Destaques

1 de agosto de 2016

O feminismo vendido como produto + Spice Girls e Girl Power

Há um tempo tenho observado diversas marcas usando frases como "Girl Power" e outras mensagens feministas como produtos de moda. Não há nada de errado em blusas com frases de efeito, na verdade isso é uma técnica de protesto através da Moda que eu apoio. A questão levantada aqui é o uso de pautas feministas pura e simplesmente por modismo descartável produzido em massa e que passam longe do conceito da empresa.  

Quando pautas feministas viram produtos comercializados em massa ou fora de propósito, tem seus significados esvaziados e logo perdem força. Uma das formas do sistema dominante tirar a força de uma causa é se apropriando dela. É um "truque" muito bem elaborado. Não apenas o feminismo mas outras causas sociais de igual importância costumam ter suas lutas cooptadas quando começam a se sobressair.


Muitas mulheres estão engajadas com o feminismo no dia a dia, seja politicamente, em grupo ou solitárias. O feminismo tem sido debatido em diversos sites ao redor do mundo conscientizando cada vez mais. Atento à isso, as empresas visando ganhar a simpatia destas mulheres passam a fazer campanhas de marketing e criar produtos que reflitam pautas da ideologia. Assim como grandes empresas, marcas alternativas também tem embarcado nessa pra acompanhar as trends. 

Mas deixo um alerta: não se pode dar um passo maior que a perna e vender algo que não possam sustentar. A partir do momento em que se é dono de uma marca e usa-se do marketing para divulgar as peças, deve-se evitar esvaziar o significado de qualquer causa social que esteja em evidência. Deve-se ter responsabilidade sobre o que está vendendo especialmente se seu público alvo é muito jovem.

Desde o último ano, centenas de lojas online apareceram com o mesmo tema de coleção: anos 90, pegada Clubber, Kawaii, Riot Grrrl e "empoderamento feminino". No embalo destas tendências querem aliar a imagem da marca ao estilo "cool" mas acabam prejudicando de alguma forma os movimentos sociais e políticos.


Como lidar quando uma loja anuncia que vende "looks para todos os corpos" com modelos "plus size" na foto de marketing, mas ao analisar o catálogo, a maioria absoluta das roupas vendidas
vão apenas até o tamanho G?
@gypsywarrior

O movimento Riot Grrrl que informava sobre feminismo e incentivava meninas a terem suas bandas, também tem seu conceito vendido como produto de moda.
@gypsywarrior

Colar "Riot Grrrl" da Disturbia. A marca sempre focou no gótico e no ocultismo, sendo uma das lançadoras desta tendência. O que os fez vender um produto tão diferente do que costuma ser seu catálogo? Oportunismo comercial?

@Disturbia Clothing

Não há inocência no mercado. O mercado quer vender. Se uma marca está vendendo “girl power" ela precisa oferecer produtos que cheguem à todas as mulheres (Helena do blog Garotas Rosa Choque escreveu um post sobre blusas "empoderadoras" que só vem em tamanho P).
Se uma marca quer empoderar mulheres, que tomem como exemplo outras marcas que já fazem sem utilizar a banalização do feminismo: reestruturando seus conceitos e visões de mercado. Se engajando pessoalmente em movimentos ideológicos que se identifica, assim a mudança pessoal se refletirá naturalmente no trabalho sem precisar reproduzir um estereótipo vazio de significado.
Não dá pra vender girl power se a marca não abraça e dá "poder" às mulheres que visa como público alvo. Um exemplo muito conhecido dessa confusa mistura de moda, feminismo e comércio  são as Spice Girls. 




Em meio as comemorações dos 20 anos do single "Wannabe", tem se falado muito sobre o girl power do grupo pop que influenciou diversas meninas. Pra falar sobre isso vou levantar alguns fatos daquela década:
- Fundada em 1988, a revista feminista Sassy é lida por adolescentes até seu fim, em 1994.
- Em 1991 surge o movimento Riot Grrrl que perdura até 1997.
- Em 1995 a banda Shampoo lança seu álbum chamado Girl Power [video].
- Gangs de meninas estavam em voga na mídia, como as Patricinhas de Beverly Hills, Jovens Bruxas e em grupos como TLC, Salt-N-Pepa: garotas de atitude e de sexualidade agressiva.

