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22 de novembro de 2015

O que é uma modelo alternativa? + Dicas de como se tornar uma modelo alternativa!

Neste post vou tentar falar um pouco sobre o que é uma modelo alternativa e também listar dicas básicas que podem ser úteis pra quem quer entrar nesse ramo.

* Estou escrevendo "modelos alternativas" no feminino porque nesse universo a maioria é mulher, mas meninos: entendam que se refere à vocês também, ok? ;)




  • O que é uma modelo alternativa?
São modelos com estéticas alternativas ao padrão de beleza mainstream; quem faz parte de subculturas ou das ditas "minorias", como transgêneros, albinos e deficientes, por exemplo. Assim sendo, modelos alternativas podem/devem ser diferentes da noção tradicional de beleza.

A modelo alternativa "vende" sua
personalidade/atitude e estilo próprio. 

Modelos alternativas são literalmente pessoas fora do padrão. Todas as 3 mulheres abaixo são modelos alternativas agenciadas no Reino Unido. Podemos dizer com certeza que o "ser diferente do padrão" é seguido à risca!


Repare em mais estas modelos agenciadas na Europa. Tatuada, modificada, a moça de cabelo verde não tem todos os dentes e a "plus size".

 


  • Modelos alternativas precisam ser magras, "gostosas", de cabelos coloridos, tatuadas e com piercings?
Não! Mas este é um conceito que infelizmente, a própria cena alternativa está impondo em alguns meios, talvez por falta de informação ou por estar absorvendo hábitos do mainstream (na chamada anulação das subculturas e neutralização das estéticas alternativas) e da americanização de nossa cultura (o padrão de beleza "perfeitinho" que a gente imita, costuma vir dos EUA e não tanto da Europa).

Uma garota pode não ter nenhuma tatuagem e ainda assim ser modelo alternativa, temos vários exemplos de sucesso no meio:

Morgana Threnody in Velvet, Ophelia Overdose e Miss Mosh são alguns exemplos. Viktoria Modesta também é deficiente (contamos a história dela aqui).




  • Características alternativas de estilo independem de ter tattoo ou não. Uma modelo sem tatuagem pode pegar mais trabalhos por sua suposta neutralidade e pelo foco do olhar ir direto pra roupa e não para suas modificações corporais.


Modelos plus size tem sido requisitadas para este "nicho" de mercado que vem crescendo em diversos países.



  • Precisa ter cabelo colorido? 

Não. Mas é fato que meninas com cabelos castanhos são raras na cena. Cabelos loiros ou tingidos de preto também são um tipo de modificação capilar. O cabelo colorido em tom fantasia não é obrigação


  • É preciso sim mostrar a roupa
Apesar de muitas modelos alternativas gostarem de fazer fotos em poses diferentes, ousadas para criar um trabalho mais artístico ou conceitual, é preciso não esquecer de uma coisa: ao fazer fotos para uma loja e mostrar as peças da coleção, a modelo tem que ter em mente que o foco daquele trabalho é mostrar as roupas e não tanto sua habilidade de poses. Tem coisa mais chata do que acessar uma loja, clicar na foto da roupa e não dar pra ver a roupa direito porque a modelo colocou as mãos na frente da roupa ou fez uma pose que não nos permite ver os detalhes da peça? 

  • As fotos das modelos alternativas são caricatas?
Não. Pessoas alternativas não são caricaturas. Pessoas alternativas tem estilos próprios e estes estilos, por vezes, são super elaborados. Quem tende a achar que pessoas alternativas são caricaturas é o pensamento mainstream enraizado em nossa sociedade (vide tantos programas de TV que visam mudar o estilo dos alternativos por acharem que estamos "fantasiados").



  • Conceitos de modelo mainstream x modelo alternativa:
Uma modelo mainstream PRECISA ter fotos neutras no composite para que a empresa que a contrate a imagine vestindo a situação do trabalho (foto/desfile), afinal, ela é um cabide. Ela é um manequim. A modelo alternativa NÃO PRECISA ter fotos neutras. O que "vende" a modelo alternativa é a sua aparência, personalidade e estilo pessoal. Portanto, as fotos de composite de modelos alternativas as apresentem mais elaboradas, representando seu ESTILO PESSOAL. A empresa vai contratar a modelo alternativa por seu estilo já pronto e não pela sua neutralidade.

