam de sainhas curtinhas, porque pra cultura mainstream delas, as longas pernas são sexies, estão nada mais nada menos do que mantendo um estereótipo de sensualidade regional. Porém, acho legal salientar que, ao contrário dos alternativos americanos que cada vez mais se rendem aos padrões da beleza mainstream, especialmente na Inglaterra ainda respeitam o verdadeiro conceito de alternativo, é bem fácil encontrar meninas fora do padrão corporal, publicando seus maravilhosos estilos em suas redes sociais.

Gordofobia zero! É preciso que fique claro que estilo próprio independe de "formato de corpo" ideal.

O que o público alternativo brasileiro quer ver nos looks de blogs alternativos:
 a realidade, o desejo ou o inalcançável?

Meses atrás fiz uma pesquisa de opinião no MdS e uma coisa que me surpreendeu foi a relação de amor e ódio dos leitores com a sessão "Look do Leitor". A ideia da sessão era publicar fotos de estilo pessoal que os leitores me enviavam. Claro, alguns se montavam, só que outros menos. Dentre os leitores que disseram adorar a sessão, gostavam porque os looks se aproximam da realidade mostrando como adaptar ao Brasil, pois os looks do exterior seriam "distantes" de nossa realidade. Os que não gostavam da sessão alegaram que os looks eram "muito simples". 
Então, pergunto: o que é um look alternativo simples? Temos que sair montados com vinil e bota de plataforma às 14h? A atitude conta muito num look alternativo. E como reclamar que os looks são muito simples sendo que muito do que se vê hoje são 200 garotas vestidas iguais com o "alternativo" de lojas de departamento? Looks simples e autorais não pode, mas looks fast-fashion parecidos uns com os outros pode???


 O que o leitor de blogs alternativos quer em  termos de 
posts de looks e maquiagens?

Muitas de nós visitamos blogs de moças alternativas estrangeiras e apreciamos seus estilos pessoais ou looks do dia. Mas a realidade delas é um pouco distante da nossa. Não apenas pela disponibilidade de roupas e acessórios iguais ou semelhantes aos delas são escassas ou inexistentes aqui no Brasil, mas também devido ao clima que é diferenciado. 
Lá fora, elas têm acesso fácil à lojas e produtos alternativos, nós aqui, podemos passar uma vida inteira sem nunca ter conseguido nos vestir como gostaríamos devido à escassez de produtos.
Em países como EUA, Inglaterra ou Japão, a moda alternativa é algo muito palpável, basta sair às ruas pra encontrar uma loja física de produtos diversos. Há toda uma cultura já enraizada em algumas cidades ou bairros fazendo com que haja opções do alternativo ter locais para comprar e usar suas roupas. 

"Por mais que digam que os leitores queiram ver coisas reais, úteis, que possam ser incluídas no dia a dia delas, a maioria das leitoras, quer mesmo ver aquilo que é inatingível e distante, idealizado, porque talvez isso seja do ser humano, mesmo, independente de ser alternativo ou não", disse certa vez Erika, do Black Baroque

Sim, eu acredito que o idealizado e distante é do ser humano, MAS o que acho que também acontece é que viciamos e romantizamos nosso olhar pro estrangeiro! Damos ao estrangeiro idolatria e pensamos que teremos status quando nos tornarmos semelhantes à eles, pois temos uma autoestima baixa, uma síndrome de vira latas! Mas não deveria ser assim! Não podemos nos prender somente ao que vem de fora desvalorizando quem faz looks autorais, instrutivos e diferentes no Brasil.

Nós temos um clima complicado e tendemos à medida que ficamos mais velhas a garimpar e peneirar mais nossos estilos pessoais, criando nossas identidades. Sabemos que temos poucas lojas alternativas e pouca variedade de estilos, e também temos poucas opções de lazer na maioria das cidades brasileiras, assim, como usar o alternativo no dia a dia? Não é interessante que mais de nós mostremos isso?

Ou será que os leitores ainda preferem que postemos apenas looks de balada, estilos inatingíveis ou looks prontos? Será que não é mais interessante a blogger mostrar estilos e variedades reais e possíveis dentro de seu estilo pessoal??


Giovana, Erika, Rúbia, Marcela, Sandila: são apenas algumas das brasileiras alternativas que sou fã dos looks próprios, autorais e  completamente adaptados à realidade nacional. 


E vocês leitores, o que buscam em Looks do Dia da blogueira?


* Postado originalmente em abril de 2014, em meu outro blog que não está ativo no momento, importado e com texto adaptado ao MdS pois é um tema que merece ser trazido à tona aqui também.

© .Moda de Subculturas - Moda e Cultura Alternativa. – Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in