Foi na década de 1990 (como abordamos aqui) que a cultura alternativa passou a ser cooptada em definitivo pelo mainstream. De lá pra cá, o sentimento e o comportamento de grupo perdeu lugar para o individualismo. Este comportamento de grupo era típico dos movimentos feministas dos anos 1960, 1980 e das Riot Grrrls. O “feminismo” das Spice Girls sugeria uma “sisterhood”, onde amigas se ajudavam a serem mais autoconfiantes. Mas esse tipo de mensagem pouco fez efeito em mudanças sociais, pois elas já estavam na onda individualista, tanto que cada uma tinha um estilo próprio. Muitas meninas tiveram contato com essa abordagem de empoderamento individual, mas sem o engajamento político nas causas feministas. 


As Spice Girls e o Girl Power como produto
As Spice eram um grupo concebido por empresários e Geri Halliwell era a mais envolvida nas composições. Elas tinham essa ideia maravilhosa de "fraternidade feminina" que infelizmente foi abafada pela imensa dimensão comercial que elas tomaram como artistas. De repente aquele Girl Power empoderador virou diversos produtos: pirulito, bolsa, chiclete, Pepsi, maquiagem, bonecas (veja lista aqui), roupas, um "feminismo" divertido e fofo sem criticas sociais e de gênero, tudo dentro das tendências de consumo do mercado adolescente. 




Wannabe” é uma canção que prega o valor da amizade entre mulheres mas segundo o documentário feminista "Atitude Cor de Rosa" [teaser aqui], peca na parte principal, quando as garotas dizem o que querem:

“tell me what you want, what you really, really want” 
(me diga o que você quer, o que você quer muito, muito mesmo)
"I wanna, I wanna, I wanna, I wanna, I wanna really Really really wanna zig zig ha."
(eu quero, eu quero, eu quero, eu quero, eu quero muito muito mesmo zig zig ha)


As mulheres querem muito, mas muito, muito mesmo tantas coisas, mas na letra elas querem justamente algo que não significa nada: "zig zig ha". É um exemplo do esvaziamento de fala de mulheres quando chegam na posição de dizer o que querem e o que pensam. Quando elas finalmente estão com toda atenção para si, com as roupas certas e atitudes certas, o que sai de suas bocas é um desejo vazio de significado que ninguém entende. É como colocar uma mulher pra discursar num palanque mas quando ela abrir a boca, ao invés de um discurso eloquente, sair um monte de balõezinhos de blablabla e mimimi. Ou como o estereótipo da mulher linda e burra que não fala nada com nada ou da intelectual chata que precisa ser silenciada.

O “zig zig ha” é como uma metáfora de tudo isso, porque visualmente o estilo e o comportamento das Spice tinha atrevimento e provocação. Era comum na década de 1990 a ideia de “ter atitude". Isso diferenciava uma garota 'normal' de outra mais ousada ou alternativa. As Spice eram desbocadas, Victoria não sorria nas fotos, Geri quebrou o protocolo num nível altíssimo quando apertou a bunda do Príncipe Charles. Elas batiam de frente com a ideia de garotas serem Barbies ou Princesas Disney, tanto que Mel C tinha um visual bem moleque. Eram sensuais sem neuras quanto às suas sexualidades, sem se preocupar com julgamentos. E naquela época ainda era tabu falar abertamente de sexo. 
Mas feminismo é um movimento de engajamento político e isso elas não tinham.



A formação da mentalidade de consumo feminino através da Moda.
As Spice fizeram um bom trabalho influenciando garotas à sua maneira. Mas hoje, percebemos que aliar consumo a feminismo não é um bom negócio. É bom problematizar um pouco quando começamos a perceber como o patriarcado vende as mulheres para mulheres. 

O marketing quando usado em parceria com a música pop tem um alcance que o alternativo não tem. Ele consegue atingir justamente quem necessita ouvir esse tipo de mensagem. A cantora Shirley Manson e Kathleen Hanna (uma das criadoras do movimento Riot Grrrl) elogiam Miley Cyrus, o que nos deixa intrigadas sobre algum lado da Miley que não conhecemos. O pop e o alternativo podem ter relação sim, especialmente se há ideologias em comum. Kathleen Hanna hoje dá entrevistas para veículos que jamais daria na época de Riot Grrrl, porém, nunca a vimos dar um elogio sequer às Spice.