A modelo mainstream precisa ser camaleônica pra fazer os trabalhos. A modelo alternativa não precisa obrigatoriamente. Se uma pessoa diz que não vai contratar uma modelo alternativa pra um shoot porque o composite dela está muito caricato ou elaborado, dá a impressão que este empresário não está pronto pra entender o conceito de modelagem alternativa. Ele precisa se desprender do conceito mainstream, abrir a mente e aí sim entender o trabalho alternativo. Falarei mais dessa relação confusa com o mainstream mais abaixo.

  • Uma modelo alternativa precisa ser agenciada?
Não. Existem meninas que preferem não ter agente e trabalhar por si mesmas através de contatos de moda, fotografia, arte etc.

 Dommenique Simone (pontas) e Manaka (meio)



  • Suicide Girls e dos sites Alt-Porn
O site Suicide Girls apresenta meninas nuas ou semi nuas em poses sensuais ou eróticas. Mas tem recebido críticas por antes ser um espaço para diversidade corporal e hoje estar mais padronizado (no sentido mainstream da coisa). Uma das críticas é que por baixo de cabelos tingidos e tatuagens, sua seleção de "suicides" são meninas com rostos simétricos, pele clara e magras ou meninas cheinhas que não chegam ao ponto de ser consideradas plus size. Na cola do Suicide Girls, existem diversos outros outros alterna-porn sites para as meninas que apreciam esse tipo de fotografia

A brasileria Loretta Vergen

Existem modelos que preferem não fazer trabalhos alt-porn ou mais sensuais por não ser seu perfil e isso precisa ser respeitado pelo fotógrafo ou empresa contratante.
É preciso lembrar que não apenas as agências/sites tem suas responsabilidades, os fotógrafos também tem. Existem "alt photographers" que reforçam os padrões de beleza mainstream assim como reforçam o machismo (objetificando as garotas em todas as fotos). Numa breve visita a diversos sites e editoriais, podemos contar nos dedos (ou nem conseguir contar) quantas meninas tem narizes grandes, queixos "diferentes", rostos assimétricos e corpos fora do padrão. Se a modelagem alternativa é abraçar diversos tipos de corpos, incluindo os de beleza considerada exótica ou "estranha", porque não vemos tantas modelos assim atuando? Quem faz a seleção que exclui estes perfis diversos?


Diz-se que fotógrafos são as pessoas de muito peso no segmento de modelagem alternativa, pois normalmente parte deles a ideia do shoot e como querem que a modelo aparente.



  • Modelos Alternativas fazem trabalhos mainstream?
Acredito que se uma empresa mainstream contrata uma modelo alternativa, esta estará dentro de um contexto. Seja num contexto de representatividade das diferenças, seja um conceito que a marca tenha estabelecido para a coleção atual. Modelos alternativas podem ser contratados também para filmes, séries e clipes que exigem personagem com tais estéticas.

Ex: Ludmila Houben para Coca Cola, o slogan era "o legal é ser diferente". O alternativo dentro do contexto/tema da campanha.


"Se uma estética se torna de massa, deixa de ser alternativa. O mercado alternativo é pequeno. Essa é a natureza de propostas alternativas. Se a proposta fosse grande, se o mercado fosse grande, não seria mais alternativo, seria mainstream." Iluá Hauck, modelo alt brasileira radicada em Londres

Existem dúvidas à respeito da forma como a moda mainstream enxerga modelos alternativas. É fato que existem diversas modelos fazendo trabalhos no mainstream. Apesar da abordagem mente aberta das agências, tem sido um desafio para elas convencer  as empresas a aceitar o diferente. Caímos no mesmo questionamento que levantamos sobre a revista ELLE com a campanha #VocêNaCapa dentro do contexto de revistas de moda e publicidade mainstream: será que eles estão aceitando MESMO o diferente? Será que eles realmente nos enxergam como consumidores? Será que vão nos colocar como principais em anúncios de pasta de dentes, molho de tomates... Será que estão prontos para abraçar modelos de todos os tamanhos, formas e aparências? Ou apenas nos usam para vender suas marcas como "cools" mas na vida real não nos aceitam nem como funcionários de suas empresas por nosso visual?
Existe um caminho muito longo a percorrer até que cabelos coloridos, piercings e tatuagens importem menos do que quem você é como pessoa.