As Riot Grrrls, criadoras* do termo Girl Power, eram contra o feminismo sendo usado como mercadoria a ser consumida e hoje consigo entender o porquê: porque feminismo é uma causa política muito séria que envolve mudanças comportamentais e sociais muito grandes que nem todos estão dispostos a fazer. E justamente estes que não estão dispostos a ceder seus privilégios ou que podem ser prejudicados é que ajudam a abafar lutas sociais de mudanças de mentalidade e comportamento.

A moda é uma das indústrias mais poderosas do mundo, ela molda os gostos das pessoas. Ela dita comportamentos. A moda decide o que você vai comprar neste verão. Diz o que você deve exibir pra ganhar status. A moda tem um poder absurdo na formação da mentalidade de consumo das mulheres. A moda sabe que mulheres compram o que é vendido de forma “certa”. 
A moda prega o individualismo. Só que qualquer mudança social que quisermos não faremos sozinhas, individuais, só faremos reunidas em grupo. E garotas jovens buscando esse individualismo são o consumidor foco dessa indústria poderosíssima que não está interessada em ideologias, mas sim em lucros. 


* criadoras no sentido em que conhecemos hoje, aliado ao feminismo.

Direitos autorais:
Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
É permitido compartilhar a postagem. Ao usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos precisa obrigatoriamente linkar o texto do blog como fonte. Não é permitida a reprodução total do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É vedada a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, não fazemos uso comercial das mesmas, porém a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.
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28 de julho de 2016

Sorteio no Instagram de um vestido da loja Dark Fashion!

Cá estamos de novo com mais um Sorteio em parceria com a loja Dark Fashion! Desta vez o prêmio é o vestido 5066 confeccionado no seu tamanho!

Para participar é só dar like na foto oficial, seguir @loja_darkfashion e @modadesubculturas e indicar no mínimo 3 amigos nos comentários, você pode indicar quantos amigos quiser, contanto que seja 3 em cada comentário, o que aumenta suas chances de sorteio.
O sorteio será feito pelo app Sorteou no dia 19/08. Conferiremos se a vencedora seguiu as regras e a contataremos por DM. No caso de não responder em 24 horas, sortearemos outra participante. Então fiquem atentas!



* sorteio exclusivamente no Instagram *


Dar regram não é obrigatório, mas não há problema em fazer contanto que siga as regrinhas na foto oficial.
Boa sorte!! 💕


Importante
1. Na foto postada no Instagram, o código do vestido está como 5068, o correto é o 5066. Erro nosso. Então, pra deixar claro: o sorteio é do 5066. 
2. No sorteio daremos preferência à pessoas alternativas, pois sabemos que existem "caça-sorteios": pessoas que participam de todos os sorteios que veem pela frente apenas por participar, não importando o prêmio. Infelizmente essa regra se faz necessária pois nosso foco é e sempre será a pessoa que está de alguma forma envolvida com o mundo alternativo.


E não deixem de seguir nosso Tumblr e de participar de nosso grupo de discussões no Facebook. E se você gosta do conteúdo do blog, compartilhe nossos posts.


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26 de julho de 2016

Pensata: Assédio no Rock, Jon Bon Jovi e Bruna Lombardi

Muita gente aqui deve ter visto o vídeo onde mostra a Bruna Lombardi dando um chega para lá no Bon Jovi. Ano passado, já o tínhamos compartilhado na page do blog, mostrando mais como uma situação histórica de um rock star ultrapassando os limites e sendo replicado pela falta de educação. Só que um tempo atrás, esse vídeo tornou a ser viralizado na internet, porém agora o contexto por trás era outro. E bem mais sério.

No início de Junho, houve enorme repercussão na mídia o assédio que uma repórter do IG sofreu de um cantor. Devido ao assunto em pauta, alguns veículos relembraram casos semelhantes e assim, o vídeo de Bon Jovi e Lombardi ressurgiu causando um alvoroço. Tal efeito acabou gerando diversas manifestações como, obviamente, fãs defendendo o músico e atacando a atriz. Já outros aproveitaram a situação para falar mal do trabalho do cantor. Infelizmente, acabou-se tirando o foco de um debate mais profundo.

Parte da entrevista concedida em 1993


Apesar da entrevista se passar com Bon Jovi, o fato é que o tema não é exclusivo dele. Não adianta diminuir sua música porque a questão não é essa e ele não é o único. Grandes figurões do Rock têm em seus currículos não só assédios, mas também acusações de violência doméstica e até estupro. Também não adianta atacar a Bruna dizendo que provocou com as perguntas. Aliás, para quem assistiu a entrevista dela com o Keith Richards sabe que por pouco não tomou um fora dela. Interessante que Keith dá a desculpa de “uma velha piada do rock”, o que faz lembrar de diversas falas onde artistas revelavam que um dos motivos de cantarem era para pegar mulheres. Vai ver que é por isso que ficaram mal acostumados...

Ou seja, o que ocorre na gravação é algo muito mais comum e arraigado na cultura do que algo só do Bon Jovi. A diferença foi que a atitude dele além de ser explícita, foi capturada pela câmera. E uma das coisas mais difíceis é provar assédio. Não só sexual, moral também. Por essa razão, vítimas costumam não denunciar pela dificuldade de comprovação e que irá resultar em questionamentos sobre a veracidade da acusação.

Com a repercussão do caso Biel, foi criado a campanha “Jornalistas Contra Assédio”, onde relatam episódios absurdos vindos de todas as partes, desde entrevistados a colegas de trabalho. É importante que a questão não seja mais ignorada. Quantas mulheres abandonaram carreiras ou deixaram de trabalhar em certos locais prejudicando suas vidas profissionais devido ao medo causado pelo assédio? São traumas que muitas vezes não há dimensão. O pior de tudo é que geralmente tais agressões ocorrem no início da profissão, logo uma fase de vulnerabilidade pela falta de experiência. A apresentadora Ana Maria Braga relatou um dos seus casos (assista aqui) no Altas Horas que ocorreu justamente quando era iniciante.

Esse post não tem propósito de ficar apontando o dedo. A tag das pensatas são como o próprio nome diz, provocar o pensamento, tentar evoluir e quem sabe, procurar soluções para problemas que não podem mais se perpetuar como algo “normal”. Não é fácil ver nossos ídolos tomando atitudes questionáveis. Um bom início seria evitar nas entrevistas a famosa pergunta: o que acha da mulher brasileira? No exterior, somos superobjetificadas e essa frase, fora de um bom contexto (se é que existe), nos diminui pois é voltada ao corpo e não ao intelecto. É um triste clichê que induz a uma resposta infeliz. E não deve continuar mais assim.



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25 de julho de 2016

Mulheres no Rock/Metal: Análise da edição da revista Roadie Crew

É difícil as mulheres do rock/metal terem devido espaço na mídia. Para terem ideia, é tão raro oferecerem um espaço grande à elas em páginas de revista que quando isso acontece, chega-se ao ponto de parabenizar a publicação. 

A edição 209 da Roadie Crew trouxe uma matéria especial sobre as mulheres do rock/metal. A edição foi supercomentada, e é aí que percebemos como "mulheres e rock" ainda é um tema que chama a atenção como se fosse algo incomum. Houve quem disse que a revista “saiu na frente” e veja bem: mulheres estão no rock desde o começo do mesmo... e o rock existe há quase 70 anos...
Existe algo na forma como as enxergamos neste meio... O que tem de mudar, nosso olhar? Ou na verdade precisa-se aceitar que elas sempre estiveram no rock e que agora não aceitam mais ficar em segundo plano? Ou que não faz mais sentido invisibilizá-las? Por que ainda nos surpreendemos e parabenizamos quem "ousa" trazê-las em suas páginas?



Texto de divulgação da edição: "A matéria de capa da edição de número 209 da revista Roadie Crew, que estará nas bancas até o dia 10 de junho, é dedicada às estrelas que iluminam e embelezam o cenário da música pesada. A extensa reportagem mostra o trabalho e a arte de mulheres que se aventuraram e engrandeceram um mundo que alguns acusam de ser povoado por machistas truculentos." 