Modelo albina, tatuada e com cabelo azul: o mainstream está pronto para elas?



  • Precisa ser fotogênica?
Tem gente que diz que sim, que modelo precisa ser fotogênica. Mas... será? Se é alternativo, não precisa ter obrigação da fotogenia. O "estranho", "diferente" e "bizarro" precisa ser aceito nesta cena! Se existir a limitação da fotogenia, estaremos reproduzindo um conceito mainstream e isso não contemplará a diversidade alternativa.



  • O que faz uma modelo alternativa ser considerada profissional?
A resposta é simples: ter feito trabalhos profissionais.
Traduzindo: ter modelado para lojas, ter trabalho publicado em mídia (sites, jornais, revistas) e/ou receber pagamento pelo seu trabalho.

A brasileira Mone Venzel



  • Ser modelo alternativa é um rótulo?
Ninguém gosta de rótulos, mas categorizar às vezes é necessário, seja para estudos, seja para selecionar trabalhos. As pessoas precisam fazer sentido. Os contratantes precisam escolher uma modelo que tem um estilo x que represente sua marca. Exemplo: o contratante precisa de uma moça com aparência punk, ele vai procurar meninas que se categorizaram como "punks". Infelizmente a categorização ainda não foi eliminada de nossa sociedade.


É possível seguir numa carreira de modelo alternativa e se sustentar sozinha?
Isso parece ser raro, inclusive no exterior. Normalmente elas tem um emprego "normal" ou  atuam também como dançarinas, atrizes, musicistas, alt-porn ou cam model stars, além de profissões tradicionais. Pelo mercado alternativo ser pequeno, existe muita oferta e pouca demanda de trabalho, dificultando a sobrevivência única pela modelagem alt.

Uma das raras modelos que não tem um emprego comum durante o dia é Betsy Rose, que também é atriz e dançarina burlesca. Mas ela tem cabelo preto (cor socialmente aceita) e nenhuma tatuagem. 



  • E modelos alternativas mais velhas? Existe espaço para elas aqui no Brasil? Ou continuaremos reproduzindo o conceito mainstream da juventude eterna?
A maioria das modelos alts que vejo atuando no Brasil com mais visibilidade estão na faixa de 15 a 25 anos, mas todas conhecemos ao menos uma garota/garoto na faixa dos 30 anos (e até 40) que tem muita atitude e representatividade que poderiam ser abraçadas pelas lojas/eventos, afinal, esse pessoal mais velho viveu a era de ouro das subculturas, tem repertório e tenho certeza que personalidade não falta à elas!

Adora BatBrat, Claire Amaranth e Chien são algumas das modelos estrangeiras na faixa dos 40 anos que fazem trabalhos profissionais para fotógrafos e lojas. Idade não é limitação.


Modelagem alternativa não é estar dentro de uma caixa padronizada, não é sobre ser uma caricatura, é sobre ser única!


COMO SER UMA MODELO ALTERNATIVA?
(não são regras de conduta, são apenas dicas que peguei aqui e ali contando com minha experiência de trabalho em agência de modelos).

* Defina seu nome. 
Vai usar seu nome verdadeiro? Ou um nome artístico?

* Defina seu estilo.
Qual estilo de você faz? É gótica? É metal? É fetiche? É punk? É pinup? Vários deles?
Você tem uma personalidade? Mostre-a!

Modelo pinup; fetiche, punk (sem tatuagens) e psychobilly


* Crie fotos para seu portifólio.
Não encha seu portifólio com 500 fotos iguais do mesmo photoshoot. Escolha as melhores que tiver, duas no máximo, se tiver sido um trabalho excepcional, até pode ser 3, mas estas fotos precisam mostrar seu melhor  naquele shoot, ou seu melhor rosto ou melhor ângulo. O recrutador não tem tempo de ver 15 fotos iguais, ele só precisa ver sua potencialidade através de suas melhores fotos.