A beleza, atributos físicos, costumam ser notados e verbalizados no caso das mulheres. Isso está tão enraizado culturalmente que é capaz de muitos nem terem percebido este trecho, nem mesmo o autor. Esse é o tipo de situação que está naturalizada em nossa cultura e apontar pode ser uma forma de refletir sobre velhos hábitos.

O especial sobre a história das mulheres no rock/metal é bom, não aprofunda porque óbvio, não haveriam páginas suficientes, pois as revistas precisam manter seus editoriais. São 14 páginas com alguns quadros de curiosidades, contando inclusive com um espaço pra falar sobre as mulhers do rock no Brasil, citando Ozone, Volkana, Flammea, Shadowside, Ocultan, Losna, Panndora, Hellarise, Melyra, Nervosa, Hatefulmurder (já entrevistamos Angélica aqui) entre outras várias incluindo um depoimento muito legal da Mayara Puertas da Torture Squad. 



Em certo trecho senti leve desdém por mulheres de apelo mais pop como Pitty e Amy Lee. Elas podem não ser o perfil da publicação, mas é inegável que ambas levaram muitas garotas ao rock. Mesmo que a gente não curta um artista, é necessário entender que podem ter sido referência à milhares de meninas que depois, por si mesmas, descobririam outras bandas e até mudariam seus gostos para estilos mais pesados. Também achei que – mas daí talvez seja porque o perfil da revista é mais heavy metal – foi pouco falado sobre as mulheres do punk rock mais atual e do metalcore (que tem várias!). E foi curioso uma modelo de clipe (Bobbie Brown) ganhar um longo parágrafo de informações dispensáveis enquanto que algumas cantoras receberam apenas citação e nenhum desenvolvimento de texto sobre elas.


A quantidade de mulheres no rock é tão grande que não tinha como colocar todas na revista e nem as falas de todas as entrevistadas,
isso mostra como falta espaço nas páginas para que estas mulheres se expressem!

Numa edição que celebra mulheres no rock me surpreendeu encontrar na página 18, num quadro intitulado "Brotherhood", o autor dizendo "não consigo achar motivos pra enaltecer a atual presença de mulheres na música pesada". Segundo ele, bandas de Symphonic Metal e outras como Lacuna Coil, Tristania, Nighwish, Halestorm, Within Temptation e Evanescence parecem trilha sonora para princesas da Disney. O autor prefere bandas como Doro, Wolkana, Pitty, Rita Lee, Leela e Mercenárias por não serem um "produto de prateleira".
E salienta "não adianta achar machismo no texto", pois diz que não se importa com gênero e orientação sexual contanto que o som seja decente. Achei essa fala um pouco contraditória, afinal, ele já começa o texto dizendo que não acha motivos para celebrar 'mulheres' no som pesado, então ele já separou por gênero, querendo ou não. E finaliza "as próprias garotas criam clichés de uma certa inadequação em forma de paródias" e a seguir indica algumas bandas all-female que fazem covers (!) de outras bandas famosas (masculinas)!! O.o


Ninguém é obrigado a gostar de determinados estilos. Não mesmo! Mas colocar esse editorial numa edição dedicada às mulheres no metal me soou bastante "deselegante" e um contrassenso. Afinal, se vamos falar de clichés, isso se encaixa também em bandas "all male" (nem usam esse termo né?)! Pois como ele mesmo diz no texto, não é o gênero que importa se a musica é boa (gosto é relativo, então melhor dizer "se a música é do seu gosto").


Em um post sobre mulheres no rock/metal aqui do blog, foi escrito que o Symphonic Metal foi um dos responsáveis a mudar a cara do heavy metal na virada do século passado e trazer milhares de garotas ao mundo da música pesada, pois finalmente havia diversas delas como referência!
Mudanças acontecem, às vezes não gostam delas, não se adaptam por preferir o tradicional, mas não podemos negar todo o impacto comportamental ocorrido

Já na página 19, Ricardo Batalha enaltece Wendy O. Williams do Plasmatics, com biografia e discografia. Ele diz que a nova geração não a conhece. Pode ser, mas eu garanto a vocês que muito mais gente conhece Wendy hoje do que há anos atrás quando eu era dona de um grupo do Orkut dedicado à mulheres no heavy metal. Nós inclusive já citamos Wendy várias vezes no blog. Enfim, este sim um belo editorial, coerente com o propósito da edição.


Talvez esta seja das mais completas
matérias sobre mulheres no rock já publicada em revistas no Brasil. Existem algumas faltas (ex: nenhuma artista negra recente é citada), incluindo de conteúdo histórico, mas entendo ser pelo limite de páginas. A revista trás também Heaven´s Guardian, No Way e Lyria. As bandas Nervosa, Lacuna Coil, Doro, Phantom Blue, Lita Ford (com foto dela nova e não atualmente, com 57 anos), Janis Joplin ganharam matérias. Trouxe pôster com Alissa White-Gluz e um depoimento muito bom dado por Iza Rodrigues do blog Menina Headbanger, que diz: “Queremos o direito de gostar do que quisermos sem ter que provar nada pra ninguém".

Calculei que ao menos 30% da revista foi composta de "mulheres". Nunca folheei uma revista de rock com tantas! A impressão que tive é que é completamente possível uma publicação colocar 30 ou 40% de suas páginas com bandas de/com mulheres criando assim uma publicação mista com espaço pra todos de forma mais igualitária! 


É um sinal de mudança?
Eu não saberia dizer!
A mudança só ocorreria se daqui pra frente a Roadie Crew trouxesse todo mês no mínimo 30% de suas páginas com mulheres. Vimos que isso é possível. E creio que seria inovador! Será que ousariam apostar nessa visão de mercado?

E isso vale para outras revistas também.

Mulheres no Rock vistas ainda como bichos raros porque não são divulgadas. Fica-se na dependência do que os editores querem ou não publicar. Fazer uma edição maravilhosa e depois continuar excluindo meninas de suas páginas pode parecer o que sempre foi: marketing, "homenagem" ou caso isolado. É preciso uma mudança real de comportamento. Senão continuaremos sendo tratadas como algo ocasional que "embeleza o mundo do rock". Só que estamos sendo tratadas como bicho raro no rock há mais de 60 anos!! E nunca houve tantas mulheres no rock como hoje. Então é claro que existe um problema. 

Se vocês tem a revista, digam o que acharam!

Keep on Rocking Girls!! \m/



P.S: Essa análise demorou um pouco pra sair porque só encontrei a revista pra vender no fim do junho e só recentemente terminei de ler toda ;)


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22 de julho de 2016

Entrevista com Paty, proprietária da marca Stooge (+ resenha de peça)

Um tempinho atrás a marca Stooge lançou a Black Collection, cheia de pretinhos básicos que combinam com todas as outras peças da loja. E agora acabou de lançar uma coleção de beanies (gorros) e blusas de frio chamada "I am who I am".
Pra quem ainda não sabe, a marca deu uma remodelada super positiva nos conceitos, investindo em tamanhos plus size (do P ao EG), peças unissex e apoio ao desenvolvimento local, tendo todas as peças produzidas em Apucarana-PR, preferindo fornecedores e artistas parceiros que residem no Brasil.

Coleção "I am who I am"

Hoje trabalha com com consciência ambiental, usando matérias primas certificadas de acordo com as normas ambientais vigentes no país e disponibilizando retalhos e sobras de tecidos para instituições que os reaproveitam. Há pouco tempo recebeu o selo Vegan do PETA e não utiliza materiais que exijam testes em animais ou os prejudique de qualquer forma, sendo produtos confeccionados em materiais vegetais ou sintéticos, excluindo o couro, a lã e a seda. É parceira de organizações animais ajudando-os com um canil na Stooge Universe a fim de promover o bem estar e a adoção daqueles que ainda não encontraram um lar.
Aliás, não tem como não falar do Stooge Universe, um espaço que é a união de todos os conceitos da marca que une loja física, café vegetariano, estúdio de tatuagem, abrigo temporário para animais abandonados e muita cultura alternativa.