O seu portifólio pode ser também virtual. Faça um wix, um blog, um site, whatever, mas não esqueça de colocar marca d´água com seu nome pra  proteger o direito autoral e também pra saberem quem você é, caso desejem te contratar.
Se vc tem blog: separe a vida pessoal da profissional. Crie um blog-portifólio profissional, voltado à apenas exibir seus trabalhos. É esse que você deve apresentar às lojas e fotógrafos.

Antes de contratar um fotógrafo profissional pra criar as fotos de seu portifólio, que tal chamar um amigo/a e fazer diversas fotos como treino pra, na hora que você pagar o fotógrafo, já saber qual suas melhores poses e olhares? Pra quem é de SP, no blog temos parceria com a Sookie, fotógrafa da Framed in Blood Art. Basta usar nosso cupom  exclusivo, o código é MODASUB, que o valor dos ensaios sai por R$250,00 por 35 fotos editadas. Taí uma chance de começar! 
Também é preciso lembrar que a foto sempre pertence primeiramente ao fotógrafo e este colocará seu logo na imagem

* Tenha noção do seu corpo
Parece bobeira dizer isso, mas tenha noção de como seu corpo se movimenta, como ele se dobra, sinta quais partes formam ângulos ou curvas, com qual posição você aparenta estar suave ou agressiva ou sensual ou qual posição é incômoda ou incomum... tudo isso ajuda na hora de trabalhar com o contratante.

* Precisa ser um pouco/ator/atriz
Enquanto as modelos mainstream costumam ser telas em branco ou meros cabides, a modelo alternativa pode colocar sua personalidade nas fotos se assim for desejo da empresa ou do fotógrafo. Além disso, precisa ser um pouco atriz/ator pra interpretar um personagem que é a cara da marca.

Modelos agenciados do Reino Unido


* Precisa saber vender.
Querendo ou não, modelo - quando não faz trabalho meramente artístico - é também uma vendedora, precisa saber vender o produto que veste. Tá modelando pra marca de calçado? Faça poses que mostrem o calçado. Tá modelando acessório, anel, brinco? Faça poses que mostrem eles. Tá modelando roupa? Como é a roupa? Tem cauda, tem detalhes laterais, tem fenda? Faça poses e ângulos que mostrem a particularidade de cada roupa. Em  fotos para loja, mostrar o produto tem que ser mais prioridade do que mostrar sua beleza.
É muito importante também pesquisar sobre a empresa para a qual se vai modelar, entender a história e o conceito da mesma para poder passar a mensagem corretamente.


* Quais são os pré requisitos fundamentais para ser modelo alternativa?
Além dos já citados neste post, algumas coisas ajudam, como ser curiosa à respeito de artes em geral (arte, teatro, literatura, música, arquitetura) vai evitar uma limitação mental e aumentar sua imaginação e criatividade à respeito de trabalhos. Ser modelo alternativa com conteúdo cultural lhe dará várias possibilidades interessantes que ligam moda e arte, música, teatro, etc, que se aproveitadas, dão muito mais seriedade à sua carreira.
Gostar de subculturas e cultura alternativa em geral. Tenham um "algo a mais" (alguns chamam de carisma ou edgy ou cool) e outros talentos que sejam um diferencial/uma atração. Não seja mais do mesmo.
Fiquem atentas e por dentro do meio alternativo, mantenham contato com profissionais da Moda e com estudantes, pois muitos precisam de modelos para eventos de faculdade.
O que  pesa bastante  para ser uma modelo alternativa é o seu estilo pessoal e sua atitude. Vocês já repararam que muitas das modelos alts que se destacam seja aqui no Br seja lá fora TEM um ESTILO PESSOAL marcante? Não necessariamente um estilo único, inédito ou original, mas um estilo que, combinado com a atitude, estilo de vida, comunica bem a personalidade delas.
Por isso é importantíssimo que você se auto conheça e expresse seu estilo pessoal sem limitação.

Gótica, retrô, deathrock e hard rock: seus estilos próprios refletem nos trabalhos.

A partir do momento em que houver mais mídia e eventos alternativos, a consequência é ter mais trabalho pras modelos. É importante apoiarmos nossas lojas nacionais, para que elas cresçam e façam uso de nossas modelos. Por enquanto ainda estamos começando nosso longo caminho.
Modelos alternativas que leram este post, fiquem à vontade pra também comentar e acrescentar!



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11 de janeiro de 2015

Editorial: Nadja

Faz teeeempo que não posto editoriais de revistas mainstream com temas relacionados à estéticas alternativas aqui no blog! E olha que foram justamente estes editoriais que fizeram o MdS ser o que é! Não que eu não queira mais postá-los (na verdade tenho uma lista deles super atrasada) mas é que os nossos estudos sobre Moda Alternativa acabam sendo mais fascinantes e preferimos dar mais espaço à eles :D

Esse editorial se chama Nadja, em homenagem à uma das maiores top models da década de 1990: Nadja Auermann. 
Ela já foi considerada a modelo com as pernas mais longas do mundo, o que lhe rendeu muitas sessões de fotos com temática mais fetichista. E justamente por causa desse detalhe físico fez vários trabalhos usando peças de Thierry Mugler, estilista que usa a estética fetichista diretão em suas criações!

O que me fez definitivamente optar por postar o editorial aqui, é que numa das fotos, Nadja usa um corset de metal da Maya Hansen, que é uma estilista espanhola de background alternativo. Curiosamente o corset lembra bastante as peças de Mugler dos anos 90. Outras marcas presentes no editorial são do próprio Thierry Mugler, Chanel, Miu Miu, The Blondes, Salvatore Ferragamo e Just Cavalli.


16 de maio de 2014

Cabelos coloridos: Breve história de seu surgimento à chegada no mainstream

Estamos trazendo algumas postagens sobre cabelos coloridos porque reflete um comportamento da moda atual. Esse primeiro post, é focado nos cabelos coloridos no mainstream. Ao final sugerimos alguns posts antigos do blog que complementam esse artigo, neste momento, como introdução, o post Em Busca da Diferença mostra bem a atmosfera alguns anos atrás.

 Cabelos coloridos

Faz um bom tempo que percebemos como os cabelos coloridos saíram da cena alternativa e invadiram a moda mainstream de jeito. Há mais de cinco temporadas desfilando nas passarelas internacionais, observamos grifes famosas utilizando tinturas fantasias em mechas, perucas ou fios naturais de suas modelos.
Pintar o cabelo é um hábito antigo, os egípcios já usavam henna com tonalidade avermelhada em 1500 a.C., porém, a moda que conhecemos atualmente, surgiu na década de 70, onde os cabelos coloridos vieram como um dos símbolos da pós contracultura do Punk.
A estética, com essência provocante, converteu um simples ato de beleza em rebeldia, transformando o cabelo em cortes e cores dos mais radicais possíveis. Uma personagem que se destacou na subcultura londrina era a modelo Soo Catwoman, que tinha como marca cortar suas madeixas de forma que imitasse orelhas de gato, por isso o codinome.


Na mesma fase, Nina Hagen foi também grande exemplo do estilo. Já nos anos 80, o cenário estendeu ao pop com os cantores Cindy Lauper e Boy George, ex-Culture Club. Na década seguinte, havia uma mistura de ambas as cenas.

No Brasil, temos representantes como a MariMoon. Muito antes dela, a cantora Baby Consuelo já chamava a atenção por seus fios multicoloridos, ao ponto de ser barrada na Disneylândia, famosa história que gerou uma canção.
De lá para cá, os cabelos coloridos ganharam muita atenção, acelerando a popularidade devido ao uso de artistas do mainstream.


Em 2007 já encontramos um editorial na Vogue América de março onde as modelos usam rabos de cavalo coloridos com roupas de grife, era mais um dos sinais de que algo estava mudando na moda dominante.

Nos desfiles, foi interessante ver que começaram a ser aceitas modelos de estética mais alternativa, algumas até conseguiram alcance de mídia, é o caso de Chloe Norgaard e Charlotte Free.

Charlotte Free e seu cabelo tingido de rosa em um editorial e modelo de peruca rosa em outro editorial.