Stooge Universe: estúdio de tatuagem, café vegan e loja física

Como forma de retribuição aos clientes, a marca está tornando-se mais acessível, trabalhando com preços reduzidos em todos os produtos. Não é promoção, é uma nova política de preços, além do oferecimento de frete grátis em todas as compras.

Dicas de peças pro inverno 2016

Recentemente entrevistei Paty, dona da marca. Na conversa ela conta como se envolveu com a cena alternativa, como se deu o desenvolvimento da marca e nos conta um pouco sobre o Stooge Universe.

Se você quiser ler mais entrevistas com proprietárias de lojas alternativas brasileiras (sim, as mulheres dominam esse universo!), é só clicar abaixo:

 

E agora vamos à entrevista com a Paty e logo a seguir uma resenha de peças da marca!

Essa lindona super estilosa é a Paty!

Conte-nos como se envolveu com a cena alternativa.
Eu tive algumas bandas no decorrer da vida, sempre gostei do que é diferente. Talvez o alternativo seja isso, não se conformar com a mesmice.

Quando decidiu ter sua própria marca? A decisão foi por não encontrar nada parecido no mercado?
Eu sou formada em Design de Moda, e objetivo do meu trabalho de conclusão de curso foi criar uma linha de roupas alternativas, em 2008, daí surgiu a Stooge. Por não encontrar as peças que eu queria no Brasil, eu comprava pela internet da gringa ou inventava alguma coisa com os recursos que eu tinha. Com isso, percebi que outras pessoas também encontravam a mesma dificuldade.

Qual sua formação, você estudou Moda?
Sou graduada em Design de Moda (UEL) e pós graduada em Marketing e Vendas (PUC-PR).

Como foi seu início até conseguir se estabilizar?
Iniciamos as vendas online em 2009, e foi complicado entrar no mercado com peças diferenciadas e um canal de venda não muito comum na época. Mas conseguimos algumas parcerias com lojas de São Paulo e Curitiba, e iniciamos as vendas no atacado, que nos ajudou a propagar a Stooge por todo o país. Hoje além das vendas pelo e-commerce, temos uma Loja Física na nossa cidade sede (Apucarana-PR), a Stooge Universe.

Você faz em média três coleções por ano, isso é raro em lojas alternativas nacionais, e apresenta estampas exclusivas, como é esse processo de criação de estampas, sua referências...?
Trabalhamos em parceria com tatuadores, que desenvolvem nossas estampas. Damos liberdade para que os artistas criem desenhos de acordo com o seu estilo e preferimos que eles insiram seus sentimentos e experiências nesse trabalho, para oferecermos peças únicas aos consumidores da Stooge.

Estampa feita em parceria com tatuador

Na Black Collection você está trazendo tamanhos plus size e saiu na frente de várias lojas alternativas nacionais ao apresentar um catálogo com todas as fotos sendo estrelas por dois modelos em tamanho grande, assim como uma modelo negra. Conta pra gente o que te inspirou a realizar isso.
A inclusão! Recebo muitas mensagens de pessoas que acompanham a marca, mas que as vezes não encontram o que gostariam. Por esse motivo a Stooge é uma marca mutável, buscamos estar em sintonia com aqueles que se identificam com o nosso trabalho!

Você participa  feiras de tatuagem e eventos com stand, estar onde o publico está é uma das saídas pra pequenas empresas?
Nós já participamos de vários eventos, levando o nome da marca pra fora de Apucarana e oferecendo uma experiência palpável para clientes e novos adeptos! Em 2016 grande parte das pessoas gosta de comprar pela internet, mas poder tocar, sentir, experimentar... Sempre vai ser importante. Então é uma oportunidade, com certeza!
Blusa de renda unissex

Como é ser uma empresa pequena no Brasil? Quais os pontos baixos e os pontos altos de ter uma marca alternativa?
Ser uma empresa hoje, é complicado, não importa o tamanho. Exige-se muita dedicação, inovação e atrativos para os clientes, mas nós somos experts nesses aspectos! Desde o início sabíamos que teríamos que trabalhar muito pra ter vendas legais, mas o amor por esse trabalho compensa qualquer esforço.