Pode soar comum cabelos vermelhos em subculturas, mas eles nunca foram comuns em editoriais de moda e passamos a ver modelos com mechas avermelhadas neles.


Atraindo os olhares da moda, encontramos madeixas pintadas de todas as cores nos principais editorias da área, em todo tipo de publicação e em volta de todo o tipo de temática fotográfica.


Katy Perry foi uma das primeiras cantoras pop a tingir verdadeiramente os cabelos em tons fantasia nesta década. Nos editoriais, mechas temporárias e cores que saem ao lavar os cabelos na W de setembro 2011 e na Vogue Itália de outubro de 2009.


A moderna revista I-D do verão de 2011; uma óbvia peruca roxa (perucas coloridas também viraram tendência) e o cabelo vermelho fogo, antes tão associado à subculturas.


Mas o que carimbou de fato a trend, foi quando a importante edição de setembro (a mais importante do ano e que define tendências) da Vogue América de 2012 trouxe um editorial que sugere que mulheres negócios bem sucedidas tenham cabelos coloridos. As modelos, usam perucas. 
Depois disso, passou a ser mais comum ver mulheres/meninas "normais" desfilando cabelos coloridos nas ruas usando roupas mainstream.


Os tons pastel entram em voga logo a seguir. E tiveram seu espaço garantido com looks mais suaves, contrastando com peças brilhosas ou com transparências.

Valeria Efanova e Charlotte Cardin-Goyer na Elle Canadá, dezembro 2012  
e Marie Claire chinesa.

W Coréia e Vogue Paris, novembro 2012.

A tendência continua em desfiles internacionais da temporada 2014:
Ashish (spring); Maria Grashvogel; DKNY (fall); Gilles (Fall)...

...Nicolle Miller; Vera Wang (fall), Meadham Kirchhoff (spring).
Abaixo uma comparação evolutiva entre o desfile de Kansay Yamamoto em 1980 e Schiaparelli Couture 2014.

... aqui no Brasil, a Melissa fez um editorial com a já citada modelo colorida Chloe Norgaard e seu último desfile foi cheio de referências alternativas. Além do látex e das perucas coloridas, teve como stylist Anna Trevelyan, ex-assistente de Nicola Formichetti.


Há vários editoriais de moda mainstream postados aqui no blog na época de suas publicações nas revistas. Abaixo, indicaremos alguns. Para acessá-los, basta clicar nos links:

- Cabelos Coloridos na Plastic Dreams
- Cabelos Coloridos: Pastas Pigmentadoras
- Editorial: Sweet Escape
- Revista Numéro: Tribal
- Editorial: Uptown and downtown 



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Direitos autorais:
Artigo das autoras do Moda de Subculturas.
É permitido usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, para isso precisa obrigatoriamente linkar o artigo do blog como fonte. Compartilhar e linkar é permitido, sendo formas justas de reconhecer nosso trabalho. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É proibido também a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.

29 de junho de 2012

Alice Dellal para Chanel!

Talvez você não conheça a modelo anglo-brasileira Alice Dellal, mas você certamente conhece o famoso corte de cabelo dela: a lateral esquerda da cabeça raspada (side-cut). Alice lançou essa tendência anos atrás entre os fashionistas e desde então passou a ser comum encontrar moderninhas adotando o corte. A modelo subiu ao estrelato exatamente naqueles anos onde ter uma aparência alternativa começou a virar moda no mainstream (lá por 2008). Demorou alguns anos, mas apenas neste ano vi ao menos três artistas (Avril Lavigne é uma delas) aderindo ao side cut. Alice é irmã designer de sapatos Charlotte Olympia (aquela do sapato de gatinho).

Dellal é filha da ex-modelo brasileira Andrea Dellal e do inglês Guy Dellal. Vem ao Brasil desde pequena e fala português. Ela tem  atitude, é ousada, usa muita transparência e é a nova it-girl do mundo fashion, afinal não é todo dia que aparece uma integrante do Jet Setter internacional com tanta atitude assim. Alice diz que uma de suas inspirações de visual pro seu estilo punk é a lendária cantora Wendy O. Williams. Ela tem uma banda com mais três amigas inglesas, chamada Thash Metal, formada há um ano. "Ninguém sabia tocar direito e a gente foi aprendendo. Eu toco bateria."  O repertório é próprio e vai do punk ao rock pesado.

Agora vamos à campanha de Alice para a bolsa Boy Chanel. O que eu gostei? Do contraste entre o espírito punk, rebelde de boutique com meias rasgadas, piercing, grampos no cabelo - decoração antiga (as fotos foram feitas em um castelo francês) e a feminilidade e glamour da marca mainstream. Bom, e é exatamente esse contraste que a marca quer para ganhar novos consumidores: "Alice Dellal representa a perfeita encarnação de tudo o que é único sobre a coleção de bolsas Boy Chanel, que se esforça para estar longe das noções conformistas da feminilidade". 

Mais sobre ela:

4 de maio de 2012

Charlotte Free, o Novo Rosto da Maybelline

O que pensar quando uma das maiores e mais populares empresas de cosméticos escolhe uma modelo de cabelos cor-de-rosa pra ser o rosto que representará a marca mundialmente?
Estou falando da Maybelline NY e da modelo Charlotte Free.
Charlotte Free usa cabelos cor de rosa (leia sobre ela aqui) e como vocês já devem ter lido na postagem Em Busca da Diferença, o "ser diferente" nunca esteve tão em voga. Foi exatamente por seu cabelo pink que Charlotte adentrou ao mundo da moda, afinal ela tem apenas 1,73 de altura o que é considerado baixo para os padrões da profissão.

"Charlotte é a nova geração da beleza", disse o presidente da marca Maybelline NY Damien Bertrand, "Ela tem muita energia e um estilo não convencional que a faz única. Charlotte é a perfeita representante da Maybelline New York." 
Charlotte diz: "Eu não me encaixo no molde tradicional de uma modelo e eu sempre fui fiel ao que sou. Eu sou uma pessoa amigável e gosto de saber que as pessoas respondem à minha energia. Eu gosto de todo mundo."

Uau! Quantos elogios quato à não-convencionalidade do estilo da moça, não? Tirando o cabelo cor de rosa e seu estilo rock n roll de boutique, não vejo nada mais de "não-convencional" nela, pois ela tem corpo magro como a indústria pede, um rosto de traços delicados e perfeitos como pedem as marcas que fotografam closes e um comportamento bastante educado... É o tal modelo de "não-convencionalidade" aceito pela mídia mainstream, um estilo alternativo suave acompanhado de uma beleza clássica adequada a moda dominante. 
 
Na imagem abaixo divulgada pela Maybelline, reparem como seus cabelos cor de rosa foram amenizados e localizam-se só nas pontas. E cá entre nós, ela não está a cara da Taylor Momsen nas foto? =P 
No exterior, o cabelo rosa de Charlotte já é considerando uma nova tendência, cor que já foi usada por Lady Gaga, Katy Perry (que recentemente tingiu de roxo), Lily Allen, Mary Kate Olsen e Sienna Miller. O colorista americano Andy Lecompte, dono de um salão em Los Angeles diz que antes cabelos cor de rosa eram para eventos "hair show" e eram considerados avant-garde. "Eu nunca imaginei ter de usar a cor aqui no salão. Hoje em dia eu tinjo um cabelo de rosa uma ou duas vezes por semana e uso os produtos da marca Joico, que duram em torno de duas semanas, então não é um comprometimento permanente da cliente. O cabelo pink é mais popular com as loiras".

Charlotte não é a primeira modelo mainstream a usar cabelo rosa. Em 1998, Kate Moss fez isso num desfile da Versace. Mas na época não pegou como tendência e sim como uma excenticidade por parte da modelo.
Algumas cantoras de pop rock já usaram cabelo pink, o que acho normal vindo de artistas mas a moda também não pegou fora da cena musical. P!nk, Gwen Stefani e Kelly Osborne.
Puxando um pouco pro lado da moda, Tarina Tarantino tem o cabelo pink como marca registrada assim como a estilista inglesa Zandra Rhodes.
A amenização da estética alternativa é de praxe no mainstream...

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