O que acha do mercado alternativo no Brasil tanto como consumidora quanto como empresária? Sente falta de união, profissionalismo, etc.
De jeito nenhum! Amo as marcas alternativas do país, e sempre que conheço alguém que produz algo na mesma linha que a Stooge, tenho uma recepção incrível. O mercado alternativo tá aí pra mostrar que a união faz a força! E pra quem pensa que a galera alternativa é bagunça, se engana. Trabalhamos com muito foco e profissionalismo.

O que é o Stooge Universe?
Conseguimos trazer para o mundo real todo o nosso universo online, para que as pessoas possam experimentar aquilo que vivemos no dia a dia da Stooge. Nosso novo espaço conta com uma loja exclusiva da marca, estúdio de tattoo, café vegetariano e abrigo para animais, e engloba tudo que a Stooge acredita ser essencial!

Pode nos contar o que você programa para o futuro da marca?
Em 2016, além da abertura da Stooge Universe, estamos nos programando para exportar nossos produtos.

Para os leitores que quiserem comprar seus produtos, onde eles podem encontrar e como podem entrar em contato?
Vocês encontram nossas peças na Loja Virtual,  em revendedores espalhados por todo o Brasil e agora, na Stooge Universe que fica na Rua João Cândido Ferreira, 709 – Apucarana/PR. O contato pode ser através do site, telefone: (43)3122-1300 e-mail: stooge@stooge.com.br ou Fan Page.
Em nossa Loja Virtual oferecemos frete grátis para todo o Brasil e a primeira troca também é grátis! Além disso, parcelamos em até 6 vezes sem juros no cartão.  <3 


RESENHA de peças da coleção Blackheart

Etiquetas e adesivos lindinhos da nova coleção

Strappy Top Must Have:


Lauren - O Strappy Top é exatamente o que apresenta na imagem. Amei ele pois pode ser usado tanto aparente como underwear. Uso tamanho 48 e pedi o GG, coube perfeitamente. Acredito que possa caber até tamanho 50, a parte de trás é toda em elástico, tornando o modelo flexível, inclusive para quem tem costas largas. Mas caso haja dúvida, confira a tabela de medição do produto. A alça tem um elástico que sustenta bem essa numeração e a largura na lateral faz com que cubra tudo e não enrole.

Ficamos bastante impressionadas com a qualidade do acabamento da peça, vejam as fotos abaixo. Parece o lado direito, mas é o avesso!! (Clique pra aumentar as fotos).


Tank Top Stooge Black:
Sana - escolhi essa peça pelo estilo versátil: pode ser blusa pra usar sobre a legging, vestido e também servea pra fazer minhas caminhadas e atividades físicas, ou seja, dá pra escolher entre usar de forma mais casual e de forma mais esportiva.
Todas as peças da Stooge vem perfumadas e o cheirinho dessa era um bocado viciante haha! A blusa tem tecido de qualidade e a estampa é aplicada perfeitamente, não fica aquela coisa "dura", é bem maleável e confortável. E também não é tão curta, vocês podem notar que ela chega a poucos centímetros do meio  da coxa. Se eu recomendo? Sim! É notável como a qualidade dos produtos da marca se destaca no mercado alternativo nacional!


Na foto estou usando o Tank Top com a legging 4034 da Dark Fashion.


Espero que tenham gostado da entrevista, da nova visão de negócios da Stooge e das peças! Nos digam se tem ou estão de olho em alguma peça das novas coleções! :D

 
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20 de julho de 2016

Black Moon Cosmetics lança batons inspirados no Black Metal

A Black Moon Cosmetics lançou batons líquidos foscos de edição limitada inspiradas em Black Metal, o The Black Metal Trinity.
Achei legal associar "Metal" com "metalizado", ficaram incríveis as cores que são intituladas Immortal, Armageddon e Sorrow. 


E os três batons vem nessa caixinha muito Tr00 em forma de pirâmide! ▲


A marca e é vegan/cruely free e envia pro Brasil, porém só no método "first class international". O valor fica um pouco alto, em torno de R$230,00. Neste link vocês podem conferir os ingredientes.

É bem legal ver marcas alternativas se inspirando em música e criando produtos e embalagens em que podem exercer sua criatividade e neste caso, virar até peça de decoração!
Se alguém tiver produtos da marca, conta pra gente se são bons! ;)




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